T03E16 - Vamos Jogar

Shopping Capital Mall, 11:48 AM

Davi caminha sozinho desviando das pessoas agitadas, os corredores e lojas do shopping estão abarrotadas nesse domingo acalorado. Com as mãos nos bolsos de sua blusa de frio ele procura por conhecidos, mas não encontra ninguém, até que um rosto se destaca na multidão.

- Malachias?

Ele se aproxima e não vê mais quem procurava, notando que fora apenas uma rápida impressão. Davi para sua caminhada, se vira, retira suas sandálias e dá um mergulho na piscina, sorria quando pensava que as férias de fim de ano sempre são as melhores..

- Mas eu, não estava aqui...

Nem shopping nem piscina, não mais. Davi está sentado frente a uma mesa de tampo quadrado, pequena. Um tecido de veludo esverdeado com florais diferenciados a cobre totalmente, não há pernas. Não há paredes, não há sala, apenas um horizonte de chão e céu brancos.

- Olá Davi, nos encontramos novamente.

Ali sentado na cadeira a sua frente do outro lado da mesa, o estrangeiro que tinha enfrentado a Força Heroica no Porão semanas atrás. Os bastões preparados para o ataque aparecem instantaneamente assim como o uniforme de Espectro.

- Ora, não precisamos fazer isso novamente não é? Não faria muito sentido...

Ele olha o horizonte, entediado.

- O que você quer?

- Quero jogar um jogo, mas preciso de um adversário. Da última vez não pudemos iniciar os trabalhos, muitas coisas acontecendo.... Calaba, Chimera, Eva, Força Heroica... tem muitos jogadores em campo com muitas jogadas e interesses próprios….. mas acredito que aqui teremos um pouco de espaço e tempo para nos divertimos.

- Onde estamos?

- Não conhece? Você tem mesmo muito que aprender… aqui é um pouco de tudo e nada... tem um pouco de magia, um pouco de psiquê, uma pitada de mundo espectral e adicione duas medidas de plano dos sonhos. Viu, meu sotaque até sumiu, porque não estou usando minhas cordas vocais pra falar e você não está usando seus ouvidos pra me ouvir. Você está deitadinho na sua cama no instituto uma hora dessas...

- Tive que sacrificar algumas coisas, cobrar e pedir muitos favores pra conseguir chegar aqui e trazer vocês.

- Nós?

- Bem, eu preciso que você jogue… e jogos são melhores quando são apostados.

Arsenal e Morfo podem ser vistos ha alguns metros, eles estão com seus uniformes de costas um para o outro. Espantados com a situação eles veem Davi e o estrangeiro sentados a mesa, tentam correr, mas a distância não encurta.

- Infelizmente a minha ideia era trazer todos vocês da Força Heroica, mas infelizmente seu amigo “Doutor” criou fortes barreiras psíquicas em vocês e no Instituto, tive que me contentar com apenas você e os dois.

Ele retira do bolso do paletó o mesmo baralho de tarot de antes.

- Trouxe a carta que te dei?

Davi sente a carta em sua mão, ela flutua e se junta as demais fazendo o baralho brilhar.

- Sem mais demoras, vamos as regras do jogo.

- Eu e você pegaremos 5 cartas aqui deste baralho de tarot, cada um. Cada carta causa uma alteração no plano em que estamos de acordo com o tipo escolhido, mas não se preocupe, as cartas não podem ferir os jogadores…. o que não posso dizer o mesmo que seus amigos.

- Teremos então 4 rodadas para decidir o destino deles, em cada rodada eu escolho uma carta e em resposta você escolhe uma das suas, mas tenha bastante sabedoria ao escolher as suas, pois até mesmo elas podem matar…

- E não tenha dúvidas do que uma morte nesse plano possa fazer no seu.. “mundo real”. Seus amigos não estão indefesos, eles poderão usar de seus poderes e habilidades aqui nesse plano para combater, escapar ou sobreviver do que for escolhido.

- Este é um jogo para pessoas sábias. Se você me agredir, você perde e vocês morrem. Se você não jogar, você perde e vocês morrem. Se você trapacear..

- Eu perco e nós morremos.

- Não fique bravo, as regras também se aplicam a mim.

O estrangeiro embaralha o tarot com habilidade, sem desviar o olhar de Davi ele abre o baralho como um leque sobre a mesa com 22 cartas. Cada um puxa cinco e as põe frente ao rosto.

