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"Enquanto Isso..."

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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

29/09/20, 12:31 pm
Os pés de Alcides moviam-se rápidos. Era como se ele fugisse, como tantas vezes fugiu para se manter íntegro. Sempre foi um alvo, fosse de agressões físicas ou verbais. Perdeu as contas de quantas vezes foi xingado ou chegou em casa com hematomas, mas o pior de tudo era seu orgulho ferido.


Um passo após o outro, por vezes hesitantes. Alcides nunca fui muito confiante em seus atos. Cresceu duvidando de sua capacidade para realizar grandes feitos. Sempre foi questionado e nunca teve muito apoio. Ouvia coisas como “você é só um viadinho e não tem futuro”, “isso é coisa de macho, não se mete, mariquinha”, “viado tem mais é que morrer mesmo”...


Aos poucos, o corpo assume uma postura correta, ajustando-se ao exercício. A maior mudança da vida de Alcides aconteceu naquele dia em que foi agraciado com seus dons. Pensou que seria abatido ali, por aquele “caçador”, quando se tornou algo maior que uma simples presa.


Com passos firmes, o velocista tem controle da corrida. Alcides tornou-se o Suaçuna. Embora tenha vacilado algumas vezes, ganhou confiança quando foi reconhecido pelos moradores de Vila Novo Acre. Primeiro, por gente cansada da dominação de alguns homens. Depois, por um grupo de homens que caçava uma presa como Alcides foi um dia.


Com confiança, o corredor aproveita o percurso, o vento acariciando rosto e cabelos. Assim, Suaçuna deixou seus tormentos para trás. Provou aos outros, mas, principalmente, a si mesmo, que é capaz. E sua sexualidade não o diminui, às vezes até lhe torna capaz de fazer os outros enxergarem injustiças que lhes passam batido.


Ainda havia muito o que percorrer, mas um sorriso se abre no rosto de Alcides. Estava pleno e livre.

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V8
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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

29/09/20, 07:32 pm
17 de setembro de 2020 - 20h

Depois de cravarem de bala o carro todo, Samanta, Tritão e eu ficamos entocados em uma viela escura nas proximidades. Nós 3 ficamos escondidos dentro do carro, sem falar uma palavra. As mãos de Samanta tremiam mas o meu pico de adrenalina já havia passado, minhas mãos doendo dos socos na árvore, mas não fazia mais diferença, todos estavam vivos, ou pelo menos a maioria. Mãe Helena havia morrido, outro inocente morto enquanto eu batia, ou tentava bater, nos assassinos. Mais um fantasma para eu ver a noite.

Algumas horas depois, a rua ainda estava cheia, quinta feira a noite alguns moradores chegavam do trabalho em suas casas, mas ninguém nota o carro com buracos de bala. Na lataria branca pareciam mais adesivos e adereços na picape. Depois de uma conversa rápida, eu troco contato com Tritão, o cara é da área também e me parecer ser um maluco foda, se pá a gente acaba se trombando por ai novamente. Deixei o cara em casa e parti pra levar a Devaneio também. Já tinha perdido a minha moto, mas podia usar a picape pra levar a garota em casa. Talvez a galera de Brasilândia não reparasse, ou só não ligasse pro carro com furo de bala, mas no caminho muitas coisas podiam acontecer, então preferi ir até Vila Novo Acre dando a volta por Aparecida e saindo da cidade por um pedaço do caminho, as ruas estariam mais vazias e ia passar batido.

Pouco depois de passar por Aparecida senti o movimento da diminuta vindo do banco de trás e pulando por entre os bancos do motorista e do passageiro, sentando do meu lado e colocando o cinto de segurança com suas mãozinhas pequenas.

— Segurança em primeiro lugar?

—Vai fazer o que com o carro? — Ela só ignorou a pergunta e continuou cabisbaixa.

— Desmanchar. Esses caras vão procurar a gente de qualquer jeito, se eu deixar ele parado na porta da minha casa eles só vão levar essa porra embora quando acharem, mais facil vender as peças e comprar uma moto nova.

— Isso não é crime? O carro nem é seu.

— Ladrão que rouba ladrão... Além do mais, eles mataram a coroa lá.

A baixinha arregalou os olhos e me encarou surpresa.

— Ela morreu?

—  Sangrou até a morte…

Não sei o efeito que essa informação teve na mente dela, mas passamos o resto do caminho em silêncio até chegar em Novo Acre.

— É culpa minha. Eu te chamei pra seguir meu plano, tava confiante demais que daria certo. Se não fosse por isso, você podia ter salvado ela.

— Não foi culpa minha, sua ou do outro maluco, foi culpa daqueles merdas que atiraram nela.

— Nós podíamos ter feito algo. Na verdade, eu não. Meus poderes são inúteis, só ilusões. Não consigo salvar ninguém.

— É foda...

Passamos por mais algumas ruas do bairro em silêncio.

— Pode me deixar aqui, eu vou o resto do caminho a pé pra ninguém suspeitar de nada.

— Por que? Qual o problema?

— Nada não.

— To ligado, deve ser uma merda ser sequestrada.

— Sim, mas eu tô de boa já.

— Qualquer coisa me procura, eu sei dessa merda que você passou… Se precisar conversar, só me dar um toque.

Não pude falar mais nada, as pequenas mãos de Samanta abrem a porta do carro e ela pula pra fora do carro com suas pernas curtas.

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Devaneio
Devaneio

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

29/09/20, 07:32 pm
18 de Setembro - 18:00

Samanta desce do ônibus apressada, olhando nervosa para todos os lados, enquanto se agarra com força nas alças da mochila que carrega nas costas. Em poucos minutos, ela chega ao ponto de encontro, um boteco de esquina em Brasilândia. Vanderson nota a garota de longe, parecendo uma daquelas adolescentes nervosas querendo comprar bebida se passando por maior de idade. Ela se senta sem tirar a mochila das costas, com cara de quem passou a noite em claro.

— Tu não dormiu ou tá usando crack?

— Não consegui pregar os olhos sem ter pesadelos de que estava de volta naqueles pneus. E com a Mãe Helena também... Ainda acho que é minha culpa e não posso contar isso pra mais ninguém.

— E tu ia fazer o que pra ajudar ela? Criar uma ilusão pra ela se sentir bem e morrer do mesmo jeito?

— Mas não é isso que heróis fazem? Dão um jeito de ajudar mesmo que pareça impossível.

— Existem tipos diferentes de heróis. Alguns focam em levar velhinhas pro hospital, enquanto outros tiram maus elementos das ruas. Cada um usa seus poderes da forma que pode. Eu não poderia carregar ela até um hospital, a velha provavelmente morreria antes de eu chegar lá. Você deu a ideia de como, mas eu já ia atrás daqueles caras.

— E mesmo nessa parte eu falhei. Não consegui fazer alguma ilusão pra enganar os quatro ao mesmo tempo.

— Como assim não conseguiu? Achei que era algo natural pra você, que nem minha super-força.

Samanta tira a mochila das costas e pega um caderno e um lápis dentro dela. Começa a rabiscar por alguns minutos, ficando completamente imersa e esquecendo a presença de Vanderson ali.

— Ô meu consagrado, me vê uma Bahama, por favor? — Vanderson grita.

— Meu poder funciona como um quadro que posso pintar na mente dos outros. — Ela vira o caderno pra ele, mostrando um desenho do que ele imaginou ser um saci, daqueles bem estereotipados do Sítio do Picapau Amarelo, no meio de uma rua, com lojas, pessoas ao redor, carros… — Eu preciso de muita concentração para que cada detalhe funcione do jeito certo, as cores, formas, movimentos… Mas não é só visual, as vezes posso usar sons, cheiros, sensações na pele… Já é muito difícil fazer isso com perfeição pra uma pessoa só. Na maioria das vezes foco só no visual e já que ninguém espera cair em uma ilusão, acabam acreditando no que vêem.

Samanta vira o caderno de volta para si e arranca a folha com o desenho que acabava de mostrar para Vanderson. Então mostra pra ele a folha destacada na mão esquerda e o caderno com outro desenho na direita.

— Nossa, você desenha bem… Já pensou em tatuar? — Vanderson pergunta, mas Samanta apenas continua sua explicação.

— Se eu quiser fazer isso com outra pessoa, é como fazer dois desenhos, ou dois filmes, ao mesmo tempo, de ângulos diferentes. Eu tenho que dividir minha concentração ao máximo pra evitar erros, mas é muito mais fácil deixar algo passar.

Ela começa a usar seus poderes e Vanderson vê os dois desenhos se moverem no papel, como vídeos, mostrando a mesma rua, com o saci pulando sobre uma perna e as pessoas andando ao seu redor, mas por pontos de vista diferentes.

— Agora imagine isso na mente de três, quatro, ou mais pessoas.

— Tipo aqueles três malucos sentados ali? Faz algo com eles.

Samanta se concentra ao máximo para tentar enganar os três caras, tentando criar a ilusão de uma mulher hiper atraente entrando no bar, para chamar a atenção deles. Vanderson não vê nada diferente, mas percebe que dois deles viram a cabeça, acompanhando enquanto a ilusão passa em direção ao balcão, mas o terceiro permanece imóvel.

— É muito difícil…

— O que aconteceu com o que não viu?

— Provavelmente ele só viu um vulto colorido e disforme passando, mas deve estar bêbado demais pra perceber.

— Se pa a parada é você praticar então. Na próxima vez aqueles bandidos vão se foder na tua mão, porque tu vai estar mais mais foda do que ja é.

Samanta assente, a cerveja chega e eles passam algumas horas bebendo, enquanto Vanderson desafia Samanta a fazer mais ilusões para os bebuns do bar.

Nos dias seguintes, Devaneio continua treinando o uso de seus poderes, tentando melhorar o controle e o alcance de suas ilusões.

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Espectro
Espectro

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty A Enforcada - Epílogo

29/09/20, 10:26 pm
No porão da casa assombrada no alto da Favela do Cabrião, Elisabete desmaia.

Ela consegue mover as mãos, sente o piso de madeira velho, podre, encharcado de... vinho? Não. Mais viscoso... Sangue. Meu? Não pode ser. Ela não sente dor, nem prazer. Não sente nada, está em paz.

Elisabete flutua. Ouve ruídos ao seu redor, algo batendo num ritmo um pouco lento. Um tambor, o surdo de uma bateria, um chocalho. Mas também gritos, sussurros, um piano mal tocado. Está de volta ao show em que morreu. Um porão qualquer no Recreio, no Centro, não sabe ao certo. Seus amigos não estão lá, foi sozinha. Mas não voltou para casa sozinha. Não voltou.

Ela consegue ver os músicos, eles vestem robes pretos com capuzes. Não vê seus rostos porque eles os cobriram com máscaras, certamente feitas de ossos, com chifres e dezenas de olhos. Dezenas de olhos a observam, mas nenhum é humano. Todos os outros que assistiam à apresentação estavam de olhos fechados e se balançavam, pra frente e pra trás, pra frente e pra trás.

Elisabete estava no centro, de frente pro palco. Não lembrava por que estava nua, nem porque seu corpo estava coberto de alguma coisa de um vermelho escuro, quase preto. O vocalista do grupo se aproxima. Ele largou o microfone no palco, mas cada grunhido que dá é amplificado na sua cabeça, como se gritasse em seu ouvido. Ele carrega uma faca e a levanta.

- Teu humilde servo oferece! O sacrifício... - o sussurro mais alto que Elisabete jamais ouviu. Com a faca, corta seu peito até sua barriga. - ... Está feito. Toma o que é teu.

A garota cai no chão. Agora sente dor, desespero, ódio, tristeza. Alívio? Ainda consegue ouvir alguma coisa a distância, portas sendo abertas muito rapidamente, gritos de horror e tiros. Corpos tombam ao seu redor. Ela se debate no chão e, finalmente, morre.

Do outro lado não há nada. Ou, talvez, ela não lembre de nada. Lembra de abrir os olhos no necrotério durante sua autópsia. De segurar o braço do médico, que desmaiou instantaneamente. Lembra de ter levantado, o peito ainda não inteiramente custurado. Lembra de uma presença do outro lado da sala, com um rosto que não era humano, dezenas de olhos a observando. O rosto sorri, se é que ele era capaz de sorrir, mas Elisabete não se sente tranquila. Eu não demmmmmmmoro para buscar o que é mmmmmmmeu., "ele" sussurra em sua mente. Ela apaga novamente.

Algo se enrola em seu braço, um puxão a acorda e ela emerge de baixo da terra, com um pálido brilho etéreo. Ela respira fundo, enchendo seus pulmões já quase atrofiados de ar, apesar de nem se dar conta do ato. Checa seus sinais vitais e sente os batimentos, mas na hora os ignora. Agora que lembra do acontecido, entende. Eu sou Elisabete Steiner e eu morri. E agora não estou mais morta.

Um segundo puxão pelo braço a acorda de vez. Alice a encara. Alice, sim, é um espírito, e isto é claro. Sua textura é diferente, ela é "feita" de um material certamente sobrenatural. Com seus poderes, Espectro apenas emula a fisiologia que Alice naturalmente tem. Com dificuldade, a não-fantasma se levanta e encara a garota deslocada no tempo. Alice sorri e Elisabete se esforça pra retribuir o gesto.

- Você tem um espelho? - ela pede, e Alice a leva até o andar de cima.

À luz das velas do ritual anterior, ela se encara no espelho quebrado e manchado do tempo. Tira o casaco e o moletom, estudando seu peito nu. Sua mão percorre a cicatriz, ela conta as costelas e sente seu coração batendo. Meses sem se alimentar direito a fizeram perder muito peso e ela passa a sentir algumas outras coisas que não estão funcionando muito bem.

- Eles te machucaram igual machucaram a Elizabeth. - Um detalhe no jeito que ela pronunciava a última sílaba deixava claro que se referia a outa pessoa. A fantasma se aproxima e "toca" a mão suavemente em seu rosto. Dessa vez Elisabete deixa. - Igual me machucaram também.

- Elizabeth. - Ela se esforça com a nuance da pronuncia. De quem você está falando?

- Da unica pessoa que eu amei. E desde o momento em que a roubaram de mim, percebo que foi a única que me amou. Meu pai trancafiou em um sanatório. Sodomia. Não a vi desde então. - Suas lágrimas fantasmagóricas escorrem em seu rosto e desaparecem no momento que deixam seu corpo etéreo.

- Filhos da puta. Se não estivessem mortos eu mataria todos.

- Desde que eu morri, passo os dias com ódio e dor, Elisabete. Mas tu não morreste. Ainda tens chance. Tens morte em ti, e isto eu sinto. Mas também sinto outra coisa: tens muita vida.

- Alice, eu vou descobrir o que fizeram com a Elizabeth. E eu prometo. Vou viver.

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Penumbra
Penumbra

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Sombras do passado

30/09/20, 01:52 pm
Praça da Esperança - ENGENHO - 30/09/2020 - 16h30

Bruno está sentado em um banco, observando algumas crianças em um pequeno parque na praça. Aquelas crianças, embora estejam brincando, não têm um semblante alegre. Elas residem no orfanato Âncora, situado ali do lado da praça. Mesmo com o sol quente, ele mantém o capuz do moletom sobre sua cabeça. Enxugando o suor da testa, ele olha em direção á esse orfanato, e lembra de tudo o que passou ali, e o que o motivou á fugir com 14 anos.

