Contos esquecidos do FHverso
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Contos esquecidos do FHverso
13/05/14, 09:28 pm
- Nota:
- Essas histórias são uma homenagem feita por mim aos finados RPGs FHverso/FHverso X, não tendo nenhuma ligação direta com os mesmos ou com o universo do Força Heroica, apesar de alguns personagens que aqui aparecerem tenham aparecido neste último.
Legionários, A Origem:
- Capítulo 1 - Blackout:
- O homem caminha acompanhado de dois soldados. Terno, sapatos, chapéu e sobretudo o vestem de forma elegante, embora o rapaz esteja um pouco nervoso, deixando até uma de suas moedas caírem no chão. Uma moeda de 1 centavo, para falar a verdade, mas quem, hoje em dia, anda com uma moeda de 1 centavo na carteira? Os soldados, e até mesmo o rapaz, não se preocuparam em pegar a pequena peça de metal reluzente, deixando-a em destaque no chão branco. Por onde os três passavam, haviam celas que pareciam solitárias. Nada de barras de ferro, mas sim grandes portões de metal, com uma pequena abertura à altura da cabeça, por onde os soldados de guarda poderiam ver os detentos.
Finalmente os três chegam ao local desejado: A cela do prisioneiro 459, Walter Olivares, mais conhecido como Porco-Espinho. A história de vilania deste sujeito foi tão curta como a vida de uma mosca, porém, sua vida de presidiário seria mais longa do que poderia imaginar.
- Quando eu sair eu vou pegar quem me colocou aqui. Vou matar ele, vou esquartejar ele e depois vou comer ele... – Resmungava sem parar, balançando-se como uma criança, em posição fetal, em cima de sua cama.
- Hey, Olivares! Você tem visita, seu irmão está aqui... – Diz o policial, batendo forte na grande porta de ferro, chamando a atenção do totalmente dopado Walter.
Os soldados abrem a porta, deixando que o rapaz entre, ficando de guarda para que nada aconteça com ele.
- Tome cuidado... Tem dias que ele acorda meio virado, aí é uma merda pra fazer essa peste dormir. – Diz o outro soldado, se colocando à direita da porta.
- Podem deixar, eu sei como fazer ele ficar calmo. – O homem sorri, retirando seu chapéu, mostrando sua lisa cabeleira castanha.
Este se aproxima do detento, cochichando em seu ouvido:
- Olá Walter, por acaso quer saber como sair daqui? Por acaso quer saber como acabar com quem o colocou aqui? A aranha pode ser forte, mas o porco-espinho é mais violento.
Walter arregala os olhos, abrindo um sorriso bem devagar, mas que preenchia completamente seu rosto. Ele vira-se para o homem que cochichava em sua orelha. Neste momento, toda sua alegria se tornou confusão. Ele pensara que seu irmão estava ali, mas aquele homem não parecia em nada com seu irmão. Walter se afasta, assustado. Talvez as drogas que o tivessem aplicado estavam fazendo efeito acima do esperado. O homem começa a respirar de forma mais rápida e ofegante, encostando na parede, parecendo querer derrubá-la, para sair dali, e aos berros ele pergunta:
- Quem é você!? O que fez com meu irmão!? Eu não te conheço, vá embora!
Os soldados ficam assustados, correndo em direção ao visitante que, com um sorriso macabro em seu rosto, derruba os dois com alguns meros golpes.
- Eu sou sua libertação, seu imbecil. – Diz, levantando a manga de seu sobretudo até metade do antebraço, mostrando um bracelete que, estranhamente, não havia passado no detector de metais. – Mas acho que, quando se quer alguma coisa, melhor deixar para um Especialista.
O visitante mexe em alguns botões do bracelete, apertando o grande botão do meio. Em outro canto da grande prisão denominada Tártaro, a moeda que o rapaz deixara cair começa a emitir um sinal, uma onda, que logo mostra-se um P.E.M., que deixa aquela ala completamente sem energia.
- Adeus, meu ex-novo amigo. Até que a morte o encontre. – Diz, saindo na escuridão do local.
Walter percebe que a coleira inibidora, que o prendia sem deixa-lo usar seus poderes, estava desligada. Uma ótima notícia, se este não tivesse sido dopado até o talo, coisa que não ocorreu a alguns outros detentos do local.
Poucos minutos antes do famigerado blackout ocorrer ao Tártaro, um helicóptero corta os céus, descendo em direção ao heliporto. Dele saem algumas figuras, dentre elas o famoso empresário Bernardo Rodrigues, mais conhecido como Enerjoule, figura bastante conhecida tanto no mundo dos negócios quanto na comunidade heróica. Atrás dele saem mais dois soldados da P.E.G.A.S.U.S., quanto seu líder, o General Afonso Soles.
- Como pode ver Senhor Rodrigues, nossas instalações estão melhores do que nunca. A funcionalidade e a localização da prisão impedem que nossos detentos consigam escapar daqui para a cidade. – Diz o general, com um tom nada amigável. – Não entendo essa cisma do presidente em fazer você avaliar e participar do projeto prisional.
- Meu querido amigo Soles, o presidente só quer ter garantias concretas de que a energia de seus geradores, por mais seguros que possam parecer, não seja insuficiente. – Diz o rapaz, com seu tom zombeteiro habitual.
Os dois caminham por mais alguns metros, até chegarem próximos à porta que da acesso aos níveis inferiores do complexo, uma gigantesca ilha que serve tanto como base para organização paramilitar, como complexo prisional para seres superpoderosos.
- Mas o que eu fiquei mais curioso, nobre general, foi da informação de um prisioneiro que não consta nos registros convencionais. O famigerado “Prisioneiro X”. Será que eu posso vê-lo com meus próprios olhos, Afonso? – Diz o rapaz, soltando um meio sorriso, sem mostrar os dentes.
- Bernardo. – Diz o homem, sem mais o decoro forçado de outrora. – Não existe nenhum prisioneiro x, y, z e nem de nenhuma outra letra de nosso alfabeto.
- Ora, general, todos sabemos q...
De repente, um pequeno tremor. Todas as luzes se apagam por meros dois minutos. Mas dois minutos em uma prisão de alta segurança que depende de seus geradores para ativarem as coleiras inibidoras em seus prisioneiros com poderes descomunais é o suficiente para transformar todo o lugar em um pandemônio.
- O que dizia sobre seu super complexo prisional, general? – Dizia Bernardo, escondido, agachado atrás da meia dúzia de soldados que ali se encontravam. – Rápido, meu traje! – Grita, recebendo uma maleta.
Logo, o jovem e egocêntrico Bernardo Rodrigues se transforma no herói Enerjoule, que não perde seu egocentrismo, mas ganha poder de fogo junto a linha de defesa da P.E.G.A.S.U.S. Logo, os poucos soldados presentes no heliporto são surpreendidos por um exército de super vilões avançando sobre eles.
- Onde estão seus amigos heróis agora, “Joule”. – Pergunta o general, com sua voz carregada e cheia raiva quanto ao que estava ocorrendo em seu território.
Neste momento, quando o militar acabara de terminar seus resmungos, e o batalhão de detentos marchava em suas direções, um feixe de luz derruba alguns poucos inimigos. Um raio verde, cortando os céus passava como uma bala em direção à montanha de vilões e uma chuva de balas e rajadas de energia transformavam-se em linhas perdidas no meio do ar.
- Respondida sua pergunta, general? Meus “amigos” vieram salvar o rabo de vocês.
Os soldados da P.E.G.A.S.U.S. começam a sentir um pouco mais de segurança quanto ao combate, no entanto, mais e mais detentos começam a surgir na área aberta da ilha. Eles se separam, a fim de dispersar, pelo menos um pouco, a concentração militar. Na teoria, ficaria mais fácil dos soldados serem apanhados, já que não possuíam super poderes como os demais.
Bernardo finalmente levanta-se, juntamente do general, que usa seu comunicador:
- Agente Violeta, traga seu esquadrão agora! Estamos em prioridade ômega no Olimpo!
Soles engatilha sua arma, atirando em quem estivesse de macacão laranja. Enerjoule se preocupava com o outro lado, atirando suas rajadas de energia contra os detentos, a fim de atordoa-los. No entanto, toda a ala sul, atingida pela descarga, havia sido solta, causando sérios danos ao complexo.
Os tiros e os feixes de luz continuam a atravessar o campo de batalha, que havia sido tomada pela multidão de prisioneiros. Alguns dos bandidos caíam desacordados, como se fossem pegos por um mal súbito, enquanto outros eram jogados por uma força descomunal contra algumas paredes e até contra o chão. No entanto, não era o suficiente. Os detentos pareciam se multiplicar. Com ou sem poderes, eles conseguiam causar problemas não só aos soldados, mas aos heróis que ali também se encontravam.
- Estou ficando sem balas, “Joule”. – Diz Soles, estampando sua raiva em seu rosto.
- Não se preocupe, general. – Diz Bernardo, soltando um breve sorriso de canto de boca. – O inverno acabou de chegar.
Uma frente fria começa a se formar, trazendo consigo alguns flocos de neve, neste dia de verão. Algumas pequenas lascas de gelo surgem pelo chão, fazendo os inimigos se afastarem. Uma homem, aparentando uma idade um pouco mais avançada, trajando um uniforme azul e branco, surge.
- Vamos levá-los de volta a suas celas, senhores!
Continua...
- Capítulo 2 - Motim!:
- Os feixes de luz atravessavam o campo de batalha como belos fogos de artifício antes de se chocarem com o céu. As balas ricocheteavam contra a pele metálica de Cromo, enquanto aquele gigante róseo atravessava a área descampada da ilha-prisão indo de encontro a seu adversário de pele rochosa.
“A luta ficou emocionante quando o Mutante se jogou no meio daquele povo todo.”
“O Mutante estava lá?”
“Ele passou bem do seu lado, enquanto você lutava com aquele cara de cobra... Qual era o nome dele?”
“Basilisco.”
O uniforme verde passava como um cometa, rasgando o céu estrelado daquela noite de verão. O rapaz, com a estela prateada costurada no centro do peitoral, vai em direção a um dos detentos. Ele possuía um rosto um tanto deformado, se assemelhando muito a uma serpente. Suas presas eram afiadas e suas unhas poderiam cortar madeira como se fosse papel, mas o herói não tinha medo. Sem ao menos descer dos céus, o rapaz joga o ser de aparência grotesca contra o chão, desacordando-o.
“Dizem que o Luminos foi o centro das atenções, com todas aquelas acrobacias e efeitos de luz.”
“Pelo menos uma vez esse menino teria que ficar com as glórias. Ainda mais que eu não estava lá pela mídia.”
“Estranho. Você sempre usa esse uniforme pra se promover.”
“Velho amigo, mesmo sendo o maior telepata que conheço, você nunca vai saber o que se passa na minha mente.”
“E eu agradeço todos os dias por isso.”
As trilhas de luz se intensificam. O campo de batalha parece um imenso outdoor em neon. Luminos pula de um lado para o outro, parecendo planar na luz que produzia. Suas peripécias se intercalavam com os tiros de luz sólida contra seus inimigos. Parecia ter golpeado uns 10, ou até mais, inimigos. No entanto havia um que não conseguira acertar. O tal adversário movimentava-se mais rápido que a energia luminosa. Parecia um ser prateado dançando dentre os outros detentos.
“Ele ficava sambando de um lado pro outro. Qual era o nome dele mesmo?”
“Bala de Prata.”
“Isso, Bala de Prata! Eu sempre esqueço o nome desses vilões baixa renda.”
“E olha que você e o Luminos prenderam ele.”
“Luminos soltou faíscas, mas eu brilhei.”
Luminos alternava entre derrubar um dos outros amotinados e caçar seu objetivo primário. Bala de Prata o golpeava algumas vezes, fugindo logo em seguida. O combate se desenrolava por algumas vezes, sempre do mesmo jeito. Luminos derrubava alguns e era golpeado pelas costas por seu ferrenho adversário. O rapaz, com os contornos de seu corpo irradiando luz dourada, concentra em suas mãos uma pequena esfera de energia luminosa, lançando-a aos céus, fazendo iluminar todo o local. Os combatentes são cegados por alguns segundos, possibilitando Luminos encontrar seu algoz. No entanto, o inimigo corria sem direção, golpeando quem encontrasse pela frente.
“Ele era muito rápido. Muito difícil de ser pego.”
“Mas ele não contava com minha sensitividade.”
“E a minha mente.”
“Se você quisesse um pouco de notoriedade, poderia ter pedido na ilha.”
O velocista começava a recobrar a visão, mas logo é achado por Luminos, que tenta seguí-lo, mas não o alcança. Quando consegue enxergar normalmente, o inimigo corre em direção a seu adversário. De repente, uma forte rajada de energia atravessa uma parte do descampado, acertando o oponente em cheio, derrubando-o.
- Disponha. – Dizia Enerjoule, com um sorriso sarcástico estampado em seu rosto. – Da próxima, deixe com os profissionais, pirilampo.
Luminos fecha o semblante, como se fizesse uma birra para o companheiro e desafeto.
“E o Granizo? Pelo que parece, só despejou ordens aos demais.”
“Eu o admiro, pra falar a verdade. Naquela idade e ainda lutando... É um exemplo pra gente.”
“Nossa, mas como você é pela-saco...”
“É que existem mais coisas além do que gira em torno do meu umbigo...”
Suas mãos congeladas golpeavam alguns inimigos, que caíam, retorcendo-se de frio no chão. Bruno era consciente de seus ataques. Talvez por já estar em um ouro patamar, ser de uma outra época, ter um pouco mais de experiência. Ele observa Luminos “dançando” por um lado, enquanto Estelar voava pelo outro. Sua retaguarda estava protegida com Fabricadora, que derrubava quem se aproximava, com os raios produzidos pelas palmas das mãos de sua armadura. Mutante era uma máquina de demolição, enquanto Caveira era certeiro, não deixava escapar nenhum de seus alvos.
Apesar de serem muitos, os detentos não possuíam nenhuma estratégia, eram desorganizados, algo que Granizo nunca foi, não se permitia ser.
- Luminos! Fabricadora! Formação! – Grita, enquanto constrói uma parede de gelo a sua frente, a fim de se proteger de alguns projéteis lançados contra si.
Os soldados da P.E.G.A.S.U.S. também se reorganizavam. Alguns estavam caídos, abatidos. Outros conseguiam se reagrupar, derrubando mais alguns detentos. No entanto, do meio do alvoroço, um homem negro, de mais de dois metros de altura, começa a se transmutar. Sua pele toma um tom prateado, metálico, enquanto seus pés afundam um pouco no chão. Ele começa a correr em direção à Mutante, que também corre em sua direção. Os dois se chocam, entrelaçando suas mãos, medindo suas forças.