Davi olha as suas 5 cartas: “A Força, Os Enamorados, A Torre, O Diabo e O Mago.

- Vamos começar.

O estrangeiro sorri e puxa sua primeira carta, O Enforcado. Tiago e Carlos sentem o chão tremer sob seus pés, fissuras se espalham pelo chão liso e branco logo se tornam grandes fendas por onde saem cordas que se espalham como um ninho de cobras.

Os dois se veem cercados quando as cordas se atam nos tornozelos, punhos e pescoços estrangulando os jovens da Força Heroica em pleno ar.

- É sua vez Davi

Tiago bate algumas cinzas de seu colo, e na ponta da janela de seu quarto ele apaga a chama do papel. - Hora de relaxar... - ele caminha até o móvel de TV pronto pra desligá-la. - Que monte de bosta.. Galera não tira a gente da boca. - ele toma um gole de água de sua garrafa e se joga na cama, até cair em transe e adormecer.

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- Hã? - Morfo parece acordar dentro de um sonho, um infinito branco está a sua volta e já com seu uniforme ele não faz a mínima ideia do que está acontecendo ali. Ele sente outro corpo em suas costas. - Mas que merda é essa? Qualé Carlos! - ele se vira para Arsenal assustado, e de longe consegue ver Davi conversando com alguém.

Tentando correr, sua ação é em vão e tudo aquilo mais parecia um pesadelo do que um sonho. - Cara... Essa erva é maligna.. - dizia um pouco confuso com tudo o que acontecia, alucinado. - O que eles estão fazendo ali, consegue ver algo Carlos? - antes que pudesse perceber a ação dos dois sentados na mesa, diversas cordas se prendem no seu tornozelo, o prendendendo também nos punhos e pescoço. - URGH.. Me larguem filhas da puta! - dizia já sufocando com algo que parecia ter vida própria. Sem nada ao seu redor para absorver, ele tentaria se contorcer para sair dali alterando sua forma a deixando mole e maleável.

Uma gota de suor escorre por seu rosto, Davi sentia isso, mas sabia que não era real, então se concentra e logo a gota se dissipa no ar. Ele não muda seu semblante sério, mas por dentro estava desesperado, a vida de seus amigos dependia dele ganhar aquele jogo, que deveria ser jogado com bastante cuidado. Poucas coisa ele podia notar sobre aquele homem, e a primeira delas era que seu poder era grande, a segunda porém, era que não foi suficiente para conseguir transpassar toda a magia das barreiras psíquicas impostas pelo Doutor.

O garoto tentava se lembrar de todas as aulas que tivera com Doutor, especialmente sobre Tarot, depois que recebera a carta do homem. Porém ali, naquele jogo, as propriedades mágicas provavelmente não se aplicariam às que ele conhecia. Aquilo era um jogo de sorte.

Voltou seu olhar para suas cartas. Viu A Força, Os Enamorados, A Torre, O Diabo e O Mago. Olhou para O Enforcado na mesa. Tirou uma das cartas de sua mão e se preparou para lançar, mas antes inclinou-se um pouco para frente, olhando fixo nos olhos do homem.

-Nós sabemos o que eu tenho a perder nesse jogo, mas e você? O que irá perder?

Permaneceu com olhar fixo e sério, enquanto esticava o braço e depositava sobre a mesa sua primeira jogada, a carta d'A Força.

Exausto de toda a correria de treinamentos e das três últimas missões seguidas que esteve envolvido, Carlos dormia como não fazia à dias, como uma pedra.

Aos poucos sua visão vai clareando, o rapaz se encontra em um lugar que parecia ser infinito e muito solitário, mas sua solidão não durou muito tudo tempo.

- Tiago? Que merda, eu podia tá sonhando com a Nova ou a Sara, até com a insuportável da Anna, mas com você?

Depois eles vêem Davi conversando com alguem familiar para Carlos, então tentam correr em sua direção mas é inútil, pois parecia que nunca se aproximavam. Tiago pergunta o que eles estavam falando.

-Cara, eu não sei, mas isso ta muito sinistro.

Repentinamente, cordas saem de fendas abertas no chão e envolvem os corpos de Tiago e Carlos antes que pudessem reagir.

