T02E04 - A Tropa do Juliet

Favela do Cabrião, Nova Capital
01 de Fevereiro de 2022, 03h25

Vanderson corria por entre as vielas do morro, notando o silêncio daquele lugar. Sua cabeça estava uma zona, tinha acabado de tirar mais uma vida. Outra pessoa morria por meio de seus punhos. Conforme se esgueirava pelas apertadas ruelas da favela, o rapaz seguia meramente por instinto numa direção. Ao chegar lá, viu sua gravadora, lacrada há muito tempo, e totalmente vazia. Tábuas de madeira bloqueavam a porta, e algumas janelas estavam quebradas. O letreiro da "999 Records" havia perdido algumas de suas letras, e era engraçado ver que o número havia sido colocado de cabeça pra baixo por algum vândalo qualquer.

666. O número da besta. A maior representação numérica do inferno. Uma irônica forma de mostrar o que a vida de V8 havia se tornado desde a invasão.

Com chutes, Vanderson removeu os bloqueios e invadiu o túmulo de seus sonhos, levando a mão ao rosto e começando um choro dolorido. Em seu bolso, seu celular tocava insistentemente, até descarregar por completo. Quando não haviam mais lágrimas para escorrer, a fúria se tornou a única forma de externalizar a dor. E, certamente, será assunto dos moradores na manhã os barulhos de destruição naquele prédio abandonado, e a possível visão do foragido V8 fugindo morro abaixo.

Setor Industrial, Nova Capital
05 de Fevereiro de 2022, 15h04

Moleca e Devaneio, em vestes civis, se sentavam diante do Terreiro de Titilayo, claramente abatidas. Desde aquele dia, V8 havia desaparecido, e não tinha entrado em contato com ninguém. As duas haviam conversado com a Mãe Adelaide de Oxóssi, ialorixá responsável por aquele terreiro, enquanto conduziam suas investigações. Procuravam por Alcides, o Suaçuna, que talvez pudesse saber de algo sobre o sumiço de Vanderson. Porém, ao ouvirem de Mãe Adelaide que Alcides não aparecia lá havia quase uma semana, o desânimo tomou conta das duas.

Sem sucesso, Samanta tentou ligar para Vanderson novamente, também tentando entrar em contato com Alcides. Em ambos os casos, nada. Pensando em aumentar a equipe de busca, havia combinado de encontrar-se com Orbital à frente do terreiro, pedido que Cristina havia prontamente atendido. Por ter visto a cena, e por perceber que sentia-se de forma muito parecida com a de Vanderson, não havia como ela negar aquele pedido. Porém, ao chegar e ver suas duas parceiras desanimadas, passou a imaginar que ia ser algo pior do que o normal.

— Então... não conseguiram nada ainda? — Orbital caminhou até a dupla, usando suas vestes civis.

— Nada. Nem sinal dele. Ele não dá notícias há 5 dias! Será que a polícia... — Devaneio até começou a ter um devaneio sobre a situação de V8, sendo interrompida pela mão de Moleca.

— Vira essa boca pra lá, Samanta. Ele só tá precisando de um tempo pra si — estava óbvio que Dira tentava era ser otimista, mas que compartilhava dos mesmos medos de Devaneio.

— Vocês sabem para onde ele pode ter ido? — sentando-se ao meio-fio, Cristina olhava pelos arredores, vendo também o menear negativo de cabeças.

Devaneio tornava a checar seu celular, vendo o grupo de conversa da Tropa do Juliet no WhatsApp na esperança de receber alguma mensagem de V8. No entanto, para sua surpresa, a mensagem que estava disponível era um áudio de Suaçuna.

— Uh, o Alceu mandou áudio no grupo? — Devaneio se mostrava confusa. Só haviam ido até o terreiro por que o próprio Alcides não estava ativo no WhatsApp. Aumentando o volume, Samanta apertou no play, posicionando o celular mais ao centro, permitindo que Moleca e Orbital também ouvissem aquela mensagem.

— Gente... — o tom cansado de Suaçuna assustava um pouco. Ao fundo, sons de árvores se movendo com o vento. — Eu sei que não ando usando esse grupo, mas... eu preciso de ajuda. Eu não sei onde vocês estão, nem sei se tão podendo me ajudar, mas eu tô com um problema sério envolvendo os folclóricos. Se puderem vir correndo aqui pro Parque Nacional... — o áudio agora apenas registrava ruídos e sons de passos. Era possível ouvir alguns rosnados mais ao fundo, e alguns xingos de Suaçuna. — Parece que não tão curtindo o dragão... por favor, venham logo.

As três se entreolharam.

Santa Vitória, Nova Capital
05 de Fevereiro de 2022, 15h11

Na estação Mascarenhas do metrô, próximo a um dos banheiros, Vanderson ficava sentado junto a uma tomada, carregando seu celular enquanto pensava. Vários jornais estampavam seu rosto, e o apontavam como procurado. A mídia, sensacionalista, inventou uma porrada de mentiras a seu respeito, mas como ele iria se defender? Aos olhos de todos, era um assassino.

Ao ver o aparelho dar um sinal de vida, uma tonelada de mensagens chegaram. Todos preocupados com seu sumiço. V8 suspirou, ajeitando seu óculos Juliet na face, torcendo para que ninguém o abordasse. Num lampejo, decidiu olhar o grupo da Tropa, ouvindo pelo fone o pedido de ajuda de Suaçuna.

Talvez ele precisasse ser útil em outros lugares. Voltar a ser o herói e ajudar... mas será que merecia isso?

→ Missão para V8, Devaneio, Moleca e Orbital. Postem até o dia 14/04, às 16h.
→ O primeiro post é puramente interpretativo, apenas para dizerem como e por onde entram no Parque Nacional. Se quiserem fazer um encontro entre V8 e as três, podem fazê-lo.