“Ele parecia uma máquina de demolição. A pele do outro parecia que ia rachar.”
“Ele parecia fora de controle. Se Luminos não o parasse...”
Fabricadora se mantinha na retaguarda, cobrindo os ouros heróis. Ela, assim como Caveira, atirava com precisão, a fim de desacordar os inimigos. O número de vilões parecia imenso. Quase não dava para acreditar que apenas uma ala da prisão estava ali. Parecia uma multidão de pessoas, um verdadeiro exército. Amanda só não percebera que um destes havia roubado uma das armas dos soldados caídos, e apontava para suas costas. No entanto, antes de disparar, ele é atingido por munição atordoante, caindo no chão.
- Finalmente a cavalaria chegou... – Diz Soles, enquanto atirava contra seus inimigos.
“Quando ela e o grupo de elite chegaram, já estava quase tudo sobre controle.”
“Sim, mas... Alguns deles fugiram, não?
“Vários deles fugiram.”
O grupo, comandado por Violeta, parecia chegar no momento chave. Parecia uma equipe de demolição, arrasando com a maior parte do contingente adversário. O “massacre” havia sido posto ao fim. A maioria dos detentos amotinados havia sido atordoada ou desmaiada, enquanto alguns outros, vendo a situação, se rendem. No entanto...
“Caveira sumiu como fumaça...”
“Mutante também. É incrível como um cara daquele tamanho possa desaparecer tão rápido.”
Durante a contagem, notou-se que alguns dos bandidos não havia sido encontrada. O mais provável, no entanto, é que tenham encontrado algum jeito de fugir.
“O que eu não entendi é o porquê de você não ter ficado para os relatórios.”
“Granizo ficou. Ele sabe lhe dar com toda aquela burocracia. Eu tinha coisas mais importantes pra fazer.”
“Fabricadora também. Ela parecia ter saído apressada.”
“Ela tem a tecnologia pra ajudar no rastreamento. Acho que ela não queria perder tempo. Luminos que ficou para aparecer pras câmeras. Aquele exibido...”
“Vocês um dia precisam resolver suas diferenças.”
“Ele que precisa saber seu lugar no mundo dos flashs.”
“Bem, vamos ao que interessa, não? Os fugitivos...”
Os dois sentam-se no grande salão, em frente à uma grande tela. Às suas costas, uma grande mesa redonda de madeira. Slides são mostrados na grande tela, mostrando as imagens e informações dos prisioneiros que haviam escapado.
- De onde você tirou todas essas informações? – Pergunta Estelar.
- P.E.G.A.S.U.S.
- E eles liberaram pra você assim, de bom grado?
- Eu sei ser muito persuasivo. – Bernardo para por alguns segundos, analisando todos os prisioneiros juntamente com Estelar.
- O que houve? – Pergunta o telepata, notando a inquietude do rapaz. – Prisioneiro X? – O rapaz percebe Enerjoule balançando a cabeça de forma positiva. – Desencana Joule. Esse prisioneiro X não existe, é coisa da sua imaginação.
- A P.E.G.A.S.U.S. tem muitos motivos pra esconder esse cara da gente. Tem coisa muito podre naquela organização e eu vou descobrir.
O silêncio toma conta do salão. Os dois se entreolham e olham para o telão novamente, vendo os rostos e fichas de cada um. Bernardo recosta na cadeira novamente, com o braço levantado, esfregando o polegar no indicador.
- Precisamos de uma...
- ... equipe?
- Leu minha mente?
- Não precisei. São muitos inimigos pra duas pessoas apenas. – Estelar para por alguns segundos e, novamente, toma a palavra. – Tenho alguns contatos, mas primeiro precisamos de alguém que conheça os atalhos das ruas pra achar esses caras, e eu sei muito bem quem contatar...
Continua...
- Capítulo 3 - Heróis e Demônios:
- O rapaz andava quase tranquilamente pelo corredor. Era o sétimo andar daquele velho prédio no bairro classe média da cidade. Deivid inspecionava porta por porta até encontrar a que ele queria.
“Você acha mesmo que ele vai cair nesse seu papo?”
“Eu sei ser bem persuasivo.”
Sala 712. Deivid olha por alguns segundos a porta. O rapaz olha a campainha, mas prefere bater na porta de madeira maciça. Três batidas ritmadas. Alguns segundos depois a porta se abre.
“Telepatia.”
“Não, coerência.”
Uma mulher, jovem, alta, de cabelos negros e belas curvas o atende. Ela o inspeciona da cabeça aos pés, soltando um sorriso contido de canto de boca. Deivid lhe devolve o sorriso, um pouco mais contido, até um pouco sem graça.
“Vamos ser sinceros? Eu não gosto dessa ideia de trazer esse cara pro nosso lado.”
“Vamos ser sinceros? Você precisa mais dele do que quer admitir.”
- Posso falar com o senhor Rainer Felipe? – Pergunta Deivid, olhando diretamente para os olhos da moça.
- Pode deixar, Leyla. – Uma voz surge de dentro do apartamento.
“Não confio nele.”
“E eu não confiava em você.”
- Quem é você, moleque? – Pergunta Rainer, segurando a gola da camisa do rapaz, com raiva.
- Não se preocupe, Supremo. Não to te caçando.
Rainer da dois passos para trás, largando a camisa do rapaz.
- Então o que você quer?
- Precisamos da sua ajuda.
- É sobre a prisão? Sobre os fugitivos?
- Isso foi só a ponta do Iceberg...
A igreja estava silenciosa. O fluxo de pessoas ali diminuíra nos últimos tempos. Hoje não era diferente. Três, no máximo quatro pessoas permaneciam ajoelhadas, rezando. Uma dessas, um senhor, de cabelos e barba grisalhos, de roupas esfarrapadas e com lágrimas caindo de seus olhos. O velho percebe a chegada de alguém, um rapaz negro de vestes vermelhas, que o olhava atentamente.
- Expiando seus pecados, padre? – Diz o rapaz, com um olhar sério, beirando a raiva.
O homem levanta-se, encarando o rapaz.
- O q-q-que você q-quer? – Pergunta o padre, assustado.
- Posso chama-lo de Sebastião. – Pergunta, sentando-se no banco de madeira, já um pouco consumido pelo tempo e má conservação.
O rapaz olha para frente, para a imagem de Jesus Cristo crucificado e volta a falar com o padre:
- Como você pode ajoelhar-se na casa de Deus e pedir por perdão quando sua mente ainda está poluída pelo mal?
- Saia de perto de mim!
O velho se levanta, tentando sair do sacro local, mas é seguro pelo braço. O homem começava a demonstrar sua exaltação, tentando, a qualquer custo, se desvencilhar daquele rapaz que mal conhecia, mas parecia ter uma identificação sem igual.
- Você não vai fugir, monstro! – Diz, dando um soco na face do velho logo em seguida.
O padre cambaleia por alguns passos, chegando a escadaria da igreja. Ele limpa o sangue que escorria por seu nariz. Parecendo transtornado, seus olhos mostram a raiva que estava sentindo. O outro rapaz retira seu casaco vermelho, jogando-o em cima do banco, e começa a andar em direção do velho, que já se encolhia, agachado, pedindo para que o rapaz se afastasse.
- SAIA DAÍ, MONSTRO! – Grita, indo em direção do velho.
O padre levanta-se, tentando se afastar, mas logo é pego de novo pelo rapaz. No entanto, dessa vez o jovem de pele negra é jogado para dentro da igreja, com uma força descomunal. Antes de cair, o rapaz desaparece, reaparecendo novamente, já no chão, próximo à escadaria.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRGH!
Um grito chama a atenção das pessoas pelas redondezas. O velho, maltrapilho e inofensivo, se transformara em uma criatura horrenda, de pele azulada, mais de dois metros de altura e face abominável, com grandes chifres negros saindo de sua cabeça. A criatura dá um berro, pegando o jovem pelo braço e arremessando-o para longe. Outro berro é ouvido e a criatura desce a escadaria, se dirigindo à rua, com pouco movimento, é verdade, mas que ainda assim possuía pessoas inocentes.
- Vocês todos pagarão por seus pecados hoje, bando de hereges! Arautos da ganância, da inveja e da morte! – Gritava, com uma voz disforme e gutural.
O rapaz reaparece novamente, agora de pé nas escadarias da igreja. Ele olha atentamente para a criatura e solta um sorriso. Sua excitação, sua adrenalina podia ser vista naquele sorriso um tanto macabro do rapaz.
- É você que pagará por seus pecados hoje, padre! É você que é o Herege! – Diz, pulando da escadaria, desaparecendo logo em seguida.
A estação cheia o incomodada. Ela segurava sua mão fortemente. Pareciam estar com medo de alguma coisa, algum julgamento, algum ato precipitado de alguma daquelas milhares de pessoas que chegavam e saíam do recinto. Os dois usavam calças jeans, casacos de moletom e bonés. Tentavam não ser vistos. Só queriam sair daquela cidade antes que algo de pior acontecesse. O problema é que estava pra acontecer alguma coisa muito ruim naquele dia.
- Seu canalha! Sua piranha! – Uma bola de fogo atinge o guichê onde o casal se encontrava.
Dos céus, um rapaz, com suas mãos em chamas e seus pés rodeados por uma enorme labareda, aponta sua mão esquerda para a garota.
- Sua traidora desgraçada! Fugindo com esse vira casaca? – A raiva fluía pelas palavras do rapaz.
A moça retira seu boné chamuscado da cabeça, deixando cair seus longos cabelos dourados, enquanto o rapaz ao seu lado revelava sua face, um rapaz loiro de face séria e preocupada.
- Cai fora, Luke! Vai incendiar outro lugar, eu to de saco cheio de você.
- Nós éramos uma equipe, Nina! E você vai fugir com esse babaca que nem poderes tem? – Diz o rapaz, finalmente aterrissando, mas não “desligando” seus poderes.
- Eu posso não ter poderes, mas consigo te derrubar a qualquer hora, Incendiário.
Incendiário então começa a atacar, jogando um grande bola de fogo, indo de encontro ao rapaz, que consegue desviar-se no último minuto. A explosão acontece, jogando o casal um pouco para frente.
- Eu fiquei preso naquele inferno por meses e ninguém deu a mínima pra me tirar de lá! E quando eu finalmente consigo sair, vejo vocês dois de mãos dadas!? O que vocês fizeram com Relâmpago e Réplica? Mataram os dois? Ou eles já fugiram?
- Por que você não cala logo essa sua boca, Luke? – Pergunta a moça, levantando-se
De suas mãos saem uma espécie de caule de alguma planta, recoberta de espinhos que, por incrível que pareça, não cortam sua pele. Os olhos da menina se esbranquiçam por completo. Luke começa a tomar uma forma de fogo, gradativamente, enquanto Léo, o acompanhante de Nina, observa o embate entre os dois. Quando os dois partiam para um confronto, uma flecha atravessa o local, já bastante avariado, devido à fúria de Incendiário.
- Vocês não acham que já destruíram demais esse lugar? – Uma macia voz feminina ecoa.
A moça, usando um uniforme quase completamente vermelho, com apenas alguns detalhes em preto, arco e cabelo preso, aponta mais uma de suas flechas para o rapaz, em brasas.
- Estive procurando por você, Incendiário. Tá na hora de voltar pro xadrez.
- Eu não vou a lugar nenhum antes de terminar meus assuntos com meus colegas. Então cai fora, vaca!
- Ok, você quem pediu!
De repente, a flecha é lançada contra ele, que sorri de maneira debochada. Quando o projétil reage com o calor do corpo do rapaz, uma substância é solta pela ponta cilíndrica da flecha, como se fosse um extintor, se espalhando pelo corpo em chamas do rapaz, até que ele “desliga” seu poder, para que o processo termine.
- Mas que porra é essa!? – Pergunta Nina, ainda envolta de suas plantas em seus braços.
- Flecha extintora. Ela reage com o calor, liberando uma substância que reage com o corpo de qualquer meta-humano com poderes pirocinéticos.
- Por que você não se mete comigo, sua vaca?
- Vai ser um prazer.
Nina joga as plantas contra Flecha Rubra, que consegue desviar, mas não por completo. Um dos espinhos se agarra à sua perna, rasgando aquela parte de seu uniforme, e arranhando, com certa profundidade, a lateral externa de sua perna direita, fazendo-a cair no chão.
Enquanto isso, Incendiário consegue se libertar da espuma que havia tomado seu corpo, batendo de frente com Léo.
- Então você tirou ela de mim, seu otário. Eu vou te matar!
- Você é o otário aqui, imbecil. Ela nunca te quis.
Incendiário então ataca Léo com uma bola de fogo, mas o rapaz desvia, no entanto, a explosão que ocorre atinge o rapaz, que é jogado contra a parede, ficando desacordado como consequência.
- Aljava já foi. Agora eu vou pegar aquela piranha das flechas. – Diz o rapaz, andando lentamente em direção à moça, caída.
- Acho que não, babaca!
Neste momento, Incendiário é atingido por um chute nas costas, cambaleando e, por fim, caindo para frente. Quando se vira, ele nota um rapaz, de uniforme negro e prateado, usando uma máscara com quatro grandes olhos vermelhos (ou seriam seus olhos de verdade?).
- Já que você já destruiu tudo por aqui, meu chapa, é minha vez de te retribuir!
Continua...
- Capítulo 4 -Embate:
- O rapaz é lançado para o outro lado da calçada com brutalidade. Ele choca-se contra a grande janela de um restaurante perto da faixa de pedestres, parando atrás do balcão do bar. Ele se levanta. Seus olhos vermelhos começavam a ser encobertos por algumas “linhas” de sangue que desciam por sua cabeça. Tudo era vermelho para Ivan, exceto aquela figura azul. Aquele demônio, cheio de ódio, exceto o Herege.
- Eu vou mata-lo, criança. Lenta, dolorosa e definitivamente. Nem seu querido papai vai me impedir.
Sua voz gutural atravessa os tímpanos de Ivan, como se estivesse em sua cabeça, a cortando vagarosamente. O som de sua voz é tão intenso, que o rapaz não nota os grandes tremores consequentes do caminhar do grande demônio azul.
- E quando eu acabar com você, pequenino Ivan, eu trarei ordem de novo à minha mente. À minha sanidade.
Herege salta sobre o balcão, esmagando-o, no entanto, ao olhar para baixo, não encontra mais o rapaz de olhos avermelhados.
