[EXPEDIÇÃO] A Caça aos Corvos

- - - - - O Combate - - - - -

Aldryck aparentemente havia retomado a postura que os demais esperavam dele, seu controle emocional reagiu completamente sobre seu corpo e ele, por um instante, havia dominado novamente a situação. Seu movimento foi realmente rápido, em uma manobra extremamente ágil ele jogou-se sobre a elfa e logo em seguida desferiu um corte rápido no ar, que fez com que a lâmina que ele usava fosse suja de sangue.

Porém, Hagg, por sua vez, não manteve a inteligência que havia demonstrado até então. Em vez de se aproveitar da vulnerabilidade do adversário e fincar-lhe a faca na garganta, ele tentou uma manobra alternativa e colocou-se a chutar uma parte vulnerável do corpo do inimigo.

- - - - - Os Cativos - - - - -

Quando Tark se retirou, Ullr conseguiu estabelecer contato com o homem da cela ao lado. Ele se aproximou, pressionando o ferimento da cabeça em uma tentativa de estancar os ferimentos.

– Não sei como cheguei até aqui, eu estava no meu barco, com meus homens, de repente eles vieram e mataram todos. E vocês, quem são? De onde vieram? Como faço para sair daqui? – O homem falava como um nobre.

- - - - - O Combate - - - - -

A espada de Aldryck não havia eliminado a elfa como planejado, pois ao contrário do o Jarl esperava, ela também era extremamente ágil e pode se esquivar, ainda que não por completo. A ponta da espada havia acertado o seio direito da elfa, fazendo o sangue escorrer e a mesma segurar o ferimento com a esquerda, emitindo um grito de dor. Com sua outra mão, ela sacou a espada e avançou contra Aldryck, seu ódio era imenso e sua agilidade era algo a se considerar. Os dois se engajaram em um combate de esgrima de grande nível e velocidade, como poucas vezes poderia ser visto.

Enquanto isso, Hagg havia acertado o golpe no guarda-costas do Corvo, mas a força do homem só não era superado por sua velocidade de reação. O homem não havia se desequilibrado como Hagg esperava e já se virou usando o machado para fazer um corte horizontal no ar, visando acertar o tronco. Porém, Hagg era extremamente ágil e também um homem leve, a esquiva daquele ataque foi tranquila para ele. Nesse momento Nove Dedos teve certeza de uma coisa: só precisava de um vacilo para ser morto rapidamente pelo adversário.

O combate intenso entre os elfos se mostrou favorável para Aldryck, que até então não havia sido atingido, mas já havia conseguido acertar alguns golpes superficiais na adversária. O Corvo, no entanto, não ficou parado e logo se juntou a aquele combate. Agora, na desvantagem de ter que combater dois adversários simultaneamente, Aldryck se viu em apuros e decidiu apostar tudo em eliminar pelo menos um deles: o líder. Aplicou um golpe contra a elfa, mas que não passava de uma finta e logo a sua lâmina foi na direção do Corvo. Porém, a elfa usou de sua agilidade para jogar-se contra o golpe. A espada de Aldryck então encontrou o braço esquerdo da elfa, que foi decepado, e depois as suas costelas.

Uma coisa daquelas espantaria qualquer combate, dificilmente via-se pessoas sacrificando as próprias vidas em pró de outra daquela forma, mas o Jarl não se deixaria abalar. Ele puxou a espada de volta e manteve-se em postura de combate. A elfa, já semimorta, jogou-se contra ele, com sua espada em mãos. Aldryck preparou um golpe para desarmá-la e eliminá-la de uma vez, mas algo inesperado aconteceu. Quando a mulher começou a mover-se lentamente, algo a impulsionou com velocidade para frente e ela se chocou rapidamente contra o elfo, fazendo com que os dois ficassem contra a parede. Provavelmente o Corvo havia chutado as costas dela e aquilo dera ao bandido a oportunidade que tivera esperando.

