- Tales
Um outro dia [Capítulo 2 disponível]
16/02/14, 02:28 am
O mundo não é mais o mesmo. Poucos sobrevivem, mas o que é necessário para estar entre eles? Não é só mais um cenário de apocalipse zumbi...
Espero que gostem!
- Capítulo 1:
- - SOCORROOO!!! - o grito ecoou por entre as árvores. O vento trazia o fedor da morte - SOCORROOOO!! AAAH!!! - talvez a dona dos gritos já não tenha mais nenhuma chance. Talvez seja um problema além de sua capacidade. Talvez ele próprio esteja caminhando para a morte - POR FAVOR... SOCORRO!! - “A morte já está comigo”, pensou se lembrando da tatuagem de Hel em suas costelas. Aquela tatuagem parecia tão irônica naquela situação. Quando se deu por si já estava correndo na direção dos pedidos de socorro.
Aline estava cercada. Cansada. Desarmada. Indefesa. Havia corrido até aquela clareira tentando despistá-los, mas já não aguentava mais, ao contrário deles que nunca se cansavam. O apatite deles parecia não ter fim. Quando já não aguentava correr, ela gritou. Pediu por socorro. Não foi uma boa ideia, seus gritos só atrairam mais deles ao seu encontro, mas o que mais ela podia fazer? Estava exausta. Gritar era a única coisa que lhe restava.
Naquele momento já não tinha mais para onde ir. Eles estavam por todos os lados. O cerco se fechava. Ela se esquiva de um para cair nas garras de outro. Se desvencilhava para ser pega por mais um. Empurrava-o com toda sua força para afastá-lo, mas logo outro já estava em cima dela e o ciclo se repetia. Deviam ser mais de dez. Ao tentar escapar de um deles seu pé foi segurado. Ela estava tão preocupada em continuar afastando-os que não se deu conta de um que ela havia derrubado há pouco. Então ela foi ao chão.
Era o fim. Suas pernas se debatiam tentando soltar a mão que prendia seu tornozelo. Outro se debruçara em cima dela e ela o mantinha o mais afastado que conseguia. Podia ouvir seus dentes batendo enquanto ele tentava mordê-la. Sombras cobriram seu rosto. De relance ela viu vários deles à sua volta, prestes a se jogarem em cima dela. Ver-se devorada era uma ideia terrível demais. Ela fechou os olhos e esperou. Ouviu um baque seco, ossos quebrando, ela estava em choque. Não sabia dizer se já tinha sido mordida, não sentia mais seus próprios movimentos, seu cérebro deve ter desligado a dor para que ela não sofresse tanto, sua mente divagava. Não sabia ao menos se ainda estava viva, o tempo parecia ter parado. Outro som de pancada. E outro. E outro... Concentrou-se no som. Parecia mais próximo.
De repente uma pancada soou tão próxima que ela ficou na dúvida se o que ouvira foram seus próprios ossos se esfarelando. O susto a despertou do estado de torpor. Sentiu algo viscoso e quente escorrendo por seu rosto, o fedor pareceu aumentar indefinidamente. Ela abriu os olhos e a luz os fechou por reflexo. A sombra se fora, não estava mais cercada. Percebeu que mais nada se mexia a sua volta. Abriu novamente os olhos, com cuidado, e demorou alguns instantes para compreender a cena. Aquele que tentava mordê-la há instantes era agora um corpo inerte pesando sobre o seu. Mas havia mais um em pé ao seu lado, imóvel. Parecia observá-la. Tentou focar em seu rosto, mas ele estava coberto por panos, ou uma máscara, talvez ambos - Você está bem? - a voz grave que lhe indagava a pegou de surpresa. Ela se limitou a tentar sair debaixo do cadáver. O homem lhe ajudou a se levantar -Você está bem? - ele perguntou outra vez, calmamente - Acho que sim! - ela respondeu por fim.
O rosto do homem era coberto por um espécie de óculos, daqueles de motocross, preso à cabeça com um elástico, e uma espécie de cachecol, ou lenço cobria sua boca, nariz e pescoço. Mesmo assim, ela percebeu que ela a encarava com um tom sério.