"Poucas coisas  esgotam tanto a minha energia como sorrir quando eu só quero me acabar de chorar. Eu não durmo desde que o Vanderson sumiu... Eu fui tão estúpida com ele, e aquele não era ele... O que eu senti emanando dele, aquilo nunca esteve o Vanderson antes, eu preciso encontrá-lo, resolver isso pra poder voltar a dar atenção pros órfãos do terreiro."

Dira se perdia em seus pensamentos encarando o celular, mandando mensagens constantes para seus conhecidos de Laranjeiras, mas ninguém tinha visto V8, mas alguns comentaram sobre explosões e a gravadora, deixando o coração de Dira atribulado. "Mas que filha da puta, some encher o cu de querosene e vai estourar as coisas? Isso nem fodendo é o Vanderson que eu conheço, que rima comigo... Tem alguns escrevendo seus passos, sei disso..." tinha enviado um textão para V8, e aqueles dois certinhos azuis ardiam como ferro quente em sua pele,  escrevia vários pedidos de desculpas, mas nunca tinha força pra enviar, sempre parecia algo errado. E quando Samanta dizia algo, ou expunha seus medos, Dira entrava no automático, dava um sorriso magoado, tentava ser otimista, mas no olhar da sua amiga ela via que não estava nem um pouco convincente. Exausta emocionalmente.  Ainda não confiava nos outros Foras da Lei apesar de tentar ser amigável, os conhecia pouco, conversara menos ainda... Mas os olhos de Orbital tinham algo que lembrava Vanderson, era um fogo, talvez raiva...

O áudio do Sussu libera um pico de energia em seu sangue, abre o grupo em seu celular e manda um áudio de volta.

- Vanderson, por favor, se você estiver escutando... Eu preciso de você, não me abandona... - uma única lágrima escorre e pinga na tela.

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No ponto de encontro elas esperam por V8 impacientes, com Moleca quieta o tempo inteiro enquanto Devaneio e Orbital discutem se esperam por mais tempo. Quando finalmente uma silhueta grande e musculosa com o juliete no rosto vai na direção das três, Moleca corre em sua direção com um sorriso e os olhos inchados. Ela dá um soco no peito de Vanderson e faz cara de brava.

-  Se você fizer isso comigo de novo, eu vou... eu vou - é interrompida pelo abraço mais reconfortante que recebera nos últimos dias, e sorri apesar de saber aquele dia estava longe do fim.

Quando o grupo entrasse no parque, iria ficar no centro do grupo, sussurrando encantamentos que estendessem seu campo de proteção divina. Não queria ser pega de surpresa.

Cris estava no meio de uma confusão que não pediu pra estar. Porém era o lugar certo que devia estar, entre amigos. Era uma turma nova, pessoas diferentes das quais teve contato a pouco mais de uma ano atrás, mas era um ambiente agradável até para a jovem. Suas emoções excederam o limite e Orbital havia sido tomada pela raiva, era tão culpada quanto o coitado do V8. Cris buscava entender a raiva dele também, eram todos jovens com sonhos e planos, isso os unia.

" Eu quero, preciso conversar com o Vanderson, mas o que dizer, não sou boa com conselhos, mas preciso me aproximar e dizer que o entendo, e que ganhou uma nova amiga. Não foi sua culpa."

Ensaiava na mente o que dizer quando finalmente aquela "Tropa" se juntasse. Eles tinham laços criados, e era o que Cris precisava, de amigos como os que estariam juntos em breve. Mas a realidade a trás de volta de seus pensamentos vagantes.

- Devane.. Samanta, a gente precisa fazer algo logo, e se ele não vier? o Incrível disse que ele precisaria de tempo! E tempo é o que temos de menos o Suaçuna parecia muito aflito, fora ele falar sobre o dragão. - Dizia a jovem, impaciente de esperar algo que talvez nem viesse acontecer. Ela ja havia enfrentado um dragão antes mas ele havia fugido e isso a preocupava.

- Vamos entrar pela lateral do parque, eu levo vocês voando, enquanto você Samanta encobre nossa presença com suas ilusões, a Dira pode nos dar sorte em achar o Suaçuna.

Orbital arriscava uma liderança em meio as demais heroínas, ser uma lider não é o que ela queria, mais o momento requisitava isso. Razão acima da emoção.

Ninguém se sentia bem depois da última missão, mas Samanta tentava parecer forte na frente dos amigos para dar o apoio que precisavam, como já haviam feito por ela várias outras vezes. Apesar de tentar manter a postura, quem a conhecia sabia que estava ansiosa pelo fato de não largar o cachimbo, o recarregando com tabaco o tempo todo e não parando de soprar fumaça. Tentou a todo custo contatar V8, o sumido Sussu e resolveu até convidar a Orbital pra ajudar, ter alguém novo podia levantar os ânimos.

Não deu certo. Dira continuava distraída pelos cantos e nada de V8. O áudio de Suaçuna parecia a última gota para piorar aquele dia, mas Samanta percebe que aquilo fez Dira se distrair de todo aquele problema e entrou na onda.

Graças aos ancestrais, no último segundo V8 respondeu a mensagem no grupo. Quando se reencontram, Moleca corre para abraçá-lo e Devaneio completa o abraço do trio, que dura um tempo libertador.

— Amiga, não vai dar pra fazer as ilusões sem ter um alvo claro pra bagunçar a mente. Acho que entrar voando pode acabar chamando muita atenção para nós também. Vamo na manha até o ponto de encontro com o Sussu. Já que ele falou em dragão, posso até ir usando o vento pra jogar nosso cheiro em outra direção pra ele não sentir a gente chegando. Será que funciona? Não é como se eu tivesse experiência com dragões...

Quando o grupo começa a se mover, Samanta cutuca V8 e encolhe, esperando que o amigo a colocasse no ombro como de costume. Durante o caminho, ela sussurra em seu ouvido.