Essas lembranças, mesmo que carregadas de ódio e tristeza, se tornam úteis para Bruno. Ele precisa disso, mesmo que muito incomodado pela luz do sol, ou pelo calor de uma tarde ensolarada de Nova Capital, ou pelas profundas cicatrizes que aquele lugar traz para a sua alma. Ele precisa desses instantes para se lembrar de seus objetivos. Por isso, remexe nesses antigos momentos sem dó.

FLASHBACK - Orfanato Âncora - 2009

Bruno se esgueira pelos corredores do orfanato, sempre usando as sombras como sua aliada. Faz pouco tempo que descobriu ser diferente das outras crianças e adolescentes que ali residem. Apenas Mariana, sua melhor amiga – considerada como uma irmã – sabe de seus dons. O ambiente do orfanato é muito ruim. Sujeira, castigos severos, falta de alimento, agressões físicas, tudo isso torna a vivência das crianças um verdadeiro inferno. Bruno sempre procurou um meio de sair dali, mas não podia deixar Mariana para trás.

Em um desses longos dias acinzentados, Bruno vê um homem alto, forte e bem vestido, junto com o que parecem ser guarda costas, entrar pela porta do orfanato. O homem é muito bem recebido, mesmo com uma feição mal encarada e um cigarro no canto da boca.

- Diretor Alberto! Fui informado que você desejava sugar um pouco do meu precioso tempo. Ao que cabe essa nossa reunião? – diz o homem, enquanto uma das recepcionistas tira o seu casaco.

- É um prazer receber o senhor aqui, Fabrizio. Esperava ver o Don, mas ele deve estar com muitos compromissos, imagino eu. Venha até minha sala. Esses assuntos merecem uma atenção especial. – Responde o diretor, demonstrando claramente estar aflito, com um certo receio em frente a presença do homem.

Bruno vê ambos entrando na sala, e logo após isso a porta se fecha. Ele busca encontrar um meio de escutar a conversa. Decide então, usando suas habilidades, a se teletransportar para dentro da sala, saindo de uma sombra atrás de um grande armário, repleto de livros empoeirados. Da mesa aonde os homens estão sentados, é impossível vê-lo. A conversa continua:

- Bem, Fabrizio... estamos enfrentando alguns problemas com o orfanato. Eu agradeço tudo que vocês fizeram por mim, mas precisamos melhorar a condição das crianças. Não sobra dinheiro em caixa para alimentá-las bem, para roupas, limpeza, etc. Estamos em uma situação muito complicada.

- Imagino eu que você não queira abrir mão da bolada que você embolsa dos nossos combinados, certo? Mas mesmo assim vou te dar uma dica, enquanto você mantém seu egoísmo e um falso zelo pelo orfanato: Recorra ao governo. Eles devem te ajudar. – Diz o filho do Don, se preparando para levantar da cadeira e virar as costas para o diretor.

- Não senhor, tenho meus compromissos e não posso deixar minha família na mão. Quanto ao governo, já tentei e só piorou. Agora tem órgãos fiscais questionando todo dinheiro de doação que entra da sua família e das suas empresas para o orfanato, e mesmo assim nossas condições são ruins. Desculpe dizer, mas 90% da quantia volta pra vocês, nas contas do exterior. – Responde o diretor, convencendo Fabrizio á ficar e voltar sua atenção para o problema.

- Essa é a ideia. Vocês não têm obrigação nenhuma de dizer para onde o dinheiro vai e não tem que pagar imposto algum sobre esse dinheiro. É uma instituição perfeita e funcional para nós. Eu só preciso de um homem bom, como você, para cooperar. E te compramos pelo preço correto. O que pode me deixar furioso é você permitir que a atenção desses órgãos se volte para minha família. Isso pode abalar muito nossas relações. E sinceramente, imagino que não é isso que você queira. Estou errado?

- É claro que não meu senhor. De maneira alguma! Repito que sou muito grato pela oportunidade de cooperar com sua família. Mas preciso da sua ajuda para resolver esse impasse. Deixamos de receber muitas outras doações por acharem que já temos uma boa quantia recebida de vocês. E quanto mais o orfanato chamar a atenção pela falta de cuidado com as crianças, maiores serão os questionamentos.  – Explica o Diretor Alberto, cada vez mais receoso.

-  Eu imaginava que você daria conta de resolver seus próprios problemas. Poderíamos usar qualquer outra instituição para esses mesmos fins, mas deixo você continuar com essa oportunidade pela amizade que meu pai mantém com você. Esse problema é seu. Imagino que você ame muito a sua família e não queira decepcioná-los. Mas se esse problema crescer e afetar nossos negócios, pode ter certeza que haverá duras consequências. Não me incomode mais com seus problemas chulos, e esse orfanato porco. – Exclama o filho do Don Cicciolino, se levantando da cadeira e saindo da sala, sem dar oportunidade de resposta.

Bruno rapidamente sai da sala pela sombra que entrou. Voltando para o corredor, tenta assimilar tudo que ouviu. Cria uma linha de raciocínio, e percebe que essa família e suas empresas usam o orfanato para uma espécie de lavagem de dinheiro. A corrupção desse sistema faz todos os internos sofrerem muito, e isso gera uma raiva gigante no garoto.

As coisas continuam ruins por mais um ano. Bruno foi aprimorando suas habilidades, e com isso conseguia dar umas escapadas do orfanato. Mas sempre voltava, precisava ver como estava Mariana e passar uns dias com ela. Até que um dia ele voltou, e ela não estava mais lá. Havia falecido. Bruno foi atrás do laudo da garota no escritório do orfanato. Morte por desnutrição. Era a gota d’água. Ele sumiu, para nunca mais voltar. Seus sentimentos podiam o fazer se tornar um monstro para sociedade, mas logo ele encontrou uma ajuda, que o convenceu a transformar essa raiva em coragem e vontade de agir.

Praça da Esperança - ENGENHO - 30/09/2020 - 18h00

Os minutos angustiantes e reflexivos se transformaram em mais de uma hora. Bruna se sentia mais vivo. Enquanto isso, o sol estava se pondo. Nesse momento, Bruno deixa quem ele é de lado, para outra coisa assumir. O Penumbra estava a espreita. Ai de quem cruzar seu caminho!


Última edição por Penumbra em 19/10/20, 08:17 am, editado 1 vez(es)

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Clone
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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

02/10/20, 12:11 am
- Aquela era minha mãe... ou o mais próximo disso que eu já conheci...

Depois de falar essas palavras, há um momento de silêncio entre os dois heróis. Devaneio não sabia bem o que dizer. Quer dizer, aquela megera que matou o chupa-cabras era “mãe” daquele garoto? Não fazia muito sentido. Então, o melhor jeito de lidar com isso era quebrar um pouco o gelo.

- Sua mãe é meio maluca, hein?

“Ok, não foi o melhor jeito de puxar assunto”, pensa Samanta. Mas, incrivelmente, funciona. Clone começa a conversar.

- É, né? É que eu... na verdade, não faço ideia do que eu sou. Sei que eu cresci num laboratório. E ela era a minha “criadora”, se é que pode dizer isso. Ela sempre me deu medo.
- Quem é ela? E o que era aquela criatura?
- Ela me criou. É só isso que eu sei! Mas o chupa-cabras... Não sei. Sempre achei que eu tinha sido o único criado naquele laboratório. Mas consegui fugir... Quer dizer que, se tivesse dado errado, eu ia receber uma bala na cabeça?

Depois de ter esse insight, Clone deixa uma lágrima escorrer do seu rosto. Samanta percebe que o assunto estava bem pesado. Então, ela resolve desabafar também.

- Lembra o que eu te disse quando nos conhecemos? De onde eu venho, a gente também tem que se esconder. É que eu... – ela hesita.
- O que?
- Eu sou uma saci!

Clone apenas olha com os olhos arregalados para ela. Sem saber bem o que falar, faz o que costuma fazer de melhor: um gracejo.

- Você tem duas pernas!
- É sério! Meu povo tem ficado escondido esse tempo todo. Mas eu decidi que ia me levantar e fazer alguma coisa. E você? Vai fazer o que agora?

Clone para um momento, refletindo em tudo que ouviu.

- Bom, acho que agora eu vou ter mais cuidado. Não quero levar uma bala na cabeça!
- É um começo. Se precisar de ajuda...
- É bom ter uma amiga. Ainda mais saci! Mas vem cá... Seu nome de herói é mesmo saci?
- Eu sou Devaneio. Mas pode me chamar de Samanta. E você?
- Então, eu nunca inventei um nome. Alguns falam que viram um clone seu, então eu peguei. Sou o Clone! Mas gosto de ser chamado de Lucas pelos amigos.
- Você se chama Lucas?
- Sei lá, as pessoas que me criaram me chamavam de Experimento 5604, ou algo assim. Mas gosto de Lucas. Me faz parecer normal.
- Ok, então... Espero te ver de novo, Lucas!
- Ok, Samanta!

Ambos se cumprimentam. Nascia ali uma boa amizade. Após isso, Clone se vira para ir embora. Mas para um momento, e volta para falar mais uma coisa.

- Mas digamos que eu precise de ajuda. Como eu vou te encontrar? Nem celular eu tenho!
- Boa pergunta... Faz o seguinte. Tem um terreno abandonado perto de onde eu moro. Vou te mostrar onde fica. Quando um de nós quiser conversar, marca o lugar com giz, carvão, ou até tijolo. Algo que dê para apagar depois. Fazemos as siglas "CD", e já ficamos alertas!
- SIM! Talvez marcando a hora, pra ninguém ficar plantado lá o dia todo...
- É, vamos melhorar a ideia depois... Vem, vou te mostrar onde fica!

Assim, ambos partem para o tal terreno baldio. Ficou combinado que um ajudaria o outro. Um pacto de amizade e lealdade para duas almas solitárias e disfuncionais. Uma amizade que ainda renderia muitas aventuras. Pelo menos, era como eles gostavam de imaginar...

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Quebra-Ossos
Quebra-Ossos

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty EI 0: Inspiração do passado

07/10/20, 04:50 pm
EI 0: Inspiração do passado

Emanuel segurava o caderno do filho quando Cláudia, sua esposa entrou na sala.

- Viu só? Você agora é um super-herói dele.

- É, parece que ele já até me deu um codinome.

- O grande Quebra-Ossos!

- Quebra-Ossos. Não te parece um pouco infantil para um super-herói?

- É definitivamente diferente de “Fantástico” ou “Incrível”, mas infantil? Não.

- Amor, posso te contar uma história?

- Claro amor!

Ambos se sentaram na mesa enquanto Emanuel os servia uma cerveja.

- Quando era criança, meu pai me disse que eu fui um abençoado pelos anjos. Estavam minha mãe e meu pai em um engarrafamento quando sua bolsa estourou. Era minha hora de chegar e minha mãe já havia passado por uma gravidez de risco tão dolorosa, que sabiam que se fosse para nascer ali, jamais teriam chance de sairmos nós dois com vida. Desesperado, meu pai pedia ajuda, tentando atravessar o engarrafamento, mas as pessoas não ligam para os seus problemas. Elas precisam resolver o delas primeiro. Minha mãe gritava de dor quando um homem de capa branca descia do céu. Ele a agarrou no colo e voou até o hospital Santa Misericórdia. Os médicos vendo aquela figura ilustre, atenderam-na na mesma hora. Por segundos estou aqui na Terra. O homem era um herói negro, chamado Fantástico. Meu pai dizia que era incrível. Um dos maiores heróis do planeta.

- Nossa amor, você nunca me contou essa história...

- Pois é, eu andei pensando... Você viu o que sou capaz de fazer. Eu acho que naquele dia recebi um dom diferente. Não foi só uma pele de metal. Talvez eu deva ser como ele. Como o Fantástico. Ajudar, salvar e inspirar. Quem sabe? Sempre quis ser um exemplo para as crianças. O que me diz dessa loucura?

- Eles já te veem como super-herói deles. Mas se for importante para você, estarei ao seu lado.

Ambos se beijaram e terminaram sua cerveja sem falar mais no assunto. Dias depois, Emanuel entrou em seu quarto e viu um embrulho de presente sobre a cama com a etiqueta: “Para o meu super-herói!”. Ao abrir, viu o traje feito por sua esposa, sob medida. Cláudia era uma exímia costureira e cada peça, caiu perfeitamente sobre o homem. Atrás dele, ela aparece e diz:

- Uau! Parece que temos uma emergência aqui! - trancando a porta do quarto.


Última edição por Quebra-Ossos em 22/10/20, 06:03 pm, editado 1 vez(es)

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Devaneio
Devaneio

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty A Matriarca

08/10/20, 10:37 pm
“Que dia mais merda”.

Samanta desaba na cama, sem se preocupar em tirar a mochila das costas ou descalçar os tênis. Era início da tarde ainda e ela acabava de chegar da feira onde trabalhava as vezes. Recentemente, o trabalho parecia cada vez mais massante. A garota não conseguia parar de pensar em seu treinamento, em como precisava ficar mais forte para proteger sua família, principalmente agora que sua prima Sara estava sob ameaça do vampirão misterioso do Porto.

— Sam, já chegou? Tem visita pra você! — A mãe grita da cozinha.

A jovem saci suspirou, irritada por ter seu breve descanso interrompido, mas logo foi tomada por medo. “Quem viria me visitar? A Sara sabe que vou lá hoje e não tenho outros amigos. Será que o Clone ou o V8 resolveram dar uma passadinha pra estragar meu disfarce?”

Com um salto, ela desceu da cama e disparou até a cozinha. Mas chegando lá, não viu Vanderson, nem o Clone, ou qualquer pessoa conhecida. Ao lado da mesa, havia uma cadeira de rodas e sentada nela estava a pessoa mais velha que Samanta já vira. Era uma mulher gorda e pequena. Quase parecia uma criança no meio daquela cadeira, se não fosse pelos olhos apertados e o rosto completamente coberto de rugas que faziam Samanta pensar que ela tinha uns cem anos.

— Filha, essa é a mãe Cipó, sua bisavó e matriarca da nossa família.

“Matriarca? Quem ainda fala esse tipo de coisa em pleno século 21?”. Samanta continuava encarando a velha e finalmente percebeu que ela só tinha uma perna, que balançava sem alcançar o apoio da cadeira. “Um saci de uma perna só, quanta originalidade...”

— Obrigado pela introdução de merda, agora pode ir embora que eu falo com a garota.

Samanta arregalou os olhos e trocou um olhar de surpresa com a mãe, que saiu imediatamente da cozinha, deixando-a sozinha com a velha.

— Então, sua putinha magricela, cê faz ideia de por que eu me arrastei da minha cama até essa cadeira de merda e vim até esse buraco que vocês chamam de lar?

— E-eu… Eu não. — A garota não sabia se achava engraçado a velha falando tudo aquilo ou se ficava ofendida com suas palavras.

— Não? Então vou ter que te contar. Eu tive todo esse trabalho porque alguma filhinha da puta decidiu que ia sair por aí se metendo nos problemas do mundo todo, bancando a heroína e quebrando as leis da família.

— “Leis da família”? Que leis?

— Cê é burra? Seus pais não te ensinaram nada? Cê não pode simplesmente sair por aí mostrando seus dons e estendendo um cartaz de caça aos sacis. As outras matriarcas estão furiosas com suas ações. Sabe o quanto é horrível ter um bando de velha desdentada enchendo o seu saco?

— Mas eu não sabia…

— MAS DEVIA SABER! — A velha gritou e Samanta se encolheu com medo. Por um segundo, pensou ter visto uma sombra enorme atrás da matriarca — Então, como prefere ser punida? Posso te prender em um pesadelo terrível por alguns anos, talvez te fazer sentir dores mortais por meses ou te aprisionar na minha cabeça com meu ex-marido… Alguma ideia?