Com pouco tempo pra pensar, Carlos vai criar uma aura ao redor de si, entre a corda e seu corpo, então vai expandi-la na tentativa desesperada de se soltar.

As cordas apertam ainda mais Arsenal e Morfo. Carlos cria sua aura azulada para defender seu corpo e com sucesso vai afastando aos poucos conseguindo, já Tiago a medida que amolece seus tecidos, sentia cada corda apertar ainda mais queimando a pele.

- O que irei perder? Ora o mesmo que você Davi se você perder. As regras aqui são as mesmas para mim e para você.

- Não há como você e eu sairmos vivos, os dois, deste jogo. Só existirá um vencedor.

A carta “A Força” brilha na mesa. Arsenal e Morfo consegue arrebentar as cordas com incrível facilidade. Cada pedaço se recolhe de volta as fendas como cobras fugindo de predadores maiores.

Tiago sente seus ferimentos arderem de forma mais real e letal do que deveriam.

- A Força… inteligente, mas previsível. Se fosse você pensaria melhor antes de jogar cada carta, ainda temos 3 rodadas.

O estrangeiro vira sua segunda carta. O Julgamento.

Arsenal e Morfo se preparam para a próxima onda de ataques. Espectro apenas observa o que pode acontecer para bolar a melhor estratégia.

Um burburinho ecoa. O som aumenta, parecem diversas vozes. Sombras desfoques podem ser vistas se aproximando meio a claridão. Elas tomam forma e cor. São pessoas, pessoas comuns. Jovens, adultos e até crianças. Eles carregam faixas e cartazes com dizeres de “Fora aberrações” e “Falsos Deuses”, eles gritam em coro fechando um círculo em volta de Arsenal e Morfo. Alguns carregam bastões e pedaços de madeira, alguns levam tochas.

- Tochas? Você deve ver mesmo muitos filmes e livros antigos...

A cena que se seguia parecia quase uma visão do futuro. Com todo o jogo político que acontecia com campanhas fortes voltadas contra os heróis, esse era um cenário que Davi não duvidava que aconteceria. Mas a fala do homem deixou Davi um pouco surpreso. Será que o que acontecia ali era a mente de Davi atuando? Se ele se concentrasse poderia mudar o jogo por conta própria?

Olhou suas cartas. Os Enamorados, A Torre, O Diabo e O Mago. Pensou um pouco, não vendo outra alternativa a não ser que havia pensado.

- Julgamento? Isso é apenas ódio. E nada melhor que combater ódio com amor. - Esticou a mão e depositou sobre a mesa sua próxima jogada. Os Enamorados. Estava agora apreensivo.

Toda a situação ainda era confusa demais para Carlos, primeiro Tiago e ele foram estrangulados por cordas que brotaram do chão, agora pessoas surgem como fantasmas cercando-os, gritando palavras de ódio contra a comunidade de heróis.

Toda vez que ouvia falar desta campanha anti heróis, projeto de lei e Adrian Zimmer, uma raiva enorme brotava de dentro de Carlos, e neste momento não era diferente.

-Vocês gostam de baderna né vagabundos? Vamos ver se gostam de BALA DE BORRACHA!!!

O rapaz cria uma escopeta e aponta na direção de manifestante que segurava uma placa, pronto para atirar, porém algo o faz parar, ele sabia que apesar do que as pessoas estavam fazendo ali, elas não mereciam ser feridas, então a arma se desfaz de suas mãos, e ele ergue as mãos para o alto para criar um escudo.

-Relaxa ai Tiago, eles não vão nos fazer mal nenhum enquanto estivermos atrás desse domo.

As dores que Tiago sentia eram tão reais quanto a se não estivesse dentro daquele pesadelo, e a essa altura ele tinha quase certeza de que aquilo não se tratava de uma mera ilusão. Ele se beliscava algumas vezes para tentar se acordar, dá alguns tapas em seu rosto mas nada parecia funcionar, e então algumas sombras começam a cercar Morfo e Arsenal.

- Como é que é irmão? - diz se nervando fácilmente com os primeiros burburinhos que ouvia. - É treta que vocês querem? - parecia brigar com a horda que ia se fechando contra os dois, ele absorve o metal da ficela do cinto e forma um cone como se fosse um megafone em seu punho. - Se afastem se não quiserem se machucar! - anunciava contra os protestantes. - Nós não queremos encrenca, porra! - gritava confuso col toda a situação onírica.

