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Paradoxo
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30/07/18, 12:17 am
DIÁRIO DE FREDERICO COLLEN:

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Porto de Santos, 01 de Março de 2017, 23h12m:

Algum tempo havia se passado desde a última missão da equipe. Todos foram orientados a buscar mais e mais treinamentos, mas um sossego estranho tomava conta de Nova Capital naqueles dias. Talvez fosse a chamada calmaria antes da tempestade.

Seguindo uma dica enviada pelo Doutor, Arsenal liderava uma equipe em uma busca no Porto, atrás de um artefato místico que supostamente havia sido contrabandeado para Nova Capital e que poderia trazer problemas a todos. Com ele se encontravam: Espectro, Estática, Umbra, Centelha e Sísmico.

Depois de seguir e nocautear os contrabandistas, a equipe aguardava Espectro retornar do seu transe e informar para eles onde estava o tal artefato. Quando retornou, ele se mostrou desanimado.


Espectro:

– Perdemos a viagem, pessoal. O artefato foi retirado em um porto na África, antes do navio vir para o Brasil. Precisamos avisar ao dou... AAAAAAAAA!!!

O jovem caiu de joelhos, sentindo uma dor desesperadora, enquanto a marca em sua testa brilhava intensamente. Seus aliados tiveram poucos segundos para se assustar com aquilo, quando foram tomados pela mesma dor de cabeça e caíram de joelhos também.

E então, apenas escuridão.

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O quarto escuro era iluminado apenas pela luz da lua cheia que atravessava um dos vidros da janela, o cheiro de incenso tomava o lugar e todos os heróis – Arsenal, Espectro, Estática, Umbra, Centelha e Sísmico – meditavam ao centro do quarto, na posição de lótus. Era uma experiência estranha, eles estavam ali, todos, mas não eram eles – eram Garuda.

Radesh estava só de calças de dormir, recitando seus mantras e controlando a respiração, deixando sua mente se afastar do corpo o mais longe que pudesse. Era um treinamento difícil, mas que ele se vira obrigado a praticar, desde o incidente com os helicópteros. Se conseguisse expandir seus poderes para mais longe, poderia ter derrubado todos.

O vidro por onde a luz da lua invadia o quarto explode, partindo-se em vários pedaços que atravessam o quarto. Um pássaro negro, feito de uma substância estranha, havia atravessado o quarto e agora estava pousado sobre o tapete, olhando Garuda. Quando o jovem indiano olhou, ligeiramente assustado – como seus companheiros não costumavam vê-lo, o pássaro se desmanchou e a tinta que formava seu corpo assumiu uma nova forma, manchando o tapete com um símbolo:
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Logo abaixo, um endereço de um prédio abandonado em Marechal de Andrade. Garuda correu para lá.

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Os seis acordam e percebem que nada havia mudado, apenas um segundo havia se passado desde que caíram de joelhos recebendo aquela visão. Tudo parecida ter sido apenas uma alucinação, se eles ainda não fossem capazes de sentir o cheiro de incenso infestando as suas narinas, como se ainda estivessem lá.



Centelha:

– O que sera que aconteceu com o Rad? Será que ele ta bem? Como a gente teve essa visão maluca, Espectro?

Centelha se perguntou isso enquanto levava instintivamente a mão até a pedra em seu pescoço, apertando-a para conseguir algum conformo e afastar a preocupação com o amigo. Espectro parecia ser o mais atordoado entre eles, o mais afetado pela visão, pois de alguma forma havia sido a fonte dela.




Espectro:

– Eu preciso de mais respostas, tem algo acontecendo com nosso amigo e eu vou descobrir o que é. Vocês me dão cobertura enquanto isso.

Sísmico pensou em dizer que talvez não fosse uma boa idéia ele acessar novamente seus poderes, já que eles haviam afetado todos daquela forma anteriormente. Mas, antes que pudesse falar algo, Espectro já estava em transe e a dor de cabeça voltara a acertar todos ali, jogando-os na escuridão.

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Garuda estava de pé em frente a um jovem com o corpo todo tatuado, ele sequer havia vestido o seu uniforme, apenas jogado um moletom sobre o corpo antes de sair correndo de moto do Instituto. O homem, cuja as tatuagens não paravam de se mover sobre o seu corpo, como se tivessem vida própria, falava com Radesh.




Tattoo:

– Desde que você nos abandonou, tudo deu errado. O Ed foi preso pela polícia federal, parece que ele tentou desviar dinheiro de uns ricassos e acabou sendo descoberto. Logo depois ele conseguiu fugir, mas agora é um procurado e a gente ta protegendo ele. Pat e Lipe não paravam de brigar. E Alice, ela entrou numa depressão foda por sua causa cara. Parece que só eu que aceitei bem essa merda.




Garuda:

– Eu fiz o que pude, Jonas. Vocês jamais se dariam bem onde eu fui parar... e então decidi esconder a existência de vocês dos militares que me ajudaram, para que vocês pudessem seguir livres. Eu expliquei tudo na carta que deixei...




Tattoo:

– Uma carta, cara? Uma porra de uma carta? Você achou mesmo que a gente ficaria de boa com isso? A gente teria morrido sem você. Por sorte que nós conhecemos ele... Ele nos ajudou, nos deu orientação e nos deu força. Agora ele quer conhecer você, ta na hora de você entrar e pedir desculpas pro pessoal pessoalmente. Como homem.

Radesh concordou e caminhou em direção a entrada do prédio. Era um prédio de quatro andares, grande, que era para ser uma escola e depois um hospital, mas desvios de verba na obra nunca deixaram que ele fosse concluído e agora havia se tornado um mausoléu no meio da cidade.

Algo parecia muito errado naquela situação. Mas, Radesh sentia que tinha uma dívida com os antigos amigos. E a culpa o fazia ignorar seus instintos. Entrou.

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Quando acordaram, a sensação de estarem sendo traídos e enganados parecida esmagar o peito de todos eles. Radesh podia até ignorar aquilo, mas eles não tinham a mesma culpa os cegando. Ficaram realmente preocupados.




Arsenal:

– O lugar é muito próximo daqui, vamos pegar o Fhurão e ir ajudar nosso parceiro.

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Marechal de Andrade, 01 de Março de 2017, 23h21m:

O FHurão havia cortado as ruas com grande velocidade, ao chegar no local Espectro usara novamente seus poderes para identificar a parte interna do prédio. Ele havia percebido que Garuda estava desacordado, amarrado numa sala do primeiro andar, enquanto três de seus antigos companheiros estavam sentados em cadeiras, aguardando a chega de alguém. Todas as outras salas do prédio pareciam completamente vazias, exceto por uma onde um jovem mexia freneticamente em computadores ali instalados.

No trajeto Arsenal havia informado a Granizo o ocorrido e ele havia enviado as fichas dos antigos companheiros de Radesh para que eles pudessem saber com o que estavam lidando.

Informações:

Através dessas informações, Espectro informou aos companheiros que na sala onde Garuda estava desacordado encontravam-se Tattoo, Destruidor e Luxuria. Na outra sala estava Hacker.

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DIÁRIO DE NOVA CAPITAL:

Chip
Chip

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30/07/18, 04:56 pm
Davi estava apreensivo a caminho de Marechal de Andrade. Muitas coisas passavam pela cabeça do garoto naquele momento, a maioria delas: perguntas. Por que aquele sentimento de traição, quando Radesh havia apenas contado que havia amizade entre ele e aquelas pessoas? O que significava aquelas visões que surgiram com tanta intensidade em Davi? E tão repentino? E com tamanha dor? Por que os seus amigos tiveram a mesma visão? O que significada o chakra de ajnã no centro daquilo tudo? Essas perguntas não teriam respostas naquele momento, mas apenas uma, quando colocou seus pés no chão, de frente ao prédio abandonado que haviam visto em suas visões compartilhadas: - Onde está você, meu amigo? - Disse em voz baixa, pouco antes de ter certeza não só de sua localização, como de fato que Radesh estava sendo traído por aqueles em quem já confiou.

Juntamente com as fichas de cada um que Arsenal passava para o grupo, Davi cruzou as informações com o que ele tinha percebido ao usar seus poderes e começou a bolar um plano em sua mente, e sequer esperando por orientações do Líder de campo.

- A situação é a seguinte... - Começou a falar, primeiramente olhando para o prédio, mas em seguida, olhou ao redor, esperando a atenção de cada um dos membros - - Radesh está desacordado, amarrado a uma cadeira. Junto com ele estão Tattoo, Destruidor e Luxúria, e em outra sala separada está Hacker. Eu sinto que eles estão esperando por mais alguém, talvez seja Amuleto, não sinto a presença dela. - Disse pensativo, voltando a olhar para o prédio.

O garoto respirou fundo, e as lembranças das visões surgiram como flashs em sua mente. Ele estava realmente preocupado, mas também bastante motivado para tomar a iniciativa.

- A primeira coisa que devemos fazer é dar conta do Hacker, não sabemos o que esperar dele, mas aposto que ele tem algo preparado para dar segurança ao grupo. Estática e Centelha, vocês são as melhores pra isso. Entrem furtivamente, fritem os sistemas dele e deem cobertura uma a outra. Arsenal, Umbra e Sísmico, vocês vão segurar os outros três. Deem uma atenção especial pra Luxúria, não queremos ter de lutar uns contra os outros por conta de manipulação. Só preciso de tempo até tirar Radesh dali de dentro. Alguma objeção? - Disse com uma voz firme, olhando nos olhos de cada um ali.

Contando com o gesto positivo de seus amigos, Espectro se preparava para o seu plano. Assim, que Estática e Centelha entrassem em ação, agiria juntamente com os outros três, um pouco mais atrás, porém. Entraria invisível, intangível e flutuando, esperando ser um fator surpresa. Assim que o trio de colegas estivessem engajado em segurar o trio dos raptores, Espectro agiria: se colocaria tangível novamente, porém ainda invisível, para desamarrar Radesh, e tentaria acordá-lo, caso não fosse possível, tentaria carregá-lo para fora dali.
Babalu
Babalu

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30/07/18, 09:41 pm
-No que o Rad se meteu?- Arsenal já contava com o fim das atividades naquele dia, com a frustração da missão em encontrar tal artefato mágico, apesar de ser treinado para o inesperado, ter que fazer outra missão fora do planejamento era um saco para ele. Dentro do Fhurão, ele analisava atentamente para as fichas de cada um dos companheiros de Rad, enquanto passava as informações para o grupo. – Alias, no que ele tá metendo a gente?

Finalmente o veículo parou na frente do prédio abandonado, Arsenal da uma rápida olhada na fachada, e coloca seu capacete. - A situação é a seguinte... – Espectro toma a palavra, com seus poderes sensoriais ele havia encontrado as possíveis localizações de Rad e dos outros, em seguida ele sugere um plano, que Arsenal aprova.

-Tá certo, a nossa prioridade ali é o Rad, vamos fazer o seguinte, nós três vamos entrar pela porta da frente chamado a maior atenção possível deles, pro Davi poder agir, eu vou tentar conter os poderes da Luxuria, ela tem que ser eliminada primeiro, vocês dão conta dos outros dois. Agnes e Fernanda, não baixem a guarda contra o Hacker, ele pode não parecer uma ameaça, mas vocês podem ser surpreendidas, e não se esqueçam da Amuleto, ela pode ser o elemento surpresa deles, apesar dela não ter um poder de verdade hahueuhe.