A cozinha inteira ficou imersa em sombras. A garota caiu no chão, possuída por um medo sobrenatural. Seu coração disparou e ela sentiu a adrenalina dominar seu corpo, após dias sem agir como Devaneio. A velha se surpreendeu ao ver Samanta se levantar outra vez com um olhar determinado.

— Se quer me punir por ser corajosa, vá em frente. Mas saiba que eu acredito no que faço e não vou aceitar sua punição sem lutar.

A velha sentiu sua ilusão ser combatida pela garotinha e a cozinha voltou a ser banhada pela luz do Sol que entrava por uma janela. A matriarca gargalhou, pegou um cachimbo entre os panos que cobriam suas pernas e o acendeu.

— Admito que cê é durona, magricela. — Soprou a fumaça na cara de Samanta. — Eu já fui como você, mas acabei perdendo tudo. Perder a perna foi o menor dos problemas, se quiser imaginar…

A matriarca conseguia ver a si mesma em Samanta. Quando jovem, também acreditava que podia mudar o mundo e enfrentar as injustiças. Pensou que seus poderes seriam o bastante para se proteger aqueles que amava, mas não foram. Entretanto, ela não parava de pensar que se tivesse alguém para guiá-la naquela época, talvez tudo tivesse sido diferente.

— Mas só porque não fui forte o bastante, não quer dizer que cê não possa ser. Que se fodam as outras matriarcas.

— Então não vou ser punida?

— Claro que vai! Sua punição vai ser me aguentar. Terá que me visitar toda semana, limpar minhas coisas e trazer alguma comida gostosa. Em troca, vou te treinar. Se quer agir como se fosse fodona, faça o mínimo para ser foda.

— Então vai me ajudar a fazer ilusões mais fodas? Cê tem que me mostrar esse truque de forçar alguém a ter medo! — Samanta abriu um enorme sorriso.

— Por que parar nas ilusões? Se fizer tudo o que eu mandar, vai poder transformar sonhos em realidade.

A matriarca soltou novamente uma baforada de fumaça que tomou o formato de um redemoinho e cresceu até formar uma silhueta humanoide de fumaça. A criatura se posicionou atrás da cadeira e começou a empurrá-la para fora da cozinha. Uma simples ilusão não faria aquilo.

— Mais uma coisa: é melhor você esconder melhor a sua identidade. Se eu sentir que a família está em perigo, você já era.

Devaneio  Devaneio  Devaneio

Mãe Cipó (por V8):

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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Acordando num lugar estranho...

19/10/20, 08:49 am
Contexto da história:

Clone abre os olhos com dificuldade. Ao acordar, sente seu corpo doer bastante. Ele estava... numa cama? O rapaz olha ao redor, perplexo, tentando se lembrar de como chegou ali. Logo a imagem do homem em perigo, e de quando tudo deu errado. Seu blefe não colou, e ele levou dois tiros. Ele tenta se levantar, mas sente seu peito doer. Estava enfaixado, parecia ter saído de uma cirurgia. Provavelmente foi isso que aconteceu. Daí seus olhos arregalam quando pensa em tudo que aconteceu. O local, os aparelhos de enfermagem, tudo aquilo o lembrou de quando ele vivia enclausurado como rato de laboratório. A taquicardia toma conta dele, e ele tenta se levantar. Daí, uma enfermeira aparece.

-Não! Pare com isso! Você vai abrir os pontos!
-Ondeéqueeutô? Onde é que eu tô?
-Você levou um tiro, rapaz... Ficou em coma por dois dias.
-DOIS DIAS!

Logo uma equipe chega para segurá-lo e fazê-lo ficar na cama. Era nítido a cara de nojo de alguns. Ele percebe que não está disfarçado, e que estão vendo sua verdadeira forma. Aquilo era muita coisa para processar ao mesmo tempo. Então ele simplesmente para de resistir e fica na cama, atônito. A enfermeira olha para ele e decide falar algumas coisas.

-Nós salvamos a sua vida. Seja grato por isso!
-Mas o cara que eu tentei salvar...?
-Quanto a ele, não teve a mesma sorte. - Essa fala faz com que Lucas fique com vontade de chorar.
-E os filhos dele? Ele tinha dois. Eles...?
-Estão vivos. Um de vocês conseguiu salvar os dois. - Depois de uma longa pausa, ela enfim pergunta. - Quem é você?

Um silêncio toma conta do quarto. Lucas não sabe bem como responder, e ainda está em choque com a morte de Órion. A enfermeira decide então deixá-lo sozinho, para que descanse. O garoto olha para o teto, pensando em tudo que aconteceu recentemente com ele. Era a segunda vez que ele falha em ajudar alguém. Ele começa a questionar o que estava fazendo, se realmente deveria sair por aí tentando ajudar pessoas. Afinal, era apenas um garoto sem muita experiência na vida que achou que conhecia as pessoas. O olhar do bandido que atirou nele vez por outra passa pela sua cabeça, fazendo- tremer. Daí, ele lembra do tiro. E não era a primeira vez que vê alguém ser baleado. Ele lembra do Chupa-Cabras e de... sua mãe? As pessoas que o criaram; será que eles sabem que está ali?

A enfermeira que o atendeu se dirige a outra ala, quando alguns homens de terno surgem na sua frente.

-Soubemos que um "herói" foi baleado e que vocês o estão medicando. Gostaria de vê-lo. - fala um deles.
-Em primeiro lugar, quem são vocês?
-Somos da Segurança Nacional. Acreditamos que esse "herói" é um fugitivo federal, e precisamos confirmar nossas suspeitas.
-Senhor, mesmo que tivesse um desses vigilantes aqui não teria autorização para falar. E sem uma credencial ou algo do tipo, não posso deixá-los passar.
-Tem um deles sim! - fala outro funcionário, parecendo um pouco revoltado. - Ele está na Ala 3.
-Ricardo!
-Obrigado, senhor. Agora é conosco. Obrigado por sua cooperação.

Os homens avançam até a ala 3, sobre os protestos da enfermeira. Mas, ao chegar lá, encontram o local vazio. Logo, eles começam a procurar pelo estabelecimento. Sem sucesso. Lucas não estava lá. Tempos depois, a enfermeira ainda fica pensativa sobre tudo que ocorreu. Quem era aquele rapaz, de aparência assustadora, e qual sua ligação com os homens de preto? Aquilo parecia surreal. Ao final do expediente, ela simplesmente ignora o que houve e sai do hospital. Talvez jamais fique sabendo. De longe, um mendigo olha para ela com admiração e carinho.

-Fico te devendo uma, dona...

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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Laços de Família

19/10/20, 05:16 pm
Complexo Penitenciário Alexandre Andrade -  20:42

A TV fixada no canto superior da parede transmite algumas propagandas e logo se tem início o Jornal de Nova Capital

- Boa noite. Foi preso na madrugada de hoje o empresário Fabrízio Salve Cicciolino em sua mansão no bairro de Alta Vista. A polícia foi até o local após uma denúncia anônima e encontrou Fabrízio e cerca de 40 seguranças, todos amarrados.

Na TV, uma foto de Fabrízio apertando a mão do atual prefeito em uma festa beneficente. Logo se seguem imagens realizadas pela polícia na mansão.

- No local também foi encontrado cerca de 120 kg de cocaína - entre outras drogas, documentos falsos, rolos de papel moeda, obras de arte roubadas avaliadas em 200 milhões de dólares e um montante de quase 300 milhões de reais em espécie, além de 52 armas incluindo metralhadoras, pistolas, dois lanças-mísseis e uma metralhadora giratória antiaérea de uso exclusivo do exército.

O volume da TV é colocado no mudo.

NPC 05 - Meu Deus, Fabrízio. Uma metralhadora giratória?

NPC 03 - Não me enrola Paulo. Quem a gente tem pra me tirar daqui?

Fabrízio coça a cabeça e fuma seu cigarro em uma das salas reservadas da penitenciária. De pé o advogado da família, Paulo, joga o controle da TV sobre a mesa e se senta à frente do mafioso.

NPC 05 - Depois de hoje? Ninguém Fabrízio, ninguém.

NPC 03 - O que eles tem contra me? Nada, niente! Esses putos desses moleques coloridos foram até a minha casa e implantaram tudo lá, pronto. É fácil Paulo, você já fez isso antes, não me venha com esta merda agora, é só cobrar os favores que nos devem e pronto.

NPC 05 - Ok, e onde estão as armas do restaurante?

NPC 03 - Como? As armas estão no armazém, como sempre. Espere, Toninho me disse que supers tinham invadido o restaurante...

NPC 05 - Alguém tirou elas de lá antes, ainda bem. O lugar pegou fogo, os bombeiros e a polícia chegaram e não tinha mais nada lá…

O advogado olha pela janela de vidro que dá para um corredor de acesso e faz um sinal negativo com a cabeça para o policial que os vigiava lá fora, este então saí de sua posição sumindo do corredor.

Fabrízio olha pela janela e de lá vê vários de seus homens que foram presos na mansão, sendo libertados. Muitos passam e cumprimentam através do vidro, outros fazem o sinal da cruz, alguns sequer conseguem olhar para Fabrízio passando de cabeça baixa. Todos com o semblante triste e sério.

NPC 03 - Ma que cosa?....

NPC 05 - Ninguém Fabrízio, ninguém vai te soltar, me desculpe…

O advogado sai pela única porta do local, deixando Fabrízio surpreso e furioso. Com um golpe ele afunda o cigarro na mesa, ferindo o punho, deixando alguns pequenos pingos de sangue.

NPC 03 - Guarda! Já pode me levar dessa merda!

Grita Fabrízio, sem resposta. Ele tenta se aproximar da saída, mas antes de dar seu primeiro passo, a porta se abre e por ela entra Ferdinando.

Sem nenhuma palavra ser dita entre os dois, Ferdinando solta uma bolsa grande ao chão. Ele retira seu paletó e o coloca sobre o encosto da cadeira a sua frente, ajeita as luvas de couro e, sobre a mesa, coloca seu chapéu branco.

*A partir daqui toda a conversa é em italiano*

NPC 03 - Você não vai me assustar com essa merda Ferdinando.

Ferdinando se agacha abrindo a bolsa de couro, lentamente. Fabrizio pensa por um segundo em atacar seu irmão nesta posição, mas se lembra de tudo que seu irmão já tinha feito com adversários maiores e mais fortes que ele durante todos os anos que trabalharam juntos.

Um crânio totalmente limpo é posto sobre a mesa, ao canto. Com delicadeza e um certo esmero, Ferdinando o posiciona calmamente.

NPC 03  - Que porra é essa Ferdinando?

NPC 09 - Desde muito cedo papai me entendeu, como ninguém mais pode. De todos foi o único que conseguiu me ver como eu realmente era e, por isso, escolheu o melhor trabalho pra mim dentro da família.

Da sacola, Fernando retira mais um crânio limpo posto ao lado do outro.

NPC 03 - De quem é essa merda Ferdinando?

Fabrízio se senta, tentando conter o medo, ele observa os crânios.

NPC 09 - De todos esses anos em que eu matava por você e por papai, tudo que pensava era quando seria meu próximo trabalho, quem eu deveria eliminar. Não tinha nenhum outro desejo, nenhuma vontade de ascensão, nenhuma vontade de assumir o posto de chefe da família. Tudo que queria era aumentar a coleção a vontade é.. bem complicada as vezes.

Desta vez um crânio, impregnado em sangue seco é posto a mesa, visivelmente maior que os demais. Ferdinando o posiciona milimetricamente ao lado dos outros dois, fazendo uma fileira.

NPC 09 - O assassino da família… muito conveniente para todos... no início achei que papai tinha me dado essa missão para que eu pudesse me manter são, pra manter a vontade controlada… achei que era por mim….  entende?

Ele põe um último crânio, banhado em sangue ainda fresco. Um dente de ouro brilha por entre o vermelho. O rosto de Fabrízio se embranquece, o suor frio desce pela tempora. Ele olha desesperado cada um dos crânios, posicionados em uma fileira mórbida.

As lágrimas caem aos olhos atônitos de Fabrízio, ele finalmente reconhece os crânios de cada um de seus irmãos, os últimos herdeiros da família. Ele tenta falar algo, mas nada sai de sua boca aberta trêmula.

NPC 09 - Mas não era por mim, era? Ele não queria a família desfeita, não queria que em algum momento um irmão matasse o outro…. não é? Infelizmente ele não está mais aqui agora… está nos braços do senhor.

Ferdinando faz um sinal da cruz sujando a testa e os lábios com o sangue.

NPC 09 - Em sua memória vou honrar o nome de nosso pai e não permitir mais que a Mafhia se separe….

Pegando o controle da TV sobre a mesa, Ferdinando aumenta o volume ao máximo…

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Quebra-Ossos
Quebra-Ossos

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty EI 1: O “Dia 1”

21/10/20, 05:44 pm
EI 1: O “Dia 1”

Sabe, alguns dias após minha esposa me presentear com o traje de Quebra-Ossos, tive a minha primeira experiência. Foi o que alguns chamam de “Dia 1”. Eu estava indo para a mercearia Andorinha, no Bairro Caiçaras, simplesmente para comprar um queijo para degustar com uma boa cerveja. Júlio, um colega do meu trabalho, dizia ser o melhor queijo artesanal da cidade. Estava em meu intervalo para almoço e quando chegava ao estabelecimento vi que alguns homens faziam arruaça no painel do super-herói Andorinha, uma lenda do passado. Deus, como odeio esse tipo de gente. Sempre acham que podem estragar as coisas dos outros a torto e direito e sair impune. Em minha casa, tive uma situação parecida com uns moleques pichadores, mas parece que deram um jeito neles outro dia.

Nessa altura, já havia treinado muito o uso de meus poderes. Enquanto estava sozinho, me transformava em aço e voltava ao normal só para sentir aquela poderosa sensação. Me sentia incrível, impossível de ser atingido. Eu desci de meu Cadillac recém reformado, olhando para os três homens que degradavam a imagem daquela lenda. Respirei fundo, olhei para a minha mochila no banco do carona. Nela, carregava o uniforme completo, nunca utilizado nas ruas. Ouvia as súplicas de seu Nelson, o dono do mercadinho e padrinho daquela obra. Me arrisquei. Tocando a mão no capô do carro, me transformei em aço bruto. Nem sequer peguei meu uniforme. Não seria aquela a hora de assumir aquele que traje que mudaria minha vida.

Tratei os três homens como as crianças desordeiras que eram. E pior de tudo, descobri que eram fanáticos religiosos. Dois tipos de gente que me enojam fortemente. O ápice do momento foi ver o caibro que um dos fanáticos carregava sendo destroçado enquanto tentava me atingir. Expulsei-os como acredito que eles acham que expulsam os demônios dos corpos de suas vítimas/fiéis. Seu Nelson me agradeceu e me contou uma história sobre o Andorinha e tudo que ele representava. Foi estranho me apresentar como Quebra-Ossos pela primeira vez, mas sinceramente, foi maravilhoso contar essa história para meus filhos mais tarde e ver o brilho nos olhos deles. Dias depois, resolvi finalmente vestir o traje e utilizar em patrulha, mas isso é papo para outra conversa...