Quase perdendo a paciência, ele esoerava logo que Davi andasse logo com o que estava fazendo, e antes que pudesse fazer alguma besteira Arsenal sobe uma redoma envolta dos dois. - Já vou avisando, se essses malucos entrarem eu meto o cacete!.

O circulo cada vez fica menor. Arsenal amplia sua barreira, mantendo os protestantes longe dele e de Tiago. As pessoas vão se amontoando frente a cúpula azulada gritando e batendo com suas placas.

Alguns agem como verdadeiros animais, arrancando as próprias unhas tentando quebrar a barreira, alguns batem a própria cabeça contra a proteção, mas não fazendo nenhum efeito além do som do impacto.

Davi vira a carta Os Enamorados sobre a mesa. No mesmo instante duas figuras surgem e pousam sobre o alto da redoma formada por Carlos, que os reconhece. Roberto e Ana surgem paramentados de Arco e Flor do Luar, eles se preparam para o combate defendendo Carlos e Tiago.

O alívio logo se transforma em terror. Uma chuva de flechas explosivas varre a multidão enquanto dragões de energia decapitam alguns outros. O caos segue fora da barreira que agora se tornara vermelha banhada de sangue.

Sem piedade, Arco e Flor do Luar dizimam todos, não importando tamanho, gênero ou idade. As pessoas fogem, os gritos agora são de socorro e piedade, que são apenas ignorados. Arco e Flor do Luar estão banhados em sangue frente a Carlos e Tiago. Ao contrário das demais manifestações os dois não somem após a jogada.

- Não tenha dúvidas de que vai acontecer algo assim, Davi. Claro que sem todo esse teatro shakespeariano…

- Não fique surpreso quando Roberto trocar a humanidade pra salvar sua amada.... Você não faria o mesmo?

Davi olha atentamente.

- Ora, não fique tão sério. Preciso saber se você é forte o bastante pra poder evitar o que virá a acontecer… se você não for capaz de me derrotar, nunca vai conseguir chegar perto dela.

O estrangeiro vira mais uma carta. Davi a reconhece imediatamente.

A Lua.

Num único golpe, Flor do Luar arranca o coração de Arco, que se desfaz em fogo e fumaça.

Ela se vira e segue em direção a Tiago e Carlos.

Nada do que Davi esperava havia acontecido. Uma chacina acontecia diante de seus olhos, e por mais que ele soubesse que não era real, estava assustado e sequer tentava esconder isso.

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM? - Gritou, num misto de desespero e raiva se levantando e batendo as mãos na mesa. Pela primeira vez em muito tempo havia perdido o controle de suas emoções. Talvez toda aquela situação envolvendo Flor do Luar o incomodava muito, ainda mais pela forte ligação que sentia com a moça. Ficava preocupado com ela mais do que se preocupava com qualquer um de seus amigos. E nos últimos tempos sentia ainda uma responsabilidade grande em relação a Flor do Luar, como se fosse um irmão mais velho cuidando da irmã.

Davi abaixou a cabeça, sem esperar resposta do homem. Ficou ofegante, pensativo. Fechou os olhos, respirou fundo, e tentava se concentrar no jogo que acontecia a sua frente. Ainda em pé, levantou os olhos e fitou novamente a carta d'A Lua que estava sobre a mesa. Restavam 3 cartas em sua mão. Ele levanta a mão e olha seu jogo atual.

A Torre, O Diabo e O Mago. Agora com Flor do Luar no jogo, tinha medo do que a carta d'O Diabo poderia fazer. Preferia não usar. Só lhe restava duas opções.

Davi estendeu a mão e depositou sobre a mesa sua próxima jogada. O Mago.

- Está feito. Essa é minha jogada. - Disse sério, com um peso na voz, e olhou para o homem com a mesma seriedade. Se sentou sem tirar os olhos dele.

-Agora sim hein Tiago, Betin e Anna vão ajudar nos dar reforço.

Carlos se alivia ao ver o casal chegando, por um momento ele até pensa em ceder à barreira, mas o que supostamente era um sonha para o rapaz, rapidamente se transforma em pesadelo, os dois provocam uma chacina, tinha tanto sangue no domo criado por Carlos que ele quase não conseguia ver através, então ele a desfaz.