— Olha cara, sei que a barra tá pesada e a gente passou um tempão afastados, mas você não precisa lidar com isso sozinho. Eu e a Dira estaremos sempre aqui por você. A gente te conhece e sabemos que o que aconteceu lá não foi normal. Aquele não era você. Se confiar em nós, vamos dar um jeito de sair dessa juntos, ok?

Favela do Cabrião, Nova Capital
01 de Fevereiro de 2022, 03h25

No primeiro bar que chegou pensou em pedir uma cerveja, mas logo percebeu que não adiantaria, não queria apreciar o gosto da cerveja, só se afogar no próprio bêbado vômito. Pegou duas garrafinhas de caninha da roça fiado com um conhecido que ainda não tinha resolvido denuncia-lo em Brasilandia e começou a andar para Laranjeiras.

Link do Enquanto Isso

Santa Vitória, Nova Capital
05 de Fevereiro de 2022, 15h11

Dias se passaram e V8 sai daquele banheiro do metro de Santa Vitória ajeitando o juliet no rosto e evitando ficar muito tempo no mesmo lugar, queria evitar olhares demais, tinha cortado os dreads e andava com roupas mais discretas, mas ainda chamava atenção, na maioria dos casos as pessoas ficavam achando que ele iria as assaltar, as vezes dava vontade só pra tomar a fama de bandido de fato fazendo algo. Tinha ficado naquele prédio abandonado por cinco dias dormindo mais do que acordado e se exercitando para manter a mente ocupada, mas ao ouvir o áudio de Sussu e de Dira sabia que precisava achar eles. Correm em direção ao Parque Nacional e viu três baixinhas na porta. Dira, Samanta e, por um momento, achou que era Sara, mas antes de poder abrir um sorriso, reconheceu Orbital, ficou triste como esteve antes, mas tentou mascarar com um sorriso discreto.


- Senti saudades de vocês... Todas. – Sorriu para Orbital antes de sentir o soco de Dira no seu peito.

-  Se você fizer isso comigo de novo, eu vou... eu vou...

Ele só conseguiu abraçar Dira e beijar-lhe a testa.

- Vêm ca também, baixinha. – Outro sorriso, mas esse era autêntico, sentia saudades das suas amigas.

Olhou para Orbital e pediu para ela vir também com um aceno de cabeça.

Quando Orbital começa a falar sobre planos V8 fala.

- Não fazemos isso por aqui. – E acena a cabeça com um sorriso. – Vamos tentar encontrar o Alcides lá dentro e depois vemos o que tá rolando, no máximo a gente entra palmeando pra ver o que tá rolando antes de bater em algum dragão bitolado.

Quando eles começam a andar pra dentro do parque Samantha fica encolhe já pulando no ombro de V8 e, agarrada à sua camisa fala.

— Olha cara, sei que a barra tá pesada e a gente passou um tempão afastados, mas você não precisa lidar com isso sozinho. Eu e a Dira estaremos sempre aqui por você. A gente te conhece e sabemos que o que aconteceu lá não foi normal. Aquele não era você. Se confiar em nós, vamos dar um jeito de sair dessa juntos, ok?

- Relaxa, eu senti mais falta de vocês do que vocês de mim. – V8 da uma risada.

- Sei... Agora te falar uma coisa, não posso defender essa decisão de cortar o cabelo. Deixa crescer se novo se não eu mesma te prendo por feiura extrema.

Os dois riem e continuam andando pro centro do Parque Nacional.

O reencontro da Tropa do Juliet foi testemunhado por uma Orbital que, sem saber muito como agir naquela situação, tentava manter certo profissionalismo. O corte de V8 — não o de cabelo, mas de fala — deixou Cristina um pouco ruborizada e deslocada. O trio formava uma amizade e sintonia que, queira ou não, Orbital não fazia parte. Talvez pudesse se aproximar mais... mas aquele momento era para o trio.

O momento de reencontro foi breve. Não havia tempo para conversas, pois Alcides precisava de ajuda. E o quarteto começou a subir pelas primeiras entradas do Parque Nacional. No entanto, assim que o grupo se aproximou das entradas, pôde ver que haviam vários bloqueios instalados, e avisos de "Passagem Proibida". As placas se espalhavam pelas catracas de entrada, e as guaritas estavam estranhamente vazias e bloqueadas com pedaços de papelão. Tudo estava bem conservado, indicando que não havia muito tempo de abandono. Uma mensagem de "Somente Pessoas Autorizadas" ainda estava fixada na guarita de segurança.

— Aqui vai nossa autorização — Vanderson se aproximou de um dos bloqueios, o pegando e o erguendo, o jogando para fora do caminho.

Passando pela via de asfalto, cruzando um estacionamento, alguns carros ainda estavam lá parados, só que a sujeira deles indicava que estavam parados ali haviam alguns dias. Um dos veículos fora atingido por uma árvore, e outros dois tinham os vidros quebrados. Pegadas de barro seco seguiam pelo asfalto, o formato era de calçados, e seguiam por uma das trilhas que adentravam a zona de proteção.

De primeira, os três membros da Tropa do Juliet se recordaram da vez que foram até o parque... apesar de não se lembrarem de como aquele dia terminou. Era como se a conclusão simplesmente não existisse daquela data. E, quando já se encontravam na principal área de acampamentos, viram que tudo estava revirado, com flechas presas em barracas, objetos revirados, restos de comida e uma fogueira apagada.

— Parece que as pessoas simplesmente fugiram correndo daqui... — Samanta observava algumas pegadas, até que algo chamou sua atenção: um resto de roupa da ONG Heloísa Doce.

Um rugido pesado surgiu pelos céus, balançando as árvores e assustando os quatro, que olharam para todos os lados. O vento parecia intensificar-se. E, de repente, alguém se enfiou no meio do grupo, tenso. Os chifres no uniforme davam a obviedade de quem estava ali.