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Quebra-Ossos
Quebra-Ossos

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty EI 2: Orgulho e Responsabilidade

21/10/20, 05:45 pm
EI 2: Orgulho e Responsabilidade

Eu estava me achando no auge de minha vida. Estava bem com a esposa, meus filhos me admiravam como nunca, no trabalho, as coisas iam bem. Tudo estava em paz em minha vida. Me tornar o Quebra-Ossos foi uma das melhores coisas que me aconteceram. Em um dia, ajudei a prender uns homens que atacavam o Museu Antropológico enquanto passeava com meus filhos e a mais velha fazia anotações para seu trabalho de escola. Aliás, nenhum homem, mulher ou bizarrice que for vai apontar uma arma para minha família sem que eu lhe transforme em um saco de pancadas.

No dia seguinte, descontei a raiva que estava de meu cunhado em uma turma de bandidos que trocavam tiros na Zona Rural. Parece que fizeram uma negociação que acabou dando errado, bem errado. Havia uma garota lá. Ela tinha super-poderes como eu. Não exatamente como eu, mas ela segurava vários capôs dos carros para se proteger dos tiros, suspensos no ar ao redor dela. Acho que ela não se saiu muito bem na abordagem, mas ainda bem que eu estava por perto. Nocauteei o maior número de homens que consegui, mas alguns ainda conseguiram fugir. Por fim, a garota voadora chamou a polícia, que cuidou de prender aqueles bandidos.

No terceiro dia tive uma experiência muito mais marcante. Estive no bairro Caiçaras novamente e vi uma série de ambulâncias indo em direção a um local onde algo caíra do céu. Corri para ajuda-los e ao chegar no local do incidente, vários destroços, carros e postes bloqueavam a passagem do socorro daquelas vítimas. Me esforcei ao máximo para limpar o caminho e abrir passagem aos profissionais do socorro. Mal podia respirar em meio a tanta fumaça. Depois de liberar a passagem, avistei um casal preso embaixo de um poste e em um último esforço, retirei-lhes o objeto que os prendia. Levei-os em segurança ao atendimento médico e me retirei do local. Acreditava que meu serviço estava concluído e que ali já estaria tudo sob controle.

Esse foi o dia que mais me envergonhei de mim mesmo. Como pai, meu dever seria proteger as crianças, sendo minhas ou não. Quando cheguei em casa com minha roupa coberta de sujeira e fuligem, vi na televisão o que acontecera com o orfanato. Várias crianças mortas com o desabamento em suas cabeças. Pobres crianças. Pobres pais dessas crianças que achavam que ali elas estavam seguras. Nessa noite eu não consegui dormir. No dia seguinte, faltei do trabalho, assim como minha esposa. Também meus filhos não foram à escola. Nós quatro nos vestimos em luto e fomos visitar um casal de amigos que tinham um filho vítima daquele terrível acidente. Quando os vi, meu coração se partiu ainda mais. Meu pobre amigo tentava cuidar de sua esposa, que urrava de dor em seu peito com o pranto de uma mãe que perde a própria alma. Ele chorava discretamente. Seu filho era um milagre de uma gravidez de risco aonde ambos (mãe e filho) sobreviveram.

Fiz uma promessa à minha esposa e a mim mesmo. Com o dom que recebi, era capaz de realizar coisas impossíveis e incansável seria a minha luta pelos mais indefesos. Passei dias sem vestir novamente o traje. Estava com um peso muito maior para mim do que antes.


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Vulto
Vulto

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty A porta

21/10/20, 09:46 pm
“Começa com tudo ficando escuro...”

"A sensação é boa. Sinto a escuridão me abraçar, me acolher, como um banho quente. Então me permito abrir os olhos..."

"O vulto me encara. Uma forma humana corta a escuridão. Se mescla... Não. É a própria escuridão."

"Não sinto medo. Por algum motivo, sua vigília silenciosa me acalma. Sinto dificuldade de raciocinar. Então deixo minha mente se esvair..."

"Por um instante não me lembro quem sou, onde estou, o que é. Não existe mais passado. Nem a possibilidade de futuro. Só há o agora, e eu, por um instante, me torno um com as trevas. Então ouço um bater..."

"Abro os olhos, com o coração acelerado. Sou Dario, com 7 anos, em meu quarto. Não há mais vulto, só escuridão... e a porta. A luz vermelha sangra pelas frestas e as pancadas aumentam. Ouço vozes..."

"O terror me assalta. Um pânico tremendo me cobre junta com aquele brilho escarlate. Me vejo destacado, não mais envolto pelas sombras. Nu. Desprotegido. Sozinho. Receio que a porta se abra. "

"Tento ficar ali, parado, mas sinto muito medo. Cada segundo se torna mais impossível resistir, de não fugir. Então desisto e sinto meu corpo cair..."

"Atravesso o chão, a escuridão, a luz. Sinto um frio na barriga. Uma fisgada no meu ventre que me joga para longe. Só por um instante. Então sinto o chão novamente..."

"Abro os olhos e vejo a noite. Minhas lembranças parecem demorar para me alcançar. Mas eventualmente me lembro. Sou Dario, com 23 anos, no topo de algum prédio..."


Victoria observa Dario. Preocupada e curiosa. Seu amigo havia lhe chamado para uma meditação guiada há algumas semanas e depois de algumas tentativas sem muito resultado, vira o amigo sumir na sua frente durante a última sessão.

Em outros tempos, Victoria ficaria em pânico, mas agora sabia o que acontecera. Teleportara. Seu amigo era um metahumano. O Vulto. Um herói capaz de saltar pelo espaço instantaneamente, de controlar emoções alheias e de manifestar um vulto  para lutar por ele, uma habilidade que ela ainda custava a entender. De volta, minutos mais tarde, ele lhe explicava o que acontecera. A escuridão. O vulto. A porta.

- ... lá pros lados de Marechal...

- Estranho. Bom, vindo de você é difícil dizer que  não é “estranho” – brinca, olhando para Delfos, que flutuava ao lado do amigo.

Sem parecer ligar para a brincadeira da amiga, Dario responde:

- Mas não era... Não era pra isso acontecer... Essa merda de poder... Sempre que eu sinto que estou no controle, acabo sendo jogado para algum canto da cidade contra minha vontade... E agora essa merda de pesadelo...

- Então isso já aconteceu antes? Essas visões...? – Não queria dizer a ele, pois talvez ele já soubesse, mas temia que aquilo fosse mais que apenas um sonho ruim.

- Sim... Foi por isso que te chamei... Achei que você poderia... me ajudar.

-  Ah... certo... Bem, eu já vi muita gente tendo que lidar com seus demônios durante essas sessões, mas nunca acompanhei ninguém com super poderes antes... Achei que pessoas como vocês controlassem suas habilidades...

- E controlo!

Surpresa pela rispidez do amigo, Victoria se cala.

- Vic... me desulpa... Desculpa... – Levando as mãos na cabeça, seu Patrono se desfaz, abalado até mesmo para mantê-lo presente.

- Tudo bem, Dari. Você claramente acabou de passar por um bocado... – Ela conhecia o passado do amigo, apesar dele quase nunca falar sobre, e sabia que ele acabara de reviver um momento traumático desse passado – Acho que podemos encerrar por hoje – Mas notando a ausência de Delfos, acrescenta – Mas posso ficar contigo mais um pouco aqui, se você quiser...

Com o rosto ainda apoiado nas mãos, Dario apenas balança a cabeça positivamente.

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Atieno
Atieno

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

22/10/20, 02:10 am
"Me perdoe, Hodari... eu não queria gritar com você."

O caso de proteger os Power Heroes me assustou um tanto. O jeito que a energia se moveu por meu corpo foi... diferente. Não estava emanando apenas de meus punhos. Meu corpo inteiro serviu de condutor daquela poderosa essência lunar. Isso, claro, não tirava a culpa de minhas costas. Eu devo proteger Hodari, e estou brigando com ele? Isso não é justo para nós.

"Atieno, tudo bem, tá? Eu sei que não foi proposital. Mas olha, você foi bem lá. Você está evoluindo tão depressa que não percebeu uma coisa..."

Pensei, pelo que Hodari disse, que era a energia que havia tomado uma forma diferente de trabalhar. Mas, quando puxei a mochila para guardar o uniforme, vi as longas garras curvadas saindo de onde minhas unhas deveriam estar. Meus poderes ainda estavam ligados, e tratei de desligar, vendo as garras recuando e voltando a ser minhas unhas normais. De fato... algo novo tinha acontecido ali.

"É... de repente, o treino de hoje se tornou mais necessário ainda..."

-------------------------

— Isso é normal como parte de sua evolução, Miguel — Ayana servia-me uma caneca de café, enquanto sentava-se no outro lado do sofá. — Inclusive, isso vai facilitar sua adaptação às lutas que precisa aprender, e que começará a ver hoje.

— Você tinha me dito que hoje eu ia começar a aprender a lutar como um guerreiro astaio... então vai me ensinar a combater? Como os seguidores de Mwezi fazem?

— Não. Eu não vou lhe ensinar nada, eu nem sei lutar tão bem assim — ela dá uma golada no café, e as manchas azuladas em sua pele brilharam levemente na risada que deu. — Mas ele vai.

O cheiro de pantera chegou às minhas narinas, fazendo-me levantar e olhar para o lado direito. Pela passagem que dava à cozinha, um híbrido pantera com mais de 2 metros de altura entrou. Seus olhos azuis e manchas de mesmo tom nos pelos pretos mostravam sua lealdade à deusa, mas era impossível não imaginar esse brutamontes lutando. A face felina era de dar medo, e as garras nas suas patas imensas estavam livres. E, olhando bem, as manchas que brilhavam em azul em seus pelos faziam um padrão diferente do que Ayana tinha. Isso talvez significasse algo. E a mão dele, que foi estendida a mim para um cumprimento, poderia facilmente esmagar minha cabeça.

— É um prazer estar diante de sua presença, Atieno. Consigo perceber até que Hodari está sendo bem cuidado, e sua presença neste ambiente me deixa mais próximo à deusa — ele sorriu, dando um aperto de mão firme. As almofadas felinas envolveram meus dedos, e pude ouvir um ronronar leve e contente daquele pantera imenso. E o jeito de falar era até familiar. — Meu nome astaio é Enaruke. Ayana me chamou para treinar-lhe a arte do combate mwezian, um dos estilos mais antigos do Sahel.

— Combate mwezian?

— Sim, sim. O combate mwezian foi desenvolvido pela tribo de Mwezi, e envolve o uso das qualidades corporais dos panteras, e...

A citação àquele estilo e a fala introdutória do instrutor me fez viajar; como das outras vezes, o ambiente diante de meus olhos se alterava. Agora, via algo que parecia ser um ambiente de estepes, com várias tendas. As pessoas próximas usavam trajes bastante diferentes do que estou acostumado, e haviam várias que pegavam crianças e corriam para um ponto específico que fugia à meu campo de visão. Diante de mim, outros guerreiros com pinturas corporais bastante específicas, desprovidos de vestes e portando armas longas; alguns pareciam até iniciar transformações, ganhando pelos dourados e indicando serem seguidores do leão.

Mas, no decorrer da visão, o que pude ver foi meu corpo se movimentando contra alguns desses adversários. Eram movimentos rápidos, com grande foco no uso das garras, e que tinham uma noção da realização de cercos. Ataques rápidos, às vezes com as garras nas mãos ou pés, as vezes com chutes altos. Lembrava até um pouco da capoeira na parte de chutes com saltos, ou alguns golpes do jiu-jitsu ou kung fu. No meio daquela luta, voltei à mim, vendo Enaruke com a mão aberta e as garras em riste, pronto para me dar um desses golpes.

A reação foi estranhamente natural: segurando o pulso de Enaruke, devolvi o golpe com um corte leve de garras em seu braço, e arremessei sua mão para trás, saltando e tomando um pequeno espaço. Ao ver que o machuquei, arregalei os olhos de imediato.

— Nossa! Você tá bem? Eu te machuquei forte?

— Não se preocupe. Garanto que, quando se trata disso, dessa nossa guerra, um corte de um aliado é pouco — ele sorriu, e vi que o corte fechou bem rapidamente. — Parece que, de alguma forma, você já sabe alguns movimentos.

— Provavelmente isso envolve seus flashbacks, Miguel — Ayana cortou, e já estava em sua forma de pantera também. — As memórias passadas são uma forma de você, aos poucos, saber do seu passado. E, se der sorte, você consegue relembrar algumas técnicas que aprendeu em algum momento dentre essas centenas de anos...

— Esse bloqueio que fez, inclusive, é algo que leva meses pra dominar. Nosso trabalho será um pouco mais fácil.

Os dois pareciam animados, e isso me contagiou. Hodari rugiu dentro de minha cabeça, mostrando disposição. E então me posicionei em afirmação.

— Vamos pular a introdução, então. E vamos praticar algumas técnicas.

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Quebra-Ossos
Quebra-Ossos

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty EI 3: Morte e renascimento.

22/10/20, 06:00 pm
EI 3: Morte e renascimento.

Meus olhos se abriram lentamente. Estava tudo embaçado e muito claro naquela manhã. Ouvi uma voz doce acompanhada de uma silhueta feminina surgindo em minha frente. Ela dizia ser minha enfermeira. Lembro-me vagamente das palavras dela. Disse que cuidou de mim e que fiquei desacordado por cinco dias seguidos. Tentei perguntar sobre minha família, mas acabei dormindo novamente. Voltei a acordar somente no dia seguinte. Dessa vez, ela estava sentada ao pé do meu leito. Minha visão começou a ficar mais clara.

Me disse que seu nome era Maria e que eu estava no hospital mais caro da cidade. Faziam exatamente 6 dias da hora em que havia sido atropelado por aquela bobina de aço. Talvez tenha sido uma tremenda estupidez agir sem pensar, mas me sentia tão invulnerável enquanto estava com meus poderes ativos, que nem sequer pensei no que estava fazendo. Só precisava para aquela monstruosidade. Pensei e repensei naquela cena. Deus, o que minha família faria sem mim? Minha mulher é uma guerreira, mas preciso estar lá pelos meus filhos. Por fim, como eu tinha ido parar ali? Meu último fragmento de memória me mostrava uma estupidez em uma cena cíclica tão súbita quanto realista. Talvez a memória de quase morte seja mais crítica para um homem do que a própria morte. Vários ossos no corpo haviam se quebrado com o choque. Logo eu, o grande “Quebra-Ossos”. Imbecil.

Questionei a mulher sobre várias coisas assim que consegui. Meu corpo doía muito. Eu não era invulnerável como pensei. Maria cuidou pessoalmente para que minha identidade não fosse revelada. Ela própria avisou minha família e explicou todo o procedimento. Minha situação era grave, quase irreversível. Eu não tinha dinheiro suficiente para me manter naquele lugar sozinho. Ela me revelou ter uma pessoa por trás das contas. Um benfeitor bilionário anônimo, a quem eu não conseguiria nem sequer procurar para agradecer. “Mas ele falará com você em breve” ela dizia. Algo estava muito suspeito.

Com uma seringa enorme, ela aplicou um remédio azulado em mim pelo tubo do soro. Senti como se meu coração fosse explodir. Logo em seguida, apaguei novamente.