Com o tudo em ordem, Arsenal vai à frente do time, seu plano é isolar a Luxuria com uma dos outros com uma bolha, para evitar que os seus hormônios alcance seus companheiros, então agitará a bolha com ela dentro, na intenção de desacorda-la.

-Ô DE CASA! SERVIÇO DE DEDETIZAÇÃO! A PREFEITURA TÁ RECLAMANDO DE UMA INFESTAÇÃO DE RATOS.  
Prisma
Prisma

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31/07/18, 03:25 pm
Mais uma missao com o Arsenal. Nada contra, tenho admiracao por ele e o cara eh gato, bom colirio, mas eu tava bem sem graca depois da nossa ultima missao juntos. Menosprezei suas habilidades como lider, bolei o plano da missao e me dei mal. Acabei desacordado e perdi toda a historia. Me senti um lixo inutil. Fiquei trancado no quarto por dias num misto de vergonha e por me sentir inutil. Por outro lado, era a primeira missao com Estatica e Centelha em meses. Eramos amigos mas a amizade das duas nem sempre me incluia, por toda a historia que elas tinham juntas. Por isso, ter uma missaoq ue nos juntasse era bom demais. Eu me sentia mais confiante e tranquilo.

- Que visao bizarra. - falei, sacundindo a cabeca, ainda com as imagens vivas na mente. Nada faza sentido. - Parecia o trailer de uma serie muito estranha. No que eh que voce meteu a gente, rad? - pensei, olhando a frente do predio da visao.

Com o plano tracado por Expectro e Arsenal, fiquei a cargo de, com Arsenal e Sismico, dar cabo de Luxuria, Tattoo e Destruidor.

Como Arsenal vai ficar responsavel por Luxuria, focarei meus esforcos em Tattoo. Se ele pode controlar a tinta que cobre seu corpo, posso tentar neutraliza-lo ao tampar sua pele com as minhas sombras, deixando-o incapaz de usar suas habilidades.

Devon H.
Devon H.
http://fabricadeherois.blogspot.com.br/

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31/07/18, 08:11 pm
1 mês havia se passado desde a última missão de Estática. Dentro do Instituto, ela havia passado mais tempo em sua "forma de transformer" - como gostava de se referir a quando precisava usar a cadeira de rodas - do que qualquer outra, mantendo somente o físico e alguns treinos rotineiros; no mais, ela havia vivido a vida normal de uma adolescente. Estranhamente, havia passado menos tempo do que alguém poderia esperar na presença de Miguel e principalmente de Ag.
"Afinal de contas, não sou agarrada nela. O médico nos separou cirurgicamente aos 2 meses de vida e vivemos separadas desde então." - Pensa brincando a garota.

Talvez por isso, estava feliz que estava junto de Miguel e Ag agora em missão, e agia feliz e animada quando perto dos dois. Também estavam lá Espectro e Arsenal, que já haviam virado líderes de carteirinha de Estática; e também Sísmico, que depois da última missão, as coisas entre os dois haviam ficado meio esquisitas, e não haviam se falado desde então. Independente disso, o grupo trabalhava bem junto, e eles derrotam os contrabandistas sem problemas.

É então que, ao fim dessa missão, acontece a esquisita visão que afeta a todos.

- Uau... Uh... Pessoal, eu acho que eu dei uma fungada sem querer no béck do Morfo. Eu acabei de ter uma viagem muito louca que eu era o Rad e vi um pássaro virando um simbolo no chão. Tó até sentindo o cheiro do béck ainda, óia. - Ela logo descobre com os outros que aquilo de alguma forma havia sido real. Ao escutar que Espectro ia entrar de novo na visão, a jovem eletrocinética retruca.
- Não, perae perae, isso significa que a gente vai sentir aquela dor de cabeça de novo? eu não quero não, aquilo doeu pra caral--AAAAAAAA...

Após as visões e as sensações estranhas, o grupo logo ruma com o Fhurão para Marechal Andrade investigar tudo isso. Ela escuta todo mundo falando.

- ... Por que diabos todo mundo tá falando "Onde que você se meteu, Rad"? - Ela olha pros lados. - Eu vou perguntar também: Rad, Rad... Onde é que você se meteu? Onde é que você meteu a gente? Onde é que a gente meteu voc-- tá bom, já chega.

Ao chegar ao prédio abandonado, o grupo se reúne e Espectro e Arsenal bola um plano.

- Ótimo plano. Pode deixar com a mãe aqui que stealth é com a gente mesmo. Dupla Ébano e Marfim de novo na parada. - Ela diz com um sorriso confiante. Imediatamente Estática se vira para Miguel meio por trás de Ag. - Plano terrível. Não acredito que eles separaram a gente. Odeio esses líderes. - Ela sussurra no tom sarcástico dela de sempre.

Definidos todos os papéis, todos se preparam e Estática se junta a Centelha.

- Raad meu filho, cadê vocêêê? - Ela solta uma imitação do Salsicha de repente, rindo sozinha e então seguindo com seus teleportes fásicos junto de Centelha até Hacker, esperando ver como as coisas se desenrolam.
Sopro
Sopro

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31/07/18, 10:13 pm
Pouco antes das 23 horas...

- Mãe, eu juro. Está tudo bem, de verdade. É que eu... – Pedro se interrompeu por alguns segundos ao celular, pensando em falar o que realmente estava sentindo, mas não quis preocupar a mulher ao outro lado da linha. - ... fico com saudades de casa, as vezes. Mas estou fazendo como você me pediu e... – desta vez, o jovem é cortado por Arsenal, que o chamava com urgência.

- Olha, eu preciso ir agora, depois conversamos melhor. Te amo. – Se despediu, sem um sorriso em seu semblante.

Enquanto o grupo se encaminhava ao Porto, Pedro não disse uma palavra sequer, só o fato de estar na mesma equipe de Fernanda e Carlos o incomodava. Sabia que tinha errado com os dois e não tinha coragem de encará-los, não da mesma forma.

Após o blackout e as visões, o grupo se encaminhou para o local onde Garuda se encontrava. Espectro mostrava as fichas dos indivíduos que supostamente teriam de vencer para resgatar o companheiro e traçava o plano de ação. Mas sua mente não estava ali, se alguém o conhecia bem, sabia que ele não estava bem.

Ao ouvir seu codinome, enquanto lhe ditavam suas diretrizes, tudo que respondeu foi: - Ok. – Estava mais calado que o normal, não por timidez, mas mergulhado em seu próprio mundo de tristeza e incertezas. “Por que? Por que eu fui chamado para essa equipe? Eu falhei tantas vezes... Miguel, não fui capaz de protege-lo; Carlos, eu ignorei você e por isso quase matei alguém; e além disso ela...”, interrompeu seus pensamentos alguns intantes, olhando por uma fração de segundo para Estática.

“Desculpe, Radesh... Não sei se sou capaz de salvá-lo, não sei se posso salvar alguém...”. De repente, ao fechar os olhos, uma figura, ainda tomando forma, lhe disse com uma voz feminina e estranhamente familiar: - Então, sua força de vontade é tão frágil assim? – A imagem assumia a forma da menina que Pedro havia resgatado antes de entrar no Instituto. – Acredite em você mesmo. Nesse momento, um amigo precisa da sua ajuda. Salve-o, como você me salvou. – terminou o discurso, lhe entregando uma fita vermelha.

Foram poucos segundos, mas pareceu uma eternidade. Quando saiu de seu transe, Pedro se viu segurando a fita vermelha que sempre levava consigo. Com um espírito renovado, ele seguiu seus companheiros para a batalha.

Com o plano em mente, Sísmico encarava Destruidor, enquanto estalava os ossos dos dedos e pescoço. “Olha... Isso é o rosto de alguém que realmente quer uma briga. Nesse caso...”. – E aí? Vai ficar me encarando a noite toda ou vamos acabar logo com isso?

Com essa provocação, Sísmico pretendia que seu oponente fizesse o primeiro movimento e dividiria a luta em dois estágios. No primeiro, iria ser mais defensivo, mantendo a distância com projéteis e barreiras, estudando os movimentos do adversário e “medindo” sua força. Em seguida, com base nas informações, iria partir para ofensiva, desequilibrando sua base com a manipulação de terra e reforçando partes do corpo (punhos e pernas) com rocha, mirando sempre em pontos vitais e valorizando o contra ataque, visando nocautear Destruidor.
Vulto
Vulto

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31/07/18, 11:31 pm
17 de Fevereiro, ás 21 horas.

Sentada no jardim do Instituto, aproveitava a brisa quente daquela noite de verão, enquanto trocava mensagens com Jonas, pelo celular. Desde que ingressei, venho mantendo contato com ele e as garotas, os atualizando dos ocorridos e contando as histórias que vivo e ouço por aqui, porém, desde meu incidente, venho mantendo escondido certos detalhes deles:

– É só falar, Agnes. Você já contou tanta coisa pra ele... Por que agora é tão difícil? – Me questiono, com o dedo sobre o backspace, apagando o texto que havia digitado. Largando o aparelho no solo, me deito no gramado. Olhava a Lua, distante – Porque eu não quero preocupá-los... – digo em tom baixo. A resposta era simples, mas dura.

Remexendo o bolso do shorts, retiro um bilhete amassado e sujo de sangue – “Um presente para minha querida Centelha. Uma notícia para quem notícia. Ass: Dono do Porto.” – Leio pela milésima vez aquelas palavras, e, como da primeira vez, meu estômago se embrulha – Cerrando o punho, amasso-o novamente. O papel se incinera em minha mão, se transformando em cinzas.

Desde o dia que meus braços arderam em brasas, culminando em e eu explodindo, acidentalmente, a parede do banheiro do Jon, pela primeira vez podia sentir o peso da vida que havia escolhido levar – Segredos, lesões, inimigos... Começava a entender o que era ser uma heroína – Com o mão segurando firme a ágata de fogo em meus pescoço, fecho os olhos, tentando acalmar meus pensamentos.

__________________________________

Presente.

Ter deixado o uniforme no cabide por umas semanas, e reencontrado com meus amigos e familiares, mesmo que por poucos dias, me ajudou a “centralizar minhas energias”, como diria Rad. Pude organizar, e digerir, tudo o que havia passado no ultimo mês e estava pronta para voltar a ação, e ter a companhia da Fê e Miguel deixava essa volta mais confortável. Entretanto, o que era pra ser uma simples missão de busca por um artefato, havia se tornado um resgate inesperado de um colega de equipe.

"O que havia se passado com Radesh?""O que significava aquela visão?" Essas eram as perguntas que, sem dúvida, todos ali se faziam. De todos os membros do Força Heroica, Garuda era o último que imaginaria se metendo em algo parecido. Temia pelo bem-estar do meu amigo, porém, temia mais ainda os segredos que poderia descobrir naquela noite.

Atravessando as ruas do bairro Marechal de Andrade, Arsenal passava para o grupo, as fichas dos metas presentes no prédio onde se encontrava nosso companheiro, e, junto a Espectro, traçava um plano de infiltração, delegando funções e dividindo equipes. Fernanda e eu iriamos juntas atrás daquele que era conhecido como Hacker.