— Alcides! — Dira gritou, se aproximando dele assustada, notando que ele parecia ferido, com cortes espalhados pelo corpo.

— A gente veio o mais rápido possível, o que houve? — Samanta olhava na direção da qual Suaçuna tinha vindo correndo, um pouco tensa até.

— Não... sem tempo pra explicar... — o herói tentava tomar um pouco de fôlego, olhando para o alto. — Uma guerra tá pra acontecer! Os Cinco, eles...

Antes que Alcides terminasse de falar, vários rosnados começaram a chegar aos ouvidos do grupo de heróis. Do meio das árvores, algumas pessoas começaram a sair, se revelando como mulheres-onça, todas portando arcos de madeira. De outro lado, alguns homens-tatu com lanças longas fechavam as saídas. O grupo se via cercado e, do meio deles, um lobisomem-guará caminhava, suas pernas longas evitando as várias coisas espalhadas. Seus olhos dourados fitavam os cinco, com ele dando uma olhada para os outros que vieram em auxílio a Suaçuna.

— Apesar de receber o manto de protetor das mãos de Anhangá... traz humanos para dentro de nossas fronteiras. — o lobisomem-guará olhava para Moleca e Devaneio, apontando uma garra às duas. — Bom, a saci e a filha de erê podem ficar, pois não são inimigas. Os humanos devem partir agora, ou devem morrer. Assim decide o Conselho dos Cinco.

— Antã, eu insisto, reconsidere! Os humanos não tiveram culpa do que fizeram, o dragão que invadiu a área do Catantiba está fora de si! Nem todos os humanos possuem responsabilidade nisso! — Alcides tentava se manter em pé, olhando para o lobisomem-guará, vendo ele erguer a mão. Todos aqueles que cercavam a área ergueram suas armas.

— Insiste em ficar ao lado dos nossos inimigos, Suaçuna? Está desonrando a responsabilidade que Anhangá lhe deu. — Antã farejou o ar, e voltou a olhar para o grupo. — Vocês parecem ser aliados do avatar de Anhangá. Convençam seu amigo a fugir, ou morram ao lado dele.

Informações

→ Prazo de postagem: 15/04, às 16h
→ A ação é livre. Se entrarem em combate, o ND será considerado Muito Alto (>30) para cada um dos tipos de inimigos. O lobisomem-guará Antã tem ND desconhecido. Suaçuna irá render 9 pontos se optarem por fazer combate. Negociações amigáveis podem ser conduzidas mediante RP, valendo testes de carisma com ND desconhecido.
→ Sejam criativos na ação. Isso poderá contar pontos extras nos testes.

Devaneio dá um passo a frente, se destacando do grupo de amigos.

— Esperem! Meu nome é Samanta, dos sacis Cipó. Assim como vocês, eu luto diariamente contra a opressão dos humanos. — Devaneio tenta alcançar as mentes de todos os presentes e mostra visões das vezes que enfrentou o caçador de folclóricos para defender um saci e uma mulher-canina. — Mas como devem saber, parte dos sacis mesclou seu sangue com os mudanos e tenho humanos na família. Assim, conheço os dois lados e posso afirmar que nem todos querem o nosso mal. Esses que estão aqui hoje, são guerreiros valorosos que já enfrentaram diversos perigos ao meu lado.

Ela mostra cenas de todos os heróis presentes atuando juntos na Longa Noite do Terror, focando em momentos em que humanos atuavam em parceria com portadores de magia. Em seguida, mostrou cenas recentes de carinho entre a tropa Juliet e do romance de V8 com a falecida Sara, que tinha alguns resquícios de saci.

— Assim como Anhangá confiou em um humano para receber seu manto como nosso defensor, peço que confiem nesses que estão aqui hoje. Queremos ajudá-los, não só hoje, mas sempre que precisarem.

Dira da alguns passos para ficar ao lado de Samanta, ela observa a amiga durante seu discurso e quando ela termina toma a voz de forma assertiva.

-Precisamos ter senso de urgência. A vida de todos e do parque está em jogo enquanto esse dragão estiver nessa situação. Confiando ou não nesses humanos, são os recursos disponíveis para evitar uma catástrofe ainda maior... Se não for a gente, certeza que aqueles malditos super policiais vão entrar aqui e agredir todos sem distinção. Não vamos criar mais problemas sem antes sermos todos a solução.

Dira olha para seus amigos, e sente a tensão em seus espíritos. Orbital se sentia acuada e se concentrava no campo gravitacional ao redor do grupo.

-Se lançarem algum projétil eu peso a gravidade e protejo a gente.

Moleca fica preocupada, novamente Cristal e Vanderson sempre acuados e prontos pra violência... Mas eles não estavam errados, é exaustivo ser um Fora da Lei. A lembrança do dia da delegacia bate, tendo que respirar fundo para conseguir manter seus olhos firmes nos do Lobo-Guara. Lançar um feitiço poderia mostrar ainda mais hostilidade, restando a fé que suas palavras estavam impregnadas com a força de seus ancestrais e suas emoções mais verdadeiras. Dira puxa de seu coração apontando para o líder deles.

-Assim como você, tenho vidas sob a minha responsabilidade e não quero que elas diminuam. Dessa atitude separatista já basta os humanos... Aliados? Ao menos por enquanto?

Dira da mais alguns passos e fica de peito aberto cruzando olhar com cada criatura presente.


[OFF[
Postei por mim e pela Orbital por conta de problemas técnicos.

Quando o grupo de folclóricos surge hostilizando seus amigos V8 da um passo à frente tentando proteger e ajudar a Tropa, mas antes que pudesse falar algo Samantha e Dira tomam as rédeas da situação. Vanderson irá ficar de olho, mas calado, esperando que as amigas resolverem o conflito, mas ficará palmeando pronto para responder com agressão caso sejam atacados.