No sétimo dia, acordei com uma sensação estranha. Meu corpo não doía mais como no dia anterior. Meus músculos pareciam os mesmos de antes. Olhei no quarto, Maria havia desaparecido. Eu já conseguia me colocar de pé. Fui até o banheiro e olhei meu rosto. Os ferimentos haviam se fechado, sobrando apenas uma pequena marca pequena de pontos na minha testa. Enquanto me banhava, sentia dores internas que latejavam e geravam certa fadiga. Várias cicatrizes em meu corpo ficavam visíveis.
A água batia em meu corpo, mas sentia que me lavava a própria alma. Ao sair do banheiro, abri a cortina e pude ver uma vista incrivelmente linda. Eram aproximadamente nove da manhã. Permiti que o sol quente tocasse sobre meu rosto enquanto fechava os olhos e refletia mais um pouco. Em tão poucos dias, vivi o auge da adrenalina. Usei um uniforme e combati desordeiros, criminosos, vampiros e meta-humanos. Ajudei desconhecidos, salvei algumas vidas. Abri o guarda-roupas e vi meu traje em farrapos. Ainda havia sangue meu manchado naquela roupa. Acho que Cláudia não vai ficar feliz em ter que arrumar isso.

No canto do quarto, sobre uma mesinha tinham cartas de meus filhos e esposa. Lucas fez um desenho meu, vestido com meu traje salvando pessoas, conforme ele gostava de imaginar. Rafa me escreveu um texto lindo sobre como era importante para ela e que ela estava com saudades. Minha esposa me revelou seu amor e me enviou as melhores palavras de suporte que precisava ouvir naquela hora. Como sempre, uma família perfeita. Me emocionei nessa hora e confesso ter deixado algumas lágrimas caírem sobre o papel.

Ao lado das flores que havia recebido ainda tinha uma carta em papel impresso sem assinatura. Estava sobre uma maleta preta. Achei que seriam roupas enviadas pela minha esposa e acabei deixando por último para ver. Abri a curiosa carta e nela havia apenas o seguinte texto:

“Lhe concedi a sua segunda chance, pois acredito que faróis acesos pelo fogo de uma fênix são lendários. Você é o farol da sua família e será para todos que te rodeiam. Acenda a chama da esperança nos corações das pessoas novamente e será um verdadeiro ícone.”

Abri a maleta e vi nela um novo uniforme, mais bonito e reforçado que o anterior. Sobre ela, uma pequena placa de ouro gravada com uma fênix. Toquei nela e me concentrei em me transformar mais uma vez. Senti aquela sensação novamente. O vigor que senti foi ainda maior do que antes. Embora meu corpo doesse, eu estava me sentindo ótimo novamente. Nesse momento um enfermeiro abriu a porta, disse que eu recebera alta e que minha família me esperava no saguão. “Um minuto”, pedi a ele, que esperou do lado de fora.

Vesti meu traje novo e saí acompanhado pelo enfermeiro até os corredores. Minha pele dourada chamava a atenção em meu uniforme novo. Perguntei por Maria, pois gostaria de agradecê-la pessoalmente, porém o enfermeiro me disse que nenhuma Maria trabalhava naquela ala e ele mesmo fazia minha medicação. Não entendi o que houve, mas já nos aproximávamos do saguão. Meus filhos correram em minha direção e me agarraram com força em um abraço fraterno. Minha esposa se juntou a nós. Foi o melhor momento de meus últimos dias. Eu estava renascido.

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Prisma
Prisma

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

25/10/20, 05:04 pm
Spoiler:
Prisma na capa da revista Vogue de Outubro de 2020

- Olha, primeiramente eu queria te parabenizar pelo premio de Heroína do Ano. Com certeza foi muito merecido. - diz Micaela Lutz, colunista do jornal Meia Hora. Ela ja queria me entrevistar pra uma coluna sobre moda e comportamento e se sentiu em divida comigo depois que a salvei na Ilha dos Benfeitores.

Spoiler:
Prisma no tapete vermelho da premiação de Heróis do Ano

- Ah, muito obrigada Elisa . Eh super legal todo esse reconhecimento. - agradeço, com um largo sorriso. Tava exausta de toda a ação semanal, mas precisava manter a imagem.

- Nova Capital que agradece. Mas como começou tudo, Prisma? A gente sabe que no inicio não foi fácil ne, já que o seu pai era um super vilão, então... isso contribuiu pra você buscar um caminho diferente? - questionou de forma incisiva. Essa cachorra precisava mencionar isso? Ratazana...

- Pois e, o inicio tinha tudo pra dar errado. - Respondi, meio se graça - Sendo sincera, heroísmo nem passava pela minha cabeça mas acabou acontecendo. Nunca quis o mesmo destino do meu pai e sempre achei errado o que ele fazia, então sim, tentei ir pelo outro caminho quando decidi que era aquilo que eu queria fazer. - emendei, confiante de que amariam a resposta.

Spoiler:
Prisma pra capa da Dazzed, edição de Setembro de 2020

- E que decisão assertiva, ne?! Sua historia eh muito interessante, ja ja veremos filmes e series baseadas nela, tenho certeza. - Estranhamente, apesar da pergunta desconfortável, ela parecia muito animada.

- Não acho que vá acontecer tão cedo, mas estou aberta a oportunidades, com certeza. - Respondi envergonhada, com um sorriso de canto de boca. Mimos seriam muito bem vindos, de fato.

- Você já eh a "it girl" do momento. Você já está estampando uma infinidade de revistas e agora diversas marcas querem colaborar com você, como ta sendo tudo isso?

Spoiler:
Prisma pra capa da Cosmopolitan, edição de Outubro de 2020

- Sim! Eu fui pega completamente de surpresa, na verdade. As coisas começaram a mudar completamente depois da live que fiz na praia. Agora tem muita coisa vindo por ai e to realmente muito empolgada e ansiosa pra que todos possam ver logo. - O futuro parecia promissor pra mim. O numero de projetos vinha n uma crescente.

- Agora eu que fiquei muito ansiosa haha. Ai prisma, você tem um carisma e um magnetismo incrível. A gente vê todos esses heróis, grupos se formando. Você tem interesse em ser parte de um?

- Olha, acho que seria legal, sim. Confesso que não entendo como ainda não fui convidada pros Benfeitores. Eles bem que precisam de alguém com experiência lá, sabe, um rosto pra equipe. Não sei se eu podia dizer isso, mas eles são muito sem graça. - De fato a falta do convite me incomodava. Como assim EU não fui convidada? Mas era melhor parecer debochada do que recalcada.

Spoiler:
Prisma pra capa da Elle, edição de Setembro de 2020

- Ah mas convenhamos, você lá ia tirar todo o brilho deles hahaha - Ela não poderia estar mais certa.

- E a vida amorosa, Prisma? Algum super herói marcando território nesse coração? Aquele tal de Incrível ta sendo muito falado e soube que vocês já se esbarraram por ai. - Disse Elisa, juntando as palmas das mãos, muito atenta, como se aguardasse uma grande fofoca e um furo de reportagem quentinho.

- Ah, pois e. O Incrível eh gente boa, a gente ja atuou junto algumas vezes mas nunca aconteceu nada além disso. To solteiríssima. - De fato a vida lutando contra o crime deixava romances inviáveis.

- Jovem, independente, sinônimo de girl power! Você tem alguma aventura favorita ate agora?

- Ah, eu diria que foi quando salvei o Marola, aind que soe repetitivo. Ter feito a minha primeira live depois daquele dia, e conseguindo o engajamento e apoio dos fas que consegui, me motivaram a querer crescer e assumir um posto maior em NC. Mas todas foram importantes pro meu crescimento, ate as derrotas. Mas eh sempre bom rir da cara do Fail Hero no fim do dia. - Respondi, dando os ombros.

Spoiler:
Prisma pra capa da Rolling Stones, edição de Setembro de 2020

- Ah, esse cara. Ninguém ainda tem qualquer informação da identidade dele mas ele continua crescendo em popularidade. Isso não te preocupa? - Perguntou, preocupada.

- Com certeza não. Eh muito fácil se esconder atrás de um computador, ou de uma máscara. Por isso que eu nem uso uma mais. Eh so um fracassado. - Respondi, jogando o cabelo pra trás, com uma expressão de desprezo.

- Prisma, querida, nosso tempo ta acabando. Mas foi um prazer! Você tem alguma mensagem pros seus fãs?

- Ah, eu queria agradecer todo o apoio. Tudo que eu faço eh por vocês, pra que vocês se sintam seguros. Amo meus Prismers!!

A gravação se encerra, a luz se apaga. Desfaço o sorriso falso.

- Agora que encerramos.. - falo, retirando um papel amassado do bolso que peguei na Ilha dos Benfeitores depois de salvar a vida da repórter. - Você quer me dizer o que vai acontecer no dia 30 de Outubro? - finalizei, num tom não muito agradável, exibindo o bilhete em mãos.

Micaela olha o papel, e olha para Prisma, claramente incomodada com a lembrança do ocorrido na estação.

- Bom... eu não posso dizer, muito por que meu contato não terminou de dizer. Mas ele disse que tem algo grande acontecendo. - responde a repórter, tensa.

- "Algo" tipo o que? Um roubo? Um atentado? - questionei, intrigada.

- Quando ele ia dizer, os tiros começaram. Ele só disse que é algo que vem do Maycon Castro. O Cabeça, chefe da facção do Cabrião.

- E você tem alguma informação do contato? Como acho ele agora?

- Infelizmente não posso revelar. Assinei um acordo no jornal que não posso quebrar o sigilo das identidades de contatos que querem se manter anônimos. - disse, firme.

- Vai conseguir dormir com a responsabilidade de ter guardado a informação caso um atentado aconteça dia 30, então?

- Eu irei publicar essa notícia com as respostas do rapaz, Prisma. Olha, entenda, isso envolve minha carreira como jornalista. Se eu começar a revelar meus contatos, irei os perder. - Ela posiciona o celular na frente de Prisma, que vê a tela desligada.

- Então aguardamos. Espero que não se arrependa. - finalizei, incisivamente.

- De qualquer jeito, obrigada pela reportagem. - Ela sorri - Te mando um jornal com a capa tendo sua foto. A não ser que algo maior aconteça, a capa é sua.

Nos despedimos e cada uma segue o seu rumo. Algo muito ruim ta pra acontecer e eu não faço a menor ideia do que pode ser.

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Penumbra
Penumbra

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Dona Judith!

26/10/20, 02:23 pm
ACADEMIA DE KARATÊ HATANO – 21/10/2020 – 08h30

- Seu sobretudo tá lá no lixo. Abandonou sua vida de super detetive? – Questiona Mestre Hatano, ao adentrar na sua academia de karatê.

- Você tá tão quebrado que tá fuçando no lixo? Tem maneiras mais fáceis de conseguir o pão de cada dia. Retruca Bruno, enquanto varre a academia.

- Tô tão quebrado quanto os seus pais... ah é, você não conheceu eles. Desculpa.

- Você é um baita dum velho babaca, sabia?

- Mas e aí, o que aconteceu?

- O traje tava todo ferrado. Os remendos da Dona Judith não estavam resolvendo mais. Logo o sobretudo, colete, etc, iam desfarelar. E mais, depois daquela surra que eu levei, preciso de algo mais resistente. Naquele dia eu tava sem o traje, mas mesmo se eu estivesse com ele, seria a mesma merda.

- E então, o que vai fazer? Vai andar de casaco por aí?

- Não não. Fiz uns desenhos pra um traje novo. Até que tenho o dom pra isso. Lembro de ficar desenhando no orfanato pra me distrair. Criava algumas histórias de herói. Lembro até hoje de um personagem que criei, o Entropia. Mas era muito mal desenvolvido. Enfim, vou levar esses conceitos pra Dona Judith.

- Ela sabe sobre sua vida dupla?

- Sabe nada. Quando ela mexia nas roupas antigas, acho que ela pensava que eu era Gogo boy ou sei lá o que. A senhorinha é danada. Dessa vez vou aparecer lá sem ela saber que sou eu, com meu rosto coberto pela escuridão.

- Vai ameaçar ela? Ou costura ou apanha? Sério que você cogitou isso?

- Claro que não. O Penumbra tem ganhado uma certa fama na região. Vou me identificar e pedir um simples favor. Ela tem bom coração, vai fazer sim. Ainda mais depois daquele incidente de ontem no aeroporto.

- Bem, boa sorte. Vai precisar.

MAIS TARDE NAQUELE MESMO DIA – 19h00

Transcrição de transmissão de TV
- Eu acho que essa velha e grande discussão sobre a utilidade dos considerados super heróis sempre vai existir. Querendo ou não, são seres imperfeitos como nós, também erram, mas também acertam muito.

- Até aí eu concordo Silveira, mas quando erram, quando são controlados, manipulados, é desastroso. Até que ponto os acertos podem superar os erros?

- Certo, mas veja um exemplo Mathias, como o de ontem no Aeroporto Internacional. Seria uma chacina. Os policiais não tinham chance nenhuma. Olha as imagens que está passando no VT. Eles impediram um desastre gigantesco.

- Mas pelas informações vazadas, o criminoso Ryan fugiu. Do que adiantou tud...?
(Fim da transcrição da transmissão)


- Nunca está bom pra esse Mathias. O que seria de nós sem esses anjos? Que repórter chato! – Uma senhora resmunga para a TV enquanto costura sentada em uma velha cadeira de balanço que range com o movimento.

Bruno assiste a cena escondido nas sombras, já dentro da casa da senhora. Essa senhora é conhecida como Dona Judith. Ela tem uma pequena loja de costura e remendos em Ave Sul.

- Concordo com a senhora. Diz Bruno, saindo das sombras, mas com o rosto todo coberto por uma escuridão.

- Meu deus do céu! Quem é você e o que faz aqui? – Questiona Dona Judith, muito assustada.

- Calma, calma. Não estou aqui pra te fazer nada de ruim. Olhe pra TV. Sou aquela sombra que está nocauteando alguns bandidos. Sou um desses heróis, ou como prefiro dizer, vigilantes. Sou conhecido como Penumbra, e fico muito feliz em saber que a senhora apoia nossas ações!

- E isso te dá o direito de invadir minha casa, de noite ainda? Por favor, saia daqui. Não tenho nada a ver com você.

- Eu te entendo Dona Judith, mas calma. Preciso de um favor seu. Ouvi falar que você é a melhor costureira da região, só preciso que você faça uma peça pra mim. Diz Bruno, mostrando os desenhos conceituais que havia feito para seu novo traje. Eu vou te dar os materiais necessários, só preciso das suas habilidades de costura.

Dona Judith pega os desenhos em suas mãos, observa eles atentamente, enquanto confere Bruno de canto de olho, ainda com medo.

- E o que eu ganho com isso?

- Gratidão. Vou ser sincero com a senhora, eu tenho apanhado muito em toda a minha vida. E desde o dia em que decidi bater também nos caras maus, não tive nenhum luxo. Mal tenho dinheiro pra pagar as contas da onde eu vivo. Mas posso pagar minhas dívidas com a sociedade e com a senhora tentando fazer meu melhor para protege-los. Acha suficiente?

- Posso pensar no seu caso. Qual o material da roupa?

A conversa segue, e Bruno por fim consegue convencer Dona Judith a fazer o serviço. Ele tira as peças de couro da mochila, que tinha conseguido em um bico de entregas pra uma fábrica de bolsas. A senhora pede três dias pra finalizar o serviço.

Passado esse tempo, Bruno volta até a lojinha de costura. Eles acertam os últimos detalhes e Bruno fica satisfeito com o seu novo traje. Ele insiste em dar um dinheiro que havia conseguido durante esses dias em uns bicos, mas Dona Judith não aceita.