Rindo das piadas da minha amiga, sigo o plano elaborado pelos lideres, planejando usufruir da minha transmutação física para me mover silenciosamente até o alvo – Fernanda! – exclamo em voz baixa – Tu quer estragar nossa entrada furtiva me fazendo ter uma crise de riso?! – me desfaço em fumaça, seguindo à frente, segurando a risada.


Última edição por Centelha em 02/08/18, 01:10 pm, editado 3 vez(es)
Paradoxo
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01/08/18, 08:41 am
DIÁRIO DE FREDERICO COLLEN:

Espectro assume a liderança da equipe e traça um plano, determinando funções para cada um dos membros do Força Heroica. Talvez a sua amizade com Radesh estivesse influenciando seu comportamento, ou talvez ele só possuísse mais informações que os demais. O que importa é que ele definiu as funções e ainda que Arsenal visivelmente discordasse da prioridade do plano, eles agiriam conforme o combinado.

Os seis encaravam o prédio mais uma vez, antes de entrar. Todos tinham uma sensação desagradável de estarem sendo observados. Espectro por possuí-la com mais intensidade, se incomodava calado. Arsenal sabia o que estava acontecendo, imaginara que alguém os observasse mesmo. Já nos novatos provavelmente confundiram aquilo com ansiedade para salvar o amigo.


Espectro:
– A primeira coisa que devemos fazer é dar conta do Hacker, não sabemos o que esperar dele, mas aposto que ele tem algo preparado para dar segurança ao grupo. Estática e Centelha, vocês são as melhores pra isso. Entrem furtivamente, fritem os sistemas dele e deem cobertura uma a outra. Arsenal, Umbra e Sísmico, vocês vão segurar os outros três. Dêem uma atenção especial pra Luxúria, não queremos ter de lutar uns contra os outros por conta de manipulação. Só preciso de tempo até tirar Radesh dali de dentro. Alguma objeção?

Arsenal:
– Tá certo, a nossa prioridade ali é o Rad, vamos fazer o seguinte, nós três vamos entrar pela porta da frente chamado a maior atenção possível deles, pro Davi poder agir, eu vou tentar conter os poderes da Luxuria, ela tem que ser eliminada primeiro, vocês dão conta dos outros dois. Agnes e Fernanda, não baixem a guarda contra o Hacker, ele pode não parecer uma ameaça, mas vocês podem ser surpreendidas, e não se esqueçam da Amuleto, ela pode ser o elemento surpresa deles, apesar dela não ter um poder de verdade hahueuhe.

Espectro mantinha-se sério, encarando os companheiros, já Arsenal parecia usar algum tipo de humor para tirar a tensão da situação. Umbra olhava o prédio, concentrado. Mas, não pode deixar de rir quando Estática fez um comentário sarcástico. Centelha precisou se conter para não acompanhar nas risadas e perder toda a compostura. Sísmico parecia perdido em pensamentos, muito mais que o normal e sequer percebeu toda essa descontração antes da ação.


Estática:
– Raad meu filho, cadê vocêêê?

A brincadeira de Fernanda foi como um sinal para eles agirem, pois logo em seguida ela avançou com seus teleportes elétricos, seguidas por Centelha que se transformara em fumaça. Elas seriam as primeiras a agir, na tentativa de derrotar Hacker.

Por uma porta lateral, as duas avançaram e subiram as escadas rapidamente, sem chamar a atenção. Assim que chegaram no primeiro andar, reconheceram uma câmera de vídeo, que estava relativamente oculta e não podia pertencer aquele lugar destruído. Estática resolveu aquilo com um simples toque, liberando um pequeno arco elétrico que desabilitou o sistema. Essa câmera estragaria o fator surpresa, mas pelo menos não revelaria os seus passos para o adversário.

Hacker aguardava numa sala. Observando pelas diversas câmeras que havia espalhado no local. Impressionou-se que aqueles invasores haviam dedicado duas pessoas para lhe caçar, normalmente ele era subestimado por não possuir poderes. Um erro que custava caro para os adversários do Terceiro Olho. Quando Estática invadiu a sala em sua forma elétrica, o seu plano entrou em ação.

Um dispositivo preso em uma das paredes absorveu a garota e a prendeu em uma placa na parede. Sua forma elétrica foi atraída por um campo magnético poderoso, porém bem específico. Hacker parecida esperar por ela. Rapidamente Centelha reagiu e avançou, atirando uma esfera de fogo e fumaça contra ele. A esfera explodiu contra uma parede invisível, que logo se revelou uma cúpula de energia protegendo toda a central de controle do jovem. Ele sorriu e conversou com elas.


Hacker:
– Se você insistir, Agnes, vai acabar destruindo minha cúpula. Mas, não antes de eu contra atacar e machucar muito vocês duas. Por que não fiz isso? Porque eu não sou o inimigo de vocês. Ele é.

---

Nos corredores, as sombras percorriam o chão e iam engolindo ele conforme Umbra se aproximava da sala dos inimigos. Todos eles podiam sentir um cheiro diferente vindo da sala, uma mistura de cheiro doce com apimentado – na melhor das definições. Umbra se posicionou de costas para a parede, ao lado da porta e fez as sombras avançarem contra Tattoo, numa tentativa de engolir o garoto tatuado. Porém, seu fator surpresa foi completamente estragado pela chegada nada furtiva de Arsenal.


Arsenal:
– Ô DE CASA! SERVIÇO DE DEDETIZAÇÃO! A PREFEITURA TÁ RECLAMANDO DE UMA INFESTAÇÃO DE RATOS.

O grito de Arsenal chamou a atenção dos jovens, que se viraram todos para a porta. Antes que pudessem reagir, uma cúpula de energia já engolia Luxúria, teoricamente impedindo que ela usasse seus poderes contra a Força Heroica. Miguel se aproveitou disso para concluir seu ataque, usando as sombras, que já se espalhavam pelo chão, para engolir completamente Tattoo. Dessa forma, restaram frente a frente Sísmico e Destruidor.


Sísmico:
– E aí? Vai ficar me encarando a noite toda ou vamos acabar logo com isso?

A provocação surtira muito efeito em Destruidor, que possuia um pavio curto. O jovem avançou contra Sismico com uma explosão de velocidade assustadora. Sismico mal pode reagir, só tempo o suficiente para fazer uma das paredes se esticar e proteger seu rosto do golpe poderoso que viria. O soco acertou o pedaço de pedra em cheio, mas não parou, explodiu a rocha e alcançou seu alvo, o rosto de Pedro.

Talvez a parede de pedra tenha salvado a vida de Sísmico, pois se mesmo depois de perder tanta força explodindo-a, o soco ainda teve potência para derrubá-lo daquela forma, ele provavelmente quebraria o seu maxilar e talvez até o seu crânio se tivesse pegado diretamente.


Destruidor:
– Vocês nem deviam estar aqui. Que merda que estão pensando? Antes do Radesh se meter com vocês, ele era da nossa equipe, era nosso Garuda e não de vocês. Saiam daqui, seus merdas!

Destruidor avançou contra Sísmico novamente, pronto para nocauteá-lo de vez. Mas, o garoto arremessou pedras contra ele. Algumas ele pode destruir com socos, facilmente, outras não. Uma acertou-lhe o ombro e o fez recuar. Em tempo o suficiente para ver algo muito estranho acontecendo.

Radesh já não encontrava-se mais amarrado, Espectro o colocava sobre o ombro e se preparava para sair furtivamente dali, salvando o companheiro. Destruidor foi tomado por uma fúria quando isso aconteceu. Mas, foi Luxúria que agiu primeiro.


Luxúria:
– Garotos, garotos, para que brigar? Vocês não querem fazer isso. Não querem correr o risco de me machucar, não é mesmo?

Algo poderoso tomou conta de Arsenal, Sísmico, Espectro e Umbra, eles não reagiram mais, ficaram totalmente imóveis. O cheiro que misturava uma nota doce a uma cítrica invadiu suas narinas e seus poros, chegando rapidamente ao seu sistema nervoso. Sem perceber, eles estavam dominados pelos ferormônios de Luxúria, que vinham sendo usados no ambiente para manter Garuda desacordado. A interrupção fez com que Radesh começasse a acordar e ele se assustou ao perceber o que estava acontecendo ali.


Garuda:
– Pessoal, vocês não deviam estar aqui...

A cúpula de Arsenal se desfez e as sombras de Umbra se retraíram, libertando os dois membros do Terceiro Olho. Destruidor se levantou, pensando em nocautear todos ali presentes, mas uma voz poderosa invadiu os corredores, se propagando como um demônio que levanta-se diretamente do inferno e chegando até a o fundo da alma de cada um ali presente.


Ele:
– Traga-os a mim, Destruidor.

O impacto daquela voz sombria foi o suficiente para cortar o controle de Luxúria sobre os membros da Força Heroica, mas antes que eles pudessem reagir, Destruidor gritou alto, saltou e se jogou com um poderoso chute contra o chão. O impacto do chute foi estrondoso e fez com que o chão cedesse, levando todos a cair.

---

Agnes parou por um segundo, em dúvida se devia confiar ou não naquele cara ali na sua frente. Mas, se lembrou das conversas que teve com Rad e resolveu dar um voto de confiança para seu amigo. A sensação de que seriam traídos a qualquer momento parecia engoli-la, mas de alguma forma não vinha de Hacker. Ela abaixou a guarda e escutou o que ele tinha para ouvir.


Hacker:
– Não sabemos quem é ele ou como ele se tornou tão poderoso, apenas que a cada vez que nos procura ele está diferente, mais demoníaco e deformado. Ele está usando a Amuleto contra o pessoal. Obrigando-os a atrair o Radesh para cá. Não sei o que ele quer, mas ele é muito perigoso, vocês precisam ajudar Rad, Lipe, Pat, Jonas e Lice. Ninguém deles é realmente mal.

Sua frase foi interrompida pelo chiado das câmeras nos monitores, de repente todas as câmeras haviam sido destruídas e uma voz sombria percorria os corredores, parecendo arranhar a alma dos três ali. Os olhos de Ed mudaram rapidamente, ele que parecia calmo até então, ficou completamente agitado – desesperado. Antes que ele pudesse voltar a falar, o barulho alto de demolição invadiu o lugar, ecoando pelas paredes. Algo estava acontecendo de muito errado.


Hacker:
– Vão, vão, os seus e os meus amigos precisam de ajuda!!!

Estática foi liberada da sua prisão magnética e Centelha olhou para ela, virando-se e se tornando fumaça rapidamente. A amiga a seguiu, em forma de eletricidade, na direção da sala onde os amigos deveriam estar.

---

A sala não existia mais, assim como todo o pedaço daquele bloco do prédio, eles haviam sido demolidos pelo poderoso golpe de Destruídor. Um milésimo de segundo antes de tudo cair, Arsenal conseguiu criar proteções de energia para todos os seus aliados, impedindo que eles morressem na queda. Radesh havia usado sua telecinese com tudo que tinha para proteger os antigos companheiros. Novamente encontrava-se desacordado devido ao esforço.

Todos se encontravam agora em uma espécie de galeria de esgoto, a água suja e podre corria sobre seus corpos, todos estavam caídos e atordoados, sem entender muito bem o que os levara até ali. De repente, um poderoso brilho surgiu do fim do corredor e eles – todos eles – foram atacados por uma dor imensa. Era como se o sangue de seus corpos corresse ao contrário. Eles gritaram de dor.