- Tente tomar cuidado! - disse ele por fim. Então, virou-se de costas e seguiu andando para o mato. Ela apenas o observou sem reação por alguns segundos. Ele era alto, perto de dois metros. Usava botas, luvas e roupas camufladas, talvez ele fosse militar. Levava uma mochila grande nas costas, e usava um bastão quase tão alto quanto ele para ajudar a caminhar, parecia feito de aço e estava sujo de sangue enegrecido. Ele parecia cansado – Ei, espera! - ela gritou, mas ele continuou seu caminho como se não tivesse ouvido. Ela franziu o cenho e correu para alcançá-lo.
- Espera, por favor! Tá me ouvindo? Espera... - ela teve que entrar na frente dele para que ele parasse. E ele não pareceu muito satisfeito - Eu só queria dizer obrigada! Se você não tivesse aparecido... - as palavras fugiram enquanto ela se dava conta de quão perto esteve da morte. Carlos que estava inquieto por estar ali, não soube como lidar com a garota. Ela parecia tão frágil e estava realmente abalada. Não era muito alta, talvez 1,65m. Aparentava não ter mais que vinte anos. Estava suja, com sangue enegrecido cobrindo seu rosto, sua blusa estava rasgada, a roupa como um todo parecia estar meio molhada. Ele não sabia dizer se a pele dela era mesmo tão branca, ou se ela só estava pálida.
- Tudo bem, você não precisa me agradecer! - disse ele por fim - Olha, eu preciso ir. Evite fazer barulho demais, e se mantenha atenta que você ficará bem. É melhor você voltar para o seu grupo... - assim que disse isso, ele viu os olhos delas brilharem com as lágrimas surgindo. Ele não sabia o que fazer. Era óbvio que ela já estava condenada, e que ela já havia passado por muita coisa, talvez ela tenha perdido todos que conhecia, mas ele tinha que se manter em seu objetivo. Sem conseguir pensar em algo alentador, tentou contorná-la, despedindo-se - Boa sorte! Tchau!
- NÃO! - ela segurou o braço dele, quase que por reflexo, afastando as lembranças e engolindo o choro - Deixe eu ir com você?
Ele olhou em seus olhos e então para a mão que agarrava seu braço. Ela entendeu o recado e o soltou, meio embaraçada. Abria boca para dizer algo quando ele interrompeu seco - Não! Não posso te levar.
- Mas eu prometo que não vou te atrapalhar... - o desespero em sua voz era perceptível. A ideia de voltar a ficar sozinha a aterrorizava - Moça...
- Aline! - ela o interrompeu se apresentando com uma mistura de súplica e esperança em seu rosto.
- Aline, como eu disse, eu não posso te levar. Sinto muito! - ele tentava falar da forma mais calma possível. No fundo, sentia pena por ela, mas era arriscado demais levá-la.
- Pelo amor de Deus, moço! Não me deixa sozinha aqui. Eu não tenho pra onde ir. Eu juro que não te atrapalho.
- Não dá... - Carlos se compadecia com o desespero da moça, mas seu lado racional continuava negando o pedido.
- Moço, por favor... - insistia já aos prantos - O senhor não pode me deixar aqui sozinha. Eu não atrapalho. Por que eu não posso ir com você? Por que...
- Porque você está infectada! - a resposta de Carlos à atingiu como um soco forte na boca do estômago. Não tinha mais nada que ele pudesse dizer. Ela repassava mentalmente a resposta para ver se havia entendido direito, e ele não sabia se a consolava, ou se aproveitava o momento para ir embora. Ela podia negar, contradizê-lo, xingá-lo, mas a confusão permanecia.
- Como?... Como assim? Infectada?... - Ela o encarava, perdida em diversos pensamentos, mas esperando que uma explicação pudesse trazer alguma luz. Com pesar, Carlos respondeu - Você vai se transformar em um deles - apontando para os corpos com a cabeça - Você entrou em contato com o sangue deles... respirou seu hálito... fez contato pele a pele... - ele parecia estar tentando colocar seus próprios argumentos em ordem, mas não parecia seguro de nenhum deles.
- Não. Mas eu não fui mordida! - rebateu a moça com um tom de raiva.
- Isso é nos filmes. Não sabemos ao certo a forma de contágio. Mas, de qualquer forma, você teve um contato muito próximo deles. A probabilidade de contágio é alta...
- PROBABILIDADE?! Você vai me abandonar por uma probabilidade? - a raiva ficou evidente no seu tom dessa vez.
- Sinto muito, mas não vou me arriscar assim por alguém que eu não conheço! - ele rebateu já perdendo a paciência.