Bruno ainda não está 100% curado dos ferimentos sofridos no evento beneficente. Mas com o traje novo ele fica mais seguro. Ele quer uma revanche. Por isso continua treinando muito na academia, buscando ser mais ágil, forte e perigoso. Penumbra está de volta a ativa, e está com sede de caçar os responsáveis por toda atrocidade que vêm acontecendo em Nova Capital!

Novo Traje:

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Babalu
Babalu

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Evidências

26/10/20, 03:29 pm
Estacionamento do Jockey Club - 01:43
Momentos após a missão: Serviço 2: Acordo Anulado.


O local estava lotado de viaturas policiais cercando a cena do crime com várias fitas de isolamento, fora do isolamento alguns jornalistas e fotógrafos tentavam fazer seus registros para o noticiário, uma ambulância aguardava a liberação de um corpo encontrado no local e um pouco mais afastado, alguns curiosos tentavam ver o que estava a acontecer ali, um veículo sedan do início dos anos 2000 chega no local, do lado do carona sai uma mulher negra, de altura mediana, cabelos presos e vestindo um terno levemente amassado, ela parecia beirar os seus 40 anos, do banco do motorista sai um rapaz jovem bem apessoado, de roupa social com gravata, os dois ostentavam no pescoço distintivos de autoridades.

-Detetive Batista esse é o meu parceiro Detetive Monteiro.- Os dois mostram seus distintivos para o policial que guardava uma das passagens para a cena do crime. - Nós estamos a procura do Capitão Gomes.

-Eu vi o Capitão chegar a alguns minutos, podem passar.- Os dois passam por baixo das fitas, o lugar tinha vários peritos criminais, o chão estava de placas com números, identificando as evidências encontradas, no centro ao lado do corpo que estava coberto por um lençol um senhor de pé, passando instruções para um dos policiais, apesar da aparente idade avançada, ele ostentava boa forma.

-Capitão?

-Detetives.

-Então, o que aconteceu aqui? Perguntou o Detetive Monteiro olhando para o chão ao seu redor.

-Por volta das 23 horas recebemos diversas denúncias de tiroteio no local, tudo aconteceu muito rápido, quando chegamos encontramos esse morto, encontramos outros homens bem feridos e imobilizados, eles já foram levados para interrogatório.

-Foram heróis que pegaram eles?- Perguntou a detetive dando uma boa olhada no concreto quebrado no chão, a parte destruída tinha uma forma circular, como se tivesse acontecido um forte impacto. Monteiro ergue um pouco o lençol que cobria o corpo, assim que o lençol foi levantado batista notou um cheiro de perfume feminino, ela sabia diferenciar um perfume caro de um barato, e aquele parecia ser bem caro, mas não era do homem morto, parecia mais que ele estava com alguém que usou este perfume.

-Isso no olho dele é uma flecha? Eu adoraria ver o que aconteceu aqui na hora, alguma identificação desse cara?

-Por enquanto não, mas encontramos outra flecha que não atingiu ninguém a alguns metros aqui.

-E aquela moto ali?- Apontou Batista - Pelas marcas no chão parece que ela foi arremessada, tem alguma gravação de câmeras de segurança?

-Nada, os caras foram espertos, se encontraram bem num ponto cego do estacionamento.

-Eu vou falar com os peritos e ver se eu descubro mais alguma coisa.

-Eu vou dar uma olhada por aí.

A detetive nota que além de muitas cápsulas de balas espalhadas no chão, também tinham vários projéteis amassados, logo ela deduz que se haviam meta-humanos aqui, algum deles era a prova de balas e foi o principal alvo dos tiros.

Ela começa a se concentrar, inspirando aos poucos e sentindo todos os cheiros do local, ela conseguia cada aroma e odor que estava ali, pela intensidade ela sabia se o cheiro era de alguém que estava ali ou de alguém que já passou, como se fosse um cão farejando. Além do perfume caro ela nota outros aromas de desodorante e suor, também percebe um perfume, ele tinha um aroma adocicado bem familiar, porém, ela não reconhece de onde se lembra desse perfume, outro cheiro bem leve de álcool misturado com outros elementos químicos que vinham de um carro estacionado próximo de um arbusto, ela se aproxima com uma lanterna de bolso na mão, ela começa a vasculhar o local ao redor do carro, ela encontra uma cápsula perdida, ao olhar embaixo do veículo, ela encontra um smartphone, o cheiro adocicado vinha dele, ela aperta o botão lateral do aparelho e perde o fôlego quando vê o papel de parede da tela de bloqueio, era uma foto de sua sobrinha Kelly, ela não conseguia imaginar nenhum motivo do aparelho estar ali.

-Sara?- Ela se assusta e rapidamente esconde o smartphone no seu paletó.

-Fala André.

-Conversei com o pessoal ali, e eles conseguiram puxar algumas coisas de umas câmeras de segurança do Clube, conseguiram pegar as placas dos dois veículos fugindo por lugares saídas diferentes depois da confusão, infelizmente as placas eram frias, sem registro nenhum. - O detetive lia um pequeno bloco de notas com suas anotações - E em uma dessas câmeras flagraram aquela vigilante que o pessoal chama de Babalu deixando o lugar.- A detetive começa a ligar alguns pontos em sua mente, algumas coisas começam a fazer sentido então olha o pro seu parceiro e diz.

-Eu mato essa menina.

Sara Batista
"Enquanto Isso..." - Página 2 De7llcd-6b1116b5-3952-4003-b98b-2ecce9ee3c72.png?token=eyJ0eXAiOiJKV1QiLCJhbGciOiJIUzI1NiJ9.eyJzdWIiOiJ1cm46YXBwOiIsImlzcyI6InVybjphcHA6Iiwib2JqIjpbW3sicGF0aCI6IlwvZlwvZjk1NDgxOTgtMzIxNC00ODRmLWE1YTEtOWUzZmY1NGJkODAyXC9kZTdsbGNkLTZiMTExNmI1LTM5NTItNDAwMy1iOThiLTJlY2NlOWVlM2M3Mi5wbmcifV1dLCJhdWQiOlsidXJuOnNlcnZpY2U6ZmlsZS5kb3dubG9hZCJdfQ

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Orbital
Orbital

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Re: "Enquanto Isso..."

26/10/20, 09:27 pm
Já faz algum tempo que venho atuando como heroína, desde que manifestei meus poderes pela primeira vez. Sinceramente, não sei de onde veio,
nem o porque de se manifestar em mim, que até então me considerava normal, mais uma na multidão. Mas já que recebi este dom, já estava certa do que fazer. Entre falhas e acertos tenho operado no meio de outros heróis, jovens também com o desejo de fazer o bem.

Fico triste em saber o que aconteceu com aquele garoto, o Incrivel. Soube também que o Pitbull se feriu, e a outra heroina parece que morreu. Mesmo que seja terrivel, isso não pode me abalar de forma alguma. Seguirei em frente em honra a essa luta do bem contra o mau, certo e errado.

Ta dificil esconder minhas saídas noturnas e conciliar meus estudos com o vigilantismo, mas sei que consigo fazer os dois. E agora aqui rodeada com essa energia estranha, sinto meu poder crescendo, como se fosse algo novo. De onde vem, porque eu? Vou conseguir as respostas?

Na verdade não sei, mas sinto que em breve possa descobrir. E essa estranha ligação que tenho sentido com as estrelas durante a noite tem me feito pensar em diversas possibilidades. Enfim veremos.

Cris termina de escrever em seu diário, o fechando em seguida. Apaga a luz, olha pra seu uniforme ainda sobre a cama, iluminado pela lua, o segura por alguns instantes e o esconde novamente debaixo de seu colchão. Indo por fim dormir.

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Quimera Verde
Quimera Verde

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Procurada

27/10/20, 02:25 pm
Postagem #FailHero - Resolução em Constelação:

No mesmo dia da publicação... algumas horas depois

Irritada ao extremo, jogando os utensílios de cozinha no chão e nas paredes, fazendo uso de seu magnetismo, Polaridade grita e chora muito de raiva ao ter sua imagem ridicularizada e comprometida mais uma vez pelo vigarista, Jocoso. As reações ao vídeo são imediatas, muitas e muitas mensagem com duras críticas começam a pipocar nas notificações do seu celular, tanto quanto os unfollows em suas redes sociais, até mesmo nas do restaurante. A postagem do FailHero estava colocando tanto a carreira de vigilante de Keiko, como sua carreira profissional, em risco.

O desespero de Polaridade é tanto que ela chega a perder a noção do perigo que pode representar e uma faca passa próximo a perna de Yumi, sua melhor amiga e única ao seu lado neste momento de angústia.  Polaridade - Yumi! Me perdoe! - Keiko corre e abraça a amiga, que fica atônita, parada, sem ar. - É melhor você se afastar de mim! - Correndo para a saída dos fundos da cozinha, Keiko abandona tudo e alça voo, gritando a plenos pulmões e ganhando cada vez mais altura. Parada no ar, vendo a cidade de muito alto, ela promete a si mesma a cabeça de Jocoso. - Nunca senti um ódio tão forte! Esse eu mato com gosto.

Akira, seu irmão mais velho, sempre a alertou sobre os riscos de ser uma heroína e que ela não precisava se arriscar por ninguém, mas nunca comentou nada sobre possíveis falhas e consequências que isso traria á sua vida. Keiko pousa em frente ao restaurante de seus pais, a procura do irmão, mas quem a recebe é Ren, o irmão do meio.
NPC 17 - Faz quase um ano que não troco nenhuma palavra com você, Keiko san! - Ren bloqueia a entrada da irmã no restaurante. - Você matou aqueles dois homens! como pôde, irmãzinha? -  A acusação sarcástisca do irmão, que ela não falavam a tempos, fez transbordar o ódio de Keiko.
Polaridade - Maldito! eu não matei ele! Eu não... não... não foi de propósito! - Polaridade avança contra o irmão golpeando de forma atabalhoada, ele desvia facilmente e contra ataca com um direto na boca, fazendo a irmã cuspir sangue.
NPC 17 -Que heroína é você que não sabe lutar, nem se defender? É uma assassina de inocentes que só se esconde atrás do poder? - Ren provoca.
Polaridade  - Assassina? Eu? Talvez seja algo de família!!! - Com lágrima nos olhos e sangue escorrendo pela boca, Keiko grita e golpeia novamente, sem sucesso, desta vez recebendo um chute na boca do estômago, que a faz vomitar.
NPC 17- Eu não matei o sensei! nem estive envolvido! Agora você sabe como é ser acusado por algo que não fez! - Ren explica.
Polaridade - Mas eu matei aqueles dois! Keiko desaba no chão em prantos.
NPC 17 - Ora, vamos, Keiko san! Eles iriam morrer de qualquer forma, por sorte não morreram direto na explosão. Você só escolheu a maneira errada de ajudar. - Diz ele sem muita compaixão, agachado ao lado da irmã, tocando-a no ombro. - Você me incriminou pela morte do sensei. Lembre-se que ele foi meu mestre ante de ter sido seu! Eu estive lá naquele dia para tentar salvá-lo, mas cheguei tarde. Qualquer pista que te fez apontar para mim, foi porquê eu estava atrás desses bandidos antes de você!
Polaridade - Porque não me disse isso antes? Porque não disse nada, você apenas se afastou!
NPC 17 - Agora você entende o porquê! A raiva de ser difamado! - Ren se ergue e afasta da irmã. - O ódio pode brotar de várias formas, mesmo a gente não querendo! agora você deve aprender a lidar com seus erros. Essas mortes vão ficar para sempre com você! Assim como a do sensei não foi minha culpa, mas estará para sempre comigo, não o matei mas não pude defendê-lo - Ele joga um pano de bolso para Keiko limpar o sangue - Se quiser aprender a lutar, me encontre no dojo, todos os dias, e irei te treinar. Ninguém lembra dele mesmo! Por enquanto você não é bem vinda aqui - Diz caminhando para a porta do restaurante - E sugiro que não retorne ao seu também, pelo menos por enqua....

Polaridade agarra o irmão pelo terno, alça voo em direção ao dojo e o arremessa pela porta adentro.  Polaridade - Então prepare tudo! amanhã cedo estarei aqui. Preciso resolver algumas coisas antes de sumir!

Ren Tsumata
"Enquanto Isso..." - Página 2 Ren_ts10

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Dimas Stradivarius
Dimas Stradivarius

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Rúnico

27/10/20, 04:46 pm
Se passou algum tempo desde que o avô de Dimas sumiu, sem pistas, simplesmente desapareceu. Os pais acham que ele simplesmente cansou da vida de herói e famoso e foi viver o resto a vida em uma praia qualquer, Dimas até achava suspeito os pais não ligarem para o sumiço.

NPCrosa - Calma meu filho, ele vai aparecer, ele sempre aparece - Dizia a mãe, enquanto lia uma revista sobre decoração.

Dimas sabia que essa vez era diferente, seu avô nunca largava aquele cajado, não ter poderes, Dimas sabia como era isso.

Dimas - Eu vou pro meu quarto - falou Dimas, com uma voz quase silenciosa.

Subindo as escadas, Dimas escuta um resmungo do pai.

NPCazul - Esse garoto precisa deixar esse assunto quieto - enquanto a mãe responde do outro lado da sala - Ele vai superar -.

Já no seu quarto, frustrado e com raiva por não ter nenhuma noticia ou pista do seu avô, Dimas tem um ataque de fúria e joga o cajado na parede, como se tudo fosse culpa daquela simples reliquia.

O cajado colide na parede, e cai no chão, os olhos de Dimas fixados no objeto, como se estivesse pedindo ajuda, uma simples referência.

Dimas - Não é culpa sua - Dimas pega o cajado, mas dessa vez com um sentimento raivoso, coisa que nunca tinha feito antes. Pega o cajado ele brilha, inscrições nas laterais do objeto aparecem azuladas, pequenos desenhos ou talvez letras, Dimas não conhece aquelas escrituras.

Rapidamente, tira uma foto e posta em um fórum na internet sobre linguagem, em poucos minutos um internauta responde.
NPCverde  - São runas ou símbolos "rúnicos" uma língua antiga germânica ou escandinava, mas infelizmente não sei o que esta escrito Sad - .
Era o bastante, um ponto de partida talvez para saber o que aconteceu com seu avô ou uma pista sobre seu paradeiro.

Dimas rapidamente procura informações, onde encontra um senhor em Ave Sul que pode ler os símbolos, ele pega seu carro e parte a procura do senhor.

Chegando ao bairro, Dimas procura o endereço, onde encontra somente uma porta com uma pequena placa escrito " Fredrik Schulz ", Dimas olha em volta, e bate na porta, ninguém atende, bate novamente e nada,  Dimas pensa e abre a porta, é um corredor escuro e longo. Dimas encara e segue o caminho, ao final do corredor existe outra porta com uma luz acessa, ao bater, Dimas escuta um sotaque forte lá de dentro.

NPCbranco - Entre por favor -

NPCbranco - Eu pedir desculpa, campainha lá fora queimada. -

Ao entra, Dimas observa um senhor de idade atrás de um balcão, ele era alto, com cabelos brancos, na casa de 60 ou 70 anos,  vestia uma camisa azul com suspensórias.

NPCbranco - No que eu  ajudar você meu jovem - Dizia o homem com um sorriso amarelo no rosto

Dimas - O senhor é Fredrik ? - Pergunta Dimas, enquanto observa o lugar atentamente, era como se fosse uma pequena loja de antiguidades, tinha alguns quadros,  livros e cadernos em prateleiras, alguns vasos, uma espada, entre outras coisas.

NPCbranco - Sim jovem, eu ser Fredrik - responde o senhor com o mesmo sorriso no rosto.