A tensão entre os dois grupos opositores não parecia melhorar, mesmo com as falas de Devaneio e Moleca, as duas tomando frente e tentando explanar suas posições. As ilusões que permeavam as áreas ao topo da cabeça de Samanta, enquanto Dira dava a cara à tapa, indo de peito aberto na direção do lobisomem-guará, que cruzava os braços e olhava de cima pra baixo para as duas.

Vanderson e Cristina, um pouco mais atrás, demonstravam a prontidão para o combate, com V8 não deixando de encarar aqueles adversários, pronto pra agir. Orbital, por sua vez, já começava a flutuar um pouco.

Então, Antã tomou uma posição.

— Vocês querem então que eu acredite que não são iguais aos humanos, que ocupam nossas terras, ameaçam o equilíbrio e enviam um ataque direto ao Conselho dos Cinco? — dispensando com a mão as ilusões de Devaneio, Antã caminhou entre o grupo, dando uma boa encarada em Vanderson. — Precisou da saci e da filha de erê para falarem. Os dois humanos aqui não conseguiram abrir a boca. Pois bem... eu vou aceitar esse acordo de paz. Contanto que vocês me provem que estão, de fato, empenhados em impedir esse confronto.

O lobisomem-guará apontou numa direção, que levava a um ponto mais alto do Parque Nacional, mata adentro.

— Provem que estão realmente dispostos a demandar esforços em ajuda. Subam ao platô na área da Catantiba, e matem o dragão que ali está. Ele não pertence a essas terras, e sua essência corrompe tudo o que há ao seu redor. Se matarem o dragão, terão novos aliados nas suas lutas. Se o dragão matar vocês... terá feito nosso serviço.

— Tô cansado desse papinho... e se a gente não quiser? — V8 encarou Antã, com o punho cerrado. As outras criaturas pareceram reerguer suas armas.

— Claro, vocês podem resistir e tentar lutar contra o Conselho dos Cinco. Mas será que sairão vivos daqui? Vocês tem um minuto para decidir. E eu quero que você tome a decisão final, humano — Antã aponta para V8, e vai retornando à sua posição, observando o quinteto à sua frente. A resposta era esperada...

— Seguinte... — V8 se ergue e encara o lobisomem-guará — A gente é a Tropa do Juliet. Tem nada que a gente não consiga fazer não. Bora descer o cacete nesse dragão.

— Perfeito... — o lobisomem dá um bater de palmas e faz um grito, e todos percebem as criaturas se movendo e abrindo espaço. — Vocês serão levados com segurança até lá. Boa sorte.

Depois de atravessarem boa parte de floresta, e enquanto Suaçuna ia sendo tratado por alguns seres que remetiam a mico-leões-dourados, o grupo chegou de frente a uma grande caverna. À frente dela, era possível ver pelo menos 5 criaturas diferentes, de múltiplas espécies, balbuciando palavras e mantendo uma espécie de "campo de força". Do lado de trás, um enorme dragão, de quase 5 metros de diâmetro, investia contra aquela barreira mística.

— Não pode ser... — a sensitividade de Moleca gritava dentro de si, conforme ela observava aquele bicho. — Tem... tem uma pessoa ali dentro!

— Esse aí é um dos caras que me prendeu no Cabrião, na Longa Noite de Terror. Ele tomou uma das pílulas lá da polícia, perdeu o controle e virou... isso.

— Então é isso. Bora deitar esse filho da puta na porrada! Bora, Tropa!

Informações

Testes:

→ Prazo de postagem: 18/04, às 18h.
→ Escolham uma das opções (aceitar ou recusar a proposta). A que vocês escolherem deve ficar clara no post. Depois esse post será editado para manter apenas o que foi decidido por vocês. [ATUALIZAÇÃO: como a proposta foi aceita, o trecho de recusa foi removido]
→ O ND do combate contra todo esse grupo é equivalente ao de lutar contra o dragão. Suaçuna irá ajudar em ambos com entre 7 e 10 pontos (a depender da ação). O ND será superior a 40.

Cris via que a situação havia ficado feia rapidamente, e qualquer ação de combate resultaria num combate desnecessário contra o Conselho. Antes a jovem havia optado por deixar Samanta e Dira falarem, por terem uma ligação maior com aqueles seres, porém já tinha ficado quieta demais diante daquilo tudo, e acaba resolvendo se pronunciar.

- Olha só senhor Antã, eu sou apenas uma humana, porém compartilho o desejo de proteger, seja o ser que for. Eu acho que conheço esse dragão, é um velho inimigo, faremos o possível pra tirar ele daqui... ou destruí-lo como deseja. - Parando um instante, pra se lembrar de como foi sua ultima luta com o Dragão, Orbital lembra que é só um humano transformado, mas se não escolher derrota-lo, pode morrer ali mesmo.

- Eu escolho, derrotar o Dragão!

Orbital faz seus orbitoides orbitar ao redor de si, imaginando usar todos seus poderes em combate e vencer o dragão com seus amigos. Olhando pro resto do grupo, Cris espera que escolham o mesmo.

— É claro que vamos atrás do dragão — Devaneio diz após Orbital, mesmo sabendo que a escolha final seria de V8. — Mas não vou ser carrasco de ninguém. A vida daquele ser não pesará em minha consciência.

Enquanto são levados em segurança até o local onde o inimigo estaria, Devaneio coloca o Juliet de lentes vermelhas no rosto e encara os amigos, esperando suas reações.

— Ninguém tem um Juliet honorário pra Orbital, não?

Samanta segue o resto do caminho em silêncio. Estava preocupada com o que aconteceria ali na frente. Tanto com o perigo de enfrentar o dragão, quanto no que seus amigos fariam, já que estavam todos com os ânimos a flor da pele ultimamente, agindo impulsivamente. "Preciso de um bom plano que não acabe com a gente mortos, nem transformados em assassinos frios".