- Nossa! Que grande herói você é! Olha pra mim. Você acha mesmo que eu vou me transformar numa daquelas coisas do nada? Eu juro que estou me sentindo bem. Mas me largar aqui sozinha... Seria mais humano ter deixado eles me matarem! - ele se limitou a balançar a cabeça negativamente e se virar para partir. Indignada com a atitude dele, Aline explodiu - Que se dane! Eu vou com você!
- Não! - ele se virou fazendo um gesto com a mão para ela permanecer onde estava - O que você vai fazer se eu não obedecer? Vai me matar? - desafiou a moça. Já puto com a ingratidão dela, ele deu os ombros e seguiu seu caminho tentando ignorá-la. Ela também não pareceu muito feliz com o resultado da discussão, mas se deu por satisfeita por ter companhia. Carlos se questionava se foi uma boa ideia tê-la ajudado, mas por mais que a julgasse um risco, no fundo, era bom ter alguém por perto novamente.
- Capítulo 2:
- Os dois seguiram em silêncio por trilhas na mata. O caminho não era muito fácil, em vários pontos a mata era fechada, e as trilhas que subiam e desciam os morros típicos da região as vezes eram bem ingrimes. Carlos ia frente. Se deslocava pelas trilhas com desenvoltura, aparentando estar acostumado com a situação. Aline tentava segui-lo de perto. Não demonstrava a mesma intimidade com o mato, mas se virava para atravessar os obstáculos como podia. Devido ao fim que a discussão entre os dois tinha tomado ela se limitava a segui-lo calada. Seu orgulho não a permitia pedir ajuda.
Já estavam andando por mais de uma hora quando o caminho se tornou mais fácil. Chegaram ao que parecia ser uma antiga estrada, hoje abandonada e coberta de mato, mas ainda assim mais fácil que as trilhas que ficaram para trás. Carlos parou logo que a encontraram, tirou os óculos de proteção e abaixou seu cachecol, descobrindo seu nariz e sua boca. Aline se surpreendeu. Pelo pouco que tinha conseguido ver de seu rosto, e pelas suas atitudes, julgou que ele teria quase quarenta anos. Mas vendo sua face inteira descoberta percebeu que ele era bem mais novo, daria menos de trinta. Ele, alheio aos olhares da moça, parecia preocupado com alguma coisa. Apertou um botão em seu relógio de pulso e o encarou por um instante, olhou em volta como se procurasse algo, deu outra espiada rápida no relógio e começou a andar pela estrada. Aline só o observava durante esse processo, relutante em dizer algo. Por fim, pôs-se a segui-lo novamente.
A tarde estava quente e abafada. O sol já estava mais baixo, talvez a uma hora do anoitecer, e a sombra das árvores já ocupava todo o caminho. Mesmo assim os mosquitos atacavam Aline impiedosamente, atraídos pelo cheiro de seu suor. E Carlos seguia a frente inabalável, totalmente alheio a moça. Cansada da caminhada, e irritada pelas picadas, ela não aguentou o silêncio e arriscou - Você tem nome? - a voz saiu vacilante, mas suficiente para ser ouvida. Por um instante não ouve resposta, e ela julgou que nem teria, mas se enganou - Carlos! - curto e grosso. Ela decidiu aproveitar a brecha.
- Então, Carlos, você é militar, ou algo do tipo?
- Não! - Seco novamente, mas ela não se deu por vencida.
- Ok... - ia continuar no tema, mas foi interrompida por mais mosquitos devorando-a - Como você consegue ficar tão tranquilo com esse tanto de mosquitos? Eles não estão te picando? - indagou-o.
Carlos respirou fundo percebendo que não ia escapar da conversa, então cedeu - Caminhe do meu lado, perto da mochila, ela tem um repelente eletrônico.
Ela parou, espantada com a resposta - Cara, de onde você saiu?
- Como assim? - ele também parou e olhou para ela sem entender a pergunta.
- O mundo tá desabando e você tá aí todo preparado. Roupas camufladas, mochila com não sei o que, deu conta de uns 10 zumbis em segundos... Se você não é um militar, o que você é?
- Sou um sobrevivencialista. - disse sem dar muita importância para as próprias palavras, voltando a olhar para o relógio - E, tecnicamente, eles não são zumbis... - continuou, mas ela resolveu ignorar essa parte.
- Sobrevivencialista?! O que é isso?