- Que tal você calar a porra da boca e voltar pra um dos sete infernos a que você pertence?
De repente, saindo de uma fumaça negra do teto do destruído restaurante, surge Salto, caindo sobre as costas de Herege, tentando enforcar o monstro com seus braços envoltos no pescoço da criatura. Herege tenta se balançar de um lado para o outro, a fim de derrubar o rapaz, em vão. Também tenta esticar seus braços para trás, mas a criatura de quase três metros e repleta de músculos não consegue alcançar sua caça. Salto tenta impulsionar-se para trás, a fim de derrubar a fera, mas é em vão. A estabilidade do corpo de Herege ao chão é grande demais.
- Eu vou te matar, Ivan! Eu vou esmigalhá-lo física e mentalmente! – Grita, com sua grave e distorcida voz, como um animal voraz em busca de sua caça.
- Você pode tentar! É isso que quer dizer!
Logo, Ivan e Herege são teletransportados para o meio da rua, onde carros, pegos de surpresa, desviam-se o mais rápido que podem. Alguns conseguem se desvencilhar dos obstáculos de forma perfeita, mas outros desviam, causando diversos acidentes.
- Acha que vai me deter apenas me teleportando?
- Não, eu não. – Diz Salto, antes de desaparecer em uma nuvem de fumaça negra.
Logo, um carro vermelho atropela, ou pelo menos tenta atropelar, o monstro azul. Herege segura-o pelo para-choque, levantando a frente deste. De dentro do carro, um homem de cabelos e barba negros, trajando um uniforme verde, surge, atirando dezenas de vezes contra o inimigo, que nada sente. Herege então joga o carro, junto com o motorista, contra os demais no meio da rua. O veículo da cambalhotas no ar, até parar, causando um enorme acidente em meio à via pública.
- Vocês acham que podem me parar assim? – Diz, caminhando em direção ao homem de verde.
Rainer, envolvido por uma redoma verde de energia, sai do carro quase ileso, exceto por alguns arranhões e escoriações leves. Ele corre em direção à Herege, deslizando sob suas pernas logo em seguida, parando pelas costas do monstro. Rainer dispara mais algumas vezes, mas é em vão. Herege vira-se, segurando Rainer pelo colarinho, enquanto o rapaz tenta formar uma redoma de energia em volta da cabeça do vilão. No entanto, sua concentração é abalada pelo fato do monstro estar apertando violentamente seu pescoço.
- Vocês acham que podem me deter com tão pouca força? – Pergunta Herege, elevando Rainer acima de sua cabeça apenas com a mão direita.
- Sabe... Cofcofcof... – Diz Rainer, com certa dificuldade, devido à sua pouca respiração. – É por isso... Que d-d-dizem q... Quanto maior o tamanho... Menor a int... Inteligência. – Ele ri.
Herege começa a sentir uma série de pontadas em sua cabeça. Logo, uma forte dor de cabeça toma conta de si, fazendo-o soltar Rainer no chão. O demônio começa a se debater, com as duas mãos na cabeça, de um lado para o outro. A dor era quase insuportável. Seus berros guturais assustavam as poucas pessoas que ainda restavam por ali, que corriam em busca de abrigo. Logo, uma fumaça negra surge por detrás da besta. Salto golpeava-o com os dois pés em suas costas, fazendo o monstro cambalear e cair para frente. Rainer fazia uma espécie de redoma ao redor do monstro, tombando-a logo em seguida, fazendo seu inimigo cair. Herege, após o grande invólucro que o envolvia ter sumido, levanta-se com ainda mais raiva. Sua dor de cabeça era intensa.
Eu vou matar todos vocês, seus vermes insolentes! – Gritava, com uma voz gutural, porém fraca, parecia que estava prestes a chorar.
- Dessa vez não, Padre Sebastião. – Uma voz surgia, como em um passe de mágica.
Uma terceira figura surgia no céu. Um rapaz, de cabelos castanhos, usando uma máscara verde, com uniforme de mesma cor. Estelar havia arquitetado aquele plano, juntamente com Salto e Supremo.
- Está na hora de se libertar dessa besta, padre. – Diz Estelar, estendendo sua mão direita em direção ao rosto da fera. – Está na hora de expulsar o demônio!
O grito do rapaz parecia ecoar na mente dos outros três. Herege arregala os olhos. Salto também. As mãos do monstro azul começam a estremecer e a dor começava a tomar conta do homem. Ele se debatia de dor, enquanto se transformava, ora no pacato padre, ora na besta demoníaca. Em um certo ponto da briga consigo mesmo, o homem olha nos olhos de Estelar. Aqueles olhos que pareciam caçar a fera interior do padre. Aqueles olhos que brilhavam em um verde intenso. E após minutos de intensa batalha interior, o monstro cede à Estelar e ao padre. O velho, de agora vestes esfarrapadas, corpo cansado e desnutrido e olha triste retoma seu corpo. No entanto, após vomitar um bom punhado de sangue, o homem cai, encolhido, no chão. Estelar, Supremo e Salto o rodeiam, e o primeiro o questiona:
- Por favor padre, me diga o que aconteceu... – Pergunta, encostando sua mão na testa suada do velho. – O que aconteceu na prisão? No blackout?
O velho vira-se vagarosamente para o rapaz, colocando sua frágil mão no ombro deste, e diz, antes de desmaiar:
- Porco... Espinho... Hoffm... Mann...
Arac pula, desviando de mais uma bola de fogo lançada por Incendiário. Para o rapaz, seu inimigo flamejante está muito mais poderoso do que a última vez que eles se enfrentaram. Neste momento, um cipó agarra o braço do herói aracnídeo, jogando-o contra uma parede. Suas habilidades, no entanto, fazem com que ele consiga se agarrar na parede com as mãos, cortando o cipó com a lâmina saída de seu antebraço. No entanto, outro cipó vai em direção ao rapaz, que se surpreende. Neste momento, uma flecha é lançada contra a planta. Com ela, uma espécie de líquido ácido é liberado ao chocar-se com o alvo. Um grito é ouvido.
- Por que vocês não nos deixam terminar nosso assunto em paz? – Diz Incendiário, totalmente em chamas.
- Você ta de sacanagem!? Olha a merda que vocês fizeram aqui! – Responde Arac, indo em direção ao inimigo.
Outra flecha é lançada, agora contra Incendiário, com o mesmo tipo de espuma que já o havia capturado antes. Desta vez, entretanto, o vilão se esquiva, fazendo o projétil acertar o herói aracnídeo em cheio, grudando-o no chão.
- Pensou que ia me pegar de novo, piranha?
Ao terminar sua frase, o rapaz nota o sorriso no rosto da moça.
- Do que você ta rindo, piranha!? – Diz, criando uma grande bola de fogo com suas mãos, enquanto a moça continuava parada. – Eu vou acabar com v...
De repente, uma poderosa rajada de energia atravessa destruindo local, acertando em cheio o pirocinético. Nina olha para o ocorrido e vai em direção ao seu, ao mesmo tempo, amigo e desafeto. Neste instante, a garota recebe um choque. Arac, que havia se desvencilhado da armadilha de espuma, a ataca de frente, fazendo-a cair para trás. Logo, uma casca de madeira começa a crescer pelo corpo dela e, logo em seguida, a garota parte para o ataque. Os dois começam uma luta corpo a corpo, enquanto Flecha Rubra os observa, esperando o melhor momento para atacar sua inimiga.
No outro canto, Incendiário levanta-se, já de volta ao normal, bastante tonto, devido ao baque que sofrera. Ele levanta a cabeça e vê uma figura que não estava ali no início do combate. Um rapaz, de vestes azuis, como um exoesqueleto, manoplas energizadas em suas mãos e um visor. Ele sorri para o delinquente, soltando mais uma rajada de energia. Luke consegue desviar-se, mas o ataque o pega de raspão no braço, inutilizando-o temporariamente. O rapaz monta uma barreira de fogo, usando apenas seu braço direito, em vão. Mais uma rajada de energia acerta-o, levando sua barreira embora.
- O que está acontecendo com o meu poder? – Diz o rapaz, a ponto de chorar. – O que ele fez comigo?
- Ta ficando fraco, criança? – Pergunta Joule, com um tom sarcástico. – Espero que tenha muita coisa pra reconsiderar, já que vai ficar de castigo novamente no Tártaro. – Diz sorrindo, enquanto chega perto do rapaz.
Bernardo o levanta, arrastando-o pela parede, deixando os dois cara a cara. Luke parece bastante assustado, enquanto Bernardo mostra um sorriso tranquilo e, até certo ponto, gentil.
- Não se preocupe. – Diz, ajeitando o cabelo do rapaz. – Não vou machucar você. Não sou desse tipo de pessoa.
Luke, percebendo que aquilo era verdade, entra em chamas mais uma vez, empurrando Bernardo com a única mão que lhe sobrara, jogando um jato de fogo contra ele, fazendo-o dar alguns passos para trás. No entanto, quando tentaria pegar o jovem no pulo, uma flecha o atinge, pegando seu braço inutilizado.
- Aquela biscate...
- Não foi ela, seu babaca. – Neste momento aparece Léo, o rapaz loiro e sem poderes, segurando mais duas flechas, que havia tirado de sua mala. – Agora fica quieto e me responde de onde você tirou tanto poder assim.
O silêncio toma conta da conversa, até que Bernardo o quebra.
- Anda rapaz, seu “amigo” está esperando a resposta. E eu também.
Enquanto isso, no outro lado, Arac parecia ter dificuldades na luta contra Erva-Daninha, enquanto Flecha Rubra esperava o melhor momento para atacar. Neste instante, os dois heróis cruzam os olhares e Arac pula, fazendo a garota socar o ar, cambaleando para frente. Vendo sua oportunidade, Andressa lança sua flecha, que se abre em alguns fios metálicos, que se envolvem contra a menina, fazendo-a cair no chão com o desequilíbrio. Os fios eram grossos e rígidos, e quebravam a carapaça de madeira feita pela inimiga.
- Há! – Grita Arac. – Finalmente soltou a flecha da justiça, garota!
Flecha Rubra apenas suspira, tentando não dar uma resposta atravessada ao rapaz. Logo, ela e Arac, carregando Erva-Daninha, vão de encontro aos outros.
- Obrigada pelas flechas. – Agradeça à Bernardo.
- Não há de quê. Amigas do Estelar são minhas amigas também, ainda mais quando são tão bonitas. – Diz, deixando a menina ruborizada.
- Qual é o problema dele? – Pergunta Arac, soltando sua adversária no chão.
- Não sei, não quer abrir o bico. – Responde Enerjoule, enquanto mexe em seu comunicador. – Estelar, precisamos de você aqui. Temos um prisioneiro que não quer cooperar.
- Foi mal, Joule. To meio ocupado limpando uma bagunça aqui.
- Sem estresse. – Bernardo desliga e vira-se para os demais. – Bom, primeiro vamos todos ficar aqui, vamos esperar a polícia e prender esses três. Depois a gente ajuda a limpar essa bagunça e vamos descobrir o que está acontecendo aqui.
Os outros dois, ainda desconfiados, aceitam a proposta.
- Não se preocupem meninos. Vocês estão comigo.
Continua...
- Capítulo 5 – Hoffmann:
- Algumas horas se passam. Luke, o Incendiário, consegue manter a boca e a mente fechada. Nem mesmo os dons telepáticos de Estelar surtem efeito no rapaz, que logo é levado pelos soldados da P.E.G.A.S.U.S. juntamente com o Padre Sebastião, o Herege, de volta a prisão do Tártaro.
- Nenhum progresso? – Pergunta Bernardo, trajando parte de seu exoesqueleto, exceto pelas manoplas e visor, enquanto os outros permanecem sentados.
Estelar acena com a cabeça em um gesto de negatividade. Os outros quatro concordam com o primeiro. Bernardo olha para cada um deles, dando um suspiro logo em seguida, dando de ombros.
- Ok pessoal. – Diz o jovem, dando alguns passos até chegar a uma cadeira, onde pega um copo meio vazio de whisky, bebendo um gole. – Tenho uma notícia para vocês.
Bernardo balança o copo por alguns segundos, como se estivesse misturando o whisky. Os outros cinco olham atentamente para o rapaz, que parece deliciar-se com a bebida, esquecendo dos outros ali.
- Ah sim, a notícia. Bem, eu consegui convencer o general Soles a nos dar alguns minutos de interrogatório com o prisioneiro 459.
- Walter Olivares? O Porco-Espinho? – Pergunta Supremo, levantando-se.
- Exatamente, meu caro ex-tenente. – Diz Bernardo, soltando um meio sorriso. – Eu e Estelar vamos até a ilha interroga-lo. Acho que dessa vez ele terá sucesso.
- Rainer... kzzzt zzktz... me ouvindzzzkt?
- V, é você? – Pergunta Rainer, colocando a mão em um pequenino aparelho em seu ouvido. – V, não consigo te escutar, a ligação tá uma [#chapabranca].
- Abrir canal da transmissão. – Diz Bernardo, fazendo o sinal ficar mais claro e audível para todos.
- Rainer, consegui entrar no sistema de câmeras da cidade e encontrei uma coisa. Um dos fugitivos da ilha da P.E.G.A.S.U.S. foi encontrado.
- Qual o nome dele? – Pergunta Bernardo, enquanto todos se mantém atentos.
- Quem tá aí, Rainer? – Pergunta a moça.
- V, pode falar. Estamos em uma linha segura. – Logo, em seguida, com uma voz bem baixa. – Eu acho...
- Bom, o nome dele é Vladimir Petrovsky, codinome Cupim.
Neste momento, uma imagem de Vladimir e de seu alter-ego, Cupim, aparecem no telão em frente à eles.
- Ele foi encontrado entrando em um restaurante na Avenida Independentes, chamado O Maltês.
- Ok V, estou pra lá.
- Você não vai sozinho. – Diz Estelar. – Leve os três com você.
- Não, valeu. Meus contatos, meus assuntos. – Retruca Rainer.
- E minha galeria. – Responde Arac.
Flecha Rubra olha para Rainer e sorri em um tom debochado, abrindo os braços. Salto, enfaixado em parte do corpo devido a batalha contra Herege, mantém seu semblante sério, enquanto Arac coloca as mãos na cintura, batendo o pé.
- Então, qual vai ser... – Pergunta Arac, direcionando-se para Supremo.
- Preparem-se, todos os três.