Das sombras, uma criatura deformada surgiu e agarrou Luxúria, era quem estava mais próxima dele. Em um golpe rápido com a lâmina que surgia de um de seus quatro braços ele abriu a cabeça do andrógeno, deixando seu cérebro exposto. A cena era horrenda, mas a dor ainda era intensa em todo mundo ali. Ninguém pode fazer nada.


Ele:
– Tantos de vocês juntos, um verdadeiro banquete.

A voz não parecia vir dele, parecia vir de cada lado do lugar. Ela não entrava pelos ouvidos, invadia os poros, fazia a carne e ossos tremerem. O tentáculo que saía de um de seus braços avançou contra o cérebro de Luxúria e se fixou ali, absorvendo o órgão com velocidade. A criatura gemia de prazer enquanto fazia isso. Foi o suficiente para que a sua magia de sangue parasse e libertasse todos ali. Estática e Centelha chegaram nesse momento, estando dois andares a cima e vendo toda aquela cena grotesca.

Ninguém ali era capaz de ver, mas o corpo do monstro se alterava enquanto Ele absorvia o cérebro de Luxúria, atrás de suas costas surgiam espécie de guelras. O sorriso demoníaco em seu rosto e os gemidos de prazer denunciavam o quanto Ele se deliciara com aquilo tudo.

Destruidor:
– SEU MERDA! VOCÊ PROMETEU NOS POUPAR! E PROMETEU DEVOLVER A ALICE! EU VOU TE MATAR!!!

Ele:



DIÁRIO DE NOVA CAPITAL:
Vulto
Vulto

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01/08/18, 04:22 pm
Ainda desconfiada, aceito ouvir as palavras de Hacker, baixando a guarda em preocupação com a segurança de Fernanda. Ele sabia minha identidade secreta e meus instintos me mandavam ficar em alerta, mas a menção do nome Jonas me pega desprevenida. Seu tom de voz e olhar de medo ao falar dos amigos, fazem-me sentir empatia por ele, deixando de vê-lo como um inimigo, para vê-lo como um igual. Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, um forte estrondo interrompe a conversa – Nossos amigos estavam em perigo e precisavam de ajuda.

Com um aceno de cabeça, ponho-me a correr, junto da agora liberta Estática. Seguindo as coordenadas de GPS do restante da equipe, em poucos segundos nos deparamos com sua localização: uma profunda abertura no chão, onde outrora era uma sala. A alguns andares abaixo de nós, sob a poeira do desabamento, identifico meus amigos e o resto do Terceiro Olho, e, logo a frente, uma cena grotesca: uma figura demoníaca que parecia se alimentar do cérebro de alguém. Por um instante, meu coração dispara, imaginando se tratar de algum dos meus companheiros, entretanto, não era um de nós, mas um deles. A confirmação não alivia meu espanto, que é interrompido. Pelo ponto, ouço meus colegas se comunicarem:

– Entendido – intervenho, com a mão sobre o ouvido – Estática e eu temos visão do alvo. Estamos a uns dois andares a cima de vocês. Vou aproveitar dessa vantagem para abrir uma janela de ataque.

Analisando o campo de batalha, me recordo da criatura azulada que enfrentei em minha primeira missão. Assim como ela, aquela monstruosidade abaixo aparentava ser extremamente poderosa, mas, diferente daquela primeira vez, não seria pega desprevenida – Com um movimento rápido, desprendo duas granadas do meu cinto e, com os polegares, removo os pinos, absorvendo o material expelido. Sinto a energia incandescente percorrer meu corpo, ampliando meu poder. Sob o visor, meus olhos cintilam um alaranjado forte.

Incendiando as mãos, aponto-as então para o monstro e, aproveitando da minha posição estratégica, descarrego a energia acumulada em projéteis de fumaça e bolas fogo. Não sabia se meu poder, mesmo ampliado, seria capaz de feri-lo, portanto, tentaria ao menos cegá-lo ou atordoa-lo, dando oportunidade para meus amigos e novos aliados agirem.


Última edição por Centelha em 01/08/18, 04:34 pm, editado 2 vez(es)
Chip
Chip

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01/08/18, 04:26 pm
A cena presenciada pelo grupo foi assustadora o suficiente para Davi não saber o que fazer. A sensação da voz daquele ser demoníaco invadia seu corpo como uma praga, e Davi sentia um calafrio muito forte, como quando entrara no instituto. O garoto já havia visto muitas coisas terríveis em sua breve vida, mas nada comparado àquela cena.

Além de tudo isso, um sentimento triste veio em seu coração ao ver o espírito de Luxúria desesperado, atormentado. Queria confortá-la, mas aquele momento não era propício para isso, mas ainda assim, sabia que precisaria dela depois.

O primeiro pensamento do garoto foi de gritar para todos fugirem, salvarem suas vidas, mas pelo pouco que percebera da situação, se não agissem, outras pessoas poderiam ser vítimas daquela criatura. Não demorou muito e o garoto já havia decidido o que fazer.

Não disse nada a ninguém, apenas se afastou levitando, indo para atrás de todos ali presentes, ficando ao lado de garuda. - Preciso de cobertura! - Disse aos companheiros, e sem esperar resposta, fechou os olhos e se concentrou.

Quando voltou a abrir os olhos, eles estavam vidrados, porque o garoto estava acessando seus poderes de percepção extra-sensorial. Usando sua psicometria, Davi pretendia analisar a energia daquele ser demoníaco e procurar algum ponto fraco em sua energia. Se não fosse possível, iria usar sua precognição para procurar algum ponto da história daquele ser para descobrir alguma maneira de pará-lo. No momento que encontrasse alguma informação relevante, iria comunicar ao time a maneira correta de atacá-lo.

Além disso, pretendia conversar com o espírito de Luxúria e entender o que estava ocorrendo ali.
Devon H.
Devon H.
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02/08/18, 01:16 am
Estática se vê por um momento virada de cabeça para baixo, presa a uma placa na parede. Ela fica escutando a conversa entre Ag e Hacker enquanto todos os seus músculos parecem estar contraídos, impossibilitados de se mover.

"Isso é pra eu aprender a pensar duas vezes antes de ir contra um cara que precisa de eletricidade pra agir como o Super-Nerdão. De todas as formas d'eu morrer como 'heroína tentando salvar o mundo', grudada num ímã gigante é a mais estupida de todas, fala sério. Bem, adeus mundo cruel... (Se eu virar um fantasma, eu vou virar um fantasma de cadeira de rodas?)..."

É então que ela escuta o que Hacker tinha a dizer, e como em Tropa de Elite 2, o inimigo agora era outro. O rapaz solta a eletrocinética e deixa as duas irem após uma voz sombria ecoar por todo o local, que causa mais mal-estar em Estática do que ficar aqueles 3 minutos de cabeça pra baixo, com todo o sangue na sua cabeça.

Ao chegar à sala onde o resto do time deveria estar, ela e Centelha veem o enorme buraco no chão da sala, e lá em baixo, um monstro horripilante cortar a parte de cima da cabeça de Luxúria e sugar o seu cérebro.

Assim como na primeira missão contra o monstrengo azul, Fernanda fica parada, em choque com a cena que via. Medo real toma conta da garota por um momento, incapaz de fazer piadas ou comentários sarcásticos. É então que ela nota seus amigos, Ag especialmente, se movendo para a ação.

__________________________________

Alguns anos atrás.

Era o meio da tarde, no meio de um parque. De pé no meio da grama perto de uma árvore, Agnes olhava atentamente para o celular, e em seguida para ao seu redor, repetindo o processo algumas vezes. A jovem parece se cansar de ficar parada esperando, e vai embora. De repente, ela sente um feixe de eletricidade passar atrás dela, e ela se vira.

- Foi mal, eu quis ver você ficar parada esperando que nem trouxa só pra eu aparecer no último segundo igual aquelas cenas de filmes, sabe? - Diz Fernanda, aparecendo de repente. Porém, ela estava diferente do que atualmente: não só por estar de cabelos castanhos, mas seu jeito de vestir, seu jeito em geral, pareciam ser de outra pessoa diferente.

- Sim. A essa altura do campeonato eu já saquei que o seu negócio é ser engraçadinha - apesar de eu nem saber o seu nome ainda. Você me contactou só para ficar zoando ou você quer alguma coisa? Porque eu acho que nós fizemos bem juntas da última vez, salvando aquele cara.

- Bater em você logo antes disso também foi bem divertido; deveriamos fazer aquilo de novo, o que acha? E zoar você é sempre o meu objetivo. - Ela retruca, com um sorriso cínico.

- Aham... Olha, eu não tô afim de lutar com você - e sinceramente, me arrependendo de ter te passado meu telefone também. Mas, se algum dia precisar de mim, acho que sabe como entrar em contato, né? Te vejo por a--

- ... Meu nome é Fernanda. - Ela diz, antes de Agnes se virar. A jovem eletrocinética parecia séria. - Eu preciso da sua ajuda. De verdade.

- Eu... Eu não quero viver essa vida mais.

__________________________________


Fernanda volta ao presente, vendo ainda Agnes à sua frente, já com granadas em mãos e olhos brilhando laranjado. Com uma respirada funda, Estática olha para baixo, vendo seus amigos, o Terceiro Olho e o monstro, e ela parece pensar, imóvel, até levar a mão ao ouvido.

- ... Eu estava esperando vocês lerem a minha mente, mas esqueci que o Garuda tá desacordado. - Ela diz, usando o comunicador. - Há como vocês ficarem fora dessa água de esgoto ai em baixo? Eu posso usá-la para conduzir minha eletricidade, mas vocês não vão querer estar nela quando isso acontecer.

Respirando fundo, ela fala com ela mesma.

- Se eu morrer, pelo menos vai ser numa maneira dahora tipo num filme de terror, como uma heroína, e não num imã gigante. Estou seguindo, a Jesus Cristo... Nesse caminho, eu não resisto... - Ela vai cantando em voz baixa ao lado de Ag, se preparando para lutar.

Assim que eles analisassem e obtivessem uma resposta, Estática se jogaria dentro do buraco, usando seu teleporte fásico para descer como um raio e chegar atingindo o monstro como um míssil com um soco carregado.
Se seus amigos e agora companheiros do Terceiro Olho puderem sair da água, a jovem loira usará seus poderes em contato com a água para eletrocutar ainda mais o monstro e potencializar o dano feito por seus ataques contra o mesmo, tomando cuidado para se desviar de sua lâmina e/ou do tentáculo.
Babalu
Babalu

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02/08/18, 08:41 pm
A voz da criatura era assombrosa, ela ressonava em todo o lugar, ela vinha de longe, mas ao mesmo tem era como um sussurro no ouvido, seus batimentos cardíacos aceleraram imediatamente, um medo profundo começava a surgir, mas Arsenal não podia ter o privilégio de perder o próprio controle, não liderando a equipe, então ele fecha os olhos, e respira profundamente tentando controlar seus instintos enquanto olhava o terror, a criatura se alimentando do cérebro de Luxuria, e depois sorrir para todos ali, era evidente que ele queria mais.