O corte fora rápido e limpo, fazendo a cabeça da elfa girar no ar ao ser decapitada e a ponta da espada do Corvo acertar a bochecha de Aldryck, fazendo um corte fundo e desagradável. O Jarl sentiu a dor, mas não gritou, conteve-se e voltou a combater o Corvo. Os dois trocaram mais alguns golpes, enquanto o bandido provocava.

– Vocês elfos sempre cheios de orgulho sobre seus juramentos idiotas. Assim como ela, você também vai ser a minha ferramenta e eu irei descarta-lo assim que julgar necessário. – E gargalhou por trás da máscara, enquanto trocava golpes e esquivas com Aldryck.

Hagg se esforçava, mas ainda não havia conseguido atingir o seu adversário de forma eficiente, apenas alguns cortes de raspão sobre a armadura de couro. Porém, seu adversário havia demonstrado exatamente o mesmo problema, não conseguindo acertar Hagg, e estava cada vez mais impaciente. Soltando um grito de raiva, ele segurou o machado com as duas mãos e arremessou contra Hagg. A pesada lâmina girou no ar e Nove-Dedos saltou para o lado, se esquivando facilmente da mesma. A arma ricocheteou e voou no ar sem destino. Porém, o homem havia corrido logo após o seu arremesso e agora agarrava Nove Dedos sem que o mesmo tivesse muito o que fazer para reagir. Numa tentativa de se soltar, cravou a adaga sobre a perna esquerda do homem, que gemeu de dor e logo em seguida gritou.

– Agora, Corvo!

O Corvo fez um ataque rápido e depois se afastou rapidamente de Aldryck, enquanto seu guarda-costas levantou Hagg com as duas mãos, sobre a cabeça, arremessando-o contra o elfo. O impacto foi forte e os dois sentiram bastante dor, caindo no chão. Poucos segundos depois, Tark entrou no salão acompanhado de outros três bandidos. Eles rapidamente renderam os dois homens e os amarraram ali, um ao outro. Logo em seguida, os dois começaram a ser arrastados para a cela. No caminho, Tark falou com eles.

– Vocês não deviam ter desafiado o Corvo, deviam ter se unido a eles. O Corvo ama seus filhotes e os dá algo pelo que lutar, vocês seriam bons aliados nessa empreitada.

Aldryck estava com um corte fundo na bochecha, de onde era possível ver a sua arcada dentária, mas ele já não sangrava mais. Hagg sentia uma grande dor na lateral do quadril, resultado da queda. Suas mãos e pernas estavam imobilizadas e eles eram arrastados para a cela pelos bandidos. Mas, ambos tinham condições de conversar, se assim quisessem. Porém, antes que pudessem responder algo, um poderoso grito ecoou pelos corredores de pedra.

– Criatura desgraçada! – Resmugou Tark.

- - - - - Os amarrados - - - - -

Enquanto arrastava os homens pelos corredores da masmorra, Tark colocou-se a rir e a responder tranquilamente as perguntas de Hagg, parecia que no fundo ele acreditava que poderia recrutar aqueles homens para a tripulação do Corvo, exceto por Aldryck.

– Ninguém precisa saber quem é o Corvo, meu caro Hagg. Ele nunca mostra o seu rosto, apesar de eu e alguns outros já o vimos... mas, ainda assim, isso é o de menos. Odin o escolheu pessoalmente para nos guiar até a ascensão. Hoje somos tratados como ladrões, mas no futuro seremos senhores de terra em Valleyheim, teremos o nosso reino e continuaremos a seguir o Corvo, como sempre fizemos. – Ele parou um pouco, como se organizasse as ideias na cabeça. – As pessoas em Winterheim acham que são abençoadas pelos deuses, pensam que vivem em uma terra rica e que tem tudo que os satisfaça. Mas, Valleyheim é muito maior e rica que cem Winterheim’s poderiam ser, meu caro Hagg! Eu mesmo vim de uma dessas terras, mas isso não é assunto para hoje. Só quero que você pense nisso, ao se tornar um corvo, você abraça um destino grandioso que quase nenhum homem de Winterheim poderia abraçar.