Ele andava apressado pelas ruas. O cheiro de urina a cada três esquinas o incomodava. O vento passava leve, mas suficiente para querer arrancar seu boné quase a todo instante. Aquele homem parecia assustado, entregue ao mundo, olhava para todos os lados várias vezes. Ele andava com a cabeça um pouco abaixada, a fim de impedir que as pessoas o reconhecessem. Esbarra em uma pessoa aqui, outra acolá, sempre pedindo tímidas desculpas ao fazê-lo. Neste instante, o rapaz solitário e receoso percebe estar sendo seguido. Ele aperta o passo, desviando-se dos pedestres, atravessando desleixadamente a rua, até que encontra um beco sem saída. Sua feição muda, ele passa a mão pela cabeça e começa a respirar de forma ofegante.
- Senhor Petrovsky! – Uma voz se anuncia, em um tom autoritário.
O homem coloca suas mãos nos bolsos de seu casaco, fecha os olhos fortemente e respira fundo. Ele se vira rapidamente, retirando de seu casaco uma arma, apontando para sua frente, mas logo a mão que empunhava o revólver é atingida por um balaço.
- Eu não faria mais isso se fosse o senhor.
- Q-q-quem é v-v-voc-cê? – Pergunta, assustado.
- O meu nome não interessa, o que interessa é que você vai vir conosco e responderá as nossas perguntas.
Quando o homem termina de falar, Petrovsky tenta fugir para o lado da parede, como por instinto, mas logo uma fumaça negra surge em sua frente, e três pessoas surgem, como por mágica.
- Então, senhor Petrovsky... O senhor vai cooperar ou eu devo fazer do modo difícil?
O efetivo da ilha havia sido dobrado desde o dia do incidente. Os especialistas afirmam que a sala de máquinas estava intacta, que alguém havia desligado momentaneamente o complexo. Os psicólogos da prisão haviam dito ao general que o prisioneiro Walter Olivares, vulgo Porco-Espinho, não poderia receber visitas, devido a sua frágil condição mental. O pedido não havia disso atendido pelo militar que, mais do que todos, ansiava por respostas. Ele pessoalmente leva os dois rapazes, Bernardo, o Enerjoule e Estelar, até a cela do perturbado detento. A grande porta de ferro se abre, e os dois podem comprovar o que estava acontecendo.
- Ele vive dizendo que recebeu uma visita na cela. No entanto, as visitas aqui são proibidas e as câmeras de segurança não registraram nada. – Diz Soles, com um tom ríspido.
O general se incomodava com a presença dos dois heróis, mas sabia que se faziam necessárias. Para espremer a verdade de Olivares ele deveria penetrar a fundo na mente do prisioneiro que, com a atual saúde mental, só um telepata teria a mínima chance de conseguir alguma resposta.
Bernardo senta-se em uma cadeira, enquanto Deivid permanece de pé, com a mão esquerda na cabeça, fechando os olhos com certa força, se concentrando.
- Faça uma pergunta. – Diz Estelar à Bernardo, que o olha de relance e volta a olhar para seu alvo.
- Senhor Olivares, quem veio te visitar?
- O... O Especialista... A Aranha... O mundo gira... A prisão... Celius... O Cão... Me ajudemmmm...
Deivid e Bernardo se entreolham, sem entender.
- Sua vez Estelar. – Diz Bernardo, levantando-se.
Estelar senta-se na cadeira, olhando diretamente para os olhos tristes e assustados de Walter. Seus olhos começam a brilhar em verde, ressonando com os olhos do prisioneiro, que brilhavam da mesma cor. Estelar entra na mente do detento, se perdendo em tantas informações desencontradas. Sua cabeça parecia um ninho embaraçado, uma teia onde tudo se encontrava em um único ponto: Hoffmann. A mesma figura que Estelar havia encontrado na mente de Herege. No entanto, várias outras informações, mesmo que desencontradas, eram um tanto interessantes para o telepata: “O Cão”, “Arac”, “Celius”, “Especialista”, “Daniel”, “Prisioneiro X”, entre outras.
- Consegui! – Diz o rapaz, abrindo os olhos, como se tivesse tomado um susto. – Hoffmann! Esse é o nome que o Herege falou. É o nome que se conecta a todas as informações na cabeça dele.
- Ótimo. – Diz Bernardo. – Agora vamos embora.
“Recebi um chamado do Supremo. Eles capturaram Cupim.”
“Certo. Descobri algumas coisas também. Uma delas vai interessar você, Joule.”
Ao saírem da cela, os dois topam com o general, com um semblante fechado e olhar compenetrado nos dois heróis.
- O que descobriram? – Pergunta, em um tom rude.
- Muita coisa. – Diz Bernardo, soltando um rápido sorriso, passando pelo homem.
Estelar passa por ele logo depois, mas percebe que seu companheiro para no meio do caminho, virando sua cabeça para trás, depois o corpo, em direção à Soles.
- Quer saber mesmo o que eu descobri, Soles? – Diz, em tom petulante e nem um pouco amistoso. – Que você é um babaca!
O general não se espanta com a atitude de Bernardo, nem mesmo com suas palavras, mas aquele tom ele não deixaria passar.
- Seu moleque arrogante! Acha que pode vir à minha “casa” e me confrontar assim? Se eu quiser, posso te trancar na cela mais escura e imunda dessa prisão. Você nunca mais veria a luz do dia e o único contato com seres vivos seriam com os ratos que se esgueiram pelos cantos da solitária. Então não me desafie mais, porque eu estou sem paciência para as suas petulâncias, seu garoto mimado.
Os dois se encaram por alguns momentos. O silêncio preenche o corredor. Estelar olha para um e, logo depois, para o outro. Bernardo solta um leve sorriso de canto de boca, balançando a cabeça levemente em tom de negação.
- Sabe por que o senhor não vai me prender, general? O senhor precisa de mim. Precisa de nós. – Diz, apontando para si mesmo e para Estelar. – Precisa de todos os repugnantes super humanos que conseguir, pra acabar com a ameaça que você mesmo criou. O monstro que saiu de seus laboratórios, de suas instalações, DA SUA CABEÇA!
Bernardo volta a andar, com Estelar seguindo-o, em direção à saída. No entanto, o primeiro para novamente, virando pela última vez para o general.
- E entenda bem uma coisa, nobre general Soles: Se me ameaçar novamente, EU vou acabar com você. De todas as formas que eu encontrar, e vou te expor publicamente por todos os segredos que desencadearam o blackout, a fuga e tudo de pior que vai acontecer daqui pra frente.
Os dois saem. Soles respira fundo. O general, com as mãos tremendo e o rosto demonstrando sua raiva. Seu rosto suava, mas ele sentia frio. Seus punhos estavam cerrados. O homem, que permaneceu parado por severos minutos, começa a caminhar novamente, indo em direção a um de seus soldados de confiança.
- Pegue nossos melhores e coloquem na cola daqueles dois.
Continua...
- Lista dos prisioneiros fugitivos:
- Os cinco de Hades:
Bestial: Forma animalesca, força sobre-humana, agilidade acima do normal.
Preso por formação de quadrilha, terrorismo e assassinato.
100 anos de prisão.
Harpia: Forma de ave, capacidade voo graças as suas asas, rajada vocal.
Presa por formação de quadrilha, terrorismo e assassinato.
100 anos de prisão.
Farol: Feito de energia pura, possui uma armadura de contenção com visores que redirecionam suas rajadas de energia oculares.
Preso por formação de quadrilha, terrorismo e assassinato.
100 anos de prisão.
Frio: Corpo feito de gelo, armadura de contenção, Criocinese.
Preso por formação de quadrilha, terrorismo e assassinato.
100 anos de prisão.
Cerebral: Corpo com uma coloração roxa, talvez por culpa da mutação, cabeça deformada, cérebro inchado, telepatia nível ômega, talvez a mais perigosa dos cinco.
Presa por formação de quadrilha, terrorismo e assassinato.
100 anos de prisão. Presa na solitária, altamente dopada.
Rocha: Força sobre-humana, raiva descontrolada, pele completamente revestida de pedra.
Preso por assassinato, roubo e sequestro.
75 anos de prisão.
Nebulosa: Pode transformar todo seu corpo em vapor venenoso.
Presa por formação de quadrilha (seus companheiros ainda estão presos) e assalto.
30 anos de prisão.
Padre Sebastião/Herege: Pode transformar-se em um monstro azul parecido com um demônio. Nesta forma possui Superforça e capacidade de pular grandes alturas.
Preso por assassinato e destruição de patrimônio público.
Prisão perpétua, sendo encarcerado em uma ala própria.
Foice: Assassino serial, utiliza de armas brancas como método para assassinar suas vítimas.
Preso por assassinatos.
120 anos de prisão.
Punição: Justiceiro armado e extremamente letal, possuindo uma gama de técnicas de luta.
Preso por violência urbana e perturbação da ordem.
20 anos de prisão.
Edson Martins/Tubarão Branco: Mutante em forma de tubarão humanoide, possui Superforça, capacidade de respirar embaixo d’água e agilidade submarina.
Preso por terrorismo e assassinato.
85 anos de prisão.
Cupim: Armadura protetora com lançadores pirocinéticos.
Preso por perturbação da ordem, assalto e violência.
50 anos de prisão.
Incendiário: Pirocinese “natural”, mutante nível ômega, capaz de gerar grandes rajadas de fogo, entrar em chamas e voar nesta forma.
Preso por destruição de patrimônio público e assalto.
45 anos de prisão.
Ego: Telepatia fraca, feitiçaria.
Preso por destruição de patrimônio público, assalto e assassinato.
85 anos de prisão.
Veneno: Transmutação corpórea.
Preso por agressão, destruição de patrimônio público e assalto.
50 anos de prisão.
- Sombria
Re: Contos esquecidos do FHverso
14/05/14, 11:31 am
Será que dessa vez agora vai? Finalmente contada a história dos Legionários? ahuehueheaua Tbm to esperando pelo próximo capitulo.
- Estelar
Re: Contos esquecidos do FHverso
14/05/14, 02:05 pm
Mano, dessa vez TEM que ir. Me disseram que eu nunca ia fazer essa história e eu não gosto de ser desafiado.
- Paradoxo
Re: Contos esquecidos do FHverso
14/05/14, 08:42 pm
O JB que te disse que você não faria nunca!
- Paradoxo
Re: Contos esquecidos do FHverso
14/05/14, 09:46 pm
Junto com o dedo você perdeu metade do cérebro.
- Estelar
Re: Contos esquecidos do FHverso
18/05/14, 02:20 am
UP!
Capítulo 2 adicionado mais a lista de presos fugitivos.
Capítulo 2 adicionado mais a lista de presos fugitivos.
- Estelar
Re: Contos esquecidos do FHverso
29/05/14, 01:52 pm
UP com o capítulo quatro (que ficou muito grande, por isso tive que dividir e o final ficou uma [#chapabranca]).
Re: Contos esquecidos do FHverso
29/05/14, 06:38 pm
Pow, Estelar, o final num ficou uma ruim não cara aehueahuae Tá foda. Minha ideia era de ser essa formação ai mesmo, com uma NPC sua ou do Joule - a sua irmã, ou a Flor do Luar pré-Força Heróica, talvez até a Argenta, que aí no caso você pôs a Flecha Rubra.
O legal é que na história que eu iria fazer o Salto e a Argenta estariam no comando do "IFH", uma mansão abandonada aonde os dois levariam os jovens com poderes pra ensiná-los, e agora o Salto tá de Arco no comando da Força Heróica heauheauhea
Enfim, no mais, só digo isso: Estelar mais cabuloso que pastor aheuheauea
O legal é que na história que eu iria fazer o Salto e a Argenta estariam no comando do "IFH", uma mansão abandonada aonde os dois levariam os jovens com poderes pra ensiná-los, e agora o Salto tá de Arco no comando da Força Heróica heauheauhea
Enfim, no mais, só digo isso: Estelar mais cabuloso que pastor aheuheauea
- Solar
Re: Contos esquecidos do FHverso
29/05/14, 07:38 pm
ehuahuehauheua valeu Supra. Eu ia colocar a Piriguete do Luar também na formação, mas ia inchar ainda mais o grupo, sem dar muito destaque pra ela, além do fato dela já estar sendo usada no Força Heroica. Decidi botar a FR pelo fato de ser mais fácil de inserir na história, já que é um quase affair do Estelar. Ainda vou dar mais destaque à ela, ao Arac e ao Supremo, que ainda não tiveram um espaço muito grande na trama.
PS: Pastô Estelar exorcizando o Shub-Niggurath HEUAHEUHAUEHAUHEUA
PS: Pastô Estelar exorcizando o Shub-Niggurath HEUAHEUHAUEHAUHEUA
- Estelar
Re: Contos esquecidos do FHverso
03/06/14, 02:34 pm
Legionários, A Origem
- Capítulo 6 – O Cão:
- Os dois descem de elevador pelo grande e excêntrico prédio em forma de L. Diversos andares abaixo do solo são vistos até que o elevador para. Bernardo e Deivid saem, indo de encontro a um corredor iluminado, que dá para o salão, onde os outros heróis se encontravam.
- O que tá acontecendo aqui? – Pergunta Bernardo, olhando pelo vidro, onde estão Supremo e Cupim.
- Ele tá interrogando o Cupim. – Diz Arac. – Engraçado... Ele não parece tão durão sem o uniforme.
Rainer sai da sala de interrogatório, limpando sua mão direita com uma toalha. Ele a coloca em uma mesinha, mostrando-a suja de vermelho.
- Você bateu nele? – Pergunta Bernardo, um pouco assustado.
Rainer o encara por alguns segundos e, logo em seguida, olha para os outros dentro da sala. Eles se entreolham, até que Rainer rompe o silêncio:
- Não.
Ele anda, passando no meio de Enerjoule e Estelar, lado a lado. Os dois se entreolham e Bernardo, em pensamento, diz:
“Eu te disse. Ele é perigoso demais.”
“Joule, depois de tudo que eu passei hoje, não quero discutir esse assunto. Posso não concordar com os métodos dele, mas isso se fez necessário.”
“Você anda muito condescendente com esse tipo de atitude. O que está acontecendo contigo?”
“Outra hora, Bernardo. Precisamos nos concentrar no que e importante.”
Bernardo e Estelar, juntamente com os demais, vão atrás de Supremo, que havia ido ao banheiro lavar suas mãos, um tanto ensanguentadas.
- O que descobriu? – Pergunta Estelar.
- O senhor Petrovsky trabalhava com alguém chamado Cão. Parece que ele recrutava bandidos para fazer trabalhos para certos “compradores”. Esse tal Cão parece ser algum tipo de agenciador do mundo do crime. Um intermediário para trabalhos de grande porte.