- Sobrevivencialistas são pessoas que se preparam para o pior. Treinamos nossas habilidades, reunimos o equipamento necessário, estocamos suprimentos... - ele seguia num tom quase didático quando ela o interrompeu com uma pergunta que mais parecia uma acusação - Então você é um desses malucos que esperavam por um apocalipse zumbi?!
A mudança do semblante de Carlos foi nítida. Passou de uma tranquilidade que beirava o descaso a um misto de raiva e desdem. Ela tinha acertado seu calcanhar de Aquiles. Ele se segurou por alguns segundos, mas a resposta veio como uma ira descontrolada - NÃO!! Eu não esperava um apocalipse zumbi! - o desprezo por essas duas palavras ficou evidente na sua voz - Eu me preparei porque a sociedade é estúpida! Vocês vivem suas vidinhas manipuladas confiando em governos e empresas sem escrúpulos como se estivesse tudo bem! Era óbvio que a qualquer momento aconteceria um colapso econômico. Além de estarmos sempre a mercê de desastres naturais, ou epidemias. Mas eu NÃO ESPERAVA UM APOCALIPSE ZUMBI!!! Vocês acham que sabem de tudo, que tem todas as respostas... Cadê sua sociedade agora?!... - Aline ficou assustada com o descontrole de Carlos. Aquele era, sem dúvida, um assunto delicado para ele. Ele deve ter sofridos chacotas e ter sido acusado de louco diversas vezes por esperar o pior. E por mais que ela ainda o achasse meio maluco, no fim das contas, ele estava com a razão.
Aline pensou em interrompê-lo e pedir desculpas pela ofensa, mas uma interrupção mais brusca aconteceu antes da sua - POOOOWWW!!!! - o estampido ecoou pelo mato fazendo Aline soltar um grito de susto. O som de tiro foi seguido pelo tintilar de várias moedas caindo da jaqueta de Carlos e do impacto de seu corpo robusto no chão. Ela ficou paralisada observando o corpo inerte que se estendia a sua frente. A mochila presa as costas deixava-o com uma pose estranha, seu bastão de metal havia caído mais para o lado, e uma dezena de moedas espalhadas perto de seus pés completava o quadro bizarro que Aline tentava decifrar. Mas sua concentração foi quebrada - CA-RA-LHO MALUCO!! Não é que cê acertou o cara mesmo...
A voz vinha da estrada atrás de Aline, ela se virou lentamente em sua direção, ainda que absorta pela situação. Dois homens vinham ao seu encontro. O da frente, um magricela de bermuda, camiseta e boné, vinha em um passo acelerado, quase correndo. Trazia um sorriso de empolgação que a fez sentir um calafrio quando ele passou por ela para ver o corpo de Carlos mais de perto. O de trás vinha andando calmamente. Sua camisa, em vez de vestida, vinha pendurada na calça. Tinha o cabelo descolorido e trazia uma espingarda apoiada no ombro.
- ...Hahahaha!!! Saca só, além de derrubar o cara, cê quebrou o cofrinho dele. Ó o tanto de moeda! - o dono da voz era o de boné que estava agachado junto ao corpo de Carlos catando algumas moedas do chão - Mas é tudo de dez centavos. Que pobreza!
- Sai daí, Pedro! Toma conta da menina que eu vou ver se ele tem alguma coisa útil pra gente! - ordenou o outro que já passava por Aline. As palavras fizeram o coração dela, que já estava acelerado, quase saltar para fora do peito. Ela queria correr, mas suas pernas não obedeciam. E, de qualquer forma, já era tarde - Oi, princesa! - o homem já estava em sua frente com um olhar de sede e excitação. Para ela parecia que era o próprio demônio que a encarava.
Apesar de seu físico magro, o homem agarrou Aline pelo braço com tanta força que um hematoma surgiu quase instantaneamente - Demorô da gente ir ali numa moita, hein gata? - ela tentou dar um tapa com a outra mão, mas ele se esquivou aproveitando o movimento para pegá-la pela cintura, tirando-a do chão - Nossa, que gatinha nervosa! É até melhor. Assim é mais divertido.
- Que porra de moita o que! Se agiliza com essa mina aí mesmo, por que a gente não pode demorar! - adivertiu o outro que virava o corpo de Carlos de lado para abrir a mochila. Pedro obedeceu atirando Aline ao chão. - Cê que manda! - Ela caiu de lado e tentou se afastar rastejando, mas ela a segurou pelo pé. - Parece que o puto era militar! Deve ter algumas coisas legais aqui. - comentou o outro mexendo na mochila de Carlos.