– SEU MERDA! VOCÊ PROMETEU NOS POUPAR! E PROMETEU DEVOLVER A ALICE! EU VOU TE MATAR!!!

-NÃO FAÇA ISSO!!! Ele quer fazer com nós o mesmo que fez com Luxuria, não é mesmo?- Disse olhando para o monstro, encara-lo era quase impossível, olhar em seus olhos era como saltar em um buraco escuro, mas Arsenal tentou se manter firme.

Estática surge no comunicador, aparentemente ela queria eletrocutar o monstro com seus poderes, se aproveitando da água do esgoto que o cercava, o problema é que essa mesma água também cercava os outro ali presentes, e talvez não desse tempo para todos saírem dali, mas Arsenal tinha um plano.

-Pode ir sua maluca, ninguém vai tomar choque aqui! – Falou o rapaz, ironicamente, esticando os dois braços juntos, assim que ela saltar ele abrirá os braços formando uma cúpula, para isolar todos da água que será eletrocutada. Caso não dê certo o plano, Estática ficará ao alcance do monstro, então Arsenal se manterá atento para avançar no monstro sem medir esforços para ajuda-la.
Sopro
Sopro

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02/08/18, 09:25 pm
Pedro subestimou seu adversário e, mesmo não tendo sido acertado, pôde imaginar sua força. “Essa foi por pouco. Preciso manter esse monstro longe.”, pensava, enquanto lançava os projéteis. Enquanto o combate se desenrolava, Luxúria usou seus poderes, fazendo-o entrar em transe.

Antes que pudessem retomar a ação, uma voz sinistra ecoou pelo recinto, gelando a espinha do rapaz, que até tentou usar seus poderes para impedir o chute que Destruidor desferiu ao chão, mas seu tempo de reação havia sido afetado por Luxúria e ele não conseguiu, caindo ao esgoto junto com os outros, sem ferimentos graças aos poderes de seus companheiros.

Sísmico não conseguia olhar para a cena horrenda que sucedeu a queda. Além da dor residual causada pela “magia de sangue”, ver a criatura se deliciando cm o cérebro de Luxúria lhe dava uma mistura exótica de pavor e raiva.

No entanto, usava esse breve instante para analisar a situação; “Espera um minuto, se ele podia fazer isso desde o início e só conseguiu usar quando caímos aqui, então, qual é o alcance? E será que precisa estar no campo de visão dele? Já sei...”, havia bolado um plano, mas seus companheiros já estavam executando suas ações como ele havia imaginado.

- Hmpf, essa equipe é realmente muito boa! Vou tentar não fazer feio então. – Sendo assim, Sísmico pretendia desequilibrar a criatura com tremores e prendê-la usando construtos de pedra semelhantes a algemas em seus braços, pernas e tentáculos;  expondo-o ainda mais aos ataques de seus companheiros. Enquanto isso, o rapaz iria servir de apoio, salvando seus companheiros e tirando-os do perigo com manipulação de terra (criando domos e plataformas, no caso da barreira de Arsenal falhar, para tirá-los da água) e com barreiras para protege-los dos ataques.
Prisma
Prisma

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02/08/18, 10:56 pm
Ver Luxuria sem um pedaco da cabeca foi aterrorizante. Eu nunca havia visto uma cena tao horrenda daquelas na vida. A pior parte eh que se nao fizessemos nada, nos seriamos os proximas vitimas daquele ser medonho.

- Voce eh mais feio que os caras que aparecem pra mim no Tinder - disparei, tentando recorrer ao humor, mesmo que de forma involuntaria, pra tentar me soltar daquela visao horrivel do corpo de Luxuria ao chao. - Reagir com piadinha? To andando demais com a Fe - pensei alto, incredulo.

Aproveitando a deixa de Estatica, que planeja fazer um curto no monstro usando a agua do local, e Arsenal, que vai nos proteger da descarga eletrica, usarei minhas sombras para tentar imobilizar o monstrengo do jeito que for possivel, mas focando, principalmente, em sua mao de lamina e no seu tentaculo que suga coisas assim que o ataque de Fernanda fizer efeito, impossibilitando qualquer reacao do inimigo.
Paradoxo
Paradoxo

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03/08/18, 12:20 am
DIÁRIO DE FREDERICO COLLEN:

---

O corpo inerte e sem vida de Luxúria caiu na água dos esgotos, a criatura o largara ali como se ele não tivesse qualquer importância e fosse apenas um refugo de um banquete que logo seria esquecido. Ele olhou para os membros da Força Heroica e do Terceiro Olho com desejo, lambeu os lábios enquanto fazia isso.

Destruidor avançou contra a criatura, usando sua força para ampliar seus passos e lhe conferir uma espécie de velocidade sobre-humana. Cada passo seu jogava água podre para todos os lados, chamando a atenção da criatura, que se preparou para atacar a próxima vítima.



Ele:
Poucas vezes eu vi a caça saltar na direção de seu predador com tanta facilid... o que?

Novamente aquela voz poderosa e maligna parecida entrar por cada poro dos corpos dos heróis e congelar-lhe os assos, enquanto drenava suas almas. Era um som sobrenatural vindo diretamente do inferno, eles tinham certeza. Porém, dessa vez, a frase fora interrompida antes que a criatura pudesse concluir seu deboche sobre Destruídor. Como em uma passagem apocalíptica, fogo e cinzas choveram sobre o monstro ali presente. Ele olhou para cima, sem se preocupar em proteger a carne dura que revestia seus ossos. Cada esfera de chama e cinzas causava dor, mas isso de certa forma lhe proporcionava prazer.

Logo em seguida fora a vez dos outros – Sísmico, Umbra e o inesperado aliado Tattoo começaram seus ataques contra a criatura. Tudo começou com um pequeno tremor de terra sobre os pés do mostro, não o suficiente para tirá-lo do lugar, seu corpo apesar de esguio pesava duas centenas de quilos. Logo em seguida as rochas se moldaram e prenderam as suas pernas. Ele não encontraria dificuldades para se libertar daquilo, mas os ataques de fogo e fumaça não cessavam, impedindo-o de reagir com clareza. Precisava dar um jeito neles.

Ergueu a mão superior direita e o brilho vermelho foi rápido em agir, fazendo sua magia de sangue começar a agir, mas agora o objetivo era atingir Centelha. Só que os jovens ali presentes lutavam por sua vida e como animais acuados não desistiriam sem mostrar as suas presas. Todas as tatuagens do corpo de Jonas saltaram para frente, formando uma enorme serpente negra que engoliu o braço do demônio e se enrijeceu, prendendo-o e impossibilitando o uso da sua magia.  

Moveu o seu segundo braço direito, o da lâmina de carne e osso, para destruir aquele constructo frágil e ridículo que insistia em prendê-lo. Mas, antes disso, as sombras surgiram e engoliram a lâmina – novamente imobilizando-o. Logo em seguida essas mesmas sombras se dividiram e engoliram a outra mão, a superior esquerda, impedindo seu tentáculo de abrir. Era Umbra agindo, também dando o máximo de si, apesar de parecer completamente desesperado para quem olhasse para ele.

Espectro observava o plano da equipe funcionar com perfeição e vira nisso a oportunidade de usar seus poderes como não havia conseguido até então. Gritou por ajuda, pois sabia que acessar sua percepção extra-sensorial lhe custaria muito e lhe deixaria vulnerável.


Espectro:
Preciso de cobertura!

Destruidor não sabia o que aqueles novos amigos de Garuda pretendiam, mas ele tinha desejo de vingança. Naquele momento a fúria cega é quem o controlava e ele continuou a avançar, agora com liberdade de atacar de frente, pois seu inimigo encontrava-se completamente imobilizado. Saltou e atacou com um chute duplo, contra o peito daquela coisa maligna. Seu codinome se mostrava real naquele instante, pois o tórax do demônio se abriu, carne rasgou e ossos se quebraram, saltando para fora da cavidade torácica.

Infelizmente Estática não podia prever que o garoto faria aquilo e naquele instante já havia saltado com seu soco carregado de eletricidade contra o monstro. O soco acertou em cheio a face dele, jogando-o no chão e deixando-o parcialmente submerso na água podre dos esgotos. Fernanda precisou decidir e não pensou muito, apenas usou novamente seus poderes – agora com todas as forças – para sobrecarregar a água com eletricidade e tentar dar cabo de vez do demônio.

A eletricidade se espalhou e iria acertar a todos ali, mas acabou esbarrando numa cúpula de energia azul criada por Arsenal, que protegera a quase todos prendendo Estática, Ele e Destruidor dentro da cúpula. Destruidor não tinha como ser salvo e foi um alvo fácil para a carga elétrica, gritando de dor enquanto era eletrocutado. O vilão, por sua vez, não gritou, mas o cheiro de carne queimada era tão forte que se sobressaía em relação ao cheiro de podre dos esgotos.

Espectro conseguiu acessar as energias da criatura e seguiu as linhas para encontrar seu ponto fraco. Por um segundo, ele pode entender a fisiologia daquele monstro. Seu estômago era muito maior do que o de um humano normal e seu aparelho digestivo não começava apenas na boca, como também tinha um canal direto para aquele maldito tentáculo. Percebeu que essa era a fonte de poder do monstro, assim como a sua parte mais sensível.

Todos respiraram aliviados, exceto Tattoo que se preocupava demais com Destruídor. Mas, antes que eles pudessem falar algo e comemorar, um enorme frio tomou conta de todos. Existia o frio daqueles dias de inverno que todos costumavam gostar, assim como existia o frio de locais inabitáveis como os pólos do planeta, mas nada se comparava aquele frio que sentiam naquele instante... o frio parecia vir de dentro para fora. Era o frio que representava o fim de todas as coisas, o fim da vida.

E com o frio, veio escuridão.

Davi era o único que ainda podia enxergar algo. Quando a escuridão saiu da testa da criatura e saiu engolindo tudo, ele pode observar que algumas almas rodeavam e assistiam a luta. Uma delas era a alma atormentada de Luxúria, que ainda não entendia o que estava acontecendo. A outra era a alma enraivecida de Destruidor, que acabara de morrer, mas se tornara um espírito cheio de ódio. E a terceira mais próxima pertencia a uma garota morena, muito bonita e de sorriso maravilhoso. Ela estava abaixada acariciando o rosto de Radesh, com um enorme carinho e amor.


Amuleto:
Eu estava preocupada, sabe Rad? Eu morri e achei que ninguém iria cuidar de você. Mas, você tem a eles, não tem? Eles são bons amigos e vão proteger você quando o pior vir. Então eu posso seguir tranqüila.

Alice brilhou emanando uma luz dourada. Essa luz se espalhou sobre todos ali presentes, afastando o frio e logo em seguida retirando a escuridão do lugar. Quando todos recobraram a visão, puderam enxergar que o monstro se levantara e os seus ferimentos passavam por um processo assustador – eles liberavam vários vermes que se enroscavam e se reproduziam, regenerando as feridas causadas ao seu corpo – ainda que ele continuasse muito debilitado. Em sua testa um terceiro olho estava aberto, ainda emanando uma pequena energia negra.


Ele:
Vocês são poderosos, o que só me deixa ainda mais feliz. Vou comer seus cérebros e absorver os seus poderes para mim. Devorando tantos eu poderei facilmente descansar por meio século.