Dimas - Eu preciso de ajuda com isso - enquanto Dimas coloca o cajado sobre o balcão.

NPCbranco - O que ser isso ? pedaço velho de madera ? lixo ali no canto, pode jogar. - Indaga Fredrik

Dimas - Não, é um cajado, e ele tem umas escritas, eu queria saber se o senhor pode me ajudar. -

NPCbranco - Eu não ver nada escrito - olho o homem com cara de tédio.

Dimas -Eu acho que tenho que jogar ele na parede - o senhor olha curioso para Dimas, enquanto ele arremessa o cajado contra a parede e  nada acontece, ele tenta de novo e nada, na terceira tentativa, Dimas pega o cajado com raiva e frustração e ele começa a brilhar.

Dimas - Issoooooooooo. - Comemora Dimas.

O senhor olha assustado, mas ao mesmo tempo curiosos para o objeto.

NPCbranco - Isso ser Runas antigas, não usar mais -. Dimas  - O senhor sabe o que esta escrito ? - pergunta Dimas esperançoso.

NPCbranco - Esta escrito. " Um cajado para todos governar, um cajado para todos encontrá-los" e desse lado "Um cajado para todos trazer e na escuridão aprisioná-los"- responde Fredrik com uma cara séria.

Dimas - Interressante... -. Enquanto Dimas pensa, o senhor cai na risada, Dimas o encara sem entender.

NPCbranco- Eu fazer piada, isso ser de filme hahahahahahaha, eu enganar você. - dizia enquanto continuava rindo.

NPCbranco - Eu ler certo agora, esta escrito " No cajado aprisionado aqui está os mal intencionado" e desse lado está escrita " E do poder deles o portador usará enquanto coisas boas fará ". É isso - disse o senhor enquanto observando o cajado mais de perto.

NPCbranco - Essa escrita em baixo, não saber o que dizer, mas posso procurar se deixar cajada aqui - Disse o senhor a Dimas.

Dimas - Infelizmente não posso, é muito importante pra mim. - Disse Dimas, enquanto pegava o cajado do balcão, firmemente.

NPCbranco - Ok, eu descobrir algo, falar com você, agora eu ter coisas pra fazer - enquanto Fredrik se vira e vai em direção ao fundo da loja, Dimas olha e sai, ao chega do lado de fora em seu carro, Dimas avista um corvo em cima dele, com um pequeno papiro nas patas, Dimas se aproxima e pega o papiro,  estava escrito em sangue, apenas um horário e local.

Dimas pensa, que talvez possa ser uma mensagem ou pista de seu avô, olha para seu relógio, está quase na hora, entra no carro e parte para o local.

Enquanto dirige, Dimas pensa  Dimas - as runas do cajado ou símbolos Rúnicos, talvez seja um bom nome de herói,  "O Rúnico" ou só "Rúnico", ahhhh não é hora pra pensar nisso. -

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Incrível
Incrível

"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Eu vou Machucar Você!

28/10/20, 02:12 pm
Para entender melhor:

Assim que sua mente começou a voltar ao normal Incrível olhava o estrago que havia feito enquanto o medo e desespero o tomavam por completo.

Merda, o que eu fiz?  Isso é real? o que eu faço agora? Preciso ajudar eles.. eu..eu...

Incrível não acreditava na cena que via diante de seus olhos. Pitbull e uma outra heroína caídos a sua frente, e bastante feridos.
Wagner ainda respirava e com certeza sairia dessa. Mas a moça...  Ela parecia realmente muito ferida, ou talvez até morta?  
JP sabia que aquele estrago havia sido feito por ele. A mente do garoto parecia confusa, imagens reais se misturavam com ilusões. Raiva, medo, confusão...

O garoto pensava em como poderia ajudá-los, mas não sabia o que fazer. Estava realmente desesperado, tremendo e ofegante. Estava tão nervoso que nem viu o que se aproximava. Um forte soco o joga longe, direto numa vitrine, a mesma em que momentos antes havia jogado um rapaz.

– Eu sou o Major Máximo e vim aqui para prendê-lo, em nome do Exército Brasileiro. Se entregue, ou levante-se para ser surrado e levado preso inconsciente. – ele sorria, parecia animado com aquilo. Você machucou esses heróis e eu vou machucar você.

JP não fazia a mínima ideia de quem era aquele homem. Seria outra alucinação? Provavelmente não… Agora ele sentia um medo diferente, mais  forte do que antes. O olhar daquele homem lhe dava mais medo do que teve dos “monstros” . Era um olhar de maldade, e João Pedro já havia visto um olhar como aquele antes…


Isso foi a dois, ou três anos atrás, mas ele preferia nem lembrar dessa ocasião.
Durante uma noite voltando da casa de alguns amigos JP foi abordado por uma viatura policial. Rapidamente o garoto levanta as mãos e vai até uma parede onde fica de costas para a rua. João já conhecia o procedimento, já havia sido parado outras vezes, e todas sem motivo nenhum, abordado apenas por ser do tipo que “se parece com suspeito”

Enquanto um dos policiais fazia a revista, um outro se aproxima e começa a olhar o garoto de uma forma estranha. O olhar daquele policial parecia carregar ódio, raiva, maldade...


- E ai moleque tá fazendo o que aqui?

- Eu moro por aqui senhor..

- Não perguntei onde você mora seu macaco, perguntei o que tá fazendo ô filho da puta! Grita o policial no ouvido do garoto.

- Eu… eu tô voltando pra casa, tava com uns amigos...Um tapa na orelha corta as palavras do garoto. Seus olhos se enchem de lágrimas.

- Esse canela seca deve tá vendendo droga por aqui capitão...

- Olha a mochila dele...

- Pelo amor de deus eu não mexo com essas coisa não..

- Mandei falar?? Grita o policial dando um soco no estômago do garoto.

-Tá limpo capitão, só livro e caderno na mochila...

- Pra que esse monte de livro?

- Eu sou estudante senhor, tava fazendo trabalho de escola até agora..
Risos dos dois policiais cortam a resposta do garoto o deixando ainda mais nervoso e constrangido.

- Hahahha Até parece que livro e caderno vai levar isso a algum lugar.. olha esse merda, tá no dna desse povo, mais cedo ou mais tarde vai virar bandido…

- Peloamordedeus moço eu não sou nada disso não...Diz JP aos prantos, enquanto os policiais pareciam se divertir com seu desespero.

-Não é ainda, mais cedo ou mais tarde vai fazer merda, vocês sempre fazem hahah...

- A gente devia era dar um fim nesse filho da puta, não da pra deixar o mal se criar não…A gente tem que cortar ele pela raiz... Diz o policial enquanto derruba o garoto e começa a chutá-lo como se ele fosse um cão sarnento.  

Após alguns segundos que mais pareceram horas, a sessão de chutes finalmente para.

O policial  que havia feito a revista  manda o garoto recolher suas coisas e ir embora dali.
Rapidamente JP coloca seus livros e cadernos na mochila como se aquilo dependesse da sua vida, e antes que finalmente saísse daquele local, ele é segurado pelo policial  que apontava uma arma para sua cabeça, enquanto o olhava com aquele olhar de ódio e maldade.

- Escuta aqui seu bostinha!- Tu vai ralar o pé daqui macaco, tá me ouvindo moleque? Se eu te ver por esses lados de novo eu vou apagar você...
Eu já to cheio de bandidinhos da sua laia andando livre por ai e sujando essa cidade…
Agora some daqui filho da puta, se te pegar de novo aqui, eu vou machucar você!


“Eu vou machucar você!”

As palavras do Major Máximo despertaram na mente de Incrível uma de suas piores lembranças. Visivelmente abalado por tudo o que havia acontecido e tomado por um medo terrível, o garoto entra em choque, ao ver aquele homem se aproximando. JP não sabia o que fazer. Enfrentar aquele sujeito? Se entregar? Fugir?

Major Máximo caminhava para dentro da loja, confiante de que iria pegar Incrível e levá-lo a julgamento. Estava pronto para uma grande luta, de gigantes, onde derrotaria o adversário a sua altura e mostraria a toda Nova Capital quem era o mais forte. Sorria com um ar de superioridade. Cerrou os punhos ao atravessar a porta, quando de repente um extintor de incêndio passou rolando no chão, jogando seu pó químico para todos os lados.

– COVARDE! – gritou o Major. – Não tenho medo de seus ataques escondidos, VENHA COM TUDO!!!

Ele aguardou, pronto para contra-atacar, mas o ataque nunca veio. Incrível se aproveitou da distração para fugir pelos fundos da loja.

JP correu como nunca, cortou as cruas do bairro rápido como como um foguete, nunca antes havia explorado tanto sua velocidade. Ele sentia o vento bater em seu rosto, enquanto seu coração batia a celerado por adrenalina e medo.
Um único salto faz o garoto subir dezenas de metros de altura. Ele se aproveita do impulso e some dali voando o mais longe que seu corpo poderia levá-lo.

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Incrível
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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Consequências - Parte 1

29/10/20, 10:23 am
Incrível havia entrado em casa sem ao menos se lembrar do caminho que fez pra chegar ali.
Estava nervoso, ferido, confuso…
Por sorte sua irmã não estava em casa novamente, e ficou grato por isso, pois precisaria explicar-se e ele realmente não tinha condição alguma de falar naquele momento, tudo o que queria era ficar só.

Entrou no chuveiro e abriu ele ao máximo, nem ao menos percebeu que a resistência havia queimado novamente.
Sentou-se no chão e sentiu a água fria bater em suas costas, várias memórias vinham sobrecarregando sua mente, já conseguia entender tudo que aconteceu até aquele momento.

O homem de preto havia atirado nele e o drogado. Os outros heróis tentaram contê-lo. Ele quebrou o pescoço de Temporal, sabia disso. Ouvia, em sua mente, repetidas vezes o barulho dos ossos se partido em suas mãos.

Chorou de soluçar, sabia que sua vida estava acabada, mas isso não era nada perto da vida que ele havia destruído. Aquela mulher provavelmente havia morrido por suas mãos, as mesmas mãos que ajudaram a salvar tantas vidas, agora eram as armas usadas em um crime brutal.
Seu corpo tremia muito, ele abraçou os joelhos e gritou de desespero.

JP saiu do banho decidido, seus dias como herói haviam acabado. Era poder demais pra uma só pessoa. O que aquele gás fez, mexeu com sua mente de tal forma que ele mal sabia o que estava fazendo, e se não houvessem outros heróis ali para contê-lo? Ele poderia ter destruído todo aquele quarteirão, e a desgraça teria sido ainda maior.

Era o fim de um era. João pega o uniforme surrado e o leva até os fundos de sua casa. Havia sangue em seu traje, mas ele não sabia se era dele, de Pitbull ou da mulher que ele havia quebrado o pescoço.
Com lágrimas nos olhos o garoto joga o uniforme em um tambor de metal que era usado como churrasqueira improvisada, e em seguida ateia fogo nas roupas. Rapidamente as chamas consomem todo aquele tecido o destruindo por completo. JP observava o fogo, enquanto milhares de pensamentos consumiam sua mente.

Estava exausto, não só fisicamente, mas mentalmente. Precisava descansar, tentar colocar as ideias em ordem. Amanhã seria outro dia.
Ele deita, tenta dormir, rola de um lado para o outro, não consegue. Os pensamentos e lembranças ainda martelavam em sua cabeça. Sentia que qualquer hora a policia bateria em sua porta para levá-lo, assim como fizeram com sua mãe. Aquela era sua memória mais antiga. Foi um trauma ver a mãe sendo levada presa.
A vida inteira JP foi ensinado pela avó a trilhar um caminho certo e justo para não terminar como a própria mãe, mas a vida parecia querer outra coisa. Tudo levava a crer que ele terminaria assim como sua mãe, preso e julgado pelos seus atos. Ele chora agarrado ao travesseiro, lembra das coisas que sofreu e ouviu ao longo dos anos, sabia que as coisas seriam ainda piores daqui pra frente.
Depois de horas se ferindo em seus pensamentos, o garoto finalmente dorme, seu corpo já não aguentava mais.

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Incrível
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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty Consequências - Parte 2

29/10/20, 10:25 am
A noite havia sido horrível. Mal dormida, repleta de pesadelos e pensamentos ruins. JP acorda assustado com um barulho na cozinha. Seria a policia vindo atrás dele? Ou pior seus amigos heróis vindo caçá-lo?
Ele vai até o cômodo e se depara com Camila, sua irmã. Os dois se olham assustados, como se estivessem vendo um estranho ali naquele momento, afinal a rotina de ambos em horários diferentes mal fazia os dois se cruzarem.

-João? A merda do chuveiro queimou de novo né?… Alias, por cê aqui essa hora...o que tá pegando?

-Que? Que horas são?

-Cara, já é mais dez da manhã… Por que você não foi pra escola?  
Pergunta a mulher num tom mais sério, como se fosse a mãe do garoto. Mas ao perceber que seu irmão não estava bem, ela rapidamente muda o tom.

-Meu, você tá bem? Tá com uma cara horrível...o que foi?


-Ah, eu não tô legal hoje, mal dormi…e aconteceram umas coisas, eu queria ficar um dia sozinho sabe...

-Sei...Olha, você sabe que pode contar comigo né? Essa correria toda de trabalho e rotina afastou muito a gente nesses últimos tempos, mas eu sempre vô tá aqui quando você precisar. A gente só tem um ao outro...

-Tô ligado...Te digo o mesmo...
Responde o garoto com um pequeno sorriso no canto da boca, era o máximo que ele conseguia forçar naquele momento.
João queria dizer mil coisas, queria abraçar a irmã e chorar, confessar seus crimes, seus pecados. Mas não podia. Tinha medo do que podia acontecer, tinha medo do que viria daqui pra frente.

O rapaz sai da cozinha sem falar mais nada, e vai até a sala onde senta-se no sofá.
Olhando fixamente para a TV, João parecia perdido em seus pensamentos mais tristes e confusos.

-Vai ficar olhando a TV desligada mesmo? Diz sua irmã sentando ao seu lado enquanto liga o televisor. E para o desespero do garoto, o assunto falado naquele programa era exatamente o que aconteceu com Incrível no dia anterior...

- - - -   - - - -   - - - -  

- E as informações que tivemos é que o Incrível, o agressor e responsável por esse crime continua foragido. As forças armadas inclusive enviaram o Major Máximo para procurá-lo.. Quanto a advogada Aline Ferreira, a Temporal. Ela passou por uma delicada cirurgia, continua em coma, e ainda corre risco de vida.
Segundo as fontes, assim que ela se estabilizar será transferida de hospital para ser tratada diretamente com a Dr.ª Eleonora Lima.
Diz uma repórter em frente ao hospital Central.

– Obrigado Renata...Minhas orações e minha torcida para que essa moça se recupere o mais breve possível...E quanto ao agressor, espero que ele logo esteja atrás das grades! – responde o bispo Elmiro Sandiego, dono da TV Universal e bispo em uma das maiores igrejas do país.
Sandiego além de dono da emissora possui um famoso programa em seu no canal, além de suas participações especiais em outros programas a emissora. Não é segredo pra ninguém a opinião do bispo Elmiro sobre super humanos. Ele não aprova, tem medo, e acha que a sociedade tem que perder sua dependência desses supostos heróis.