Após Dira ver que ainda havia resquícios de humanidade no dragão, Devaneio fica ainda mais certa de sua posição.

— Bandido, dragão... Não importa o que ele seja, não cabe a nós acabar com a vida desse cara. Até onde sabemos, ele é uma vítima das super pílulas. — Ela encara todos nos olhos, esperando confirmação. — Nosso foco tem que ser manter esse bicho no chão, se ele voar, perdemos a vantagem. Orbital, tenta aumentar o peso dele o máximo que conseguir, vou te ajudar com umas massas de ar. V8, como sempre, amansa a fera caso necessário. E enquanto a gente segura ele, Moleca tenta alcançar sua humanidade, vê se tem algo a se salvar ali. Se não tiver, nós duas o desacordamos com um ataque mental combinado e entregamos pro Antã. O que acham?

O orgulho e a prepotência do lobisomem deixam Dira frustada, mas ela segura essa chama para a batalha que viria a seguir. Ela apenas confia em Vanderson, como sempre tentou fazer para que tome a decisão mais sábia.

Quando o grupo corre na direção do dragão, ela mexe seus dedinhos próximo do olho colocando seu juliete dourado, e sorri para Samanta quando ela indaga.

- Eu resolvo isso, bem vinda a tropa Orbital! - brilhos se acumulam ao redor das mãos de Orbital e se materializam num Juliete com lente roxa.

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Quando a ação começa, Moleca usará de suas acrobacias para evitar ataques do dragão enquanto tenta escala-lo para alcançar sua cabeça e tentar fazer contato com suas alma. Se efetivo, tentará fazê-lo retomar o controle de si e de seu corpo. Se não obter exito no contato, da forma mais ágil o possível, continuará se pendurando e usando de suas acrobacias para percorrer o corpo do dragão espalhando pontos riscados com a ideia de contê-lo num selo mágico que o paralisaria.

- Ponto riscado, feitiço lançado, espiritualmente acorrentado tenha seu corpo imobilizado! - ela gesticula como se construir amarravas sob os membros e pescoço do dragão, enquanto seus desenhos se iluminam em ouro rosé.

— Claro, vocês podem resistir e tentar lutar contra o Conselho dos Cinco. Mas será que sairão vivos daqui? Vocês tem um minuto para decidir. E eu quero que você tome a decisão final, humano.

Vanderson fecha os punhos com força enquanto pensa na audácia daquele lobinho filho da puta.

“Eu venho na maior boa vontade ajudar e esse pau no cu acha que eu quero fuder ele? Ainda despeja ordens na minha cabeça como se eu fosse nada? Não é pra você que eu tenho que provar as coisas.” Os punhos fecham ainda mais forte enquanto bufa olhando para Antã. O lobisomem tinha o desafiado na frente de suas amigas, todos já duvidavam da sua boa vontade e instigavam sua fúria esperando que o balde não derramasse, mas quando V8 estava prestes a chutar o balde e fazer a merda respingar em todo mundo, viu Dira, Samantha e Cristina prontas para ajudar.

Samantha era uma deles, mesmo que indiretamente, ela fazia parte daquilo que alguns estavam chamando de folclóricos e Vanderson sabia dos problemas que ela e sua raça passavam constantemente. Antes de tudo vir a baixo e Sara e tantos outros morrerem, V8, Dira, Samantha e Alcides tinham vivido uma caça à alguns seres místicos e isso fez o fez aprender mais sobre os Sacis, como eles tinham sido obrigados a viver e, pelo o que parecia, aqueles cinco representavam todos os seres que tinham sido obrigados a viver da mesma forma.

À dois anos V8 saia pelas ruas de Nova Capital pra arrumar problema, mas não era com o Concelho dos Cinco que ele tinha que arrumar problema agora.

— Seguinte... — V8 se ergue e encara o lobisomem-guará — Nós é a Tropa do Juliet. Tem nada que a gente não consiga fazer não. Bora descer o cacete nesse dragão. Mas se liga: Lobo quando cutuca leão com vara curta acaba a caça machucado, mas tenho uma presa maior hoje.

Depois de levado até onde o Dragão estava sentiu que a muito tempo devia um soco à aquele dragão e agora precisava dar todas as porradas possíveis.

- Sussu! Tira essa galera daqui e volta rápido porque parada vai ficar estranha aqui, irmão.

V8 planeja partir para cima do dragão e fazer exatamente o que Devaneio pediu, amaçar esse dragão na porrada. Se Orbital conseguir aumentar o suficiente a gravidade do Dragão, Vanderson tentará afundar o monstro no chão, criando crateras debaixo dele para afunda-lo no solo e, se Dira não conseguir apelar para humanidade dentro dele, tentará nocautear e enterra-lo naquele solo, jogando a terra e as pedras em volta, até as arvores se for necessário. Se ainda assim ele não ceder, V8 tentará esperar uma oportunidade para criar uma explosão dentro da boca do dragão, melhor ele morto do que um de seus amigos.

Posicionada, a Tropa do Juliet observava o enorme campo de força magnetico, vendo que o dragão lutava ferozmente para vencer aquela barreira. Aquele conjunto de magos lutava para manter o dragão a salvo. E, quando o quarteto de heróis se posicionou, num aceno, a barreira desapareceu, com Suaçuna correndo para tirar todos da área de alcance dos ataques do dragão.

Flutuando à frente daquele ser gigantesco, Orbital sentiu-se estremecer por alguns instantes. Ela lembrava do bicho no Cabrião. Revê-lo num estado daqueles era, no mínimo, deplorável. Concentrando seus orbitóides, ela os posiciona acima do bicho, começando a ampliar a gravidade naquela área, todos podendo ver que as pernas escamosas lutavam para manter o corpo todo em pé. Cristina sorria, ajeitando o seu novo juliet na face.