Sorriu enquanto falava, fazendo com que sua voz infernal assustasse a todos. Com um rápido movimento o seu tentáculo, agora livre das sombras de Umbra, avançou e invadiu a boca de Destruidor que se encontrava morto – indo até o cérebro do garoto. Logo começou a sugar, como um verme que devora um cadáver.

A outra mão, a mão da magia de sangue, se acendeu novamente e Centelha sentiu a dor em seu corpo, ficou paralisada e em seguida foi puxada para baixo com uma velocidade assustadora. Pouco antes de tocar o chão, ela pode ver que o monstro tossiu um sangue preto e cheio de vermes. Sua magia de sangue falhou. E Centelha pode se tornar fumaça, se salvando da morte certa. Em seguida retornou a forma humana, ainda assustada por ter passado tão perto da morte.

Estática encontrava-se em choque, ela não esperava que fosse matar outra pessoa que não a criatura. Estava pronta para carregar o fardo de ter matado um vilão e estava pronta para morrer naquele combate, lutando por seus companheiros. Só que, ela jamais esperaria que fosse matar outra pessoa. Esse fardo talvez fosse pesado demais para carregar.

O tempo em que passou observando a criatura com seus poderes, fez com que Espectro começasse a ser atacado por uma força invisível, como se algo tentasse corrompê-lo. Já havia conseguido uma informação preciosa e por isso decidiu retornar e desligar seus poderes de percepção por um instante, poupando-se do pior.

Umbra, Tattoo, Arsenal e Sísmico encaravam tudo aquilo estarrecidos. O medo era algo forte dentro deles, como uma garra de monstro que arranhava o fundo de seus estômagos. Cada momento que passava a morte parecia mais certa e isso era impactante.

E assim começaria mais uma rodada de combate entre a criatura e os heróis. Ele, a coisa, sugava o cérebro de Destruidor e se preparava para absorver um novo poder. Mas, estava muito debilitado para atacar de imediato, dando uma chance de reação aos heróis - talvez a última de suas vidas.

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DIÁRIO DE NOVA CAPITAL:

Devon H.
Devon H.
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03/08/18, 02:49 pm
Alguns anos atrás.

"Eu era tão boba."

O que que a gente vai fazer hoje, Fael? - Fernanda andava ao lado de um rapaz moreno, de boné e fortinho, por uma viela, de mãos dadas. O celular em suas mãos tocava funk alto. - Eu quero sair pra algum lugar. Vamo prum baaar...! Quero beber, dançar, ficar louca, destruir o lugar hahahaha.

- Não, hoje a gente tem uma parada especial. Você vai adorar. - O rapaz responde, abrindo um sorriso de canto de boca enquanto continua a andar.

"Tão fora de toque com a realidade."

Fernanda para momentaneamente e rouba o boné do rapaz, colocando-o virado pra trás na cabeça. Rafael se vira, e em um movimento rápido, ele agarra a jovem pelo pescoço, a fazendo tossir brevemente. Ele a puxa pra perto, ficando cara-a-cara.

- Eu já te falei pra parar de fazer isso. - Ele diz, a encarando no olho por alguns segundos.

- ...M-Me obrigue... - Ela fala com dificuldade, então sorrindo.

O rapaz sorri logo em seguida, e ele a solta, passando a agarrá-la então pela cintura. Os dois se beiham intensamente, o rapaz então agarrando a bunda da moça. Ele diz algumas coisas no ouvido dela.

- Paara, Fael, aqui não...- Ela diz rindo, dando um tapa leve no braço dele, o segurando mais forte.

"Nos sentíamos como deuses. Como se fôssemos donos do mundo. Como se tudo aquilo fosse durar pra sempre."

Eles eventualmente chegam até uma casa no meio de um dos morros do Cabrião, numa casa ainda no processo de ser rebocada. O amigo deles, Jader, puxa o portão e eles adentram. Fernanda ouve um barulho de algo batendo algo enquanto os dois se cumprimentam, e eles logo se dirigem para a parte de trás da casa.

- Já tá rolando já, Fael. Os caras num quiseram esperar não. - Jader diz, e Fael só concorda com a cabeça.

Ao chegar ao terreno, Fernanda vê a gangue deles toda reunida; no centro, um membro da própria gangue estava agachado no chão, amarrado, quase nu, e completamente ensaguentado. Ele cospia sangue e gemia baixo, como se não quisesse abrir a boca para soltar sua dor. Ao lado dele, outro membro do grupo estava com um pedaço de pau com pregos, ensanguentado. Fernanda congela, e seu estômago afunda.

- Fael?... O que que o Lucas...

- Isso era o que eu tava te falando, amor. A nossa ocasião especial. - Ele diz, inabalado. - Adivinha quem é que tava 'xis-novando' a gente pro Comando da Baixa? Pegaram o Lucas no pulão.

- Ele falou que pegaram a mãe dele, Fael. - Um dos rapazes, sentado, diz.

- E eu lá tô ligando pra sua mãe, filha da puta. - Fael vai chuta a cabeça do rapaz. Os rapazes riem e se cumprimentam, enquanto Fernanda continuava parada onde estava, sem mover um dedo. - Agora sai dai caraio, que é a minha vez.

"Eles torturaram o Lucas por mais 2 horas, até ele morrer. Ele não faleceu dos ferimentos, foi a fumaça de Fael que o forçaram a engolir que eventualmente fez ele convulsionar e ter uma parada respiratória. Eu vi tudo, de perto. Eu vi alguém morrer, Agnes, e não fiz nada. Foi ali que eu acordei pra vida. Eu não estou falando que sou inocente, pois não sou; é por isso que você precisa me levar pra polícia."

__________________________________


A vida de herói e tudo que isso envolvia não incomodava Fernanda. Ela não se preocupava em morrer em missão, desde que estivesse fazendo o certo. Mas nunca mais ela esperava ver alguém morto por sua causa.

No meio daquela galeria de esgoto, ela observava o corpo inerte de Destruidor, ainda incrédula de que ele poderia estar morto por sua causa. Ela perde a noção momentaneamente de onde estava, olhando para suas mãos, cobertas pelas luvas do uniforme. Quando ela olha novamente para o rapaz caído, ela nota o tentáculo profano adentrando a boca do rapaz, tentando chegar até o seu cerébro.

- ... NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!! - Ela solta um grito agudo, sua voz trêmula no final.

Ela imediatamente se teleporta pra perto do rapaz, agarrando o tentáculo com as próprias mãos e o puxando como se fosse um verme se debatendo em sua mãos. Estática o aperta com todas as suas forças, arcos de eletricidade voltando a pular e pipocar do seu corpo.

- SAI DE PERTO DELE!! SAI, SAIII!!!

Seu foco estava todo em puxar e eletrocutar o tentáculo com tudo que podia, não só para afastá-lo do rapaz falecido mas para fritar aquele coisa até que não sobrasse mais nada.
Chip
Chip

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03/08/18, 03:25 pm
Assim que Davi abriu o olho, uma lágrima desceu de seu olho direito. A visão do espírito de Amuleto salvando o grupo daquela escuridão trouxe para si uma felicidade gigante, sem contar com a renovação de suas esperanças. Era um sentimento tão forte que suprimia a tristeza pelos espíritos atormentados, o medo da criatura demoníaca e até mesmo seu medo de fracassar. Davi só não sabia se ao final de tudo aquilo ele deveria contar o feito para Radesh, pois entendia muito bem a dor de perder alguém tão querido.

Motivado pelo sentimento bom que acabara de presenciar, o garoto começava a elaborar um plano em sua mente, até que teve uma ideia. Aproveitando a breve debilitação daquele ser, Davi se pôs em posição de ataque. Olhou Rad deitado no chão. - Vamos acabar com isso agora, meu amigo! - Disse em voz baixa.

- Pessoal, eu acho que sei o que devemos fazer! - Disse pelos comunicadores. - Esse tentáculo não é só por onde ele se alimenta, mas parece ser também a fonte do poder dele, temos que cortar fora antes de tudo! - Hesitou antes de continuar a falar. - Mas acho que só isso não basta. Se não for suficiente, vamos ter que cortar a cabeça dele. - Finalizou, mais sério do que antes, olhando para Arsenal, praticamente delegando essa função ao líder. - Temos todos que imobilizá-lo, distraí-lo, segurá-lo até Arsenal dar conta disso.

Davi estava determinado em suas palavras, e como parte do seu plano, a ideia que antes havia pensado ressurgia em sua mente.

- Pedro, lembra do nosso treinamento? Vamos colocá-lo em prática! - Olhou para Sísmico, com um leve sorriso no rosto.

A estratégia consistia em Sísmico criar um Golem de Pedra¹, que posteriormente Davi poderia possuir ao se transformar em sua forma Espectral. Assim que o geocinético concluísse a parte do plano, Davi iria se transformar, e avançar para possuir a criatura de pedra, para então, conjuntamente com Sísmico, controlá-la e atacar "Ele" para distraí-lo enquanto o resto do grupo agia em conjunto.

¹(Para mais informações, ver DIA DE TREINAMENTO)
Babalu
Babalu

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03/08/18, 08:36 pm
A sensação de terror continuava dentro de Arsenal, mas não parecia mais tão intensa quanto antes, algo sem explicação havia acontecido para diminuir a sensação, combinado com o aparente enfraquecimento do monstro, este que, apesar de parecer fraco, não parecia nada disposto a desistir da luta.

“Merda, ele tá usando aquele tentáculo pra sugar cérebro do cara, se isso demorar mais tempo, logo vai ser um de nós ali” Arsenal começava a pensar nas possibilidades, talvez a melhor delas fosse, tentar segurar o monstro para que os outros possam bater em retirada talvez fosse a melhor opção, até que Espectro fala no comunicador, de alguma forma ele sabia os pontos fracos do monstro, isso trazia uma ultima esperança para todos ali.

- Temos todos que imobilizá-lo, distrai-lo, segurá-lo até Arsenal dar conta disso. - A mensagem foi bem clara e Arsenal já sabia o que devia fazer.

Estática em contrapartida parecia fora de controle, no momento de se ataque contra o monstro, acidentalmente matou Destruidor, que servia de alimento para o monstro.

- SAI DE PERTO DELE!! SAI, SAIII!!!

-NÃO FAZ ISSO FERNANDA!- A garota não tinha ouvidos para o rapaz, então ele vê centelha se recuperando e grita para ela – AGNES! AJUDA A FERNANDA!- Arsenal sabe que amizade das duas é bem forte, uma poderia dar suporte para outra.

O rapaz se prepara para derrotar o monstro de uma vez por todas junto com seus companheiros, em suas mãos, surge uma motosserra feita de sua energia azulada, ele puxa a corda de partida uma vez, mas ela não liga, então ele da uma segunda puxada mais forte, que além de liga-la, aumenta o tamanho de sua serra, a deixando com mais de um metro, encostando no chão e quebrando pedaços do chão com seu movimento, assim que ver a oportunidade, partirá para cima do monstro, focado em atingir seu tentáculo e sua cabeça.
Vulto
Vulto

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03/08/18, 09:46 pm
Me encontrava ajoelhada no meio daquela água imunda, aterrorizada: havia flertado com a morte e sobrevivido. Com o coração disparado e o peito dolorido, olhava vidrada para o chão, tentando manter a calma. O som ao meu redor estava abafado e distante, e minha visão turva por lágrimas e sujeira – Num movimento desajeitado e com as mãos trêmulas, arranco o visor sujo do rosto.