–Vejam vocês como são as coisas, a pobre Aline Ferreira, a Temporal, só queria ajudar as pessoas, tanto como advogada, quanto super heroína, e vejam só onde ela falhou, onde ela não conseguiu ajudar nem a si mesma… E pior! Pelas mãos de outro super herói, se é que se pode chamar um monstro desses de herói... -Elmiro parecia furioso, olhava para tela com os olhos fixos, como se estivesse falando diretamente com as pessoas do sofá.

–Não é de hoje que eu falo que estes supostos heróis são perigosos! Hoje eles dizem que estão ai para nos proteger, mas quem irá nos proteger deles? “Quis custodiet ipsos custodes?” Quem vigia os vigilantes?
Minha senhora, meu senhor… precisamos lutar contra isso, não podemos permitir que esses mascarados saiam por ai e façam o que bem entenderem. Precisamos de leis mais rigorosas, precisamos de segurança de verdade nas ruas, e não de moleques fantasiados fazendo arruaça!


Ele para por alguns segundos, sua expressão de raiva, muda para algo parecido com uma expressão de tristeza e cansaço.

– Que Deus tenha piedade de seus filhos...! Diz o Bispo se afastando da câmera, enquanto caminha até  o centro do palco.

–Será que ainda podemos confiar nos heróis de Nova Capital?... Após o comerciais, vou receber a ligação de vocês, meus telespectadores. Quero saber suas opiniões a respeito dessa horrível tragédia.  Que Deus abençoe vocês, nossos verdadeiros heróis! Voltamos já!

Antes do programa entrar nos comerciais, uma imagem ficou frisada na tela durante alguns segundos. E ao vê-la JP ficou ainda mais apavorado.
Por mais que ele sentisse um certo alívio em saber que Temporal ainda tinha chances de sobreviver, o medo constante e raiva de si mesmo ainda ainda o consumiam.

"Enquanto Isso..." - Página 2 Incrv_10


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"Enquanto Isso..." - Página 2 Empty A Longa Noite de Terror

31/10/20, 12:00 am
Porto dos Santos -  09 de Outubro - 21:13

Uma grande mesa redonda está posta ao centro do galpão empoeirado. Sobre o tecido branco, a prataria está disposta em cinco lugares para um jantar nada comum. Cerca de 10 seguranças armados, espalhados em duplas pelo local se mantém seriamente atentos a qualquer movimento.

Baba Yaga: - Você não pode estar falando sério Ferdinando…

Ferdinando corta o apetitoso bife em seu prato com um corte único e limpo. Ele se alimenta e com muita calma limpa a boca com o guardanapo de tecido.

Ferdinando: - Não os teria chamado aqui se a proposta não fosse séria, Baba Yaga.

Os demais integrantes da mesa se entreolham, quase nenhum deles sequer tocou na comida ou bebida servidos por garçons que por ali ainda se mantinham em meio a toda conversa.

Uma jovem mulher de olhos orientais e postura invejável tangencia a conversa.

Kiyoko: - O que você está propondo é suicídio.

Ferdinando: - O que estou propondo é um renascimento. Uma nova chance de voltarmos a ter o controle de Nova Capital.

Ele balança a taça de vinho e bebe, tranquilamente.

Ferdinando: - Meu pai - que Maria o carregue em seus braços - manteve essa cidade em suas mãos durante muito tempo, mas assim como tudo nessa vida ele tornou-se obsoleto. A polícia e os políticos eram fáceis de se lidar, nada que um maço de dinheiro ou uma faca bem afiada não resolvesse, mas a cada ano que se passou tínhamos mais e mais pessoas “especiais” andando por aí com roupas coloridas soltando raios pelos ouvidos.

Cabeça: - Supers.

Ferdinando: - Exatamente. Meu pai e meus irmãos decidiram ficar parados no tempo, sem utilizar esse ponto a seu favor enquanto vocês meus amigos, decidiram abraçar esse novo mundo, certo?

Ferdinando ergue sua taça em direção a Maycon Costa, o Cabeça.

Ferdinando: - Isso equilibrou as coisas, manteve a cidade dividida entre nós, diminuiu o poder de minha família e permitiu que surgissem mais… “empresas” dominando a cidade...

Baba Yaga: - Ande logo Ferdinando, estamos perdendo tempo aqui.

Ferdinando: - Bem, o mesmo fator que levou a esse equilíbrio é o mesmo que nos está empurrando para baixo a cada dia que passa. Supers, temos supers demais na cidade, mas do lado errado…isso somado a nossa concorrência deixou nossos parceiros no governo um tanto quanto confiantes demais.

Todos que pareciam ignorar as palavras de Ferdinando agora prestam atenção ao que o italiano falava.

Ferdinando: - Me diga Haroyan, quanto de dinheiro você perdeu nesse último mês? E você Rodrigo quantos dos seus foram presos? Vejam, eu tive que gastar fortunas para retirar muitos de meus homens da cadeia nas últimas semanas, antigamente favores assim saiam de graça…

Ferdinando: - Só nos últimos meses eu contei pelo menos 30 novos “heróis” rondando pela cidade atrapalhando nossos negócios e digo, sem medo de errar, que é só vai aumentar. A cada dia alguém com poderes decide colocar uma máscara e bancar o salvador da cidade.

Haroyan: - Mas nem todos são a prova de balas, Ferdinando.

Ferdinando: - Sim meu caro Haroyan, mas quantos mais vão se levantar pra cada um que cair? “Morrer por um bem maior” faz parte dessa cultura maluca que inventaram para darem um sentido às suas vidas miseráveis.

Haroyan: - Ok Ferdinando e onde o seu plano mirabolante entra nisso tudo? Como isso vai ser melhor pros negócios?

Ferdinando: - Isso tem a ver com controle, com medo. A cidade, o governo e os supers tem de entender que tem algo maior do que eles. Temos que mostrar que ainda estamos aqui.

Kiyoko: - Concordo, porém é perigoso demais, podemos perder o pouco que temos.

Ferdinando: - Isso se nos mantivermos sozinhos, cada um em seu minúsculo “território”, lutando uns contra os outros pelo controle de algumas poucas ruas como fizemos nos últimos 30 anos… vejam, apenas 5 pessoas quase mataram a presidente em cadeia nacional em pleno Dia da Independência… imagine o que os nossos 5 exércitos não poderiam fazer a cidade?

O silêncio permanece enquanto Ferdinando come mais uma fatia de seu bife.

Cabeça: - Mas seu plano tem uma falha Ferdinando, não temos como sair ilesos de uma invasão na cidade.

Ferdinando: - Por isso senhores, que teremos que utilizar um bode expiatório.

Ferdinando limpa mais uma vez a boca e com um movimento com a mão chama um de seus seguranças, que vem até a mesa com uma grande caixa de madeira. Ao abrir a caixa Ferdinando tira de lá uma máscara e a joga ao centro da mesa.

Todos olham a máscara, Cabeça a pega olhando com interesse.

Cabeça: - Os malucos do atentado...

Ferdinando: - FLS! Frente Libertária Superior, se preferir.

Baba Yaga: - Então foi você....

Ferdinando: - Vamos ter de contar duas historinhas, uma real para o governo, e uma “alternativa” para o povo.

Ferdinando aponta para a máscara com a faca de prata.

Ferdinando: - Para o povo, a FLS invadiu a cidade para tomá-la para si, como um ato terrorista separatista, ameaçando as pessoas comuns da cidade em nome de uma utopia de superseres…

Haroyan: - Mas para o governo…

Ferdinando: - Mas para o governo nós pedimos o verdadeiro resgate. Metade da cidade.

Os demais líderes mafiosos se mostram surpresos, porém interessados.

Ferdinando: - Cargos públicos nos lugares certos, livre comércio e o melhor de tudo: sem supers.

Ferdinando: - Vamos exigir a criação de uma lei que proíba o “vigilantismo”, qualquer um que possa usar uma máscara colorida terá de ser admitido na polícia, fazer concurso público, etc. Sendo mais explícito, na nossa metade da cidade só vai ter poder quem a gente deixar…

Haroyan: - Eles nunca vão ceder Ferdinando.

Ferdinando: - Vão ceder, assim que os corpos de inocentes forem jogados pelas barricadas. A eleição é em menos de um mês, nenhum deles quer os sangue do povo em seus ternos e - com a FLS - estamos dando a eles a chance de serem heróis e garantir a reeleição.


Ferdinando: - Tudo que precisamos é manter o cerco durante uma semana, eles vão ceder e devolvemos os bairros. Saímos com metade da cidade e eles com a reeleição, todo mundo ganha.

Cabeça: - Ok, mas temos dois problemas aqui. Primeiro, como você disse, a cidade tá cheia de heróis eles vão querer salvar as pessoas e, segundo, o Governo não vai querer entregar metade da cidade tão fácil, eles vão chamar a polícia, exército e quem mais for pra invadir e daí não sei se vamos dar conta, mesmo com os 5 agindo em conjunto.

Ferdinando: - Perspicaz Maycon, para esses dois problemas tenho uma mesma solução.

Ferdinando chama novamente o segurança, que agora trás uma pequena maleta preta, dela Ferdinando retira uma pequena pílula.

Ferdinando: - Um amigo me forneceu essa gracinha aqui.

Ferdinando dá a pílula para o segurança que trouxe a caixa, que a engole seco enquanto retira a gravata. Um segundo de expectativa e substituído pela surpresa, em alguns espasmos o corpo do segurança reage a pílula, todos observam o segurança crescer, os músculos rasgam as mangas do terno, os dentes se tornam afiados e o olhar totalmente negro. Em poucos segundos ele se torna um homem-tubarão martelo a frente de todos.

Ferdinando: - Uma quantidade generosa destas coisinhas, com elas a polícia e exército não serão problema. Quanto aos super-idiotas, qualquer um que aparecer receberá uma bala no peito e uma das máscaras da FLS na cabeça.

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Nova Capital, 30 de Outubro.

21:58

A noite está movimentada na cidade que nunca dorme, mesmo não sendo um feriado nacional muitos estão comemorando o Halloween, principalmente o comércio. Casas noturnas e bares estão abarrotados de pessoas em festas a fantasia. Monstros e personagens de filmes e animações estão entre os mais vistos andando pelas ruas, mas nenhum a mais do que pessoas vestidas de super-heróis.

Centenas se vestem como seus heróis favoritos, muitos deles integrantes dos “novos benfeitores”, grupo de heróis que deteve o atentado no dia da independência, mas mais do que qualquer um é possível encontrar uma imensa quantidade de “Prismas” pela cidade, de todos os tamanhos e idades.

Devido aos últimos acontecimentos não se encontra ninguém vestido como “Incrível”, mas estranhamente há uma quantidade grande de pessoas com máscaras da FLS o que muitos consideram apenas como brincadeira de mau gosto.

A noite permanece agitada para a polícia, os casos mais graves são de abuso de bebida alcoólica e alguns pequenos furtos, mas para os parâmetros gerais da cidade poderia se dizer até que está calma, até que as luzes se apagam.

Um blecaute atinge toda a área central, área nobre e parte da área periférica de Nova Capital. Em poucos segundos são ouvidos em alguns lugares os sons de explosões vindos de longe.

Mais da metade da cidade está em trevas, poucos lugares que mantém seus geradores de emergência. Em um primeiro momento as pessoas ficam calmas imaginando ser apenas um blecaute normal, que logo voltaria, alguns se aproveitam para fugir dos bares sem pagar a conta, gerando alguns pequenos tumultos pela cidade.

22:36

Nas delegacias, os telefones disparam em chamadas.

Nas ruas o trânsito se engarrafa nos semáforos, pessoas tentando arrumar um jeito de chegar em casa. Caminhões de aparência militar sobem as calçadas, atravessando o trânsito e arrancando retrovisores.

O telefone toca na residência oficial da presidência. Um assessor atende o telefone e olha para a Presidente que se reunia com um grupo maior de assessores.

23:05 

Mais chamadas na delegacia. Algumas pessoas avisam ter visto pessoas armadas andando pelas ruas.

Um tiroteio é ouvido ao longe, no escuro as pessoas correm, os gritos se intensificam. Mais explosões. Do alto um helicóptero da polícia sobrevoa algumas áreas mirando seus holofotes pelas ruas, uma rajada de energia cinética o explode no ar.

23:42 

As chamadas cessam, o telefone está mudo. A delegacia é explodida.

Um grupo de pessoas em seus carros tenta fugir por uma avenida de AltaVista, mas se deparam com uma barricada feita com carros, caminhões, contêineres e o que mais poderia ser utilizado para barrar qualquer um que entrasse ou saísse, uma quantidade grande de homens armados reforçam a segurança, todos utilizam máscaras da FLS…

Em menos de três horas, a FLS monta um cerco fechando as principais entradas e saídas de alguns bairros no centro de Nova Capital. Como um corte de navalha, Cabrião, Laranjeiras, Alta Vista, Setor Industrial e o Porto dos Santos são dominados e dividem a cidade em duas, mantendo os habitantes dos bairros como seus reféns.

00:19 

A força nacional se posiciona frente às barricadas com um poderio militar invejável, porém se mantém imóvel perante a corrente humana feita por reféns amarrados às barricadas.

Veículos aéreos e drones são abatidos ao menor sinal de aproximação, seja por tiros ou disparos de poderes especiais. Várias frentes de negociação são formadas, porém nenhuma é atendida.

A cidade em breu é iluminada apenas pelas chamas das explosões...

"Enquanto Isso..." - Página 2 6mfYeIq

---------

REGRAS:

Durante a invasão dos bairros serão postadas missões que envolvem todo este acontecimento, os jogadores só poderão postar de acordo com o grupo em que foi designado.

A sua posição está marcada no mapa do jogo e determina o bairro onde você estava quando o evento se iniciou. Por sorteio e seleção, os personagens foram divididos em 7 grupos desta maneira:

INTERNO

Favela do Cabrião
• Pitbull
• Dínamo
• Orbital
• Quebra-Ossos

Laranjeiras
• Chip
• Espectro
• Cristal

Alta Vista
• Paradoxo
• Prisma
• Golem
• Polaridade

Setor Industrial
• Atieno
• Métrico
• Penumbra
• Clone

Porto dos Santos
• Incrível
• V8
• Moleca
• Suaçuna
• Devaneio

EXTERNO

Leste
• Vulto
• Babalu
• Sopro
• Aura

Oeste
• K.O.
• Índigo
• Tritão
• Lebre
• Dimas

Cada grupo do lado INTERNO dos bairros poderá postar suas ações dizendo qual missão irá realizar, porém somente no bairro o qual foi designado.

Os personagens que ficaram no lado EXTERNO tem a opção de infiltrar em qualquer um dos bairros de acordo com as missões lá descritas como “Infiltrar no bairro”. Para equilibrar, cada bairro tem 2 vagas para personagens Externos.

Os personagens de fora, se quiserem, podem ainda realizar uma missão somada a missão de infiltração, ex:- Infiltrar num bairro E apagar um incêndio; Porém somente pode ser realizado em missões-solo e os NDs das duas missões serão somados e considerados como apenas um ND.

Os personagens não poderão realizar duas ou mais missões de uma vez (exceto o caso da missão de infiltração) e deverão aguardar a resolução do moderador para realizar uma próxima missão.

Caso os jogadores queiram agir em conjunto contra um mesmo objetivo o ideal é deixar claro para a moderação no ato de suas ações.

As missões ficarão disponíveis até dia 13/11, porém esta data pode mudar de acordo com os acontecimentos das missões. Até lá os moderadores definirão as datas e quantidades de resolução, podendo ter de 1 à 3 resoluções durante este período, o moderador responsável pelo bairro decide.

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