Outro grito poderoso interrompeu a conversa dos dois, dessa vez ainda mais intenso e poderoso que o anterior, como se alguém estivesse provocando a criatura. Isso visivelmente irritou Tark, que fechou a expressão, mostrando raiva e franziu o cenho.

– Geralmente esse desgraçado não grita tanto, mas desde que vocês chegaram ele está desse jeito, como se alguém o provocasse sem parar. Você me perguntou quem são eles, certo? Eles são criaturas de Njord, o Corvo disse que eles se chamam Steinn-murtr, criaturas que vivem nas rochas, mas que se alimentam do mar, de outros peixes e algas. Nenhum deles costuma atacar criaturas humanoides, exceto um deles... o Meiri. Quando chegamos aqui, os demais pareciam cultuá-lo, como um líder ou algo assim. Ele devorou alguns de nossos homens, matou outros, mas finalmente conseguimos detê-lo e mantê-lo preso. Não o matamos, pois acreditamos que os demais poderiam se revoltar, mas o mantemos acorrentado e alimentado, para evitar quaisquer proble...

Dessa vez o grito foi ensurdecedor, obrigando Tark colocar as mãos sobre os ouvidos. Hagg e Aldryck, que não podiam proteger os ouvidos, sentiram uma grande dor na cabeça, devido a intensidade do gemido da criatura. Antes que Tark pudesse falar algo, corvos correram em sua direção e gritaram para ele.

– Tark, alguém soltou o Meiri! Os homens disseram ver um homem loiro de barba trançada, acreditamos que pode ser aquele Jarl que o Corvo tanto odeia. O que devemos fazer?

– Você – disse apontando para um dos homens – vá até o salão e informe o Corvo, eu cuidarei da criatura, irei prendê-la como fiz aquela vez. Os demais levam nossos prisioneiros até as celas, eu irei até lá depois. Vamos, agora!

Dessa forma, Aldryck e Hagg passaram a ser arrastados por dois homens do corvo, que pareciam bandidos menores, não tão respeitosos como Tark ou como os outros dois que haviam combatido no salão do Corvo.

- - - - - Os cativos - - - - -

Enquanto continuavam no escuro sobre o que havia acontecido com seus companheiros, Raygar assumiu a frente do diálogo com o outro cativo dos corvos. Quando o homem iria responde-lo, sua voz foi totalmente abafada por um poderoso grito da criatura que tanto os incomodara nos últimos dias. O homem se desesperou.

– O-o-o-o-que-que fo-foi is-isso? On-de eu esto-tou? Quem sa-são esses homens que no-nos prenderam? O que querem da gente?!? – Gritou, assustado. Ullr e Raygar tentaram acalma-lo, mas foi impossível, o homem se atirou contra as grades e começou a gritar: – Alguém me tire daqui! Eu não devia estar preso aqui! Alguém me tire daqui!

Por mais que tentassem, Raygar e Ullr não conseguiram calar o homem. Mas, outro grito – agora muito mais poderoso que o anterior – forçou com que todos se calassem e levassem as mãos aos ouvidos. O homem se ajoelhou e começou a chorar, desesperado, com as mãos no ouvido e a testa no chão. Nenhuma resposta veio dele.

- - - - - Todos juntos - - - - -

Raygar observou Tark passar correndo em frente as celas, ignorando-as completamente enquanto descia pelos tuneis. Logo em seguida, dois homens traziam Aldryck e Hagg amarrados para a cela. Enquanto um deles segurava os cativos, pelas cordas no pulso, o outro retirou uma chave do cinto e colocou-a contra a fechadura. Gritou para Raygar.

– Afaste-se daí, chegaram os seus companheiros. Um deles está com um sorriso maior do que nunca! – Disse, fazendo chacota do ferimento de Aldryck.

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