Em minha mente, tumulto. Um milhão de pensamentos se atropelavam em meio ao total vazio: Memórias de um abraço apertado do papai; de uma troca de confidencias com Helô; de uma madrugada animada com os amigos na GreenPiece; de uma parede esburaca e fogo em minhas mãos; do inicio conturbado da amizade com Fernanda; do meu primeiro dia no Instituto; de uma lembrança esquecida da mamãe; do incidente durante minha segunda missão; dos meus amigos do Força Heroica; de um intenso brilho rompendo a escuridão – Abruptamente, sou trazida de volta por uma voz em meu ouvido. Incomoda e ainda bastante desnorteada, removo bruscamente o comunicador. Ele cai, sumindo na água. Tento me levantar, recobrando meus sentidos aos poucos – Ouço Fernanda investindo enraivecida contra a criatura, enquanto um golem de pedra se formava do chão e luzes azuis iluminavam o interior do esgoto.

Ainda anestesiada, fito o monstro, me lembrando de toda a dor que havia causado. Mantendo meu olhar sobre ele e seu grotesco olho mágico, retiro os pinos das granadas remanescentes, sem removê-las do cinto. Rodeada, absorvo o turbilhão de material ardente, sentindo a energia instável se sobrecarregar dentro de mim – Adrenalina e brasa fluem pelo meu sangue, esquentando meu corpo e incendiando meus braços. Deixo-me ser tomada pela raiva, como nunca antes – Era hora de cauterizar aquele puto.

Emanando chamas e fumaça, começo a caminhar em meio àquela confusão, acelerando em direção ao adversário distraído. Alternando entre cinzas e sólido, me movo rapidamente, flanqueando o demônio e alcançando sua retaguarda. Avanço do solo com um dash fumegante e me prendo à suas costas, levando minhas mãos até seu rosto, na tentativa de queimar seu terceiro olho, descarregando a energia acumulada através do toque.


Última edição por Centelha em 04/08/18, 12:20 am, editado 4 vez(es)
Sopro
Sopro

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03/08/18, 11:57 pm
Pedro não perdeu um detalhe do combate. Ele viu que seus ataques não surtiram efeito, a criatura era forte e pesada e mesmo os ataques combinados não pareciam feri-la de forma crítica. Tudo isso seria desesperador, mas não mais do que o acidente envolvendo Estática e Destruidor.

“Não... não pode ser! Fernanda...”, pensava o rapaz, ainda atônito com a cena em frente. Mas não havia tempo nem sequer para esse luxo; Fernanda perdeu totalmente o controle emocional. – NÃO! VOCÊ VAI SE MATAR ASSIM! – Gritou, enquanto tentava criar uma barreira de pedra para impedi-la de chegar até o monstro, mas ela era rápida demais. Felizmente, Arsenal intercedeu pela ajuda de Agnes, que parece ter respondido ao chamado.

- Você, Tattoo, não é? Vou falar uma vez só: Aquela lâmina e aquela mão que brilha, você vai imobilizá-las como se a sua vida dependesse disso, entendeu? Porque eu juro, se aquela garota se ferir por sua causa, eu quebro sua espinha. – Pedro estava diferente, parecia que quanto mais medo e pressão ele sentia, mais determinado, e até violento, ele ficava, Porém não podia dizer o mesmo sobre Umbra...

- Miguel, olha para mim. – Ele disse, segurando o companheiro pelos braços. – Eu não sei o que você tem, mas eu juro que vamos todos voltar bem para a casa. Só que para isso, nós precisamos de você, especialmente Fernanda. E aí, o que me diz de acabar com ele de uma vez por todas? – Ele esperava uma resposta positiva do amigo, seu olhar era intenso, como nunca nenhum companheiro havia visto.

No entanto, não havia tempo de esperar a resposta de Umbra, pois Espectro havia lhe proposto um plano. – Sim Davi, mas não vai ser um golem desta vez. Para derrotar esse monstro... – Sísmico formou uma base forte com os pés, enquanto cruzava os braços e cerrava os punhos, flexionando seus músculos ao limite. – Vamos precisar de um outro monstro.

Dessa forma, Pedro esperava que suas palavras e sua linguagem corporal retirassem Umbra da crise de pânico que claramente sofria com as cenas sucessivas. Além disso, tudo que vinha à mente de Sísmico era o monstro azul que enfrentaram na primeira missão, então tentaria recriá-lo com as mesmas proporções em pedra e daria o sinal para Espectro animar o construto. Era uma manobra complicada, pois os dois teriam de “pilotar” a criatura juntos, mas acreditava que o treinamento árduo fosse fazer efeito e assim finalizar o combate.
Prisma
Prisma

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03/08/18, 11:59 pm
- BLEEERRRRHGHHH - vomitei incontrolavelmente. Nao por nojo, nem pelo cheiro, apesar de ser horrivel, mas por toda aquela cena e sucessao de acontecimentos. O corpo de Luxuria, agora carbonizado devido ao ataque eletrico de Estatica, e agora o de Destruidor, sem vida, que ainda soltava fumaca.

- Essas coisas nao eram pra acontecer, nao assim. Nao com a gente. O que ta acontecendo? O que ta acontecendo? - me perguntava, claramente tendo uma crise.

Eu sentia um frio e um vazio como nunca antes. Tremia e suava frio. Eu nao conseguia me mover, e tudo parecia acontecer em camera lenta. As lagrimas caiam sem aviso.

- Miguel, olha para mim! – disse Sismico, me agarrando pelo braco – Eu não sei o que você tem, mas eu juro que vamos todos voltar bem para a casa. Só que para isso, nós precisamos de você, especialmente a Fernanda. O que me diz de acabar com ele de uma vez por todas? – Ele sentia que ele me encarava de um jeito intenso, mas eu nao conseguia corresponder a positividade dele e nem mesmo encara-lo.

- Me desculpa, Pedro, mas eu nao consigo... - respondi, ainda com o olhar vazio e distante, enquanto ia ao chao de joelhos, incapaz de agir

Paradoxo
Paradoxo

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08/08/18, 04:30 pm
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DIÁRIO DE FREDERICO COLLEN:

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O corpo de Destruidor tinha espasmos enquanto seu cérebro era sugado através do tentáculo do monstro, apesar de não possuir mais vida, a imagem era aterrorizante. O cheiro de queimado se misturava ao fedor de podridão, irritando os olhos e narizes de todos ali. Na frente do demônio encontrava-se Estática, completamente abalada por aquela situação – o choque a havia deixado apática e perdida em pensamentos, como se não acreditasse no que estava acontecendo ali.

E Estática não era a única a se encontrar em situação de choque e desespero. De alguma forma todos se abalavam com o ocorrido, apesar de serem heróis e estarem acostumados com situações difíceis e até mortes, jamais haviam enfrentado uma situação em que estivessem presos em um filme de terror ou algo muito pior que isso. Outra pessoa que enfrentava um momento de choque extremo era Centelha, que de joelhos e com a mascara caindo na água podre, se sentia sobrecarregada por diversos pensamentos e lembranças.

Mas, ninguém estava pior do que Umbra. Tudo aquilo era demais para ele, ele sentiu o desespero tomar conta de seu corpo e lhe machucar profundamente, ainda que não tivesse sido atingido de verdade pela criatura – as ações do demônio eram o suficiente para jogá-lo no abismo de desespero. Seu corpo reagiu, expelindo a alimentação que havia feito mais cedo toda de uma vez só, ele caiu de joelhos e vomitou.

A partir daí, foram uma sucessão de acontecimentos rápida demais para se prever. Enquanto Espectro, talvez o que estivesse em melhores condições ali, traçava um plano e tentava solicitar a ajuda de seus companheiros, eles assistiram a reação descontrolada de Estática.


Estática:
- ... NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!
O grito agudo da garota chamou a atenção d’Ele, que virou seus três olhos na direção da garota, rápido o suficiente para vê-la atravessar o ar em forma elétrica e ressurgir rapidamente em sua frente – agarrando seu tentáculo com as mãos sobrecarregadas de eletricidade. Os olhos da criatura se abriram com espanto e ele logo sentiu a dor percorrer-lhe o corpo, soltando um gemido gutural.


Estática:
- SAI DE PERTO DELE!! SAI, SAIII!!!
Sísmico:
- NÃO! VOCÊ VAI SE MATAR ASSIM!
Arsenal:
- NÃO FAZ ISSO FERNANDA! AGNES! AJUDA A FERNANDA!
Em seguida, foi a vez de Centelha. Liberando os pinos das granadas e carregando-se com o poder delas, a heroína se tornou uma tempestade de chamas e fumaça, avançando rapidamente contra o demônio. Para um desavisado ela parecia atender ao chamado de Arsenal, o líder da equipe, mas pouco antes daquilo, ela havia abandonado o seu comunicador e decidido agir por conta própria. Sua movimentação era algo fantástico ali dentro daquele esgoto, chamando a atenção de todos. Antes que o demônio pudesse sequer reagir contra Estática, Centelha já se encontrava nas costas dele e ele podia sentir as chamas queimar-lhe as costas com intensidade. Logo em seguida, as mãos da garota se fecharam sobre o seu terceiro olho.  

Dor. Dor era sua eterna companheira. A dor da luz do sol queimando-lhe as retinas e machucando a pele. A dor da fome, que era tão presente que já fazia parte dele e o impedia até de dormir. Ele se perguntava a quanto tempo não sentia dor naquela intensidade, uma dor causada por inimigos de verdade. Gritou, o que era uma espécie de demonstração de dor, mas também de euforia. E moveu-se rapidamente.


Ele:
- JÁ CHEGA!
O tentáculo era nojento e úmido, parecendo uma espécie de verme, mas era quente e poderoso, Estática podia sentir enquanto o atacava com tudo que tinha. De certa forma o tentáculo reagia, suas mãos ficavam dormentes e começavam a queimar enquanto ela descarregava eletricidade e tentava arrancá-lo da boca da criatura. Não viu, pois a lâmina se moveu com velocidade, mas logo o tentáculo estava em suas mãos, cortado da mão da criatura por ela mesma, num ato de preservação e desespero. Do tentáculo um sangue negro escorria e queimava tudo que tocava, como um poderoso ácido.

Centelha se segurava enquanto produzia ao máximo as suas chamas, sentia que havia atingido profundamente o olho da criatura e por isso não pretendia desistir. Acreditava que estava fazendo o certo para ajudar os amigos. Mas, a criatura era realmente poderosa e ela sentiu isso na própria carne – quando cinco unhas negras entraram em sua costela e atingiram-na em cheio.


Espectro:
- Temos todos que imobilizá-lo, distraí-lo, segurá-lo até Arsenal dar conta disso. Pedro, lembra do nosso treinamento? Vamos colocá-lo em prática!
Sísmico:
- Sim Davi, mas não vai ser um golem desta vez. Para derrotar esse monstro... Vamos precisar de um outro monstro.
Davi parecia ter afetado Pedro com sua onda de positividade, absorvida de Alice. Outro que parecia motivado era Jonas, o Tattoo, que havia escutado algumas palavras quase ameaçadoras de Pedro e se preparado para agir com vontade. Porém, algo interrompia os planos deles dois. Enquanto Sísmico começava a fazer a sua criatura demoníaca de pedras e Tattoo preparava a sua tinta para agir, Miguel se entregava ao medo.