- Esse era um dos nomes que se repetiam na cabeça do Olivares, não? – Pergunta Enerjoule, virando-se para Estelar.
- Sim. E tem conexão direta com outro nome que se repetia dezenas de vezes nos pensamentos do Porco-Espinho e do Herege: Hoffmann.
- Então quer dizer que esse tal Hoffmann é a ligação entre todos esses bandidos e o blackout na prisão? – Pergunta Salto, até agora quieto.
- Sim, mas o grande problema é onde encontrar esse tal Cão. Até onde sabemos, ele entra em contato com os bandidos, e costuma não os chama-los duas vezes seguidas para um trabalho. – Diz Supremo.
- Nessa parte, deixem comigo. Eu sei muito bem onde encontra-lo. – Diz Flecha Rubra, com um olhar sério.
O sujo bairro Jardim Redenção possuía o maior número de criminalidade da cidade. Era quase um milagre não haver qualquer tipo de ocorrência quanto aquele lugar. Assassinatos, assaltos, prostituição, qualquer coisa relacionada a bandidismo.
A garota, com seu casaco vermelho de capuz, usando um óculos escuro e calça jeans preta, bate quatro vezes na porta. Três em sequência, esperando quase dois segundos, batendo a quarta vez. Uma voz sai de dentro do recinto:
- Quem é? – Pergunta a voz grave por trás da porta.
- A aljava está pronta para o arqueiro. – Responde a garota.
A porta se abre vagarosamente. De dentro, a menina vê um homem negro alto, gordo, porém aparentando ser bastante forte. Ele abre os braços, indo em direção a garota. Os dois abrem um sorriso e se abraçam.
- Dressa, garotinha! Quem bom ver você de novo! – Diz o homem, abraçando-a com força.
- Big Jeff! Também é bom te ver. – Ri a moça.
- Veio procurar o cara, não é?
- Você me conhece como ninguém, não?
O homem abre um sorriso, mostrando que não é a figura assustadora vista em primeiro momento. Ele indica as escadas, por onde a jovem sobe, dando de frente com uma porta de madeira, um pouco “comida” em suas extremidades. Ela bate algumas vezes nesta, até ter autorização par entrar. Dos dois lados da porá, dois homens fortemente armados, enquanto, de cada lado da mesa que a separa do homem que a moça veio encontrar estão mais dois homens. Mais um na janela fecha a equipe de proteção do homem.
- Dressa! – Grita o homem, abrindo os dois braços, soltando um sorriso de orelha a orelha. – Faz bastante tempo, minha querida. Veio em busca de mais um trabalho?
A moça retira seus óculos e abaixa o capuz, jogando-o para trás. Ela se senta na cadeira à frente do homem, cruzando as pernas e soltando um tímido sorriso.
- Quero conversar com você... – Ela olha para os demais “seguranças” do homem. – A sós.
Quase que imediatamente, este faz um gesto de mãos, pedindo para que todos saiam. Por alguns segundos os dois se encaram. O home ri, suspirando logo em seguida. Ele levanta, indo em direção à moça, passando a mão pelo pescoço desta, cheirando seu cabelo e, por fim, beijando sua nuca.
- Acredito que essa não seja uma conversa com O Cão, certo? – Diz, sentando em uma cadeira atrás da moça. – Espero que não seja uma discussão entre ex-namorados então. – Ri copiosamente.
A moça levanta-se, ficando de frente para ele.
- Leon... Precisa da sua ajuda.
O rosto do homem se fecha. Ele também se levanta, colocando suas mãos na lateral dos braços da moça. Ele a olha penetrantemente, com um semblante fechado, acenando com a cabeça, confirmando a ajuda.
- Eu tenho um nome. Acho que você o conhece. Preciso encontra-lo. – Diz a moça, enquanto ele espera. – Hoffmann.
Quase imediatamente ele solta suas mãos da moça, dando dois passos para trás. O cordão prateado do homem reflete a luz do sol que entrava pela janela, cegando a garota por alguns instantes.
- Como sabe esse nome? – Pergunta, sem obter respostas. – COMO SABE ESSE NOME, DRESSA!?
A porta bate algumas vezes. Algum dos seguranças que estavam do lado de fora pergunta o que está havendo. Não há resposta. Leon chega mais perto de Andressa novamente, segurando-a pelos braços. Seus olhos estavam assustadoramente abertos, enquanto sua pulsação e, principalmente, respiração eram mais altas do que o comum.
- ONDE CONSEGUIU ESSE NOME!? – Pergunta mais uma vez, gritando.
Ela dá uma joelhada entre as pernas dele, que a solta. A moça da alguns passos para trás, encostando na mesa. O homem, se recompondo, parece ainda com mais raiva. Neste momento, os dois ouvem uma sequência de ruídos vindos do lado de fora da sala em que se encontravam. Neste momento a porta abre. Uma fumaça negra começa a tomar conta do lugar. Leon fica confuso com toda aquela fumaça, não percebendo que Andressa havia desaparecido no processo. Uma série de golpes atinge o homem, sem fazer algum tipo de efeito. Neste momento, a janela quebra. Ouvindo o barulho, o homem corre para ela, a fim de descobrir se era Dressa. Um empurrão o joga para baixo, em direção à um beco. Ele cai, levantando-se logo em seguida, parecendo não sofrer nada com a queda.
- Você é duro de cair, meu amigo.
A voz que surge, por detrás do homem, é de Arac, já com suas garras expostas. Logo em seguida, a fumaça negra reaparece, porém, de dentro dela, uma figura surge: Salto. O inimigo estava flanqueado. Neste momento, uma voz surge:
- É melhor não resistir. Você está em menor número, Cão. – Supremo, em cima da casa, começa a despejar intimações para o alvo.
Cão começa a correr, atropelando Arac e, logo em seguida, derrubando Salto, que havia se teletransportados para sua frente, mas não fora capaz de desviar ou bloquear a investida adversária. Supremo atira, mas o bandido consegue desviar-se tranquilamente. No entanto, o homem não esperava mais nenhum ataque, até que uma flecha atravessa seu joelho, fazendo-o cair. Ele tenta se levantar, mas sua dor o impede. O sangue começa a jorrar pela perna do homem, que se estira no chão. Quando finalmente olha para cima, vê a figura da pessoa que havia atirado contra ele.
- Dressa? – Pergunta o homem.
- A aljava não está à venda, cadela. – Diz, dando um chute no rosto do homem, fazendo-o desmaiar.
- Leon? Leon Bertucci?
Uma voz ecoa pela cabeça do homem que, lentamente, acorda. Ele estava tonto, como se tivesse sofrido um golpe muito forte na cabeça. Quando acorda totalmente, ele percebe estar preso à uma cadeira, com seus pés e mãos atados por amarras metálicas. Á sua frente estão os seis heróis, alinhados um ao lado do outro: Arac, Flecha Rubra, Estelar, Enerjoule, Supremo e Salto.
- Senhor Leon Bertucci? – Pergunta Enerjoule, de braços cruzados. – Precisamos de um favor seu.
O rapaz pede para que os outros saiam da sala. Quando seu pedido é atendido, ele puxa uma cadeira, sentando de frente para o interrogado. Do lado de fora, os outros observam, sem ouvir, a conversa de ambos, notando que não fluía como esperavam. Alguns minutos se passam, até que o jovem sai da sala, com um semblante sério. Ele olha para Estelar e acena negativamente com a cabeça.
- Sua vez. – Diz Bernardo, olhando em direção ao seu companheiro Estelar.
O telepata entra na sala, enquanto os outros ficam apreensivos. Arac começa a coçar a cabeça, enquanto Salto senta em uma cadeira. Flecha Rubra apoia as mãos no grande vidro, na parte de baixo. Supremo coça sua barba, na altura do queixo, enquanto Bernardo pega uma garrafa de whisky, enchendo seu copo até a metade.
- Alguém está servido? – Pergunta aos demais, apontado o copo para o alto.
Os outros olham para Bernardo. Supremo, Flecha Rubra e Salto voltam-se para a sala de interrogatório, enquanto Arac abre os braços, dando de ombros.
- Eu até beberia, mas ainda não to na idade. – E se volta para a sala de interrogatório.
Estelar coloca as duas mãos na cabeça de Leon, se concentrando. Seus olhos começam a brilhar em um tom verde, no entanto, as coisas não saem como o esperado. Leon sorri, de maneira debochada.
- Não consegue ler a minha mente, telepata? – Diz, de maneira irônica. – Me contaram sobre você... Estelar, certo? Já contou aos seus amigos seu verdadeiro nome, senhor Oliveira?
Rapidamente, Deivid retira as mãos da cabeça do inimigo, que continua com seu sorriso sem dentes, assustador por sinal.
- Sua namoradinha sabe? Andressa sabe sobre você?
Deivid se levanta, seus olhos retomam o brilho o brilho verde intenso. O telepata cerra os olhos, fechando os punhos. Leon, o Cão, sente uma forte dor de cabeça, mas sua mente continua firme. Deivid não consegue invadir a mente de seu alvo. O homem contorce um pouco a cabeça, sentindo bastante dor.
- DEIVID!
Bernardo grita, tirando a concentração de Estelar. Os demais olham para Bernardo, enquanto Flecha Rubra deixa seu arco cair, sentando-se logo em seguida, perplexa. Deivid respira fundo, saindo da sala de interrogatório. Ele olha para Flecha Rubra, que vira a cara e sai do salão. Deivid tenta ir atrás da moça, mas é parado por Bernardo.
- Deixa ela ir. Depois vocês conversam. – Diz Bernardo, colocando a mão em seu ombro. – O que aconteceu lá dentro?
- A mente dele está bloqueada. Tentei forçar, mas não consegui derrubar a barreira.
- Mais um pouco e você matava o desgraçado.
Neste momento, Arac olha para Salto e Supremo e diz:
- Eu não entendi. Qual é a dos dois?
Salto o olha e, logo em seguida, vira o rosto, em gesto de desaprovação. Supremo toma a palavra.
- Você tentou suborna-lo. – Aponta para Bernardo. Logo em seguida, olha para Deivid e diz: - Você tentou ferrar a mente dele. Nenhum dos dois conseguiu... – Supremo retira uma espécie de mala debaixo da mesa. – Agora é a vez de quem entende.
Bernardo tenta avançar, mas Estelar o interrompe. Deivid acena com a cabeça e Bernardo deixa Supremo seguir para a sala. Logo em seguida, o telepata segue atrás de Flecha Rubra. Supremo, com um olhar sério e compenetrado, entra na sala de interrogatório. O herói pega uma cadeira de metal, arrastando-a em direção ao interrogado. O barulho metálico ecoa pela sala, incomodando Leon, que fecha os olhos fortemente, inclinando a cabeça para a direita. O barulho para. Supremo deixa a maleta em cima da cadeira e começa a andar em volta do homem atado na cadeira. Ele para em frente à Leon.
- Você vai me contar o que sabe sobre Hoffmann e o blackout na prisão?
- Não. – Diz Leon, cuspindo.
Supremo, então, soca a mão do homem, que prende o grito, mas começa a lacrimejar.
- Parece que você é um pouco resistente à porrada. Mas será que é resistente à cortes e perfurações? Pelo que eu vi, parece que não. Seu joelho ainda está o incomodando? – Diz Rainer, abrindo um sorriso de canto de boca. – Pois essa dor não vai ser nada comparada à que você vai sentir agora.
Supremo retira uma seringa e uma pequena garrafa com um líquido branco. Ele coloca um pouco da solução na ampola da seringa. Da dois petelecos na agulha, que respinga algumas gotas e, logo em seguida, a enfia no braço do homem.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
O grito incomoda Arac e Bernardo, mas Salto permanece parado. Parecia estar acostumado com aquele tipo de situação. Os três veem Supremo dar alguns socos no rosto do Cão. Seu nariz começa a sangrar bastante, seu corpo tremia involuntariamente, seus dedos se retorciam.
- Então senhor Bertucci. Vai falar ou não?
Leon mexe a cabeça, tremendo, de um lado para o outro. Supremo coloca mais um pouco do líquido na seringa, injetando no alvo.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
A garota permanece sentada no corredor. Ela alterna seus períodos de choro. Neste momento, percebe que alguém estava chegando. O rapaz coloca a mão em seu ombro e ela rechaça.
- Sai daqui Deivid. Não quero falar com você.
- Mas eu quero. – Responde Estelar, sentando ao lado da moça. – Você deve ter noção do porquê eu fiz isso. Pelo mesmo motivo que você esconde a identidade do seu pai.
- Mas meu pai é um inocente. Você não confiou em mim, não confiou que eu suportaria esse segredo.
- Eu quis te proteger! – Diz, levantando-se. – Eu não suportaria se algum vilão descobrisse minha identidade e colocasse sua vida em risco por isso. Eu não suportaria vê-la se machucar por minha causa, por causa do que eu faço. Eu não suporto ver você chorar, quanto mais ver você ser colocada em alguma situação como essa, como vítima.
Deivid estende a mão para Andressa, que se levanta. Os dois se olham por alguns instantes, até que ela o abraça com força. Ele retribui e os dois ficam nesta posição por algum tempo, até que:
- Estelar, temos uma confirmação. O interrogatório do Supremo funcionou. Temos a localização do esconderijo do Hoffmann.
- Ok, estamos indo, Joule. – Diz Deivid.
Os dois se olham. Deivid sorri para Andressa, enquanto ela, ainda chorando, devolve o sorriso. Os dois vão em direção ao salão, abraçados
- Você sabe que o Enerjoule deu em cima de mim, certo?
- Eu sei. Ele dá em cima de todas as mulheres bonitas que vê. Mas ele não vai fazer nada contigo.
- Como você sabe?
- Bem, eu sou telepata. Se ele tentar alguma coisa com você, vai ser a última mulher por quem ele vai se apaixonar. – Diz sorrindo para a moça.
O lugar era abandonado. Quase tudo na antiga zona industrial da cidade também era. No entanto, aquela instalação tinha alguma coisa diferente das demais. Gerava muito consumo de energia elétrica, consumia muita água. O subsolo do local era iluminado quase por completo. Dentro de um dos laboratórios, um homem de cabelos brancos (apenas nas laterais da cabeça), jaleco de mesma cor, profundas olheiras nos olhos e trejeitos um tanto peculiares, começa a falar, em um carregado tom alemão:
- Muito bem... O Cão está desaparrecido por muito tempo. Temo que esteja capturrado. Non sei quanto a vocês, mas temo que os captorres de meu intermediárrio non estejam longe daqui. Senhorres, esperro que estejam prreparrados parra a luta.