Os urros dracônicos se espalhavam pela área, as árvores estremeciam, o chão parecia saltitar, e até as nuvens buscavam afastar-se daquela criatura. Os raios de sol penetravam as gramíneas amareladas daquele planalto, e faziam brilhar os Juliets. Numa só frequência, eles pareciam se unir, conforme V8 tomava um impulso e saltava contra a face daquele dragão, dando um soco explosivo e fazendo o bicho recuar alguns passos, quase tombando.

Moleca, acompanhando o trabalho de Vanderson, agilmente salta sobre as patas do bicho, alcançando uma posição acima de sua cabeça e colocando suas duas mãos ali, tentando acessar a profundidade de sua alma. Balbuciando algumas palavras, Dira sentia que havia um grande caos na mente daquela criatura. Ela podia ver figuras solares passando por aquela cabeça.

Havia alguém interferindo na fúria daquele ser.

Devaneio saltava acima de uma pedra, criando correntes de vento fortes o suficiente para prender as asas do dragão, que tentava batê-las para erguer voo. Orbital cerrava os dentes, assim como a saci. V8 corria ao redor das patas do bicho para criar crateras no chão, vendo que ele ia afundando e perdendo um pouco de seu equilíbrio, quase derrubando Dira junto. Porém, a bocarra da fera se abriu, e uma labareda avançou na direção de Cristina e Samanta, que tiveram que se esquivar para os lados e interromper seus movimentos, vendo o fogo consumir e chamuscar gramíneas e pedriscos.

Sem a influência da gravidade, o dragão ergueu uma de suas patas, lançando uma grande quantidade de terra pra cima de Vanderson, jogando o herói junto e o fazendo se afastar vários metros. Dira se segurava firme e como podia nos chifres da fera. Parecia que ela estava ainda ficando mais forte do que antes.

— Opa, dragãozinho! Calma aí! — Moleca berrava, prendendo seus braços ao redor do chifre e contando muito com a sorte para não ser lançada longe.

Rolando pelo chão, Devaneio se levantou na hora, vendo sua companheira prestes a ser lançada longe. Correndo, Devaneio sentia a energia dos sacis percorrer seu corpo, avançando numa velocidade maior do que o normal. Ao seu redor, o ambiente se distorcia, como numa poderosa ilusão, e Orbital podia ver, do alto, que era como se um redemoinho se formasse ao redor de Samanta.

— Não pensa que se livrou da gente não! — Cristina voou com tudo na direção da fera, seus orbitoides atrapalhavam a estabilidade dos movimentos do ser, que já lutava contra todo aquele vento. A gravidade começava a crescer, mas isso também atrapalhava Dira.

A força que Dira precisava para se segurar no dragão aumentava conforme a gravidade a comprimia. Seus pulmões, num certo ponto, começaram a sentir ausência do ar do redemoinho. Sem escolha, Moleca soltou uma das mãos, sendo arremessada longe pelo ser, voando na direção do chão. Colocando os braços à frente do rosto, preparou-se para um impacto que jamais havia chegado.

Só voltou a olhar quando percebeu que não estava no meio de um arrastamento de terra e um monte de ferimentos, e sim nos braços de Suaçuna, que voltou no último instante para salvá-la.

— Que sorte que eu cheguei, hein? — Suaçuna sorriu, colocando Dira no chão com cuidado.

—  Sorte é meu sobrenome — Moleca sorriu, ajeitando o juliet na cara. — Mas tô preocupada. Senti que tem mais alguém intervindo, havia muita influência ali, principalmente do sol.

— Oi? Estranho...

— Talvez eu não consiga recuperar a humanidade do dragão agora...

Noutro canto, saindo de um monte de terra revirada, V8 passou o pulso na boca, limpando um pouquinho de sangue que havia vazado. Aquela patada havia sido dolorida. Voltando a correr na direção do bicho, o herói gritou para Samanta.

— Me ergue nessa porra de bicho!

— É pra já! — Devaneio se voltou para Vanderson, criando uma espécie de "corrente" aérea, o lançando para acima da cabeça do dragão.

No ar, V8 viu tudo o que havia ao redor. O planalto todo parecia um centro de combate, mostrando que o dragão já estava sendo contido antes, mas que muitos tinham sucumbido. Haviam corpos colocados do outro lado, além de onde toda aquela confusão estava rolando.

— Agora tu tá fodido! — V8 urrou, juntando as duas mãos e, impulsionado pela força gravitacional de Orbital, deu um golpe poderoso na lateral do dragão, escutando ossos se partindo imediatamente e um urro feral de dor.

Moleca, segurando-se às costas de Suaçuna, chegou rapidamente ao local do combate, vendo o golpe de Vanderson atingir o dragão e o derrubar desacordado. Orbital e Devaneio mantinham ele bloqueado. Era hora dela agir. Se aproximando da cabeça do dragão, Moleca tocou os lados do focinho com cautela, entoando o cântico. Suas mãos brilhavam em um tom ouro rosê, suas vestes flutuavam como se o ar debaixo dela as jogasse pra cima, e seu juliet refletia toda aquela magia. Círculos mágicos começavam a tomar o corpo do dragão, quando Dira lançou sua fala final.

— Ponto riscado, feitiço lançado, espiritualmente acorrentado, tenha seu corpo imobilizado!

De repente, os círculos místicos se tornaram correntes grossas, brilhantes e que prendiam o dragão no chão. Um símbolo de dois triângulos voltados para baixo, compreendidos ao redor de um círculo mágico, fortalecia aquela barreira mágica. E, por alguns instantes, parecia que a luz do sol não tinha mais a mesma intensidade, e o dragão havia parado de uma vez. O selo se consumou. E, aos poucos, o dragão ia diminuindo de tamanho, tomando uma forma humana. Era aquele mesmo traficante que Orbital tinha visto, mas haviam marcas escamosas profundas em seu corpo. Sequelas de uma pílula defeituosa.