Umbra:
- Me desculpa, Pedro, mas eu não consigo...
Enquanto eles dois tentavam entender o que acontecia com Umbra, o monstro enfiou as unhas nas costelas de Agnes e a jogou contra Fernanda, fazendo as duas caírem longe e serem afetadas pelos poderes uma da outra. Fernanda se queimou com os poderes de Agnes, principalmente nos braços que colocou para tentar segurar a amiga, enquanto Centelha tomou um poderoso choque vindo dos poderes de Estática. As duas caíram desacordadas, sem reação.

Foi a vez do monstro agir. Ele viu a criatura de pedra se formar, vindo de pedaços de pedra da parede e do chão, sendo misturada pelos poderes de um de seus inimigos, mas ignorou aquilo. Como bom predador que era, viu uma vítima disponível e avançou contra Miguel – sentindo a sua fraqueza no ar.


Ele:
- Eu vou matar cada um de vocês!
Sua velocidade era absurda, mas de alguma forma Estática e Centelha haviam conseguido inutilizar o seu olho e a sua capacidade de absorver cérebros. Ele atravessou o esgoto praticamente voando, usando as asas atrofiadas que havia criado com a absorção parcial de Destruidor para planar no ultimo instante, passando sobre a cabeça de Espectro e Arsenal que haviam se colocado entre ele e Umbra.

A garra da criatura atravessou o ar com velocidade e se pouco antes de arrancar a cabeça de Miguel, foi engolida por uma substância negra e poderosa – era Tattoo, dando o máximo de si. Miguel olhou para ele, sem entender o porque daquela atitude, não imaginava porque o jovem se importaria.


Tattoo:
– Eu não ia deixar ele estragar esse seu rostinho bonito, na moral.
Jonas sorriu e usou a tinta para tentar imobilizar por completo os braços da criatura – abrindo a oportunidade para Arsenal, Espectro e Sísmico atacarem. A criatura de pedra estava pronta, Espectro começou o processo de possessão, enquanto Arsenal avançou usando a sua gigantesca motosserra para atacar o monstro – mirando a sua cabeça.  

A motosserra acertou a espada do monstro no ar, fazendo com que faíscas voassem, tanto da energia azulada usada por Carlos quanto do mineral que fazia parte daqueles braços da criatura. O pedaço de tentáculo que havia sobrado se balançou, jogando o sangue corrosivo contra Arsenal, que gritou de dor ao sentir aquilo tocar a sua pele.

Esse momento de hesitação do jovem foi o suficiente para Ele retornar ao seu alvo anterior, Miguel. Virando-se com um movimento rápido e poderoso, Ele cortou o ar com a espada e tentou assassinar o garoto. O corte arrancou um braço e acertou o tórax, arrancando um intenso grito de dor da vítima daquele ataque.


Tattoo:
- AHHHHHHHHH… DROGA! MERDA! DESGRAÇA!
Tattoo gritava com ódio. Havia usado seus poderes para criar um escudo com toda a tinta que possuía e se posicionado entre o ataque da criatura e Miguel. Mas, dessa vez não havia sido o suficiente. O ataque não só arrancara o seu braço, como também atravessara boa parte do seu corpo. A dor era insuportável e xingar era tudo que ele conseguia fazer. Mas, de repente, a dor começava a diminuir e se esvair, ele estava sendo tomado por uma tranqüilidade muito estranha, de quem não deveria estar morrendo.


Garuda:
- Eu posso te trazer um pouco de paz nesse último momento, mas infelizmente isso é tudo que posso fazer.
Radesh havia acordado, mas ainda estava abalado com tudo que acontecia. Seu corpo ainda reagia aos hormônios de Luxúria, sua mente estava um caos e sua cabeça parecia prestes a explodir. Mas, arrancou para si toda a dor e desespero de Jonas, sabia que o antigo amigo iria morrer e não quis deixá-lo morrer em desespero.


Tattoo:
- Eu gostaria de ter conhecido você melhor, acho que sombra e tinta seriam uma boa combinação. Quem sabe na próxima vida.  
Tattoo morreu sorrindo e olhando para Umbra, caindo na sua frente. Quando Ele arrancou a espada do corpo e tentou atacar Umbra novamente, Garuda já se preparava para usar seus poderes e proteger o amigo, mas não foi necessário. Um soco acertou Ele e o jogou contra a parede, fazendo-o fincar-se ali. A mão que havia acertado esse soco era de pedra, gigantesca e guiada por dois amigos. E eles não dariam trégua.

Outros socos vieram em seguida, afundando ainda mais Ele na parede de pedras. Espectro podia sentir os ossos da criatura quebrando sobre os seus golpes, apesar de tudo aquilo ser muito desgastante para ele. Sísmico se ajoelhou ao fundo, suando muito e respirando intensamente. Estava dando o máximo de si, em uma mistura de dedicação e fúria insensata. O mesmo podia-se dizer de Espectro, ele também estava exausto.

Quando os golpes começaram a fraquejar e o monstro parecia completamente morto, Espectro deixou-se descer do golem e se materializou novamente. O golem se desmanchou, pois Sísmico também não tinha mais qualquer força para mantê-lo inteiro.


Arsenal:
- Acabou? A gente matou esse merda?
Arsenal ainda estava com sua poderosa arma materializada, ela havia diminuído de tamanho, pois ele usara sua energia para retirar o sangue de seu corpo, mas ainda brilhava intensamente e estava pronta para matar a criatura se fosse preciso.


Garuda:
- Não sinto a mente dele e nem aquela presença sinistra que ele causava.
Garuda havia se levantado, estava melhorando. Nesse momento dedicava sua telepatia para tentar cuidar dos companheiros, acalmar Umbra, dar alguma disposição para Espectro e Sísmico, e acordar Estática e Centelha com seu poder.


Espectro:
- Preciso verificar.
Quando Espectro, já muito cansado, entrou em transe mais uma vez, ele não sentiu a presença maligna da criatura como antes, mas sentiu algo diferente, um pequeno ponto de escuridão, bem lá no fundo do buraco, como se ele estivesse preso por um fio nessa vida. Antes que pudesse falar algo para os companheiros, eles foram todos cegados pelo clarão vermelho vindo da cratera. Já esperaram que a dor os consumisse – como nas outras vezes que Ele havia usado a magia de sangue – só que dessa vez a criatura havia usado o poder sobre ele mesmo, sobre seu corpo destruído.

Sendo projetado para fora do buraco, com a garra para frente, ele encontrou Espectro no caminho. Garuda tentou usar seus poderes para tirar o amigo da trajetória dele, mas não tinha a velocidade necessária para aquilo e ainda estava atordoado demais para agir. Do buraco e das costas da criatura uma fumaça verme vazava, se espalhando por todo o ambiente.

Espectro conseguiu desviar a sua cabeça um pouco para o lado – o suficiente para não ter a cabeça arrancada. A dor foi insuportável.  

---

Instituto Victoria Cardoso, 9h45:

Davi abriu o único olho que lhe restou. A dor de alguma forma era só um pequeno ponto distante no fundo da sua mente, acreditou que provavelmente estaria fortemente sedado. Apesar disso, podia sentir perfeitamente as duas cicatrizes em seu rosto, elas queimavam. Tentou lembrar-se do ocorrido antes de apagar.

Lembrou-se de desviar da criatura por muito pouco e sentir a dor insuportável de ter a carne rasgada por dois dos dedos do monstro. Ele perdera parte da bochecha e um dos olhos, logo em seguida caiu no chão, sendo amparado por Garuda. A criatura iria fugir, mas Arsenal não deixou, usando sua serra de forma brutal para eliminar o monstro de uma vez por todas, dividindo-o no meio e jogando suas entranhas para todos os lados. O sangue tóxico só não queimou todos, porque em ultimo momento Umbra usou as suas sombras para protegê-los. Estática e Centelha – recém acordadas – haviam dado conta de queimar todos os restos mortais do monstro. Sísmico enterrou a cinza restante sobre muitos e muitos metros de pedra pesada. A dor se tornara pior naquele momento, era muito ruim sentir aquilo. A última coisa que se lembra foi das várias sirenes chegando rapidamente e Hacker aparecendo para dizer que o socorro estava vindo.

Respirou fundo e olhou o quarto ao seu redor, procurando saber se os outros amigos que se feriram também estavam ali, não os encontrou, só encontrou Radesh meditando ao seu lado. Entendeu então o que estava acontecendo – seu amigo estivera ali o tempo todo, absorvendo a sua dor com seus poderes. Ele mesmo não havia se recuperado completamente de seus machucados.


Espectro:
- Você ficou aqui o tempo todo, Rad? Quanto tempo? Isso que é amigo.

Garuda:
- Deu tudo errado, Davi, não é hora para brincadeiras. Você se machucou feio. Nos últimos dez dias foram várias as vezes que eu achei que você não iria sobreviver. Miguel saiu de lá com o emocional ainda mais abalado do que o normal. Nem sei o que falar da Fernanda, Agnes e Pedro. E eu perdi todos meus amigos, todos.  

Centelha:
- Todos? E a gente, Rad?  
Agnes entrou no quarto pegando a conversa no meio. Ela também havia se machucado no combate, mas foi uma das pessoas que menos se abalara ali – ao menos era o que aparentava. Sentia que precisava ser forte ao ver todos os seus amigos abalados pelo acontecido, agarrava sua ágata de fogo com força enquanto falava.  


Garuda:
- Vocês nem me conhecem direito, Agnes. Vocês não sabem tudo que já fiz e passei.  
Espectro:
Então conta para a gente, cara. Só não deixa essa merda te consumir, não é o que a Alice iria querer. Ela só partiu em paz porque acreditou que nós cuidaríamos de você.
Ouvir aquilo vindo de Davi abalou Garuda. Ele não esperava que o colega tivesse tido qualquer contato com Alice. Ao mesmo tempo que aquilo era reconfortante, causava dor. Pois Radesh tinha medo de perder esses amigos e de causar mais problemas a eles.


Garuda:
- Muitas pessoas morreram por minha causa, meus pais, meu irmão e agora meus amigos... eu não pude protegê-los.
Centelha:
- Eu sei quanto isso é dificil, Rad. Sei bem. E queria poder tomar essa sua dor para mim, mas não posso. É nosso karma... agora você precisa trabalhar no presente e construir um futuro. Ou alguma coisa assim. É algo que você diria para mim nessa situação. Todos precisamos da ajuda um dos outros. Então acende os incensos e dá um jeito de voltar a ser o Radesh que a gente precisa. Que SEUS AMIGOS precisam. Tô indo lá ver a Fê e não quero mais ouvir essas bostas vindas de você,
Ela saiu fechando a porta, lágrimas desciam por seus olhos e o silenciou tomou conta do local. Radesh olhava para Davi, ainda muito sentido por tudo que aconteceu. Decidiu que iria dividir a verdade sobre a sua vida com aquele amigo, alguém precisava saber. E se Davi aceitasse sua amizade e sua presença na equipe da mesma forma, ele permaneceria.


Garuda:
- Minha primeira memória na vida é...
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