Uma voz então surge da parte mais escura do recinto:
- Não se preocupe doutor. Seu trabalho em nos tirar da cadeia não vai ser em vão.
Continua...
- Capítulo 7 – Destruidor:
- - O nome dele é Celius Hoffmann. – Diz Supremo, em frente ao grande telão da sala principal. – De acordo com nosso amigo Cão, que nos cedeu gentilmente certas informações, pudemos triangular uma área de atuação para esse nobre senhor.
Da mesa redonda do centro uma imagem holográfica da cidade começa a se formar. Logo, vários zooms são dados, até a área triangulada, suposto local onde Hoffmann estaria.
- Essa área. – Aponta Enerjoule. – Ela parece ser o centro de um grande consumo de energia.
- Estranho é Hoffmann não tentar esconder em nada isso. – Retruca Estelar.
Arac, com a mão no queixo, permanece alheio a conversa, pensativo. Enquanto Salto o observa, tendo Flecha Rubra como uma singela espectadora.
- O que faremos então? – Pergunta a moça. – Parece que isso é uma armadilha.
- Não tenha dúvidas. – Responde Enerjoule, levantando-se.
- E como vocês pretendem entrar nesse lugar que deve ser uma armadilha viva? – Pergunta Arac, em tom preocupante.
- É por isso que nós temos você... – Diz Supremo, olhando diretamente para o companheiro.
“Acha que ele dá conta?”
“Com certeza! Ele vai ser um belo chamariz, enquanto entramos com o Salto.”
“Espero que você esteja certo, Supremo. Senão...”
“Senão o que? Vai me bater com o seu dinheiro?”
O rapaz para em frente ao grande portão de ferro enferrujado. Ele começa a gritar desesperado. Uma câmera bem antiga começa a se mexer, focalizando no herói.
- Orra orra, a pequena arranha volta parra casa. – Diz Hoffmann, em seu “casulo”. – Peguem-no!
O portão enferrujado se abre lentamente. De dentro, duas figuras surgem. Um rapaz, quase do mesmo tamanho de Arac, usando camisa e calças longas, estampadas por caveiras, além de uma meia máscara, mais para um lenço, também com uma estampa de caveira. A outra possuía uma pele em tom rosa. Ela flutuava e, no lugar de seus pés, uma fumaça da mesma cor que sua pele.
- Olá, aranhazinha. - Diz o primeiro, estalando os dedos.
- Fala aí, Marquinho! Você parece mais magro. Comeu pouco enquanto estava na cadeia ou pegou alguma doença venérea da sua amiguinha aí? Aliás, você parece que tem cara de quem está com Herpes, acertei?
Marco começa a ficar irritado com seu inimigo, partindo pro ataque logo em seguida. Arac desvia, mas é pego pela fumaça de Nebulosa.
- Você se acha muito esperto vindo aqui nos enfrentar sozinho, né? – Diz a mulher.
- Na verdade...
Antes que Arac pudesse terminar sua frase, um flecha atravessa o campo de batalha. Logo em seguida, uma longa rajada de energia atravessa o local, acertando Marco. Nebulosa larga seu alvo, indo em direção de onde viera a rajada, mas a flecha que se encontrava no meio do caminho começa a irrigar água em sua direção. Como mecanismo de defesa, Nebulosa volta a sua forma humana, sendo atacada por outra rajada de energia, vinda de Enerjoule.
- Pelo visto eles continuam burros. – Diz Arac, limpando seu uniforme.
- Tá na hora, galera. Os outros já devem ter entrado. – Diz Enerjoule, para seus companheiros.
Uma fumaça negra começa a se dissipar. Dela, três pessoas surgem. Salto, que havia trazido os outros dois até o local, devido à seu Teletransporte; Supremo, munido de duas pistolas carregadas; Além de Estelar, que flutuava por sobre o piso de ferro.
“Todos linkados telepaticamente. Não precisamos mais falar pra conversar.”
“Ótimo. Repassando o plano então...”
Enerjoule e os outros adentram na instalação, aparentemente vazia. Neste momento, um vulto surge, caindo por sobre o jovem Arac, que consegue saltar, desviando. O monstro era rosa e enorme, muito parecido com o heróis Mutante. No entanto, suas feições eram horrendas, sua língua bifurcada e seus olhos totalmente vermelhos.
- Vem pro papai, aranha! – Grita, com uma voz distorcida.
- Galera, deixa esse pela-saco comigo! – Grita Arac, colocando seus ferrões para fora dos antebraços. – Vão achar o tal Hoffmann.
Enerjoule e Flecha Rubra começam a correr, enquanto o embate entre os dois arqui-inimigos prosseguia. Marco pula em cima de Arac, que se desvencilha com maestria, caindo pelas costas do monstro, arranhando suas contas com o ferrão. No entanto, ela se regenera quase que no mesmo instante, voltando a atacar o herói ferozmente, que dessa vez não consegue se desviar. Ele é jogado contra uma parede, tomando um baque bem forte, ficando tonto por alguns instantes. Quando volta a si, vê Marco, ainda em sua forma transformada, para do em sua frente.
- Vai lá fodão. Acaba com essa luta logo. – Diz o rapaz, em um tom fraco.
- Hehehe o carneirinho veio direto pra toca do lobo, que interessante. – Diz o bandido, com seu sorriso macabro.
- Do que você tá falando?
- Ah, como o doutor Hoffmann suspeitava, você não se lembra. Mas o doutor vai refrescar sua memória, aranhazinha.
Marco dá um último golpe no garoto, que desmaia. Logo, o vilão pega seu adversário, jogando-o em suas costas.
Estelar voa em ziguezague, enquanto Supremo é alvejado por uma série de rajadas de energia, mas protegido por sua barreira de energia esverdeada. Salto se teleporta até achar algum meio de derrotar a ameaça.
- Dá um curto circuito na cabeça dele, Estelar! – Grita Supremo, que alternava em ligar e desligar seu campo de força, a fim de acertar seu inimigo com seus projéteis.
- Eu já tentei! Ele tá protegido contra investidas mentais.
Neste momento, uma figura surge do alto, caindo como um míssil no chão. O choque é tão forte que joga Supremo para longe. Um homem, de pele metálica e usando um colante negro, que pula novamente em direção a Supremo, mas é interceptado por Salto, que o teleporta para outro canto do local. O inimigo cai sozinho, já que Salto havia se teleportando mais uma vez.
- Droga. – Diz a mulher, a que soltava rajadas de energia pelas mãos.
“Problemas no paraíso, Rompante?”
Uma voz surge na cabeça da moça. Uma voz conhecida, um aliado.
- Ego! – Grita esta. – Me ajude com estes trastes! Derruba eles agora!
O homem surge das sombras, colocando dois dedos de sua mão direita na cabeça, se concentrando. Estelar, ao ver o que estava para acontecer, também começa a se concentrar, a fim de anular as investidas de seu oponente. Uma guerra telepática começa a acontecer entre Estelar e Ego.
“Então é você? Você que o doutorzinho tanto teme?”
“Não sei do que você tá falando. Só sei que você não vai se safar.”
Rompante aproveita que Estelar está vulnerável devido a batalha com Ego e mira em suas costas, no entanto, antes que consiga atirar, Salto surge por cima da moça.
- Acho que você não vai precisar mais disso. – Diz, se teleportando junto das manoplas que lhe concediam suas habilidades.
- Filho da puta! – Grita a moça, agora que está vulnerável.
- Ei moça! Diga xis! – Diz Supremo.
O homem lhe aponta as duas pistolas que carregava, dando tiros certeiros na estrutura chave da armadura da inimiga, deixando-a inútil. Neste momento, Salto surge novamente, como por mágica, nocauteando-a.
- Bom trabalho! – Diz Rainer.
Entretanto, antes que Rainer pudesse dizer mais alguma coisa, o homem de metal surge repentinamente, atacando-o por trás, fazendo-o voar pelo campo de batalha. Salto consegue interceptar seu companheiro, teleportando os dois, mas a velocidade era muito alta. Os dois se materializam novamente e batem com as costas em uma parede. Cromo, como era conhecido o homem de pele metálica, avança a passos largos e barulhentos. Ele pega Supremo e Salto, atordoados demais para uma investida, pelo pescoço. Um sorriso pode ser visto em seu semblante prateado. Quando o homem está prestes a esmagar o pescoço dos dois indivíduos, uma rajada de energia atinge-o com muita força, fazendo-o largar os dois. Cromo bate fortemente contra a parede, que começa a trincar. Com a mão em seu rosto metálico, ele se levanta, mas é atingido por uma flecha vermelha, que começa a secretar uma espécie de espuma, que o prende na parede.
Flecha Rubra e Enerjoule aparecem no campo de batalha, ajudando os dois caídos a recobrarem a consciência.
- Demoraram. – Diz Supremo.
- Calma gafanhoto. Se não fosse por nós, vocês estariam sem pescoço agora. Que tal um agradecimento? – Retruca Enerjoule.
- Cadê o Arac? – Pergunta Salto.
- Ficou pra trás lutando com um monstro feio demais pra descrever, pra nos dar tempo de entrar. – Responde Flecha Rubra, encarando Cromo logo em seguida. – Nem se preocupe em fazer força, não vai sair daí tão cedo. E se tentar se mexer, aí que a espuma vai fazer mais efeito.
- Enquanto ao Estelar? – Pergunta Enerjoule, olhando pra cima.
- Ele tá ali há alguns minutos. – Responde Supremo, ainda tentando se manter de pé. – Parece que tá em algum transe ou coisa parecida.
- Ok, ele chega na gente quando terminar. Precisamos achar o Hoffmann. – Diz Enerjoule, seguindo na frente.
“Depois que acabar com você, garotinho, seus amigos serão os próximos.”
Estelar não retribui as provocações. Em vez disso, o rapaz fecha seus olhos calmamente, colocando as duas mãos em sua cabeça.
“Tá com medo, telepata? Não consegue me enfrentar no plano astral e se concentrar em falar mentalmente? Seu fraco, seu f...”
De repente, a “voz” do inimigo se cala. O mundo ao redor dele começa a se transformar. O espaço negro em volta dos dois é tomado por montanhas, o céu toma forma acima deles. O rapaz, antes mudo, começa a tossir, tomando novamente a fala, com algumas dificuldades.
“C-c-como você fez isso?”
“Você achou que estava com tudo sob controle, não? Achou que me venceria facilmente, sem eu ao menos ser uma ameaça? Escute bem, Ego: Você está agora nos meus domínios! Sinta a minha Fúria!”
De repente, os olhos de Estelar começam a se abrir. Deles não mais existiam pupilas, íris, ou nada do tipo, apenas luz. Uma luz esverdeada que também começava a recobrir o corpo do heróis, criando uma aura magnífica, que chegava a cegar o adversário. Neste momento, a tal aura começa a se intensificar. Estelar fecha os olhos mais uma vez, os forçando. Suas mãos se cerram e uma gota de suor percorre sua testa. De repente, um grito.
Ego aparece caído, desnorteado, babando no chão. Estelar desce com imponência até o inimigo, estendendo sua mão para este. Com a cabeça rodando e pernas bambas, Ego ignora o oponente, cuspindo, seja lá para onde seu nariz estava apontando.
- Nunca julgue seu oponente pela aparência que ele possui, Ego. Eu posso ser jovem e até imaturo em certos momentos, mas não duvide do meu poder e nem da minha concentração. – Diz o rapaz, colocando uma das mãos por sobre a cabeça do inimigo. – Agora durma.
Enerjoule e os demais chegam à uma sala totalmente iluminada. Era o local mais limpo do complexo, mesmo não sendo tão limpo assim. Um pouco ao longe, os heróis avistam um senhor, de cabelos e jaleco branco. Em cima de uma maca, um rapaz, de roupa negra e prateada, de cabelos negros. Arac. Supremo olha para Salto que, logo em seguida, se teleporta. No entanto, quando chega ao local onde seu companheiro era mantido preso, o teleportador recebe um golpe forte na cabeça, caindo em direção a diversas prateleiras de metal.
- Orra orra... Parrece que temos convidados ilustrres... Marco!
Um monstro, de pele rosada e língua bifurcada, surge em frente aos três.
- Vai ser um prazer matar os três. – Diz, pulando em cima dos demais.
Supremo dá um grito, criando uma barreira de energia em volta de si, enquanto os outros dois desviam-se. Enerjoule, de joelhos, se concentra e atira uma poderosa rajada de energia contra o monstro, fazendo-o se chocar contra uma parede. Um tremor ocorre devido ao choque. Flecha Rubra atira algumas flechas, ineficazes. Ela pula em cima de uma das macas, pulando logo em seguida nas costas do bicho, que começa a se debater. Supremo atira contra os joelhos do inimigo, que nada sente. Dressa retira uma flecha de ponta metálica. Ela a segura de ponta cabeça, atingindo o olho do monstro, que se debate de dor. Em um gesto involuntário, o monstro joga a moça contra uma das paredes.
Perto dali, doutor Hoffmann começa a ligar alguns aparelhos. Ele retira uma seringa de uma das gavetas. Neste momento, Arac abre os olhos. Sua visão em primeiro momento era turva. Demorara alguns segundos até que o rapaz recobrasse totalmente seus sentidos.
- Olá, menino Daniel. Lembrra-se de mim?
- Quem é você? – Pergunta o jovem.
- Meu nome é Hoffmann... Seu crriadorr...
Antes que pudessem continuar a conversa, outro tremor é sentido. Marco, o monstro, é jogado contra a sala em que os dois estavam, quebrando alguns aparatos de Hoffmann, libertando Arac de suas amarras.
- Hoffmann! – Grita Enerjoule. – Não dê mais um passo.
Marco levanta-se, tentando investir contra os inimigos, mas é pego de surpresa por Salto, que se teleporta, atacando o inimigo com uma cadeira de ferro. No entanto, seu esforço é inútil, já que o inimigo não sentira o golpe.
“Supremo, use seus poderes nele! Pessoal, saiam da frente.”
A voz ecoa na cabeça de todos os cinco. Logo, Supremo utiliza seus poderes, criando uma barreira de energia esverdeada em volta da cabeça do bicho, que se debate intensamente. Os outros abrem caminho e uma espécie de cometa atravessando a sala, atingindo a barriga do monstro, que cai desacordado, porém, não se destransforma.
- Finalmente chegou, hein. – Diz Enerjoule, com um tom nada amigável.
- Foi mal, estive ocupado. – Responde o telepata.
- HOFFMANN! – Grita Arac, enquanto recoloca sua máscara.