- Se achar algum revolver, é meu! - decretou Pedro sem perder o foco na moça. Ele se deitou em cima dela e segurou seus braços, imobilizando-a. Tentou beijá-la, mas ela virou o rosto. Para, então, sentir a língua quente e úmida deslizando por seu pescoço. O outro desviou sua atenção da mochila para protestar contra o pedido do parceiro - “O revolver é seu” porra nenh... Ergh!...
Um segundo de distração foi o suficiente. Carlos, que se fingia de morto, se virou rapidamente. Com um movimento do punho, uma lâmina se projetou do seu antebraço direito, e ele a cravou no pescoço do homem enquanto ele falava. Sem saber o que tinha te atingido, o homem caiu de bruços, engasgando com seu próprio sangue. Pedro percebeu que algo tinha dado errado. Mas, antes que ele pudesse se levantar, Carlos já estava se jogando sobre eles. Rolando de lado, Carlos tirou Pedro de cima de Aline, aplicando-lhe uma gravata. Por causa da surpresa, o fôlego de Pedro não durou muito tempo, e ele sucumbiu rapidamente quase sem resistência.
Quando o último suspiro deixou seu corpo, Carlos tirou o corpo do homem de cima do seu, empurrando-o para o lado, e se sentou. Aline, que tinha se afastado assim que foi solta, correu e se atirou no pescoço de Carlos, abraçando-o forte enquanto se desmanchava em lágrimas - Eu achei que você tinha morrido. - De repente, como se tivesse acabado de se lembrar do tiro, passou a mão pelo peito de Carlos a procura de sangue... - Você está ferido? - mas, em vez disso, sentiu um emaranhado de fitas e chapinhas duras. Quando a mão encontrou o paradeiro da bala mais algumas moedas caíram pelo buraco nas fitas - Mas o que é isso?! - perguntou espantada enquanto tateava o local. Voltou a si com Carlos soltando um gemido de dor - Ai! Desculpa? Você está machucado?
- Não! Relaxa, tá tudo bem! - suas palavras intercaladas a outro gemido enquanto ele próprio examinava o local que a bala havia atingido. Parecia satisfeito com o que encontrara - É, parece que funciona! Só estou sentindo as dores do impacto. - disse terminando a frase com mais um gemido.
- Isso é uma espécie de colete? - perguntou Aline curiosa.
- Sim. Eu fiz usando moedas e cintos de segurança, desses de carro. Deu trabalho, é mais pesado, mas acabou funcionando. E saiu muito mais barato que um colete a prova de balas de verdade.
Ela não parava de se admirar com as habilidades de Carlos - Você me salvou, de novo! É a segunda vez no dia. - disse com um sorriso. Mas, com suas palavras, os olhos dele caíram sobre a lâmina ensanguentada em seu pulso, e uma expressão de tristeza tomou o seu rosto – Foi a primeira vez que eu matei alguém... quero dizer... alguém que não estivesse infectado. - sua fala foi seguida por um suspiro profundo. Aline não fazia ideia de como ele estava se sentido, nunca passou por isso, não matara nem mesmo um infectado. Ainda assim, podia perceber a sua dor. Segurou a mão dele e ele a olhou nos olhos. A expressão acolhedora de Aline lhe deu algum consolo e ambos sorriram – Confessa que você tirou a essa ideia de Assassin's Creed! - disse a moça em tom descontraído tentando afastar os pensamentos negativos.
Ele ficou visivelmente surpreso com aquilo, talvez aquela menina ingrata pudesse ter algo de interessante, afinal - Você conhece Assassin's Creed?
- Por que a surpresa? Mulheres também jogam video-game? - rebateu ela. - Isso que você tá fazendo é plágio, sabia?
- Hahaha! Tudo bem, eu admito! Depois de jogar, pensei que seria uma boa ideia ter uma arma curta sempre à mão. Então, achei alguns projetos na internet e fiz uma pra mim... acabou que usei antes do que eu esperava. - as sensações ruins voltaram por um instante, mas ele tratou de afasta-las - Me ajude a juntar essas moedas. Vou tentar consertar esse colete quando tiver chance. - eles se puseram a juntá-las - Vamos embora logo, não vai demorar para escurecer.
Espero que gostem!
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