Chocado com a cena que estava a ver, Carlos não conseguia pronunciar nenhuma palavra, os corpos estilhaçados e multilados reviram o estomago do rapaz, mas ainda faltava a cereja no bolo, com um golpe, Anna retira o coração de Roberto com a mão, e o desfaz em chamas.

-Tiago, se a gente não der um jeito logo, ela vai acabar com a nossa raça...

Ele cria uma parede separando os dois de Anna, ele sabia que ficar na defensiva não ia adiantar nada contra ela, o rapaz imagina uma arma de fogo para atacá-la, mas contrariando sua vontade, o cajado do mago surge em suas mãos, e ele já sabia o que fazer...

- BOA MALUCO! - ele comemora a aparição dos dois amigos, aliviado pelo sumiço da multidão. - Vocês.. Podiam ser menos violentos, não? - questionou um pouco impressionado com a situação de Arco e Flor do Luar.

Tiago olha de longe os dois que continuavam a jogar na mesa querendo acordar imediatamente e cansado daquele pesadelo. Ele pensava no próximo desafio, o que seria? Passa a mão pela fivela do seu cinto tornando o corpo inteiro em metal. - Ah, isso é, acho que fica mais fácil com a ajuda dos pombinhos... Blergh. - diz enojado com o casal, concordando com Arsenal. Tiago muda rapidamente de humor ao ver Arco ter seu coração destroçado por Ana, enquanto o mesmo evapora em chamas e fumaça. - É.. Acho que alguém está de TPM... Sujô! - Morfo junta a palma de suas mãos transformando o conjunto num grande escudo cheio de espinhos. - Cai fora Ana! - recuou um pouco. - Eu assumo, fui eu quem usou seu xampu agora me deixa em paz!

Ele olha para o lado e vê Arsenal se transformar em algo que já tinha visto antes. - Não pode ser... É o.... - uma parede azul surge entre os dois. - O MAGO!!!!

- O QUE VOCÊ QUER DE MIM?

Davi grita com as mão sobre a mesa. O estrangeiro pela primeira vez não sorri, um certo receio pode ser visto em seu semblante. Nenhuma resposta, nenhuma graça, ele apenas observa Davi voltar a se sentar.

Arsenal levanta uma grande barreira entre eles e Ana, enquanto Morfo levanta seu escudo recém criado. Tiago e Carlos entram em posição defensiva contra Ana que se aproximava lentamente. Os olhos brilhavam num rosa intenso emanando uma poderosa onda psíquica. Os corpos e pedaços de matéria se elevam e voa em círculo como se um tornado invadisse o local.

Davi observa apreensivo e olha suas cartas, tentando decidir a melhor estratégia a tomar antes que Ana chegasse até os dois.

- Está feito. Esta é minha jogada.

O estrangeiro olha a carta atônito, espantado ele apenas esboça uma reação, as palavras demoram a sair de sua boca.

- Não pode ser, você não pode ter tanto poder assim…

Uma figura surge atrás do próprio estrangeiro. Davi o reconhece. O Doutor jaz a sua mão sobre o ombro do estrangeiro.

- Você não tem mais poder aqui, estrangeiro.

- Mas, mas como é possível?

- Você desobedeceu a regra primária dos jogos, a casa sempre começa. Por isso este jogo é inválido assim como as suas regras.

Ana desaparece como poeira antes que pudesse tocar em Arsenal e Morfo. O estrangeiro começa a se desfazer também.

- Não, isso não ia acabar assim… ela vai matar a todos n…. nãaaaaaaaaaaaaooooooooo….

Ele desaparece por completo, deixando cair as demais cartas do baralho.

- Doutor.

- Eu não sou o Doutor, Davi.

- Sou apenas parte de sua mente projetada na figura do Doutor. Um reflexo da realidade que você tem em sua mente. Este é um jogo de cartas marcadas, cada uma delas representa os seus sentimentos e anseios.

- A sua própria consciência e conhecimento salvou você, não eu.

Davi observa a carta A Lua sobre a mesa.

- Mas isso não quer dizer que tudo que ocorreu aqui seja a mais absoluta verdade ou mentira.

- O dia em que vocês terão de fazer uma escolha difícil se aproxima, espero que escolham sabiamente as cartas que irão jogar.

Tiago, Carlos e Davi desaparecem do local e acordam em suas camas, todos ao mesmo tempo. O Instituto dorme enquanto dias mais negros se aproximam.

Fim do episódio.