O doutor entra em uma sala mais escusa, ligando uma série de aparelhos, apertando dezenas de botões. Quando os heróis tentam chegar até ele, uma explosão, como se algo tivesse sido arrebentado de dentro para fora.
- Vocês me obrrigarram a fazer isso! Seus moleques impertinentes! Ele vai destruí-los agorra!
Neste momento, um ser, como se fosse feito de energia pura, de pele tão negra quanto o espaço, cabelos longos e brancos e apenas, utilizando algumas amarras de ferro e um calça rasgada, totalmente surrada. Seu olhar brilhava em branco, seu semblante era sério.
- Estão todos perdidos. – Dizia Hoffmann. – Digam adeus parra suas vidas. Digam olá parra sua morrte! O Prrojeto Cosmos!
O homem fecha os olhos e cerra as mãos. Alguns segundos de silêncio tomam conta do salão. Neste momento, os olhos e as mãos do homem se abrem, gerando um pulso de energia de forma descomunal, arrasando tudo que via pela frente. Supremo tenta se proteger, e a quem estivesse de seu lado, usando sua barreira de energia. Salto se teleporta juntamente com Arac e Marco. Deivid cria uma bolha psíquica para si, enquanto Hoffmann se escondia por detrás daquele ser. Era tudo em vão. As colunas foram as primeiras que viraram cinzas, os heróis (e vilões) foram jogados para longe tamanha a ferocidade da energia emanada.
Com uma voz gutural e distorcida, emanando imponência, o homem, flutuando de braços abertos, diz:
- Digam adeus às suas miseráveis vidas!
Conclui no próximo capítulo...
- Vulto
Re: Contos esquecidos do FHverso
03/06/14, 11:41 pm
Há, felcha da justiça neles! hahaha Bora continuar lendo
- Estelar
Re: Contos esquecidos do FHverso
09/06/14, 02:45 pm
- Capítulo Final - Unidos!:
- Helicópteros sobrevoam o local dos escombros. Veículos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros começam a chegar, rodeando o local da implosão. A imprensa, em peso, tenta arrancar algumas palavras do comandante da PM, mesmo que este também não saiba o que está acontecendo. Curiosos, que notam o caos que aquele lugar se tornou, também começam a se juntar ao redor daquilo que era um grande complexo abandonado. A polícia tenta espalhar todos que ali não ajudariam, mas é em vão.
Neste momento, dezenas de roncos de motores são ouvidos ao longe. O chão começa a tremer, e mais de camburões surge no horizonte. Eram veículos paramilitares, com um logotipo de um cavalo alado em suas laterais. Os carros param a uma certa distância dos veículos policiais. De dentro dos camburões, vários soldados, totalmente paramentados com suas roupas táticas e suas armas de ponta. Do segundo carro mais próximo aos repórteres, um homem de pele negra, óculos escuros e charuto na boca, sai, dando passos largos em direção ao comandante.
- O senhor é o comandante aqui? – Pergunta.
- Sim. Major Teodoro Castro.
- Não perguntei seu nome, filho. – Diz, de forma até desrespeitosa.
Os dois se encaram por alguns segundos, até que a moça de cabelos cor violeta se aproxima do militar, cochichando algo em seus ouvidos. O homem negro começa a falar novamente.
- Eu sou o General Afonso Soles e gostaria que você retirasse sua patota daqui, meu rapaz.
- Desculpe senhor, mas eu recebo ordens. E acho que o senhor não possui jurisdição aqui pra me mandar seja lá pra onde for.
Soles sorri, meio que debochadamente do homem à sua frente, colocando sua mão direita no ombro esquerdo do homem.
- Escute aqui, filho... – Diz o homem, retirando um distintivo de seu próprio bolso. – Pegue seu time, os bombeiros e toda essa galerinha com câmeras e deem o fora daqui. Hoje eu não estou em um bom dia e estou te pedindo da forma mais gentil que pude encontrar. Mas, se você não fizer o que estou dizendo, amanhã todas essas suas condecorações, todo o seu pelotão, tudo vai ser tirado de você da maneira mais inconveniente que eu possa pensar.
O Major engole seco diante da imponência das palavras e da postura do militar. Ele se vira para seus comandados e, com um gesto de mãos, pede para que se retirem. Logo em seguida, pede para alguns de seus homens dar a mesma ordem aos bombeiros e também ordena que retirem a imprensa e os curiosos.
Soles volta para seu veículo, sentando no banco do carona, acendendo mais um charuto. Violeta surge ao lado dele, do lado de fora do camburão.
- E então? É ele quem está lá? – Pergunta Soles, soltando uma baforada.
- Nossos helicópteros dizem que sim. 87% de certeza, segundo a visão termogênica. 93% segundo os espectrômetros. Com toda a certeza é o Martins. O que faremos, General?
Os dois se entreolham. Soles solta mais um jato de fumaça de sua boca, recostando no assento. Gotas de suor começam a surgir de sua testa nua, enquanto este cerra uma das mãos.
- Rezar, Agente Violeta. Apenas rezar...
Estelar é lançado por uma poderosa rajada de energia. O telepata se choca com o que sobrou de uma coluna, batendo com a lateral do seu corpo, caindo inconsciente. Enerjoule, de joelhos, lança uma rajada de plasma em seu inimigo, que nada sente. O vilão levanta um grande escombro, jogando-o contra o herói. Neste exato momento, Salto surge, teleportando Enerjoule para trás do inimigo. O herói milionário lança mais uma de suas rajadas, agora mais intensificada, contra as costas do inimigo. O impulso faz com que o homem seja deslocado em direção a uma parede, se chocando contra esta. O homem levanta, espana alguns escombros de seus ombros com as mãos, virando-se logo em seguida para Enerjoule.
- Agora é a minha vez, homenzinho. – Diz, disparando uma rajada de energia.
Ela explode na direção de Bernardo, mas não o atinge. Uma barreira de energia esverdeada surge entre os dois oponentes. Supremo surge de cima, dando uma joelhada no corpo frio e negro do vilão, que nada sente. Ele segura a perna esquerda de Rainer, girando-o. O rapaz é lançado contra uma parede já derrubada. O choque faz com que o herói sinta um pouco as costas.
- Vocês acham que vão ganhar de mim!? Eu sou O PODER!
Uma poderosa onda energética se espalha, jogando os heróis caídos para todos os cantos. Neste momento, o vilão sente algo. Ele olha para cima, cerrando os olhos e, logo em seguida as mãos.
- Soles... – Diz, voando para cima, quebrando toda e qualquer estrutura que encontra pela frente.
Arac anda no meio dos escombros, sendo seguido por Flecha Rubra.
- Arac, o que você tá fazendo? – Pergunta a moça.
- Eu tenho que encontrar o Hoffmann... – Responde o rapaz.
Ele continua andando, deslocando alguns escombros.
- Por que você quer ir atrás dele? Seus companheiros tão morrendo lutando contra aquela... Coisa! E você atrás de um velho que nem pode mais te ferir.
- Ele sabe como eu ganhei meus poderes! – Grita Arac.
Lágrimas caem dos olhos do rapaz. Algumas são visíveis, já que sua máscara estava rasgada a altura do rosto, no lado direito. O rapaz retira sua máscara, ajoelhando nos escombros. Flecha Rubra tenta se aproximar do garoto, mas é impedida por Marco, já consciente e transformado.
- Achou que ia se livrar de mim assim tão fácil, aranhazinha? – Pergunta, com sua turva voz.
- Pra trás! – Grita Dressa, apontando seu arco com uma de suas flechas de pontas metálicas.
- Cai fora, sua piranha! – Grita o monstro, dando um tapa na moça.
Logo em seguida, o monstro é atacado por Arac que, com os dois pés alinhados, atinge a nuca do inimigo, que cambaleia mas não chega a cair. O inimigo retoma sua ação contra o herói aracnídeo, tentando soca-lo, mas o herói consegue se desvencilhar, ativando seus ferrões logo em seguida. Arac parte para o ataque, fincando um de seus ferrões no ombro direito do inimigo, que geme de dor. Flecha Rubra, logo em seguida, atira uma flecha no calcanhar esquerdo de Marco, que desaba de joelho. Arac então aplica uma joelhada no queixo do oponente que, sentindo o golpe, cai para trás. Cansados, Arac e Flecha se escoram um no outro. A moça está com o rosto ensanguentado e o ombro esquerdo ferido, enquanto Arac sofre de escoriações por todo o corpo. Ele se desvencilha da moça, andando alguns passos até cair de joelhos.
- Pobrre menino Daniel... – A voz de Hoffmann surge por entre a escuridão a frente dos dois. – Tão frraco, tão inútil...
Flecha Rubra aponta uma de suas flechas em direção à Hoffmann, mas é impedida por Arac, que coloca a mão em seu arco. Ele acena com a cabeça de forma negativa, levantando-se logo em seguida. O rapaz anda mais alguns passos, caindo e se levantando algumas vezes, até chegar próximo ao doutor.
- Afinal, o que você fez comigo?
- Finalmente rrecobrrando a memórria? – Brada Hoffmann, com um sorriso estampado em seu rosto.
- Me responde logo... – Diz o rapaz, com uma voz fraca.
- Muito bem... – O doutor solta um pigarro, retomando o discurso. – Você foi meu melhor experrimento. Minha obrra prima.
- O QUE VOCÊ FEZ COMIGO, SEU ANIMAL!?
Arac o pega pelo colarinho da camisa, cuspindo em sua cara logo em seguida. Hoffmann sorri mais uma vez, se desvencilhando do heróis, já cansado e acabado.
- Daniel, você non deve se lembrrar, mas você veio até mim, não voluntarrianmente, mas veio. Você foi entrregue a meu laborratórrio por alguém muito especial. Enton eu vi um potencial muito grrande em você, em seus poderres latentes.
- Então você usou suas experiências em mim? Eu fui sua cobaia?
- A mais perfeita delas. Seus poderres já estavam prrontos parra serrem despertados, mas minhas experriências fizeram-no adquirir mais poder.
- Seu canalha! – Grita Arac, levantando-se, dando um soco no rosto do doutor.
O velho cai, com o nariz ensanguentado. Arac pula por cima dele, para tentar mais um golpe, mas é impedido por Marco, que acabara de acordar, jogando o herói longe.
- Vamos emborra, Marco. Acho que nosso amigo Daniel já teve demais por hoje. – Diz o doutor, limpando o sangue que escorre aos montes de seu nariz.
Os dois fogem dali, deixando um Arac atormentado, caído no chão. Flecha Rubra chega junto ao rapaz que, em prantos, a abraça.
Os soldados da P.E.G.A.S.U.S. começam a sentir um forte tremor vindo do subsolo. De repente, diversos estrondos começam a ecoar e os escombros são jogados para todos os cantos do local. Alguns caem em direção aos veículos militares, outros em direção às outras fábricas abandonadas. Soldados começam a correr para não serem atingidos pelos destroços. Soles sai de seu veículo, olhando para o céu em seguida. Ele nota aquela presença imponente, rústica, de pele negra e cabelos e olhos brancos. Ele fecha e abre os olhos rapidamente, não parecendo acreditar. Aquele ser que tanto tentara esconder estava ali.
- SOLES! – Grita o homem.
O grito ecoa pelo complexo destruído. Uma onda de energia atravessa o local, jogando carros e destroços por todo o lugar. Ele finalmente consegue enxergar seu alvo, ali parado, de pé. Lentamente, o homem desce dos céus, com seus braços abertos, como se estivesse em oração. Cara a cara com seu desafeto, o homem diz:
- Finalmente, Soles. Finalmente vou ter minha vingança.
O general o olha sem ao menos piscar. Os dois se encaram por alguns segundos, até que o vilão é acertado por diversos projéteis. Ele estica seu braço para trás, formando uma onda de energia que tira as armas de todos ali, jogando-as para longe. Violeta, ainda de posse de seu revólver, desfere vários tiros, em vão. Apenas com um abrir e fechar de olhos, o homem joga sua arma longe, derrubando-a logo depois.
- O papo é entre eu e você, Guilherme. Não mate meus soldados. – Diz Soles, com um tom receoso em sua voz.
- Capitão Guilherme Martins não existe mais, seu inseto. Eu sou o cosmos. Seu Projeto Cosmus!
Com um grito, Guilherme libera uma forte onda energética, que começa a criar uma cratera onde os dois estavam, destruindo o veículo de Soles, que permanece parado.
- Escute Guilherme...
Com um gesto de mãos, Guilherme atira Soles no chão, antes que este pudesse terminar sua frase. O vilão anda calmamente em direção ao militar, que tenta se recompor.
- Você está com medo de mim, general? Pois devia ter...
O homem, feito de pura energia, pega seu alvo pelo pescoço, com uma única mão. Soles se debate, sem sucesso. Guilherme aperta forte o pescoço deste, fazendo-o sufocar.
- PARE!
Uma rajada de energia é desferida contra Guilherme, que solta quase imediatamente o pescoço do general.
- Ele pode não ser uma boa pessoa, mas não é assim que se resolvem as coisas. – Diz Enerjoule, ofegante.
- Você não pode ter vindo aqui sozinho. Onde está o outro? ONDE ESTÁ O TELEPORTADOR!? – Grita o homem.
- Ele estava trazendo a cavalaria!
Um grito surge, trazendo consigo uma fumaça negra, que começa a recobrir o vilão. De repente, uma esfera de energia recobre a cabeça de Guilherme. Ele permanece parado, parece não sentir os efeitos da falta de oxigênio. Logo, com suas mãos, ele consegue destruir a bolha.
- Seu imbecil! Não preciso de oxigênio nessa forma.
Assim que termina de discursar, outra rajada de energia o pega de surpresa. Porém, por mais que tenha deslocado o inimigo por alguns metros, não consegue derrubá-lo. Salto aparece por cima do inimigo, tentando enforca-lo, mas é detido rapidamente. Duas flechas atingem Guilherme, secretando espuma. O vilão destrói sua prisão temporária com uma facilidade nunca antes vista. Ele se dirige para Enerjoule, que se prepara. Neste exato momento, Arac chega por detrás do inimigo, acertando-lhe em cheio com seus dois ferrões, fincando-os nas costas do homem, que sorri. Ele pega o braço do jovem, lançando-o contra uma mureta. Supremo surge em frente ao inimigo, disparando projéteis de energia, com uma das armas da P.E.G.A.S.U.S. que conseguira recolher. Em vão. Com um gesto de mãos, o homem joga-o para longe. Sobraram apenas Guilherme e Bernardo.