Antã se aproximou, vendo que a Tropa do Juliet tivera sucesso. Seu semblante era claramente mais pacífico, mas mesmo assim haviam outros transmorfos andando com ele. Dessa vez, apenas cinco estavam ali. Pareciam ser destacados dos outros, e mais parapetados. Além do lobisomem-guará, havia também uma mulher-onça de pelos pretos carregando um pomposo colar em seu pescoço e um arco-e-flecha espiritual e brilhante, um ser menor e com a pelugem de um mico-leão-dourado, além de usar óculos, e um homem-tatu de placas amarronzadas espalhadas por seus braços e costas. Eram apenas quatro pessoas.

— Certamente, começamos com o pé esquerdo, mas devemos muito a vocês — Antã sorri, olhando para os cinco. — Anhangá, no fim, estava correto. Há humanos que podem ser aliados, e que realmente estão dispostos a lutar pela preservação disso tudo.

— Um momento. O que farão com aquele homem? — ela olha para o homem que, outrora, era um dragão, vendo ele ser levado por alguns transmorfos.

— Não se preocupe. Faremos o que julgar ser necessário. A questão é... — Antã olha para Suaçuna, diretamente. — Acredito que eu deva me desculpar contigo, meu caro Alcides. Se Anhangá o escolheu para ser seu avatar, devemos ter a certeza de que há motivos claros. Devemos parar de duvidar dos desígnios das entidades, e passar a confiar mais em suas escolhas...

— É... essa confusão também tem um pouco de culpa minha. Deveria ter compreendido melhor que vocês estão com receio das incursões humanas, e...

— Porra, dá pra parar com esse bafafá todo, caralho? — Vanderson interrompeu, apontando o dedo à face de Antã. — Se liga, ô lobo: tu não mexe com a gente mais desse jeito não, ok?

Samanta e Dira olharam para Vanderson, ambas tocando o ombro do amigo. Antã parecia se agitar um pouco, mas a mulher-onça tocou seu ombro também.

— Antã. Não. Não seja igual seu pai. — a voz da mulher-onça era firme. — Seja mais sábio que Lerã.

— Você também, Vanderson. Lembra que a gente tá junto nessa. — Devaneio olha para Antã e para a mulher-onça, dando um aceno. — Tem mais coisa pra brigar.

Num aceno, Antã suspirou. V8 também. Os dois estenderam as mãos entre si, apertando as mãos, com o lobisomem-guará sentindo até um pouco de dor, mas dando um sorriso.

— Acredito que podemos selar um fim disso. Gostariam de ficar para ver o colega de vocês assumir seu lugar de direito dentro do Conselho dos Cinco? — Antã olha para Suaçuna, que arregala os olhos.

— Espera... quê!?

— Você, hoje, provou para nós sua lealdade, e nos provou que tem muito a trazer. Estamos, com isso, lhe oferecendo uma vaga no Conselho dos Cinco, para ajudar a proteger não só este lugar, como também para atuar em defesa aos folclóricos. Há muitos perigos para nós, e magias agressivas de fora destas terras ameaçam nosso equilíbrio. Por isso... você aceita a vaga, Suaçuna? Tem um min...

— Claro que aceito! Digo, digo... será uma honra para mim.

Alcides sorriu, sendo conduzido pelos outros membros do Conselho dos Cinco para um outro lugar. Antes disso, Antã se virou, olhando para os outros quatro.

— A Tropa do Juliet sempre será bem vinda em nossos domínios. E vocês sempre terão alguém com quem contar nas ruas.

De certa forma, V8 se tranquilizou um pouco ali, caminhando para ver o que aconteceria na cerimônia de oficialização de Suaçuna.

— A Tropa do Juliet tá aí pra fechar essa parceria. Qualquer outro dragão aí vai estar fodido na nossa mão.


Já com a noite nos céus, e muito depois da cerimônia, um homem caminhava pelo ambiente de combate. A cicatriz em sua face lhe dava um tom de velho combatente. As botas militares esmagavam o gramado, e ocasionalmente ele recolhia um objeto ou outro jogado. Outras duas pessoas o acompanhavam, os três traziam em seus braços uma espécie de bracelete.

— É, outra interferência dos ditos heróis dessa cidade maldita — o homem se levantou, olhando para seus dois companheiros de luta. — Me passem as informações sobre os que ousaram impedir a expulsão desses bastardos daqui.

Uma das pessoas se aproximou, mostrando filmagens do combate. As figuras da Tropa do Juliet passavam de várias formas, mas as filmagens claramente se focavam em V8. O homem deu um sorriso de canto de boca.

— A fúria dele é palpável. Eu conseguiria tocá-la se ele estivesse à minha frente — ele olhou para os outros. — Definitivamente é ele quem deverá ser o próximo hospedeiro.

A dupla de capangas acenou, se juntando ao rapaz. Os braceletes se aproximavam, mostrando a figura avermelhada e flamejante de um leão.

— Achem esse rapaz, e façam ele inalar da essência. O domínio dessa área mágica pode depender dele. A fúria dele combina perfeitamente com os desígnios do deus-sol. — ele olhou para cima, sorrindo, vendo a lua soberana no céu noturno. — Você assistirá a morte do bastardo, Mwezi. Não restará nada de seu querido Hodari, ou de seu guerreiro maldito. Nosso escolhido irá destruir seu queridinho. QORRAX VIVE!

— QORRAX VIVE! — os asseclas gritaram de volta, e os três partiram em disparada do local.

Informações

Testes:

GANHOS DE XP:
V8: 10 XP
Moleca: 10 XP
Devaneio: 10 XP
Orbital: 8 XP

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