- Eu lembro de você! – Diz o homem, com seus olhos se intensificando em branco. – Você ajudou a financiar o Projeto Cosmus. Você ajudou aquele traste a fazer isso comigo. VOCÊ VAI MORRER!
Enerjoule tenta mais uma rajada de energia, mas é rechaçada por Guilherme, que o pega pelo braço. Ele alça voo, carregando Bernardo acima da cabeça, com as duas mãos. Quando chega a uma altura considerável, o vilão o lança para baixo. Bernardo apenas fecha os olhos, esperando o baque e a iminente morte. No entanto, seu corpo some instantaneamente, reaparecendo perto do chão. Salto o havia salvado. No entanto, Bernardo desmaia. Guilherme, com toda sua fúria, “despenca” dos céus, causando um incrível tremor ao encostar no chão. Uma saraivada de projéteis energéticos são atirados contra Guilherme, que vai em direção à seu algoz: General Soles. Ele o derruba com um soco no estômago, fazendo-o vomitar e se contorcer no chão.
- É só isso que vocês tem pra mim!? NÃO SOBROU NINGUÉM!? – Pergunta, abrindo os braços, rindo logo em seguida.
“Eu.”
Uma voz ecoa na cabeça de Guilherme, que tenta identificar de onde ela vem.
- Quem é? – Pergunta o vilão.
“Estelar... Não...”
“Estelar não existe mais.”
Um cometa atravessa o campo de batalha, pegando impulso, atingindo o abdômen do inimigo, que é deslocado por alguns metros. Estelar estava de pé, em frente ao homem que nenhum de seus companheiros pôde derrotar. Mas o heróis parecia diferente. Seu semblante, sua postura, até o brilho de seus olhos era em um verde mais intenso.
- O telepata... – Murmura Guilherme.
O homem de pele negra atira mais uma de suas poderosas rajadas de energia cósmica, atingindo Estelar em cheio. O herói voa por alguns segundos, conseguindo parar devido sua telecinese.
“Estelar... Foge...”
O rapaz se recompõe, olhando fixamente para o inimigo. No entanto, seu olhar parece vago, vazio, distante. Guilherme avança contra seu alvo, mas este se esquiva com maestria. Os olhos de Estelar se intensificam mais em verde. Usando sua telecinese, ele joga Guilherme contra uma mureta de contenção. No entanto, o inimigo se levanta, mais sedento. Estelar voa para trás, pegando impulso e se jogando contra o inimigo. Guilherme faz o mesmo. Os dois se chocam, gerando uma energia de impacto muito grande, levantando os escombros e jogando as pessoas que ali estavam para mais longe. Salto consegue salvar Bernardo e Flecha Rubra, enquanto Supremo cria uma barreira de energia que o salva, junto à Arac.
Estelar aparece caído, com seu uniforme totalmente surrado, rasgado em algumas partes, já sem máscara. Guilherme o sobrevoa, com um sorriso em seu rosto. Ele aterrissa em frente ao corpo inerte do herói telepata. Estelar é pego pelo colarinho do uniforme, sendo levantado com facilidade.
- Esse é todo o seu poder, telepata? Fraco.
Neste instante, os olhos de Deivid se abrem. O verde estava ainda mais intensificado, chegando a cegar o inimigo.
“Você é forte, Guilherme Martins. No entanto, sua força, seu poder, sua sede de vingança não poderão te livrar dos pesadelos do mundo das ilusões.”
Guilherme larga Estelar, que começa a flutuar. O vilão coloca as duas mãos na cabeça, se retorcendo, ajoelhando-se logo em seguida. Suas mãos, pela primeira vez, tremem.
“Eu sou muito maior do que apenas este débil corpo. Não me chamo mais Estelar, ou Deivid, ou qualquer outro nome mundano. Os mais antigos me denominam apenas como Fúria. Não uma fúria desenfreada e cheia de rancores, e sim uma fúria por sabedoria, por conhecimento ilimitado. Uma fúria por poder!”
Um forte clarão surge, jogando Guilherme contra o chão. Seus poderes se desativam, mas logo o homem volta a ativá-los. Guilherme investe mais uma vez contra Estelar que, mesmo recebendo vários golpes que o machucam, ele parece não sentir a dor. Sua mão levanta e, com ela, levanta-se o corpo de Guilherme, assustado.
Enerjoule recobra a consciência. Ele vê a cena de destruição que se tornara aquela luta. Soles aparece ao lado do herói milionário, com uma espécie de cápsula em sua mão.
- O que é isso, Soles? – Diz Bernardo, com uma voz fraca.
- A única coisa que pode parar aquele retardado.
Um vento começa a se formar, arrastando tudo para o centro, junto de Estelar e Guilherme. Supremo junta-se com Flecha Rubra e Arac, enquanto Salto se teleporta para junto de Soles e Bernardo.
- Que bom que chegou aqui, Salto. – Diz Bernardo. – Preciso que você use seu Teleporte até chegar aos dois e injete isso nele. – Diz, mostrando o frasco.
- Não sei se consigo.
- Eu consigo. – Diz Dressa, chegando acompanhada de Rainer e um Arac desacordado.
Rapidamente a moça retira uma flecha adaptável de sua aljava, colocando o frasco no lugar.
- Pra que isso serve? – Pergunta a moça.
- Isso é a única coisa que faz esse cara apagar. – Responde Soles.
A ventania se torna mais intensa.
- Me leva lá, Salto! – Grita Dressa. – Vou precisar da sua ajuda também, Supremo!
O embate, que parecia parelho, começa a pender para o lado de Guilherme. Seu poder é quase descomunal. Em uma brecha na defesa de Estelar, ele ataca com uma poderosa rajada cósmica, fazendo seu alvo ser jogado contra um muro. De repente, os olhos que brilhavam intensamente em verde dão lugar a coloração comum dos olhos de Deivid. Ele coloca a mão na cabeça, sentindo uma forte dor ali. O rapaz cambaleia por alguns instantes, até conseguir se escorar no muro. Ele olha para a figura imponente em sua frente, pronto para lhe dar um golpe final.
- Hora de dizer adeus, telepata!
Uma fumaça negra surge por detrás dos dois. Flecha Rubra aponta uma última flecha, enquanto é protegida pela barreira criada por Supremo.
- Ei babaca! – Grita a moça. – Boa noite!
A flecha é lançada, atingindo em cheio o pescoço do inimigo, que começa a se contorcer de dor. Ele tenta retirar o frasco incrustado em seu pescoço, em vão. Em um súbito ataque de raiva, ele mira e atira uma última rajada de energia contra Flecha Rubra e os demais. Neste momento, Estelar surge em frente aos três, recebendo todo o impacto do golpe, sendo jogado a alguns metros de distância, caindo desacordado. Os ventos começam a cessar. Quando a poeira abaixa, só é visto o corpo inerte do Capitão Guilherme Martins, membro da P.E.G.A.S.U.S. e voluntário ao Projeto Cosmus.
Soles levanta-se, andando com certa dificuldade em direção ao homem. Ele para, sendo seguido por Violeta e alguns soldados.
- Tranquem-no. Tranquem esse canalha no buraco mais fundo do Tártaro. Não quero ele tendo contato humano com ninguém. Não quero que ele fale, que ele se mexa. Mantenham-no sedado pelo resto de sua miserável vida, entendeu?
Violeta e os outros acenam com a cabeça. Um helicóptero desce dos céus, trazendo consigo uma câmara. Os soldados colocam Guilherme dentro daquele recipiente. Soles respira aliviado por tudo ter acabado, no entanto, Bernardo aparece em sua frente, lhe dando um soco no rosto.
- Seu maldito! Seu miserável! – Diz o exausto Enerjoule. – Isso tudo aconteceu por sua culpa!
Os dois começam a se engalfinhar, mas logo são separados por Violeta e Supremo.
- Você vai pagar por isso, Soles! Eu vou te desmascarar na frente de toda a imprensa.
Soles o olha com uma cara de poucos amigos, mas logo começa a declamar.
- Senhor Rodrigues... Tudo que o senhor jogar na mídia pode ser rapidamente encoberto. Isso, por exemplo, foi apenas um exercício simulado das forças armadas. Seria sua palavra contra a minha e, convenhamos, você não possui tanto poder quanto acha que tem.
Bernardo cerra os punhos, tentando mais uma vez acertar um soco no militar, que dessa vez se esquiva.
- Nós podemos resolver isso como homens ou animais, moleque. Me diga o que você quer que eu resolvo pra você e sua turma. Acredito que você tenha um foragido agindo com seu grupo.
- O que quer dizer?
- Posso fazer com que seu amiguinho Rainer seja perdoado e possa seguir livremente pelas ruas novamente.
- Por que está fazendo isso?
- Bom... Vocês nos ajudaram a capturar o Prisioneiro X novamente. Isso seria... Uma forma singela de agradecimento, sabe?
Soles estende sua mão direita. Bernardo reluta em aceitar os termos do homem mas, ao olhar novamente para Supremo, decide aceitar.
- Ótimo. Agora esqueça o que viu aqui, entendeu? – Diz Soles, virando-se para seus soldados. – Atenção! A prioridade é o nosso amigo Guilherme. Levem-no para o Tártaro e o coloquem como prisioneiro classe ômega. Todos os cuidados devem ser tomados contra esse senhor.
Enerjoule, andando com dificuldade, chega próximo a Flecha Rubra que, sentada, recosta a cabeça de Estelar em seu colo.
- Deivid... Deivid, acorda! – Grita a moça, chorando.
- Flecha, eu...
No entanto, antes de Bernardo terminar sua frase, os dois ouvem o rapaz tossir. Ele abre os olhos com dificuldade. A primeira coisa que ele enxerga é Dressa e logo solta um sorriso.
- É um anjo? – Diz, com certa dificuldade.
- Para, seu bobo. – Retruca Flecha Rubra, que o ajuda a levantar.
Logo, Supremo e Salto se unem aos três.
- Onde está o Arac. – Pergunta Estelar, antes de desmaiar novamente.
Logo, os cinco notam Arac, já sem máscara, olhando para o buraco feito por Guilherme. Ele solta uma lágrima, baixando a cabeça. Logo, uma mão é colocada em seu ombro. Era Enerjoule que, junto dos demais, permanecem perfilados.
- Não precisa se esconder de nós, Daniel. Ao que me consta, somos uma família agora. – Diz Enerjoule, com um sorriso estampado no rosto.
Os outros sorriem para o rapaz, que devolve o sorriso com uma tímida risada de canto de boca.
- Cara. – Diz, virando-se para Bernardo. – Essa sua frase foi tão clichê que me deu vontade de vomitar hehehe.
Hoffmann mexe em seus equipamentos. Marco está de guarda-costas do velho. No entanto, nenhum dos dois percebe o vulto que passava pela janela.
- Você falhou, doutor. – Diz a misteriosa voz.
- O q-quê?
Marco vira-se, mas é nocauteado sem ao menos receber um arranhão. Um homem, de trajes brancos, usando máscara e bastão, entra no laboratório de Hoffmann.
- Ele não gosta quando seus investimentos dão errado. Fique ciente.
Um relâmpago rompe pelo lado de fora da janela, fazendo o sujeito sumir. Hoffmann se escora em uma das bancadas, suando frio. Ele coloca a mão na cabeça e começa a chorar em desespero.
A garrafa d’água é colocada na grande mesa redonda. Arac a olha, mas parece estar divagando demais pra entender que Supremo havia lhe oferecido. Este, por sua vez, limpa sua mão molhada no uniforme. Em outro canto, Flecha Rubra ainda se preocupa com Estelar, deitado em uma maca, enfaixado e inconsciente. Enerjoule olha para o telão, para as notícias da tarde, enquanto Salto permanece sentado, afastado dos demais, de cabeça baixa. Todos ali estavam exauridos, uns mais que outros, mas suas condições físicas eram precárias.
- O que vai ser agora? – Pergunta Rainer, se aproximando de Enerjoule.
O rapaz parece fora de órbita, apenas olhando as fichas dos fugitivos ainda não capturados, frisando nos chamados “Cinco de Hades”,
- Hei, Joule. – Diz Supremo, dando um peteleco no braço do jovem Bernardo.
Ele desperta de seu aparente transe, respondendo seu companheiro.
- Não sei, Rainer. Pelo menos você tem a ficha limpa agora.
- Isso pra mim não é grande coisa. Até gostava da vida de fugitivo, a adrenalina e essas coisas, mas vai ser bom ir ao shopping de vez em quando. – Diz o rapaz, sorrindo timidamente. – Mas o que eu quero dizer é... – Ele para por alguns minutos, olhando para os demais companheiros. – Somos um grupo agora?
Os demais se entreolham. Arac se levanta, pensa em falar algo, mas volta a se sentar. Salto o olha discretamente, mas também não se pronuncia. Flecha Rubra continua cuidando de Estelar. Bernardo então toma a palavra:
- Bom, nós éramos, até certo ponto, desconhecidos há uma semana atrás. Chegávamos em um local, resolvíamos nossas pendências, prendíamos os bandidos e voltávamos pra casa. Mas nos dias que passaram eu entendi uma coisa: Nenhum homem é uma ilha. Eu percebi que não se pode acabar com todos os problemas sozinhos. Mesmo eu e o Estelar não conseguiríamos vencer esses obstáculos que passamos. Graças a todos nós, como uma equipe, conseguimos construir uma coisa boa aqui.
Enerjoule sorri. Suas palavras, aparentemente, encheu os egos dos que ali estavam. Rainer, também com um sorriso tímido de canto de boca, senta-se em uma das cadeiras que rodeavam a mesa redonda. Salto se teleporta para outra delas, enquanto Arac abre um belo sorriso, de orelha a orelha.
- Nossa... – Diz Estelar, com um tom fraco, levantando-se, sendo apoiado por Flecha Rubra. – Eu nunca poderia ter dito nada melhor, meu amigo.
Os dois também se juntam aos demais na mesa redonda. Enerjoule repassa a lista de fugitivos que ainda não foram pegos, além dos demais foragidos que estavam fora da prisão da P.E.G.A.S.U.S., mas já tinham ficha corrida.
- Nossa, são tantos... – Diz Arac.
- Então... Vamos pegá-los? – Pergunta Supremo.
Enerjoule sorri.
- Vamos precisar de uma legião pra isso. – Murmura Salto.
- Mas vai ver é isso que nós somos. – Diz Estelar, abrindo um sorriso. – Um grupo de Legionários.
Fim.
Prisma gosta desta mensagem
- Sopro
Re: Contos esquecidos do FHverso
09/06/14, 03:37 pm
Porra JB! Muito foda! Uma pena ter acabado...
Parabéns!
Parabéns!
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